Shadow Kiss por Dimitri Belikov escrita por shadowangel


Capítulo 24
Capítulo 24




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Rose me olhava com muita firmeza, embora um existisse um receio escondido atrás daquele olhar.

“Eu sei o que está acontecendo comigo. E é isso o que ninguém entende. Olha você tem que decidir de uma vez por todas se você realmente confia em mim. Se você acha que eu ainda sou uma criança, muito inocente para saber o que está acontecendo com a minha mente, então você deveria continuar andando. Mas se confia em mim o suficiente para lembrar que eu vi e vivi coisas que ultrapassam aqueles da minha idade... bem, então você deveria entender que eu talvez saiba um pouco sobre o que eu estou falando.”

Uma brisa quente passou por nós e, eu não sabia dizer se era devido ao fim do inverno ou ao calor da conversa.

“Eu confio em você Roza. Mas... eu não acredito em fantasmas.” 

Tudo em Rose se resumia em ela querer que eu acreditasse que eram realmente fantasmas. Aquilo estava fora do meu alcance. Não era algo que eu podia mudar tão facilmente em mim. Mas como eu disse, eu confiava nela e isso abria um pouco a minha mente para que eu ao menos tentasse entrar no mesmo campo de visão dela.

“Você vai entender? Ou pelo menos vai tentar não ver isso como algum tipo de psicose?”

“Sim. Isso eu posso fazer.”

Então, finalmente, Rose me contou tudo. Desde quando ela viu Mason pela primeira vez, do incidente com Stan, até o que se passou no avião. Ela contou como Mason sempre parecia querer lhe dizer algo, apontando para algum lugar. Ela narrava tudo com riquezas de detalhes, de totalmente lúcida. Não parecia que ela estava criando consciente ou inconscientemente aquelas coisas. Ao mesmo tempo, não era algo que pudéssemos explicar, de forma racional, como um acontecimento real.

“Não parece meio, hum, específico para uma reação de estresse, ao acaso?” ela finalizou perguntando.

“Eu não sei se você pode esperar que ‘reações de estresse’ sejam por acaso ou específicas. Elas são imprevisíveis por natureza.” Eu estava tentando manter minha mente aberta, mas não podia deixar de ser racional. “Como você pode ter tanta certeza que não são apenas coisas de sua imaginação.”

“Bem, a princípio eu pensei que estava imaginando tudo. Mas agora... eu não sei. Tem algo sobre isso que parece real... mas eu sei que isso não pode ser considerado uma evidência. Mas você ouviu o que disse o Padre Andrew – sobre os fantasmas ficarem por aqui quando morrem de forma violenta.”

Eu estava prestes a dizer para que ela não seguisse à risca tudo o que o padre falava, principalmente em se tratando desse assunto. Ele era um homem estudioso e especialista em religião, porém vez por outra colocava a sua opinião nas questões. Mas consegui me conter, aquele não era um conselho muito bom para dar a Rose, então achei melhor me aprofundar nas teorias dela e não contestas as palavras do padre. Assim, eu poderia entender melhor o que estava se passando em sua mente.

“Então, você acha que Mason voltou para se vingar?”

“Eu achei isso no começo, mas agora não tenho tanta certeza. Ele nunca tentou me machucar. Apenas parece que ele quer algo. E então... todos os outros fantasmas também estão parecendo querer algo – mesmo aqueles que eu não conhecia. Por quê?”

“Você tem uma teoria” eu disse, tendo certeza que ela já tinha uma boa explicação, bem ao estilo Rose, para tudo aquilo. Com certeza, não seria uma explicação com muito embasamento, mas sempre era interessante sua maneira de pensar.

“Eu tenho. Eu estava pensando sobre o que Victor disse. Ele mencionou que por eu ser uma shadow kissed – por que morri – eu tenho uma conexão com o mundo da morte. Que eu nunca vou deixar isso inteiramente.”

Eu não gostei dela ter mencionado Victor e nem de ter levado a conversa dele a sério “eu não apostaria todas as minhas fichas nos que Victor Dashkov disse a você.”

“Mas ele sabe das coisas! Você sabe que ele sabe, não importa o quão filho da puta ele seja!”

“Ok, vamos supor que isso seja verdade, que ser uma shadow kissed permite que você veja fantasmas. Porque isso está acontecendo só agora? Porque não aconteceu logo depois do acidente de carro?”

“Eu também pensei nisso. Foi outra coisa que Victor disse - que agora eu estava lidando com a morte, que eu estava mais perto do outro lado. E se causar a morte de outra pessoa fortaleceu a minha conexão e agora tornou isso possível? Eu acabei de matar alguém, duas pessoas.”

“Por que é tão acidental?” perguntei, ainda buscando com que Rose despejasse tudo que ela pensava que sabia sobre isso e tentando encontrar vestígio de alguma evidência concreta em todas aquelas teorias dela “porque aconteceu quando aconteceu? Porque no avião? Porque não na Corte?”

O entusiasmo que ela estava demonstrando anteriormente diminuiu um pouco “o quê você é? Um advogado? Você está questionando tudo que eu estou dizendo. Eu pensei que você tivesse dito que iria manter a sua mente aberta.”

“E eu estou mantendo. Mas você também precisa manter. Pense bem. Porque este padrão de visões?”

“Eu não sei” ela falou triste e derrotada “você está pensado que eu estou louca.”

Eu segurei seu queixo, levantando a sua cabeça, de modo que eu pudesse olhá-la nos olhos.

“Não. Nunca. Nenhuma destas teorias me faz pensar que você é louca. Mas eu sempre acreditei que a explicação mais simples para tudo isso faz mais sentido. Como pensa a Dra. Olendzki. A teoria dos fantasmas possui furos. Mas se você puder descobrir mais... nós podemos ter mais material para trabalhar.”

“Nós?”

“É claro. Não vou deixar você sozinha nisso, não importa o que seja. Você sabe que eu nunca vou lhe abandonar.”

Ela me olhou, como se aquelas palavras fossem novidade para ela. Mesmo assim, ela procurou fazer uma piada, como era de sua natureza. Foi uma piada que me fez bem, pois mostrou que ela estava em suas perfeitas faculdades mentais.

“Eu não vou lhe abandonar, você sabe. Eu quero dizer... não que este tipo de coisa vá acontecer com você, é claro, mas se você começar a ver fantasmas ou algo assim, eu vou lhe ajudar.”

“Obrigado.” Falei sorrindo suavemente. Nós pegamos a mão um do outro e ficamos aproveitando aquele raro momento que podíamos viver a nossa conexão de forma toa despreocupada. Depois de um curto tempo, instantaneamente, soltamos as nossas mãos, ao mesmo tempo.

Fomos caminhando até o dormitório dos estudantes dhampirs.

“Você ficará bem sozinha?” perguntei, quando chagamos no lobby, próximo a entrada que daria para a porta de seu quarto. A vontade que eu tinha era de entrar e ficar com ela o resto da noite. Mas não eu não podia. Mesmo que ela respondesse que não se sentiria segura sozinha, aquela porta era o limite para mim.

“Eu já estou bem, camarada, não pode ver?” ela respondeu sorrindo, em seu usual bom humor. Eu assumi que ela falava a verdade.

“Eu vou para o meu quarto também. Foi um dia exaustivo, vou tentar descansar um pouco, amanhã reassumirei a experiência de campo. Qualquer coisa, não hesite em me procurar.”

Ela acenou com a cabeça e eu tomei a direção do meu quarto.


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