Noite Maldita escrita por William Grey


Capítulo 2
Capítulo 2




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Rodrigo entrou na cozinha e abraçou Roberta por trás.    

 - Amor, vamos matar a saudade. Sinto falta do seu corpo. - disse ele beijando o pescoço dela.    

 - Rodrigo agora não. Preciso levar o lanche pro pessoal.    

 - Desista. Todos dormiram.    

 - Todos? - espantou-se ela.      

- Na verdade a Sophia e o Raphael estão acordados preparando os efeitos sonoros do filme.      

- Então não são todos dormindo e tenho que levar este lanche.     Rodrigo puchou Roberta pelos braços, segurando-a com força.    

 - Rodrigo, está machucando! - reclamou ela tentando se soltar do garoto.    

 - Tanto esforço pra consseguir ficar comigo, e agora que me tem não pode satisfazer seu namorado? - ele apertou mais o braço da loira. - Pois saiba Roberta, que há várias garotas neste momento que adorariam estar na cama comigo. Depois não se queixe se os chifres aparecerem.    

 - Estúpido! - gritou ela se soltando e correndo para a escada.      Enquanto Roberta subia pra o andar superior, Rodrigo a observava com olhar frio.

No segundo andar, Roberta entrou no quarto onde estava Sophia e Raphael.     

- Olha o lanche! - disse ela colocando a bandeija com suco e sanduíches em cima da cama onde estavam os amigos.

- Rodrigo disse que estavam preparando os efeitos sonoros do filme. Novidades? 

- Sim. Temos os efeitos. - disse Raphael entusiasmado. - Gritos, risos satânicos. O que me preoculpa é que a conexão com a internet aqui está baixa, quase caíndo. Vamos ter que editar tudo na faculdade.             - É, aqui quase não pega nada, celular, internet, televisão. Estamos isolados. - comentou Roberta olhando pela janela.    

 Roberta olhou para a trilha que levava até a mata e viu Rodrigo caminhando por ela.    

 - O que ele vai fazer? - resmungou baixo.    

 - Como disse? - perguntou Sophia.      

- Como? Ah, disse que vai chover. Olha, fiquem a vontade, vou fechas as janelas da vãn e já volto.    

 Roberta desceu correndo as escadas e foia té a varanda. Correu até a trilha mas não avistou Rodrigo. Preocupada, decidiu adentrar na mata. Mas na frente avistou o riacho onde costumava brincar quando criança. Avistou Rodrigo nas margens, brincando com a água.    

 - Rodrigo, o que está fazendo aqui? - ela se aproximou do namorado e tocou seus cabelos.    

 Rodrigo se levantou com um salto, agarrou Roberta e pulou com ela no riacho.    

 - Você é louco? Me deixa saír! - gritou ela se debatendo com o garoto.      

- Você não vai embora até me dar o que eu quero!      

Roberta viu o fogo nos olhos do garoto.   

 - Socorro! - gritou ela.      

- Pode gritar, ninguém vai ouvir, estamos longe de mais da casa, e como disse, quase todos estão dormindo. 

- Me solte por favor Rodrigo!

- Roberta já estava cansada de se debater, ele era muito mais forte que ela.      

Rodrigo tirou Roberta da água e a deitou na grama, as margens do riacho.    

 - Tire a roupa! - ordenou ele.      

- Não quero... - Roberta estava chorando à soluços.    

 - É uma ordem Roberta. - Rodrigo começou a arrancar a blusa da garota.    

 Sem dúvidas nenhuma, para Roberta, aquele foi um momento de dor que ela jamais vai esquecer.                                                  

 ***

Raphael e Sophia continuavam ajustando tudo para os efeitos sonoros do filme. Naquela noite, seria o primeiro dia de gravação. Não precisariam de efeitos na primeira cena, mas resolveram deixar tudo pronto    

 - É muito legal este programa. Ele captura cada som do ambiente. Quer testar? - perguntou Raphael.  

  - Quero sim, o que tenho que fazer?   

  - Só falar alguma coisa perto do microfone do notebook.    

  - Alô, testando! - disse Sophia.     

Raphael apertou algumas teclas, salvou o som e apertou reproduzir. Ouviram a gravação de Sophia.

' Alô, testando! Saiam '.    

 - Você disse ' Saiam '? - perguntou Sophia.    

 - Não fui eu, foi você.      

- Eu só disse ' Alô, testando! '.      

- Deve ser algum problema no notebook. Deixa pra lá.                                                   ***

     Todos na casa dormiram, inclusive Raphael e Sophia, até o fim da tarde. Alice e Pedro foram os primeiros a acordarem. Chamaram os outros e desceram para a sala.      

- Alguém viu a Roberta e o Rodrigo? - perguntou Alice.      

- Eles não estão lá em cima?      

- Júlia querida, se eles estivessem lá eu teria acordado eles.      

- Desculpa Alice. Na cozinha eles também não estão.      

- Eu vi a Roberta era meio-dia. Ela disse que ia fechar as janelas da vãn porque ai chover. - explicou Sophia.      

- E que horas são?      - seis horas - respondeu Thomás.      

- Agente dormiu esse tempo todo? Mas agente nem estava tão cansados assim! - expantou-se Amandha.      

- Verdade. Quando chegamos aqui fiquei com sono. Estranho. - disse Pedro.

- Pessoal, devemos procurar a Roberta?      

- Acho que não gente. Ela é dona dessa casa, deve ter saído pra curtir a mata com o Rodrigo. - disse Diego se jogando no sofá.      

- Vocês só pensam em sexo mesmo, não é? - Amandha ia começar uma discussão com os garotos quando Roberta e Rodrigo entraram na casa.      

Os dois estavam com a roupa úmida e Roberta tinha folhas no cabelo.      

- Não disse que eles foram curtir a mata? - brincou Diego. 

- Aconteceu alguma coisa Roberta? - perguntou Sophia vendo o estado da garota.      

Roberta olhou para Rodrigo, e pela primeria vez na sua vida, sentiu ódio de um homem. Achou melhor mentir.      

- Aconteceu nada não. Saímos para dar uma volta. Vocês estavam dormindo. - mentiu.      

Todos se sentaram em circulo no meio da sala, e Raphael entregou pra cada um o roteiro do filme.      

- Pessoal, eu decidi que a Amandha será a bruxa. - disse Raphael.    

 - Por que eu?   

 - Por que na primeria cena, um grupo de amigos decidem fazer a brincadeira do tabuleiro ouija. E no roteiro, não acontecerá nada durante o jogo, mas no meio da noite Amandha acorda, possuída pelo espírito de uma bruxa, e mata alguém. Claro, que ninguém saberá que ela é a assassina. Na manhã seguinte, Alice resolve dar um passeio, achando que consseguirá sinal para seu celular e encontrará a corpo da primeira vitima. 

- Isso é macabro! - disse Alice.      

- Gostei. - disse Amandha.      

- E quem será a primeria vitima? - perguntou Roberta.    

 - De acordo com o roteiro... o Rodrigo.    

 - Depois que eu morrer, eu farei o quê o resto do trabalho? - perguntou Rodrigo.     

- Simples, você irá filmar.      

Todos leram o roteiro, decoraram principalmente a primeira cena. Alice preparou o figurino de cada um. Todos vetiram roupas elegantes, e as garotas foram maquiadas. Já era oito horas, todos se reuniram novamente na sala, que agora, estava decorada com objetos que seriam usados na cena.      

No centro da sala, havia uma mesa com o tabuleiro ouija, e várias almofadas espalhadas pelo chão, para todos se sentarem. Decidiram colcoar a câmera no tripé, virada para onde estaria o grupo. Acharam melhor todos aparecerem na primeira cena.      

- Vamos começar a filmar? - chamou Raphael.      

Todos se sentaram nas almofadas, e Raphael ligou a câmera.      

- Pode começar gente.    

 E cada um começou a encenar suas falas.      

- Vamos começar o jogo ou não? - reclamou Alice, encenando.      - Mas eu tenho medo. - disse Amandha.      

- Amandha querida, você deve comandar o jogo, dizem que é melhor uma virgem comandar. Os espíritos respondem mais de pressa. - brincou a perssonagem de Alice. 

 - Então vamos começar logo, eu nem acredito nisso mesmo. - disse a perssonagem de Roberta.      

Todos fizeram uma oração antes do jogo começar, deram as mãos e Amandha encontrou as pontas dos dedos no ponteiro.      

- Tem algum espírito presente? - disse ela.      

O pontei não se mecheu, de acordo com o roteiro do filme.    

 - Repito, tem algum espírito presente? - o ponteiro não se mecheu.    

 - Já vi que isso foi uma péssima idéia.. Gente, fantasmas, espíritos... isso não existe! - disse a perssonagem de Sophia.      

- Eu já estou cansado, vou dormir. Isso não vai dar em nada mesmo. - disse o perssonagem de Pedro.      

Todos se levantaram.      

- Tem razão, vamos dormir, está tarde. - disse Raphael.    

 Os garotos simularam subir as escadas. Raphael correu até a câmera e a desligou.    

 - Parabéns galera! - cumprimentou ele.   

 - A próxima cena agente grava amanhã. - disse Alice.

- A cena em que eu encontro o corpo de Rodrigo. - disse zombando do amigo.

- Sabe o que vamos fazer agora?     

- O quê?

- Festa! - gritou a patricinha.      

Alice pegou na cozinha bebidas trazidas por ela, e Roberta ligou o som na sala. Todos saíram para a varanda para dançar. Alguns decidiram fazer trilha, e se adentraram na mata. Roberta ficou sentada na varanda, não tinha coragem para ir na mata novamente depois do ocorrido naquela tarde.      

Na trila, Sophia andava olhando pra baixo. O medo em seu rosto era aparente.    

 - O que é? Tá pálida. - disse Raphael parando a caminhada.    

- Tenho medo de bichos peçonhentos. E se tiver uma cobra no caminho?      

- Eu estarei do seu lado.      

Sophia olhou para Raphael e não consseguiu desfarçar o sorriso. Seu rosto ficou vermelho.    

 - Sabe Sophia, eu queria te dizer uma coisa.      

- Diga.- Sophia teve esperanças de ele enfim se declarasse.    

 - Tem uma aranha no seu pé.      

Sophia gritou, pulou e olhou para o chão. Não havia aranha nenhuma.    

 - Brincadeira! - gritou ele rindo da cara de Sophia.      

- Idiota!    

 Sophia continuou a caminhada com Raphael sem dizer nenhuma palavra.                           ***

     Amandha e Thomás se sentaram as margens do rio. Ela se deitou na grama e ficou observando as estrelas.      

- São lindas não é? - disse ele.    

 - São. Minha avó dizia que quando ela morresse, ela viraria uma estrela. E se eu sentisse saudade dela, era só olhar para o céu. - Amandha deixou escorrer uma lágrima por seu rosto.      

- E ela morreu?      

- Uma semana depois.    

 - E sua mãe?      

- Minha mãe também morreu quando eu tinha seis anos, meu pai eu nunca conheci, e minha avó foi quem sempre me criou.      

Amandha não consseguiu engolir o choro, se abraçou com Thomás e chorou bastante nos braços do namorado.      

- Sabe, as pessoas na faculdade me chamam de animal, pelas roupas que visto, por gostar do Rock. Até me chamam de filha do Diabo. - disse ela chorando. - Mas o que eu queria, era que me julgassem pelo que sou, e não pelo que visto. Já sofri de mais nesta vida, e tudo que eu queria era não sofrer mais.      

- Minha princesa, seque as lágrimas. Eu sempre estarei aqui, do seu lado. - disse ele secando as lágrimas de Amandha com os dedos. - E juro que farei de tudo para você não sofrer.      

Amandha abraçou forte Thomás e o beijou com amor. Pela primeira vez havia se sentido amada. 

                        ***

Júlia, Diego, Pedro e Alice continuavam caminhando pela trilha. Avistaram o tronco de uma árvore, e resolveram sentar para beberem as cervejas.    

 - O filme vai ficar elgal. Quero ver a cara do Perez quando ver. - disse Diego.      

- Diego! Vamos parar de falar de filme, e vamos curtir esta noite. Abra uma cerveja. - disse Pedro.      

Os quatro jovens beberam cervejas e contaram piadas. Alice pegou seu clular no bolço e viu que havia três chamas de seu pai.    

- Droga. Meu pai me ligou hoje mais cedo. - ela olhou para os amigos assustada. - Ele não sabe que estou aqui. Vai me matar. Ou pior, cortar meus cartões de crédito!      

- Não faça drama Alice. - disse Júlia. - Deve ter algum sinal por aqui. Tente ver ali atrás da árvore.      

Alice se levantou e caminhou até o outro lado do grande tronco com o celular erguido.    

- Pega sinal! Que fim de mundo eu vim parar.      Alice sentiu algo pingar em sua testa.

- Vai chover?   

Ela passou a mão na testa, mas não era água. Olhou pra cima e ficou horrorizada. Rodrigo estava pendurado em um dos galhos da árvore, seu rosto estava completamente desfigurado, e seu sangue pingava. O celular de Alice caiu ao chão, depois só se ouviu um grito desesperador. 


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