Caminhos para o Inferno escrita por Nynna Days


Capítulo 12
Capítulo 11




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Capítulo 11

Barbie e eu fomos para a cidade onde o marido estava preso. Pena que era em outro estado. Alva, Flórida. Passamos horas no carro fazendo teorias sobre o que estávamos lidando. Um maluco , havia sido a teoria de Katy. Mas havia algo que estava me incomodando nessa história, por isso resolvemos ouvir o depoimento do marido.

Quando entramos oficialmente na Flórida, senti o cansaço da viagem me pegar. Passar horas dirigindo, só bebendo café para lhe deixar acordada e ouvindo a Barbie, cansa. E muito. E pela primeira vez, desde que tínhamos saído nessa viagem inesperada, Barbie disse algo útil.

“Vamos alugar uma casa.”

Olhei para ela de soslaio para não tirar a atenção da estrada. Ela estava com as mesmas hippie de sempre. Saia azul turquesa e blusa de manga azul clara com flores rosas pink. Perguntei uma vez o porque de ela sempre usar essas roupas ridículas. Ela disse que gostava de flores. Resposta convincente para alguém que usa preto.

Mas voltando ao momento, Barbie alugou uma casa a menos de três quilômetros da cadeia. Isso seria divertido. Flórida era bastante ensolarado. Conseguia ver todas as pessoas alegres e felizes. Crianças brincando com suas mães em pracinhas. E nem parecia que a pouca distância dali existia um lugar tão triste quanto uma cadeia.

A casa que alugamos era tão Barbie que eu fiquei um pouco relutante em dormir no carro. Era verde escuro e dourado. Me lembravam os olhos de Colin. Isso me fez pensar em como estaria lá em casa. Minha avó sozinha tendo que lidar com ligações desesperadas dos meus amigos me procurando. Meu namorado me procurando tentando resolver as coisas entre a gente e etc.

Pelo menos a casa tinha garagem.

Entramos na casa para ver que não era tão diferente da faxada. Tinha dois quartos, um azul escuro e outro rosa choque. Era óbvio que era um quarto de menino e outra para menina.

“Eu não vou ficar com o rosa”, me neguei.

Barbie suspirou e entrou no quarto, jogando as suas coisas na cama, que, com muita coincidência, tinha uma colcha rosa clara florida. Revirei os olhos e saí do quarto antes que aquele surto de flores me pegasse.

O quarto masculino não era tão ruim. Era exatamente como o feminino, mas era azul. Tinha uma mesa para computador, cômoda e um criado mudo. E, óbvio, uma cama. Joguei minha mala ao lado da cama sem nenhuma vontade de desfazê-la.

Voltei ao quarto cor de rosa da Barbie a tempo de vê-la mexendo no laptop. Nem irei comentar que até o laptop dela tinha flores. Ela estava de costas para mim , mexendo na internet. Me joguei em sua cama sem me preocupar com a arrumação.

“O que você descobriu?”, perguntei me apoiando nos cotovelos e descansando minha cabeça ali.

“Bem, não tem muito sobre esse cara por aqui.”, disse Barbie ainda teclando. “Diz que o casamento dos dois era bom.”, ela se virou levantando uma sobrancelha. “Mais que bom. Os vizinhos falam que era literalmente perfeito.”

Reparei algo se mexendo em seu pescoço. Parecia algum tipo de colar ou cordão de prata. Tinha uma cruz com pedras azuis. Percebi que nunca a tinha visto usar antes. Era linda. Combinava com ela. O azul das pedras retratava perfeitamente os azuis de seus olhos, como se fosse feito pensando especialmente neles. Tirei meu olhar de seu cordão antes que ela percebesse e continuei acompanhando seu raciocínio.

“Nenhum relacionamento é perfeito.”, disse isso por experiência própria, mas não queria que a Barbie usasse o meu namoro como exemplo de um assassinato.

“Você que o diga.”, Barbie riu da própria piada , dando razão ao meu pensamento. Então ela se ajeitou e ficou séria. “Mas, os vizinhos dizem que eles eram... como eu vou deixar bem claro?”

“Como esse casais de novela? Brigam e acabam sempre juntos de novo?”, tentei dar o meu melhor exemplo.

“Exato.”, ela se iluminou. Por um minuto fiquei vendo como as pessoas tinham preconceito contra as loiras. A maioria não era burra. Até que estava começando a achar a Barbie legal.

Achei, até que ela abriu a boca de novo.

“Eu não sabia que você assistia novela!”, ela voltou a rir.

Revirei os olhos e me levantei. Dei apenas um chute na canela fina e pálida dela. Katy tomou um susto tão grande que pulou da cadeira, mas isso não a impediu de continuar rindo. Sentei na cama novamente e resolvi esperar até que sua crise de riso parasse.

“Mas, voltando ao assunto.”, eu tentei fazê-la voltar ao foco da situação. “Eles eram um casal feliz, ele a matou , negou e está preso?”

“Certo. Agora é só descobrir o que está por trás disso.”, ela se virou novamente para o computador e seus dedos começaram novamente a trabalhar.

Por um momento me senti inútil, até que me lembrei que tinha uma boa fonte de pesquisa. Voltei para o quarto , procurando dentro da minha mala pelo diário da minha mãe. A capa era dura e em tom de marrom madeira. Havia alguns sinais nele também e então deduzi que fosse para manter qualquer tipo de ser sobrenatural longe.

Voltei para o quarto da Barbie, me joguei mais uma vez em sua cama e comecei a minha pesquisa. Uma página me chamou a atenção.

13 de setembro.

Mey e eu pegamos um metamorfo e o matamos. Cara, é difícil, vou te contar. Tem que acertar uma faca de prata direto no coração. Ele havia se transformado na Mey, mas foi fácil descobrir quem era quem. Eu a conheço como a palma da minha mão. Um metamorfo se transforma na pessoa que quiser, na hora que quiser.

Eles moram em lugares subterrâneos, como esgotos e boeiros. É nojento, eu sei, mas é a verdade. Eu meio que sinto pena deles, eles nascem diferentes de nós. Deformados, monstros. Mas se fossem do bem poderiam andar entre nós com facilidade, se adaptar. Mey acha a mesma coisa, mas ela sempre diz que não temos tempo para ter pena deles. É o nosso trabalho matar tudo que for perigoso e sobrenatural. Nós somos caçadoras.

Se eu não estivesse com o diário ocupando minhas mãos , bateria palmas. As palavras da minha mãe eram verdadeiras e profundas. E então, entendi com o que estávamos lidando. Foi como um sino de entendimento em meu subconsciente.

“Barbie.”, a chamei tirando sua atenção do laptop e se focando em mim.

“Que foi? Descobriu alguma coisa?”, ela disse vendo meus olhos brilhando pela descobrimento e meu corpo pulsando de alegria.

“Sim. É um metamorfo.”


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