Worlds Crash escrita por The_Stark


Capítulo 5
Mentiras e Confiança


Notas iniciais do capítulo

Novamente, espero que gostem :D.



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            Snape caminhava a passos largos, atravessando o castelo rapidamente. Percy, Annabeth, Harry, Rony e Malfoy iam atrás dele. Silenciosos como uma sombra. Nenhum deles ousava falar nada, nunca viram Snape tão nervoso assim. Ele adentrou e encontrou tudo molhado, Malfoy petrificado e sangrando, e a varinha de todos apontando para ele. Digamos apenas que essa não é exatamente a cena que os professores esperam encontrar quando entram em suas salas.

            Depois disso, Snape dissera que era para que eles o acompanhassem até a sala de Dumbledore. O professor disse que se certificaria que os alunos não fossem somente punidos como expulsos. Particularmente, Harry duvidava que seria expulso.

           Ele não queria parecer petulante, mas já havia feito coisas muito piores que um “Aquamenti” e “Expelliarmus”. No segundo ano, havia roubado um carro voador e danificado um certo salgueiro lutador da escola. No terceiro ano, fora a Hogsmeade sem permição e depois saíra a caça do possível assassino de seus pais. No quarto ano, lutara com o Lorde das Trevas num cemitério sombrio e abandonado pela humanidade. E isso tudo citando suas ações só por cima. Não achava que seria expulso por “brigar com Draco”.

            Não, era outra coisa que perturbava a mente de Harry nesse momento. Percy estava totalmente seco. Até mesmo no corredor, as roupas de Harry, Rony, Annabeth e Malfoy ainda estavam úmidas e as dele nem davam sinal de terem sido molhadas. Mas... por quê? Primeiro a história do feitiço que não existia, e agora isso... Realmente havia algo de muito estranho com Percy.

            Harry queria confirmar toda aquela história de “aprendi o feitiço na Durmstrong” mas, duvidava que o ex-aluno falasse alguma coisa a mais, e também não se sentia muito a vontade de ir ao outro colégio perguntar. Então, finalmente teve uma idéia do que fazer para conseguir a verdade.

            - Professor – começou Harry, quebrando todo o silêncio -, eu não pude deixar de notar que Grover não estava conosco. Ele não deveria estar cumprindo detenção?

            Snape olhou enviesado para Harry.

            - Por mim, estaria. Mas, Dumbledore viu um comportamento exemplar nele durante toda a semana, e afinal de contas, ele não estava envolvido diretamente no incidente do trem, apenas estava olhando a Srta. Chase e o Sr. Jackson. Assim, o diretor achou melhor dispensá-lo da detenção, pelo menos por hora.

            Isso era mau. O plano de Harry teria que esperar mais um pouco. Finalmente chegaram em frente a sala de Dumbledore, Snape disse a senha como de costume e a escada atrás do dragão se abriu. Todos subiram e ficaram de frente para a porta do diretor.

            - Esperem aqui – falou o professor – antes de tudo, eu irei falar o que vocês fizeram.

            Assim entro na sala de Dumbledore, deixando Malfoy, Harry, Rony, Percy e Annabeth sozinhos pela segunda vez na mesma noite. Talvez Snape não fosse tão inteligente quanto se considerasse. Mas, nada aconteceu. Draco ficou quieto e, todos os outros também. Por fim, Snape reapareceu.

            - Dumbledore irá falar com cada um de vocês individualmente. Draco, você é o primeiro.

            Assim, Malfoy entrou na sala do diretor e Snape desceu as escadas e foi para sua própria sala, deixando todos a sós. Malfoy ficou cerca de cinco minutos na sala quando saiu.

            - O que foi que ele disse? – perguntou Annabeth.

            Mas, o bruxo mal humorado apenas se deu ao trabalho de lançar um olhar feio para a garota e foi embora. Rony era o próximo. Ele foi igualmente rápido. E depois dele, finalmente veio a vez de Harry. Ele abriu a porta e deu de cara com Dumbledore sentado em sua cadeira, atrás da mesa.

            - Boa noite, Harry – disse ele – Devo dizer que não esperava receber visitas hoje, e muito menos a essa hora...

            - Professor, realmente batemos no Malfoy mais ele mereceu cada feitiço, ele...

            - Acalme-se, Harry – falou ele – Me chame de diretor desnaturado, mas não quero discutir isso com você agora. Sinto uma diarréia se aproximando então vamos tratar do assunto rápido, sim?

            Harry acenou com a cabeça.

            - Me diga, o que você achou de seus novos companheiros da Grifinória?

            - Os do primeiro ano? Eles são divertidos.   

            - Não foi isso que eu quis dizer, Harry, e você me entendeu.

            - Está falando de Percy e Annabeth? ...Eles também são legais

            Mas, Harry havia hesitado e Dumbledore percebera.

            - Algum motivo para essa hesitação?

            - Não é nada, professor. É só que... coisas estranhas vem acontecendo. Por acaso o senhor conhece o feitiço Regenerdes Branquiatus?     

            Dumbledore pareceu surpreso com a mudança de assunto, mas achou melhor não comentar.

            - Infelizmente não o conheço, Harry, o que ele faz?

            Aquilo foi como um soco no estômago de Harry.

            - É exatamente esse o problema, essa magia supostamente nos permite respirar debaixo d’água. Percy a utilizou em mim e em Rony no primeiro dia de aula. Mas, ninguém o conhece, nem Hermione, nem Snape, nem os livros e nem mesmo você.

            Dumbledore pareceu pensativo.

            - E alem disso – continuou Harry -, agora mesmo, durante a luta na sala do Snape, eu tenho certeza que molhei Percy com Aquamenti , mas ele não estava molhado quando eu olhei para ele.

            - Hm... – fez o diretor – Então, é nisso que se baseiam suas desconfianças? Um feitiço que você não conhece e um garoto seco?

            Quando Dumbledore falava desse jeito, realmente não parecia fazer sentido.

            - Já falou com Percy sobre essa magia?

            - Já. Ele disse que aprendeu em Durmstrong.

            - Entendendo... E você tem algum motivo para não acreditar nisso?

            - Não, mas...

            - Mas?

            Harry percebeu que não tinha o que dizer, realmente suas dúvidas pareciam mais do que nunca infundadas agora.

            - E quanto ao meu Aquamenti? Ele ainda estava seco. E aquele “conhecimento secreto” que falou o Chapéu Seletor? O que significa aquilo?

            - Bem, quanto ao Aquamenti, ele pode ter utilizado um feitiço para se secar enquanto você não olhava, eu, por exemplo, conheço uma meia dúzia desses. Já tinha pensado nisso?

            O silêncio de Harry respondeu por ele.

            - E quanto o conhecimento secreto... Bem, Harry, acho melhor você não se meter nesse assunto. Pelo menos por hora... Isso não é algo que você queira saber e diz respeito somente a Percy Jackson e a mim.

            O tom de voz autoritário de Dumbledore, por um minuto, assustou Harry. Mas, por fim, o bruxo percebeu que realmente, ele estava sendo muito enxerido, se metendo na vida dos outros desse jeito.

            - Tudo bem, senhor.

            Dumbledore abriu um sorriso.

            - Ótimo. Agora me prometa que vai dar uma chance de verdade a Percy e Annabeth. Aquilo que falei em meu discurso no começo do ano continua válido. Se você der uma chance ao que é novo, pode até acabar gostando. E quanto aquela detenção para o resto da vida que Snape propôs, bem, pode deixar pra lá. Dessa vez, estou liberando vocês da detenção. Mas não se acostumem. Agora, por favor, vá, e chame Percy e Annabeth, sim?

            Harry saiu e fez o que lhe foi pedido. Como Rony já havia ido, Harry começou a andar para a torre da Grifinória sozinho. Seus pensamentos borbulhavam em sua mente. Realmente, havia sido precipitado julgar os dois por tão pouca coisa. Foi apenas o surto de Hermione que o convenceu disso. Decidiu que daria outra chance para os novos colegas, como Dumbledore pedira. E amanhã cedo, conversaria com Hermione e tentaria lhe explicar tudo e pedir que ela também desse uma chance aos dois. Afinal de contas, todas aquelas dúvidas eram infundadas, não eram?

            Harry já estava na metade do caminho para a torre quando se sentiu... Estranho. Era como se alguém o estivesse seguindo. Mas quem poderia ser? Todos já estavam dormindo e não é permitido aos alunos andar durante a noite. A não ser que...

            - Há, há, há – começou Harry com uma risada fingida – Muito engraçado, Malfoy, agora pode aparecer.

            Apenas o silêncio respondeu.

            - Eu sei que você está aí. Pode sair.

            Novamente silêncio.

            Harry começou a andar. Provavelmente estaria imaginando coisas. Voltou a pensar novamente em Percy e Annabeth. Mas, nesse momento, a sensação de que estava sendo vigiado voltou. Ele virou de costas e não viu ninguém, pelo menos até onde sua visão alcançava naquele longo corredor mal iluminado.

            Havia apenas sombras.

            - Deixe-me ajudá-lo – disse uma voz fria, vindo do nada.

            Harry sacou sua varinha.

            - Lumus!

            E o corredor se iluminou. Não havia ninguém lá. Ele não sabia quem havia dito aquela frase, mas definitivamente a tinha ouvido. Pelo menos, disse ele a si mesmo, a voz está querendo me ajudar e não me matar, como a do segundo ano. Considerou isso um avanço e pôs-se a andar para a torre da Grifinória. Estranhamente, com Lumus na ponta de sua varinha, ele se sentia seguro. Como se a voz não pudesse atingi-lo. Mais tarde, comentaria isso com Hermione e veria se a garota tinha alguma idéia do que aquilo significava.

            Naquela noite, dormiu sonhos inquietos.

            Quando acordou no dia seguinte, era Domingo. O que basicamente que ele tinha o dia inteiro para ficar vadiando por aí ou podia fazer suas tarefas da semana, como um aluno aplicado faria. Decidiu-se pela primeira opção e desceu para o Salão Comunal.

            Lá, estirada no sofá como sempre, estava Gina. Ela parecia exausta e tinha band-aids nos dedos e por toda a mão.

            - Caramba, Gina, o que foi que aconteceu?

            - McGonagall aconteceu. Ontem eu fui cumprir a detenção dela e adivinha? Eu de fato preferiria ter tido minha alma sugada por Severo Snape. Aquela velha me fez escrever no quadro quinhentas vezes “Não devo chutar a bunda dos professores da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts nem de nenhum outro professor do planeta Terra, é uma coisa muito feia de se fazer”.

            Harry deu um assobio, estava impressionado.

            - Realmente é uma frase muito grande. Foram quinhentas vezes mesmo? Sem exageros?

            A garota acenou com a cabeça.

            - O resultado você pode ver aqui – e levantou sua mão cheia de curativos – E, como se tudo não bastasse, enquanto eu escrevia tudo aquilo no quadro, McGonagall ficou sentada na mesa dela me dando sermões do tipo “Espero que isso lhe ensine a ter um pouco mais de respeito pelos seus professores”. Pro inferno com o respeito dela!

            Harry apenas riu. E Gina suspirou.

            - E ainda tenho mais três sábados fazendo companhia para ela. E, afinal, o que você fez na detenção com Snape?

            - Terminou não sendo muita coisa – disse o garoto, e contou toda a história para Gina.

            - Hm – ela comentou depois que ele se calou -, Dumbledore pode estar certo, sabia? Você e Mione não têm nenhum motivo para desconfiar deles, pelo menos não ainda.

            Harry deu de ombros.

           - Era sobre isso que eu queria falar com Hermione, queria ver se ela podia dar uma chance a Percy e Annabeth. Ela já acordou?

            - Já. Você provavelmente vai encontrá-la no lugar em que ela mais ama estar: na biblioteca.

            - Tudo bem. Obrigado, Gina.

            E assim Harry saiu para os corredores. Isso o fez lembrar da voz de ontem a noite. Havia se esquecido de comentar aquilo com Gina e, talvez, não comentasse de qualquer forma. De dia, com a luz do sol entrando pelas janelas dos corredores e com tudo mais iluminado, aquela presença de ontem a noite parecia, mais do que nunca, coisa de sua imaginação. Caminhou pelos corredores até chegar à biblioteca. Lá, como esperava, ele encontrou Hermione sentada numa mesa. Ela folheava um livro avidamente, não parecia estar lendo-o, apenas procurando por algo em particular.

            - O que está fazendo? – perguntou Harry quando se aproximou dela.

            - Ah! – ela se assustou com a súbita interrupção – Bom dia, Harry. Ainda estou tentando encontrar o tal do feitiço que Percy lançou em você. Na verdade, estou procurando desde aquele dia. Já revirei grande parte desses livros e, até agora, não encontrei uma única menção a tal magia.

            Harry deu de ombros e contou sua conversa com Dumbledore.

            - Talvez Percy tenha criado o feitiço – disse por fim.

            Hermione olhou para Harry, cética.

            - Você realmente acredita nisso? Afinal de contas, ele é bom com magia?

            Aquilo atingiu Harry como um raio. Ele havia se esquecido totalmente daquilo. Como conseguira?! Provavelmente, por causa de toda a confusão de Percy estar seco, ele não dera a devida atenção ao fato, mas, agora...

            - Eu me lembrei agora – disse ele – Durante a detenção com Snape, quando fomos duelar com Malfoy... Percy sacou sua varinha, mas não lançou uma magia sequer. Nem ele, nem Annabeth. Ele apenas ficava repetindo que “só era bom com magias quando estava dentro d’água”.

            Hermione olhou para Harry. Se antes ela estava desconfiada, agora ela estava muito desconfiada.

            - Como assim? Um bruxo é capaz de lançar magia na terra, na água ou no ar? O que ele quis dizer com “só consigo na água”?

            - Eu não faço a menor idéia, Hermione. Mas, nem ele, nem Annabeth lançaram qualquer magia naquela luta. Apenas eu e Rony duelamos. E sabe o que mais?

            Então contou para ela o episódio do Aquamenti. Ela ouviu silenciosamente e por fim falou:

            - Seco? Ele estava seco? E o que Dumbledore tem a dizer sobre isso?

            - Disse que ele pode ter se secado com magia, enquanto eu não estava olhando.

            E quando falou isso, Harry percebeu que, novamente, estava duvidando dos novos amigos e se metendo onde não fora chamado. Provavelmente, esse era o efeito que Hermione surtia nas pessoas. Ele havia ido lá para tentar convencê-la de abandonar aquela insanidade e o que aconteceu? Ele acabou se juntando a ela... De novo...

            - Sabe de uma coisa? – perguntou ele – Acho que estamos loucos mesmo. Dumbledore está certo. Nós não temos nada. A não ser uma magia que nós não conhecemos, mas que ele diz ter aprendido em Durmstrang, um cara seco e que se recusa a soltar magias fora d’água. Eu concordo com você. É bem estranho. Mas tudo isso que acabei de falar é plenamente justificável.

            - Então – começou Hermione -, o que você quer dizer é?

            - Que devemos dar uma chance a eles. Eles não fizeram nada de errado até agora e estamos tratando eles como bandidos que merecem ter a vida investigada. Isso precisa parar.

            Hermione suspirou, mas quando Harry colocava as coisas desse jeito, realmente seus argumentos pareciam vazios.

            - Tudo bem – disse ela –,vou lhes dar uma chance. Mas, Harry, se eles fizerem só mais uma estranheza, eu juro para você que investigar tudo. Muito mais a fundo do que fiz agora. E, nesse caso, eu vou descobrir o que há por trás disso.

            Com essa frase, Harry esperou que Hermione fechasse o livro e se levantasse para que eles fossem encontrar seus amigos e fazer alguma coisa. Como a garota não deu sinal de que pretendia fazer isso, Harry finalmente perguntou:

            - Mas, você não desistiu da busca? Por continua lendo esse livro?

            Ela levantou os olhos, parecendo surpresa que Harry ainda estivesse ali.

            - Ah! Quanto a isso... Bem, eu desisti da busca. Mas, ainda quero terminar de ler esse livro, me relaxa e me distrai – disse ela feliz – Pode ir indo, quando acabar aqui eu encontro vocês.

            - Tudo bem...

            Essa era a Hermione, o único ser do mundo que gostaria de passar o domingo numa biblioteca. Sinceramente, até a bibliotecária parecia um pouco deprimida por estar ali. Harry saiu.

            Iria voltar para a torre da Grifinória e iria encontrar Rony, Gina, Percy e Annabeth e finalmente daria a chance que eles mereciam. Isso. Tudo correria bem a partir de agora. Foi nesse momento que ele avistou, virando o corredor, um aluno conhecido. Grover.

            De repente, o plano da véspera lhe ocorreu. Percy hesitou em correr até Grover. Afinal de contas, por o plano em ação seria investigar a vida dos novos alunos e, isso era o que ele estava tentando evitar. Respirou fundo, contou até dez e disse para si mesmo que não ia até Grover. Depois disso, não resistiu e correu até o garoto.

            - Ei, espera um pouco – gritou para o aluno novo.

            Grover parou e decidiu esperar por Harry. Pela primeira vez, Harry o via de perto. Possuía olhos castanhos e um ralo cavanhaque no queixo. Seu cabelo também era castanho e parecia que nunca tinha visto uma escova na vida.

            - Você é o aluno não é? Grover?

            - Isso mesmo – ele confirmou.

            Harry falou para si mesmo que parasse agora. Mas, não, ele tinha que ir mais afundo. Ele tinha que descobrir se Percy falara a verdade sobre o Regenerdes Branquiatus. Se ele tivesse aprendido mesmo essa magia em Durmstrang, Grover também a conheceria. Assim, estaria provado que Percy falara a verdade e Harry poderia dar o assunto por acabado. Simples assim.

            - Você estudou na Durmstrang, não é verdade? – perguntou o garoto.

            Grover concordou com a cabeça.

            - Então, por favor, me explique uma coisa. Você saberia me dizer o que o feitiço chamado “Regenerdes Branquiatus” faz?

            Grover pareceu pensar por um minuto, como se checando um arquivo na sua mente. Procurando por alguma informação sobre a magia.

            - Não – disse por fim -, eu nunca ouvi falar desse feitiço.


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Notas finais do capítulo

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