A Princesinha do Olimpo escrita por Phallas


Capítulo 5
Capítulo 5 - Equipe




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                         "Toda vida é uma missão secreta."

                                    Clarice Lispector

Incerta do que devo fazer, me ajoelho contra minha vontade, e depois me levanto de novo.

Reparo que, dessa vez, Poseidon está no Olimpo. Tem o rosto redondo bronzeado e os olhos mais azuis que eu já vi, os cabelos brancos são grandes e caem em suas costas e seus ombros como ondas delicadas. Há um garoto encostado na perna de seu trono. Tem os olhos azuis muito parecidos com os do deus do mar e o cabelo cor de chocolate. Tem os braços cruzados e a expressão séria.

- Já sabemos como descobriremos mais sobre você, jovem. - Zeus interrompe o silêncio.

- C-Como? - Pergunto, com medo.

- Enviaremos você em uma missão especial, querida. - Diz Atena.

- Missão?

- Sim. - Responde Ártemis. - Confiaremos a você um objetivo, e, dependendo do jeito que concluir a missão, saberemos quem é o seu pai ou sua mãe.

- Como assim?

- São as nossas características que nos dizem o que fazer, Seline. - Poseidon fala pela primeira vez. - Todos temos lados distintos dentro de nós, que coexistem, mas somente um deles predomina: o que alimentamos mais. Se parar para pensar, verá que cada um de nós representa uma característica humana. Você será enviada para uma missão, com destino e, principalmente, escolhas. A característica que você mais demonstrar será a hereditária, então descobriremos quem gerou você.

- Vocês estão querendo descobrir o meu parente se baseando em tudo o que eu faço, é isso?

- Sim. - Zeus fala, e em seguida levanta uma sobrancelha grossa com ceticismo. - Mas é claro que entenderemos se você não quiser fazê-la.

- O que eu tenho que fazer? - Pergunto, rude.

- É bem simples. - Zeus sorri, embora o sorriso não chegue aos olhos. - Você terá que passar por quatro etapas para concluir sua missão. São quatro mundos, quatro elementos. Muitas escolhas e muitas decisões. Ao chegar no último mundo, você terá que achar a Garrafa de Ouro dos Deuses e trazê-la para o Olimpo.

- Garrafa dos Deuses? O que ela faz? - Franzo a testa.

Zeus dá de ombros, como se isso não importasse.

- É minha e a quero de volta.

Olho os rostos dos deuses à minha frente. Alguns estão com expressões bondosas, singelas. Outros, no entanto, têm as expressões fechadas.

- Temos um acordo, Seline? Você terá duas semanas para completar a missão. Nem um segundo a mais.

- Isso é errado. - O garoto aos pés de Poseidon finalmente fala, a voz grossa. Parece ter uns vinte anos.

Poseidon coloca a mão esquerda amorosa e protetoramente no ombro do menino.

- Não se meta nisso, Percy. - Ele diz, a voz doce.

- Não vê, pai? - O garoto se irrita. - Ela está muito crua. Não sabe nem lutar. Como espera que ela chegue aqui viva?

Me assusto com o tom de voz dele. Além do mais, os deuses não me deixariam morrer. Deixariam?

- Não terá nada demais, Perseu. - Zeus diz, tornando a voz meio ríspida.

O garoto chamado Perseu não parece concordar, mas se cala.

- Temos um acordo, Seline? - O líder dos deuses repete.

Não penso duas vezes.

- Temos.

Zeus sorri, vitorioso.

- Ótimo. Mal posso esperar para ter minha Garrafa de novo. Volte para o Acampamento e se prepare para partir amanhã, bem cedo. A prazo começará ao amanhecer.

                                               ○               ○               ○

- Não sei exatamente o que vou ter que fazer. - Digo a Dominique enquanto arrumo minhas coisas para partir.

- Mas você vai estar em uma missão! - Ela sorri e os olhinhos revelam um brilho prateado.

Eu solto uma risadinha.

- E o que isso tem demais?

Ela para de sorrir.

- Bom, para você não deve ser nada demais, mas todo mundo aqui espera embarcar uma missão desde que chegou.

- Por quê?

- Porque os que voltam das missões são os heróis. Nossos pais prestam atenção em nós se nos sacrificamos para salvar o Olimpo.

- Ah. - Digo e me sinto meio mal por ela. "Acha, sinceramente, que elas conhecem todas as crianças que ocupam seus chalés aqui? Será muito se os deuses souberem nome de cinco de seus filhos!" Lembro-me que Físion me disse isso uma vez.

 - Seline. - O rosto do sátiro aparece na porta do chalé. - Quíron quer falar com você.

Saio da casinha e encontro o centauro mais à frente. Ele começa, sob os olhares atentos de Físion e Dominique.

- Está certa de que pode fazer isso, filha?

- Não. Mas eu tenho que tentar.

- Sim. - Ele sorri para mim. - Esta é a atitude de uma verdadeira heroína, Seline. Acho que esse poder que está dentro de você fez uma ótima escolha ao resolver se hospedar onde está.

Fico vermelha e agradeço estarmos no escuro.

- Te levarei ao aeroporto amanhã, está bem? - Quíron pergunta.

- Sim, está ótimo. - Respondo, apesar de me assustar um pouco ao saber que vamos precisar voar.

O centauro me entrega uma mochila azul e leve.

- É uma mochila mágica. - Ele explica. - Vai se preencher com comida toda vez que acabar. Não sabemos quanto tempo vai durar a missão.

- Obrigada.

- Ah, quero que veja uma coisa.

- O quê?

- É uma coisa que você nunca viu na sua vida. Você terá que ir sozinha. Nós a esperaremos quando acabar.

Fico com um pouco de medo, mas subo as escadas que Quíron me aponta. Puxo a corda para um alçapão no final da escada, e surgem mais escadas, só que de madeira. Olho para trás antes de seguir. Dou uma olhada em volta, e vejo que me encontro em um sotão. Há mesas e cadeiras velhos e empoeirados espalhados pela sala inteira. Não sei o que devia acontecer agora, então observo os objetos que estão aqui. Encontro, aterrorizada, uma... cabeça.

Cabeça da Medusa. Percy Jackson, Annabeth Chace e Grover Underwood. - Diz uma etiqueta.

Tento não olhar mais a cabeça e passo para as próximas relíquias.

Garra de ciclope da Austrália. Percy Jackson, Annabeth Chace e Grover Underwood.

Esses três nomes estão na grande maioria dos objetos aqui, o que é um bom sinal. Devem ser heróis que conseguiram sobreviver a missões.

Percebo, com demora, uma garota sentada em uma mesa próxima. Mas não se mexe, e não parece muito viva para mim. É ruiva e usa um vestido longo e preto.

- Eu sou o Espírito de Delfos. - Escuto uma voz, mas sinto como se estivesse somente na minha cabeça. - Porta-voz das profecias de Apolo, assasino da poderosa Píton. Aproxime-se, você que busca, e pergunte.

Com o coração disparado, tento respirar. Penso em me aproximar para me certificar de que a menina está realmente morta, mas não consigo me obrigar a me mover. Engulo com força e pergunto, com a voz falhando:

- Ah... como vou me sair na missão? - Falo, na falta de coisa melhor para perguntar. Afinal, foi para isso que Quíron me mandou aqui, não é? Saber do meu futuro. Essa garota, pelo pouco que aprendi nas aulas sobre Grécia Antiga, deve ser o Oráculo.

Uma névoa aparece, e dificulta a minha visão. Ela se dissipa um pouco, então a voz fala de novo:

Cinco seres mágicos embarcarão

Somente três voltarão

Um será útil de forma inesperada

Outro se revelará durante uma emboscada

O herói poderá morrer ou viver

Dependendo do que aprender

Se conseguir encontrar seu verdadeiro poder,

Bem-sucedido vai ser

A névoa desaparece completamente e o sotão cai no silêncio.

- Como assim? - Indago. - O que quer dizer?

Minhas perguntas são inúteis. A voz não retorna.

Desço e encontro três rostos ansiosos.

- E aí? - Questiona Físion. - Como foi?

- Assustador. - Digo.

- O que ele disse? - Pergunta Dominique, curiosa.

Repito o que o Oráculo me contou.

- Hum... curioso. - Diz Quíron, a mão esfregando o queixo. - "Cinco seres mágicos embarcarão". Isso quer dizer que você não deve ir sozinha, Seline. Você deve ser acompanhada por mais três, se não estou enganado, já que, embora eu não vá para essa missão, vou embarcar com vocês.

- "Somente três voltarão." - Fala Físion, concentrado. - Isso quer dizer que perderemos dois.

- "Um será útil de forma inesperada". - Repete Dominique. - O que quer dizer?

- Ser útil de forma inesperada... - Físion reforça, o olhar fixo no chão. - isso deve significar algum tipo de sacrifício... alguém deverá morrer para que os outros não morram também.

Quíron assente, concordando.

- "Outro se revelará durante uma emboscada" - O sátiro fala, e em seguida assume uma expressão preocupada. - Será que significa que seremos traídos?

- Possivelmente. - O centauro confirma, retorcendo os lábios.

- "O herói poderá morrer ou viver" - Físion continua. - Esse é você, Seline. A profecia não tem muita certeza do seu destino. "Dependendo do que aprender Se conseguir encontrar seu verdadeiro poder, Bem-sucedido vai ser" acho que quer dizer que você deve ficar atenta a tudo que acontecer na viagem.

Faço que sim com a cabeça.

- Agora que você já recebeu sua profecia - Quíron fala - acho que devemos fazer uma reunião geral do Acampamento.

- Para quê? - Pergunto.

- Para sabermos seus parceiros de viagem.

                                    ○               ○               ○

O Acampamento todo está de volta ao teatro de arena. Quando Quíron disse que serão recrutados heróis para uma missão, eles foram à loucura, mas ficaram calados quando o centauro mandou, embora fosse visível que a animação está longe de ser contida.

Agora estou aqui, no centro de tudo de novo, enquanto Quíron decide como escolherão os heróis com sátiros que parecem ter um milhão de anos. Falando em sátiros, reparo que Físion está perto de um sátiro mais velho, que coloca a mão com afeto em seu ombro. Ao lado dos dois, há uma ninfa que olha com amor para eles. Eu sei que parece estranho, mas nunca imaginei que Físion tivesse uma família.

- Bom, nós ponderamos e chegamos ao acordo de que - Quíron finalmente diz - será feito um sorteio.

Vaias e mais vaias se seguem. Reclamações, gritos, xingamentos. Quíron fica sem saber o que fazer, pois com certeza não esperava essa reação.

- Deixe-a escolher os companheiros de viagem, então. - O sátiro que tem a mão no ombro de Físion fala.

- Na verdade, Grover - Quíron olha com surpresa para o sátiro - essa é uma boa ideia.

Grover. Grover. Esse nome não me é estranho... Ah, claro. Grover é um do trio que já realizou tantas e tantas missões. É por isso que Físion tem facilidade em decifrar profecias, porque seu pai é um dos grandes responsáveis por muitas relíquias que o Acampamento guarda.

- O que acha, Seline? - Quíron me tira de meus pensamentos.

- Eu concordo. - Digo entusiasmada, e lanço um olhar de agradecimento a Grover, que me retribui.

 - Então, por favor, comece. - O centauro me encoraja.

Respiro fundo, mas não preciso pensar para saber quem eu quero na missão comigo.

- Físion. - Digo, fazendo um sinal para que ele se aproxime.

Grover e a ninfa lançam olhares orgulhosos e contentes ao filho, que se posta ao meu lado com um sorriso enorme.

- Obrigado. - Fala.

- De nada. - Sorrio de volta.

- Quem é o próximo? - Quíron me pergunta.

Então eu lembro de Dominique. Lembro de como os olhos dela brilharam quando lhe contei que estaria em uma missão. Sei que ela quer chamar a atenção de sua mãe, Afrodite, e que talvez a próxima missão esteja a anos de acontecer. Além de tudo isso, ela é minha amiga.

- Dominique D'Lembert.

Ela solta um gritinho agudo de felicidade e vem para o meu lado saltitando. Quando chega ao meu lado, me dá um abraço apertado.

Agora eu tenho que escolher mais um. Não sei qual, uma vez que cheguei aqui há pouquíssimo tempo, portanto não conheço praticamente ninguém. Quíron está me olhando curioso e, em um instante de loucura, digo:

- Logan Van Der Wouden

Um espasmo de surpresa percorre o Acampamento. Até Quíron e Dionísio estão surpresos. Físion se irrita um pouco.

Logan vem para perto de mim, em silêncio, e reparo que ele também compartilha da surpresa do Acampamento.

- Muito bem, então a equipe é essa. - Quíron diz, com a voz um pouco mais alta, para fazer os semi-deuses se calarem. - Boa sorte a todos, espero vê-los daqui a duas semanas.

É, eu também espero.


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