Only You escrita por Lúcia Hill


Capítulo 5
Capitulo - Javier o salvador?


Notas iniciais do capítulo

Por mais que o destino possa manipular nossas meras vidas, tudo sempre acaba por ter um desfeixo, se até um sapo pode se tornar em um belo principe, que dirá de um peão chucro e rude?



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Alguns dias se passaram após a morte inexplicável do Coronel Cortez, Luiza fazia o máximo para não topar com Javier, sua mente ainda martelava o porquê de seu pai ter feito aquilo, o que realmente queria dizer.

— Velho tolo. — resmungou alto enquanto lia seu livro na varanda.

O vento soprava contra as árvores e o céu estava cinzento, era o início de inverno. Luiza, por um minuto, largou seu livro e se aproximou da beirada, espreguiçou-se, um vento gelado soprou contra sua face, fazendo-a fechar o longo casaco de lã.

Manteve os olhos fixos no horizonte, um sorriso brotou de sua face. Por um breve momento, ainda podia lembrar-se de sua infância, de quando brincava sozinha nas colinas, andando a cavalo até o pequeno riacho de pedras, para esquecer os fantasmas que assombravam a alma e, principalmente, o divórcio de seus pais, que a deixou sem rumo.

Rapidamente saiu da varanda, rumo ao celeiro, para pegar um cavalo e ir se distrair, como sempre fizera. Assim que chegou à porta, não tinha ninguém, sorriu satisfeita e seguiu até o coche do garanhão de seu pai.

— Olá Relâmpago. — disse carinhosamente enquanto afagava os pelos do animal, abriu o coche e o puxou para fora. — Vamos passear.

Luiza sabia muito bem dos riscos que poderia correr com aquele animal, pois até parecia que o bicho só respeitava o velho Ernesto Cortez. O animal começou a se mexer impaciente, mas ela não se importou, rapidamente montou no cavalo negro, de pelos bem macios, e saiu a galope do celeiro.

— Vamos, menino. — deu a ordem, batendo as rédeas sobre o animal.

Não media o certo e o errado, mas deveria, pois Relâmpago era um cavalo traiçoeiro e astuto e os céus anunciavam chuva em qualquer momento. A paisagem era linda e muito verdejante, podia ver as pequenas flores campestres no solo e a enorme montanha, que ficava nos pés da enorme fazenda.

Javier resolveu ir até o celeiro, para pegar o cavalo, qual seria vacinado, mas, para sua surpresa, o coche do animal estava vazio, resmungou e bateu a porta com força.

— Carlos! — berrou impaciente.

Saiu do celeiro, ranzinza. Quem pegou o animal sem suas ordens? Odiava ser desobedecido pelos peões.

Em menos de cinco minutos, Carlos apareceu ofegante, perto da pequena escada de entrada.

— Chamou, Javier?

Javier se aproximou dele, com as rédeas em mãos, e, sem mais delongas, o peão fez uma careta. Aquilo significava que alguém tinha feito algo errado. Javier disse:

— Onde está o garanhão do Coronel? — arqueou a sobrancelha.

Carlos olhou para os lados, retirou o chapéu, fora o único a ver Luiza sair com ele, respirou fundo e disse:

— A senhorita Luiza saiu com ele. — falou baixo.

Javier deixou as rédeas caírem, fechou a cara, cuspiu no chão e olhou para o céu e murmurou. — E você deixou?

— S-Sim. — gaguejou.

Javier voltou-se para ele.

— Sabe que aquele animal é astuto, se acontecer alguma coisa com aquela garota mimada, isso vai complicar para você, Carlos. — respirou fundo e prosseguiu a fala. — Pelo menos perguntou para onde a desmiolada seguia?

Carlos apenas balançou a cabeça, não precisava dizer mais nada. Javier voltou-se rapidamente para o celeiro, para pegar seu cavalo, não podia deixá-la sozinha, com aquele garanhão, era perigoso.

“Garota estúpida.” pensou. Com habilidade, Javier selou o animal e montou rapidamente, saindo a galope rumo a sabe Deus onde ela estaria.

Luiza permanecia sentada perto da imensa pedra, seus olhos estavam fixos nas calmas águas cristalinas, podia ver pequenas ondas sendo formadas pelo vento, mas uma voz a interrompeu. Ao se virar, pode notar que alguém se aproximava. Javier sabia onde ela se escondia depois do trágico primeiro dia na fazenda, era notório que ela estaria no riacho.

— Ai está você. — grunhiu enquanto parava o animal malhado.

Luiza fechou a cara.

— O que quer mais, Javier? Já tem a metade da fazenda. — praticamente berrava, pois o vento abafava sua voz.

Javier desmontou do animal e se aproximou de forma brusca, encarou-a.

— Não é de seu interesse o que eu quero, dona.

Com passos rápidos, Javier estava praticamente perto da garota. Luiza, ao perceber sua aproximação, começou a recuar, pois ele estava zangado e não era bom desafiá-lo agora.

— Vá embora! — ordenou, apontando para o nada.

Javier sentiu uma pontada de medo na voz dela, agora sim teria sua vingança, ensinaria ela a respeitá-lo, sorriu de forma rude e agarrou o fino braço dela.

— Solte-me, seu animal. — berrava e se debatia, tentando se livrar daquelas mãos poderosas. Javier não estava disposto a ceder aquele capricho dela e continuou a puxá-la para perto dos animais, mas em um devaneio de sua parte, Luiza conseguiu soltar-se, mas seu medo era tamanho, que acabou correndo para o lado errado e se desequilibrou, acabando por cair dentro do riacho, seu desespero aumentou, pois tinha medo de água.

— S-o-c... — berrou, tirando a cabeça para fora e, logo em seguida, afundando.

Javier voltou-se para a beirada. Sem mais delongas, pulou para retirá-la de dentro do riacho, que não aparentava ser tão fundo, mas era de fato. Com habilidades ágeis, logo a segurou fortemente, para não acabar ambos afogando, nadou rapidamente para a beirada e a retirou.

— Aprenda a ser mais responsável. — grunhiu ele enquanto saia todo molhado da água.

Ela encarou-o, assustada, tinha que reconhecer que nunca ninguém havia ajudado-a daquela forma. O vento soprou mais intensamente, causando frio. Javier voltou-se para o garanhão negro e disse, antes de montá-lo:

— Fique ai se quiser, garota mimada. — disse de forma áspera, enquanto montava em seu cavalo.

Luiza levantou-se e ficou encarando-o sumir no horizonte, soltou um longo suspiro e andou até o animal baio, estava frio e se ela não trocasse logo aquela roupa acabaria pegando uma gripe forte.

Javier de certa forma, fora seu primeiro herói. Sempre sonhava em um dia ter seu príncipe encantado salvando-a. Balançou a cabeça enquanto galopava e riu alto.

“Javier? Um príncipe? Minha nossa! Ele serve para ser o cavalo real.” pensou de forma debochada.

Mas o destino pode ser muito traiçoeiro.


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Notas finais do capítulo

Boa Leitura!