Capitulo 6 – Caçada interrompida... Perigo!

POV Bella

Eu queria morrer! Apenas pensava nisso, deseja isso, ansiava por isso.

Edward me deixou pela segunda vez, a dor é muito mais forte quando penso no que o futuro me reserva. Não tinha motivos para viver sem ele, mas eu não teria tamanha coragem de tirar minha vida, sabendo que ele ainda estava nesse mundo.

Um vazio na minha alma, em meu peito, queimava minhas entranhas. Estava assolada pela solidão, somente a tristeza e a dor constavam em mim. Eu não queria mais nada, que não fosse ele.

Ele tinha sido meu, por um longo tempo, mais ainda assim, se mostrava tão pouco. Nesses anos, ele estava tão perto e ao mesmo tempo tão longe. Eu o amava o bastante para querê-lo feliz, o bastante para amar por nós dois. Sim, eu posso parecer tola e iludida, mas... Eu tinha esperanças.

Porém, se não fosse por um elemento principal e importante em minha mísera existência, eu já teria ido atrás dele. Minha filha dependia de mim, não poderia fazer o que o pai fez a ela. Seu pobre coraçãozinho não agüentaria, ela apesar de todos esses anos, ainda era uma menina.

Renesmee sofria tanto pela ausência do pai, tanto pelo meu estado, ela se sentia traída por Edward que lhe jurou nunca abandoná-la. Por outro lado, aumentava sua ira quando ela volta seu olhar a mim e vê uma mulher, mesmo bela, acabada.

- Bella! – Alice me chamou, do pé da escada. Ela tinha um misto de preocupação e dor, mesmo camuflados pelas suas palavras suaves. – Não quer mesmo vim? – perguntou.

- Não. – respondi sem emoção, a expressão dura e morta. – Prefiro ficar.

- Tudo bem. – desistiu de insistir, para depois sentar-se ao meu lado. Eu sinceramente não tinha ânimo algum para sair, estava em meu estado vegetal... Novamente. Todos iriam para o novo cinema da cidade, cujo nome era bem esquisitinho. Trapiche, era o mais novo “playground” da cidade, Forks inteira estaria em peso no lugar.

Eles iriam se encontrar com Renesmee e Jake lá, e isso me alegrava. Saber que ela está tentando superar, ao contrário de mim.

E tudo que eu mais queria era sossego e lá era que eu menos teria. Estava farta de todos me olhando com pesar e preocupação. Queria um tempo só, pra refletir em paz, sem todos me dizendo o que fazer e o que não fazer.

- Vamos, pessoal! – exclamou Rosálie descendo as escadas com um lindo vestido esvoaçante. Ela sim, era uma beldade. Se pelo menos fosse do jeito dela, Edward nunca me largaria, mas ninguém é perfeito.

- Bella, querida você tem certeza? – Esme veio em minha direção, amistosa e com a comum preocupação em seu rosto de covinhas. – Podemos ficar...

- Nada disso! – a cortei, pondo-me de pé. Minha garganta começará a arder, teria que caçar. Pelo menos assim, manteria minha cabeça ocupada. – Sei que estão “loucos” para verem Transformers... – olhei de lado para Emmett, que quicava no chão, tamanha sua empolgação. Sorrimos. – E eu preciso caçar. Então, podem ir tranqüilos.

- Certeza? – perguntou Alice, pegando minha mão, a testa enrugada. Rosálie bufou.

- Claro! – ela veio para o lado da baixinha, pegando-lhe o braço e empurrando-a para a porta. – Olhe pra ela, nem parece mais aquela Bella depressiva. – soltou e eu me encolhi no sofá.

Não sabia o que era pior, sentir-me um trapo ou ouvir da boca dos outros, como eu estava um trapo.

- Rose! – todos a repreenderam, me olhando hesitantes. Assenti de leve para eles, antes de saírem pela porta e logo ouvi os carros se afastarem, em alta velocidade e entrar na rodovia.

Suspirei. Ficar me lamentando não o traria de volta. Levantei-me, disposta a acabar com a ardência em minha garganta, que me irritava aos poucos. Com certeza, era das poucas coisas que eu não gostava nessa vida vampiresca.

Motivos. Tudo que eu queria era uma razão, concreta e sensata, pelo qual Edward me largou e tudo que ele tem a me dizer é: Eu não sou feliz, Bella!... O problema não é você, sou eu... Claro, que o problema é comigo, ele só não quer admitir, por medo ou por educação. Mas, por um lado ele tinha razão...

Edward, nesses anos estava muito distante e... Frio. Brigas e desentendimentos; decepções, tristeza e solidão. A realidade que um dia imaginei pra mim, estava beeem longe de ser o que eu passo hoje. Um verdadeiro pesadelo, muito pior de quando ele me deixou da primeira vez.

Naquela época, mesmo sendo uma vaga esperança, sentia que ele ainda era meu. E que um dia voltaria. Agora, sabia que era definitivo, ele havia escolhido aquilo para viver, um futuro sem mim, uma existência longe de meu ser. Não sei se agüento...

Corri em direção ao rio, no quintal da mansão e o pulei, graciosamente, pousando do outro lado com leveza. Segui em uma velocidade anormal para mais ao norte, focada em minha sede e no rebanho de cervos próximo, ao riacho. Abati três de uma só vez e parecia que minha sede não estava saciada, ainda me incomodava.

Bufei irritada, mesmo que já tenha se passado anos desde minha transformação, ainda era muito nova, digamos assim. Minha sede era retardatária, eu nunca me satisfazia com pouco. Ouvi movimentação a oeste e segui o cheiro, um pouco fedorento, mas essencial.

Edward me fazia falta, até nas caçadas. Ele sempre me acompanhava, dando-me forças e precisão. Com ele, eu nunca sentia a culpa de tirar a vida de um ser vivo; eu nunca me sentia insegura; eu nunca me sentia vazia.

Um grande vácuo em meu peito se instalara, quando ele disse que iria embora. Estava em um ponto vegetativo, quase hibernando.

Um leão da montanha passou em minha frente e só pude segui-lo. Seguia meus instintos, já que meu lado humano que resta, não conseguiria matá-lo. Ele se movia com destreza, mas eu era mais rápida e sutil em meus movimentos. Uma rajada de vento trouxe consigo o aroma mais delicioso e irresistível do mundo.

Parei subitamente, deixando o animal que antes perseguia, avidamente, fugir. Virei à cabeça para o lado, sentindo aquele cheiro entrar em minhas narinas tão perigosamente, que não pude mais me controlar. Meu lado vampiro falou mais alto, faminto pela necessidade de sangue.

Não era mais a Bella ali...

No seu lugar, havia uma incontrolável vampira, desfocada e sedenta. Sabia que era tarde demais, eu só via vermelho a minha frente. Minha garganta ardeu fortemente e eu corri em direção ao doce aroma, a visão dilatada e o desejo me consumindo. Ser interrompida em uma cansada era fatal, pior sem o Edward por perto. Eu era o verdadeiro perigo...

Eu só lamentava, internamente, lá no fundo de minha mente em um canto, pela pobre alma. Que tanto anseio o sangue. Então, em uma clareira, eu a vejo...