Novos Começos escrita por Tenteitudo


Capítulo 11
O Passado se Manifesta em Silêncio


Notas iniciais do capítulo

N/A: Esse capitulo não é o que vocês esperavam, não Faberry e é bem curto, mas é muuuuito importante, prestem atenção nele...
Ontem eu vi uma coisa que me inspirou a escrever os 5 epilogos dessa historia (sim, são 5 e 2 deles são bem compridos...) E essa é a moral desse capitulo, eu não poderia deixar a Beth de fora dessa historia :)
O capitulo Faberry já está escrito no meu caderno, só preciso digitar e finalizar... Talvez publique-o terça de noite...
Bem, obrigada pelos Reviews, respondo eles no próximo pq realmente estou com pressa agora...
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O Passado se Manifesta em Silêncio    

15 de Dezembro – Muito Cedo – Lima, Ohio

Uma bicicleta vermelha corria pelas ruas de Lima silenciosamente, as poucas pessoas que já estavam acordadas olhavam com curiosidade para a figura encapuzada que rumava em direção ao cemitério.

O vento gelado batia violentamente contra seu rosto, mas Beth não se importava, pelo menos havia parado de nevar... A noticia da morte de Judy Fabray tinha chegado em sua casa na noite anterior e a fez sentir algo estranho. A menina sabia quem era sua mãe e também que Judy era sua avó biológica. Não havia uma conexão real, ela nem ao menos havia visto a mulher pessoalmente, mas ainda assim, ela precisava fazer isso.

Shelby ficaria muito magoada se soubesse o que ela estava fazendo. A menina estacionou a bicicleta em uma arvore ao lado do portão do cemitério e mandou sua mãe adotiva para longe de seus pensamentos.

Beth era muito madura para uma menina de apenas 10 anos e tanto Shelby quanto seu atual marido jamais haviam lhe negado a autonomia de ir sozinha aos lugares que queria, desde que permanecesse nos limites da cidade e avisasse previamente. Essa vez não era diferente, exceto pela parte do aviso. Mas ela pretendia estar de volta em casa quando eles acordassem.

A loira não sabia exatamente em que parte do cemitério Judy estava enterrada, mas deixou-se guiar pelos próprios pés que pareciam ter vontade própria e quando percebeu, estava em frente a uma grande cruz de mármore enfeitada com flores falsas. A terra ali ainda não havia sido coberta pela grama e seus olhos encontraram a escritura que identificava a pessoa aos seus pés. ‘Oscar Shull’ Leu ela, sentindo-se um pouco desapontada.

A três sepulturas de distancia, ela viu outro monte de terra sem grama e se aproximou hesitante. O Epitáfio não era em forma de cruz, na verdade, não passava de um grande quadrado de pedra grudado ao chão. Varias flores novas, porém ressecadas pelo frio repousavam em torno da pedra aonde se lia o nome que ela procurava. ‘Judith C. Fabray’.

“Pronto. Estou aqui.” Disse ela em voz alta, sem saber exatamente o que fazer agora que havia chegado aonde queria. Ela se perguntou se sentiria o mesmo quando finalmente encontrasse Quinn.

Ela não tinha pensado em levar flores e nem nada do gênero, não sabia se podia fazer isso, afinal, ela não era oficialmente da família. Beth notou que um vaso caído escondia a foto que acompanhava a escritura e ficou de cócoras, ajuntando-o e espantando a terra para o lado. “Oi...” Murmurou ela, admirando a foto. Não era tão recente quanto a do jornal, reparou a menina, mas Judy definitivamente era muito bonita... “Eu... Eu sou a Beth, não sei se você lembra de mim, eu acho que você só me viu uma vez, no dia em que eu nasci.”

Beth não sabia se estava tudo bem falar dessa forma, mas ela havia ido até o cemitério justamente para isso, para conversar. Não que ela esperasse uma resposta, é claro, ela tinha dez anos, mas isso não significava que fosse burra. “Eu só passei por aqui para me despedir e dizer que sinto muito por não ter te conhecido de verdade.” Ela queria poder conversar com alguém, falar em voz alta sobre o assunto que vinha sendo evitado desde que ela se lembrava por gente.

“Caso você ainda não tenha percebido, eu sou sua neta, a filha da Quinn... Rachel diz que eu me pareço com ela e pelo que eu vi nos anuários da biblioteca da escola, ele meio que tem razão... Eu queria poder conhecê-la. Você acha que ela gostaria de me ver?” A loirinha faz uma pausa, como se esperasse por uma resposta. “Minha mãe diz que quando eu tiver a idade certa vou poder ir visitá-la, mas até lá, eu tenho que esperar. Acho que é o meu padrasto quem diz essas coisas pra ela, muita coisa mudou desde que eles casaram. Até a Rachel parou de visitar. Eu sinto saudades da minha irmã mais velha, ela é legal...”

Beth morde o lábio e contorna a moldura da foto com a ponta dos dedos. “Eu li na internet que ela e Quinn estão namorando... Você acha que é verdade? Seria um pouco estranho se fosse...” Ela faz uma pausa e pensa um pouco nas noticias que leu, nada comprovado é claro. A menina não tinha problemas com relação à sexualidade, Shelby sempre teve muitos amigos gays, mas seria estranho que sua mãe biológica namorasse sua irmã adotiva. Na verdade, isso dava um nó em sua cabeça...

“Eu acho que quis vir falar com você por que você é parte dela. Da Quinn. Da minha mãe. Não sei se posso chamar ela assim, minha mãe adotiva não gosta quando falo dessa forma. Acho que ela sente ciúmes... Mas ela não percebe que eu amo ela mais do que eu poderia amar qualquer outra pessoa, até mesmo a Quinn, que é minha mãe de verdade... A Shelby cuida de mim desde que eu nasci, ela é minha mãe. Mas Quinn também é, de uma forma diferente. E eu acho injusto que não me deixem conhecê-la.”

Ela tira o capuz, revelando cabelos loiros muito claros e finos presos em um rabo de cavalo mal amarrado.  Suas feições eram delicadas como as de Quinn, se não mais, e seus olhos eram de um verde escuro e profundo, como os da mãe de Noah. Ela era uma menina muito bonita.

“Eu quero tanto conhecê-la... E meu pai também...” Beth seca algumas lagrimas dos olhos com as mãos e aperta um pouco mais a manta que envolvia seu pescoço. “Mas eu sei que minha mãe iria ficar triste se eu fizesse isso pelas costas dela. Eu queria conversar com alguém, Judy, vó, mas não tenho ninguém.” Ela acaba sentando e cruzando as pernas como índio. “Eu não quero falar sobre isso com meus amigos da escola por que eles não iriam entender, os filhos do meu padrasto são muito parecidos com ele para entender e minha mãe... A Shelby... Ela não quer ouvir.”

Beth começa a arrancar tufos de grama e jogar os pedacinhos para os lados. “Talvez você pudesse me ajudar se estivesse viva... Mas eu sei que não estaria conversando contigo se você estivesse viva...” Ela esfrega as mãos geladas uma na outra e observa a fumaça formada por sua própria respiração. “Eu tava pensando... talvez eu pudesse conversar com a Rach, ela passou por tudo isso, não é mesmo? Mas ela e Quinn são tão amigas e talvez ela não veja as coisas da mesma forma que eu... Vó, Judy, Sra. Fabray, eu não sei o que fazer. O que você faria?” Ela suspira e olha para o céu no exato momento em que seu relógio apita.

A menina loira levanta de um pulo, já eram 6 e20. “Eu tenho que ir agora, se não eles vão perceber que eu saí...” Ela passa a ponta do tênis pela beira da pedra com que conversava. “Foi bom te conhecer.” Murmura ela, sem saber o que dizer, sem querer ir embora, algo naquele lugar era estranhamente reconfortante. Beth ajeita as flores novamente antes de dar as costas e desaparecer pelos portões do cemitério municipal de Lima.

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Notas finais do capítulo

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