Narração por Katherine McDonnell

Estava no quarto de hospedes, colocando todas as minhas roupas dentro do guarda-roupa enorme e branco que havia ali. Espero não sair daqui até meu apartamento ficar pronto, já chega de confusões não é? Estava decidido, me afastaria de Chris. Se isso irritava Thomy, eu deveria evitar mesmo que ele não seja mais meu namorado, e Chris seja apenas meu amigo, certo? Amigo? Por que isso soa tão esquisito?

- O jantar está pronto, Kate - ouvi a voz de Thomas lá no primeiro andar.

- Já estou descendo - eu gritei de volta.

Prendi meu cabelo, passei a mão no rosto e sai do quarto, pretendendo ir em direção da sala de jantar. Lily e James não me trataram diferente depois do acontecido, o que me deixou um pouco mais a vontade. Thomas havia aceitado bem a minha ideia de dar um tempo, porém me obrigou a voltar para sua casa. Quando cheguei na sala de jantar, desejei rapidamente que ninguém tivesse notado minha presença, para que eu pudesse sair dali o mais rápido possível. Motivo? A garota sentada ao lado de Christopher, comendo tudo o que vi pela frente.

- Ah, olá, Kate - disse Lílian notando minha presença e me lançando um olhar de agradecimento por eu estar ali - Sente-se, querida.

Eu sorri e fui me sentar ao lado de Thomy que parecia uma criança feliz após ganhar um doce. Christopher parecia estar analisando todas as minhas reações, o que me deixou irritada, porém me mostrei indiferente. Sim, eu iria ignorá-lo, por mais que isso pareça uma tarefa um tanto inútil.

- Boa noite, Sophie - saldei a garota do cabelo castanho que nem parecia notar minha presença. Ao ouvir minha voz, Sophie parou de comer e me olhou com desdém, soltou um sorrisinho cínico e voltou a comer.

- Kate? - Zoe chamou-me enquanto tentava pegar com o garfo a pequena e unica ervilha que restava em seu prato.

- Sim? - eu disse sorrindo.

- Promete que não vai mais sair daqui de casa? Pelo menos até seu apartamento ficar pronto? - ela perguntou com a voz um pouco baixa ainda encarando a ervilha.

- Er, Zoe, eu...

- É que Chris e Thomy ficaram tão tristes com sua partida, que mal trocavam uma palavra com nem com a mamãe, papai, nem comigo - ela me encarou com aqueles olhinhos azuis piscina que havia herdado de seu pai - Eu não quero ver eles assim de novo, então por favor, diga que não vai embora - vi aqueles olhos ficarem marejados.

- Eu... Prometo que não irei embora, Zoe - eu respondi meio sentida com as palavras daquela pequena garota, que era tão sábia. Vi ela sorrir e assim o sorriso passou-se para meu rosto também.

Depois disso Lily a pegou no colo e cochichou algumas coisas para a menina que eu não consigo ouvir bem. Virei para frente e lá estava Christopher, me encarando com um olhar que eu não conseguia identificar, rapidamente desviei meu olhar. Todos da mesa ficaram calados após minha resposta, a não ser por Sophie que bufava irritada. Permanecemos assim até alguém finalmente criar coragem para dizer algo.

- Então, o que fez você voltar para cá? - perguntou Sophie.

- Thomas. Ele foi lá e quase me obrigou a voltar para cá.

- Ah, bom - ela disse simplesmente dando um sorriso forçado.

Alguns minutos se passaram e ninguém disse nada, apenas comíamos "tranquilamente".  Estava distraída cortando a carne que estava no meu prato, quando Christopher se levanta da cadeira com sua faca na mão, e começou a batê-la contra seu copo de refrigerante que estava na outra.

- Queria a atenção de vocês por uns 5 minutinhos, por favor - ele dizia batendo no copo ainda.

- Chris, só tem 7 pessoas aqui - disse Thomy rindo do irmão mais velho, no qual revirava seus olhos, colocando a faca e o copo de volta da mesa.

- Queria aproveitar que estamos todos reunidos para dizer uma coisa - Christopher disse afastando um pouco sua cadeira para trás. Nessa hora todos nós já havíamos parado de comer para encará-lo - Sophie Podolsky, você gostaria de ser minha namorada?

Christopher acabara de tirar uma caixinha do bolso, logo depois abriu a própria mostrando um belo anel com detalhes em diamantes. Naquele momento eu senti meu chão desabar. Definitivamente Christopher Lewis Walker é a pessoa mais hipócrita que eu já conheci em toda a minha vida. Ele nem se quer gosta dessa garota. Gosta? Tenho certeza de que meus olhos estão extremamente arregalados neste momento. E que diabo de sobrenome é esse? Podolsky? Ah, por favor!

- Sim, sim, sim! Mas é claro que sim, meu amor - ela gritou agarrando a caixinha do anel de modo possessivo.

Nesse instante encarei toda a família Walker sentada em volta daquela mesa farta de comida. Eles pareciam descrentes, mas ao ver o beijo que Chris deu em Sophie, os olhos deles começaram a ficarem do meu estado que o meu: Totalmente arregalados. Ninguém conseguia dizer uma palavra, muito menos eu. Senti que estava perdendo uma grande parte de mim assim que Christopher colocou aquela aliança prata no dedo anelar da castanha.

- Então gente, não vão dar parabéns para o novo casal? - disse Chris com um sorriso cí­nico no rosto que eu conheço muito bem.

Por mais que aquela frase fosse direcionada a todos, seus olhos castanhos mantinham-se nos meus e eu me senti acabada de certa forma. Não era certo, eu deveria amar Thomas e não o... Irmão dele. Espere! Amar Christopher? Da onde eu tirei essa maluquice? Conviver com essa família não está fazendo bem para minha cabeça, sem dúvidas.

- Er... Christopher, será que podemos conversar a sós um instante? - disse James um pouco bravo se levantando da mesa.

- É, também quero ter um conversa com você - disse Thomas ainda confuso com tudo o que havia acontecido - eu já volto - disse para mim e se retirou da mesa.

- Está certo. Meu amor, eu já venho - Christopher deu um beijo na sua nova namorada e seguiu os dois homens para fora dali.

Agora só restava na mesa: duas mulheres irritadas e confusas, uma garotinha triste e uma morena que não tirava o sorriso do rosto enquanto olhava a bela aliança que estava em seu dedo. Eu ainda não acreditava que aquele loiro estúpido havia feito isso, ele não a ama. Pois Christopher não ama... Ninguém. Nem mesmo a mim.

- Então, sogrinha. Vou poder também vir morar aqui também? - disse a morena deixando de olhar para seu dedo.

- Sophie, não é porque o idiota, estúpido e burro do Chris colocou essa aliança no seu dedo, que tem essa unha postiça enorme e estranha, que você vai poder dormir aqui, querida - eu disse já exaltada. Qual é? Esperava o que de mim? Um sorriso e um cartaz dizendo "Seja bem-vinda a família Walker, Sophie"?

- Olha aqui sujeitinha, não ouse insultar meu namorado. Ah, e eu namoro o irmão mais velho, pode ter certeza que tenho mais direito que você - Sophie disse lançando um sorriso sarcástico.

- Para você saber, eu não estou aqui porque namoro o Thomas. Eu estou aqui porque eu preciso de um lugar para ficar, porém mesmo assim, eu não vou ficar aqui por muito tempo. Já no seu caso, aposto que tem uma mansão enorme, em algum lugar onde eu não tenho nenhum interesse em saber, aonde você pode muito bem morar.

- Minha flor, você tinha muito bem um hotel para ficar, não tinha? Então, por que não ficou lá?

- Eu estou aqui porque eles me convidaram, ao contrário de você, que se ofereceu para ficar aqui - agora eu já gritava me levantando da cadeira.

- Garotas, já chega! Não há motivos para brigarem - disse Lily e eu lancei um olhar para ela a contrariando - Tudo bem, talvez tenha um motivo, porém não precisa disso tudo.

- O que está acontecendo aqui? - disse James entrando de novo na sala de jantar seguido de seus filhos, deveriam ter ouvido meus gritos.

- Sophie se ofereceu para morar aqui - eu disse irritava destacando as palavras "se ofereceu".

- E qual o motivo para gritaria, Katherine? - perguntou Chris tranquilo, tinha um sorriso cínico no rosto enquanto ia até Sophie enlaçando-a pela cintura.

- Qual o motivo, Christopher?! Ela se ofereceu. Essa garota achou que eu estou morando aqui para me aproveitar - okay, eu não estou muito controlada, porém não estou mais nem aí do que acontecerá.

- Kate, se acalme, querida. Acho melhor levar Zoe lá para cima - disse Lily indo até a filha.

- Não, mamãe. Eu quero ficar, isso aqui está melhor que aqueles filmes que a prima Anne assiste - Zoe mantinha seus olhos enormes e ansiosos direcionados a gente.

- Nada disso, mocinha. Venha, já está na hora de deitar - Lílian pegou Zoe no colo e a para seu quarto.

- Se eu for dormir agora também, prometem que não vão sair arrancando os cabelos uma da outra, coisa e tal? - disse James.

- Cuidamos delas, pai. Boa noite - disse Thomas.

- Durmam bem e juízo, por favor - James soltou um risinho e da sala de jantar.

- Amor, vou poder dormir aqui, pelo menos hoje? - perguntou Sophie com uma voz irritante acariciando o peitoral do Christopher.

- Claro que pode, ou alguém vai querer proibir também? - disse o irmão mais velho dando um sutil indireta para mim.

- Thomas, estou indo dormir, estou cansada, foi um dia longo... - disse tentando escapar daquela melação que acontecia ali.

- Pois é! Vou também, boa noite para vocês - Thomas se colocou ao meu lado e assim fomos até nossos quartos, que agora não era o mesmo.

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Narração 3ª Pessoa

Sete dias haviam se passado, foi uma longa e entediante semana. As "férias" de Katherine já haviam se esgotado, o que de certa forma era bom para ela, pois assim, a garota não teria que aguentar a barreira que havia entre ela e Christopher. Por fora sustentavam a famosa máscara da indiferença, por dentro estavam se auto-machucando por estarem tão longes um do outro.

De dois dias para cá, Kate já havia desistido de tentar evitá-lo e tentava falar com Christopher, o que infelizmente não adiantou muito. O garoto tentava ignorá-la de todas as formas possíveis. A verdade era que ele queria ceder, queria voltar a ser, pelo menos, amigo dela. Porém isso só iria gerar mais confusões e iria deixá-la infeliz.

A loira estava sentada no sofá em pleno sábado a tarde sozinha - já que Thomas estava no trabalho - assistindo um filme qualquer que passava na grande televisão que havia ali, quando ouviu passos vindo da escada e um cheiro familiar invadindo suas narinas, instantaneamente a garota soltou um suspiro. Kate olhou para trás, "Dessa vez ele não irá fugir", pensou a garota que não aguentava mais aquela barreira idiota que ele colocou.

Ouvir: Linkin Park - Iridescent

- Vai sair com sua namorada? - a garota perguntou com um tom de sarcasmo.

- Eu não lhe devo satisfações - Christopher respondeu dando meio volta e começou a subir as escadas.

- Ei, Christopher, deixou o bom-humor trancado na gaveta de cuecas hoje?

- Deixei lá junto com sua falta de vergonha na cara - ele disse frio e sem olhar para trás.

- Dá para você me explicar o porquê disso tudo? - Kate levantou-se do sofá e foi até a escada onde Christopher havia paralisado após a pergunta da mulher.

- Jura que você não sabe? Katherine, onde foi parar seu cérebro? Por que voltou com o Thomas, se ele te trata como um capacho? - ele perguntou aumentando sua voz e virando-se para ficar de frente a Kate.

- Chris, eu não... - ela tentou dizer, porém não foi forte o suficiente. Sua voz era baixa e ela encarava os seus próprios pés.

- Você o quê, Kate? Você ama ele, não é? Tudo bem, eu meio que já sabia disso - Chris disse ainda nervoso.

- Christopher, dá pra você me escutar? - agora a mulher já aumentara a voz também.

- Se você tivesse esperado um pouco... E se não tivesse voltado com o meu irmão, se esperasse mais um dia, talvez...

- Do que você está falando?

- Kate, eu fui lá, okay? Eu fui no hotel naquele dia em que o idiota do Thomas infelizmente também foi, porque eu não aguentava ficar tanto tempo longe de você, eu senti tanta falta dos seus sorrisos, dos seus olhos me encarando de forma gentil, das suas risadas e da sua voz doce falando meu nome, eu tinha que te trazer de volta. Eu até comprei um buquê de Tulipas para você. Olha, esquece isso, eu sei que não vai fazer diferença para você, eu sei que eu não sou aquele que tem o seu coração, eu sei que não sou o Walker escolhido - Christopher disse com a voz baixa, porém falava rápido e quase se enrolava com as palavras.

- Chris, eu... - Kate tentou dizer, ela estava tão estupefata com o que o loiro havia dito, que mal podia se mexer.

- Tudo bem, eu sei. Esqueça isso, não sei o que me passou pela cabeça para dizer aquilo - sem mais delongas o rapaz começou a subir a escadas rapidamente, deixando a mulher com um sorriso bobo no rosto.

A garota percebeu que ele pensara que ela ainda estava com Thomas, e sem pensar duas vezes, seguiu os passos do homem e com a mesma velocidade, ao terminar de subir o ultimo degrau da escada ouviu o baque da porta, "Deve ser a porta de Christopher", pensou a menina sem tirar o bendito sorriso do rosto. Correu até a porta branca que antes a provocava tanto medo, ao chegar perto o bastante dela, agarrou a maçaneta dourada e a girou, logo depois empurrou a porta.

- O que eu estava pensando? Que ela ia dizer o mesmo? Ela é a namorada do seu irmão mais novo, aceite, ele ganhou dessa vez - dizia o rapaz alto andando de um lado para o outro, com as mãos na cabeça. Mal percebeu a loira que acabara de entrar ali, e fechava a porta calmamente atrás de si.

- Ei, seu idiota. Eu não voltei com Thomas, mas eu resolvi voltar para cá, porque assim iria poder te ver todos os dias sem me preocupar se você está bem ou não, pois eu estaria aqui para ver tudo o que acontecia com você. Eu queria ficar perto de você, mesmo que de certa forma eu esteja tão longe. Agora, antes de começar a tagarelar novamente, me beija! - uma voz feminina exigiu atrás dele.

Aquilo foi o "empurrãozinho" que ele precisava para sentir-se o homem mais feliz do mundo. Virou-se para ficar de frente para a garota de olhos verdes-escuros que ele tanto adorava.

- O que? - ele perguntou surpreso, porém sem deixar de sorrir.

- Você ouvir, me beije logo! - ela exigiu mais um vez.

E assim ele fez, quebrou aquela barreira tosca em que ele havia construído e segurou a cintura da loira, que por sua vez colocou suas mãos pálidas e delicadas no rosto do rapaz. Suas testas estavam coladas, seus lábios entreabertos estavam bastante próximos, e eles já respiravam ofegantes. Chris a olhou nos olhos como se a perguntasse se ele podia fazer o que pretendia, como um modo de confirmação ela soltou um sorriso.

Sem esperar mais nenhum segundo, ele aproximou seus lábios ao delas e assim quando tocados, arrepios foram causados em ambos os corpos. O beijo não era rápido, porém era cheio de desejo. Estavam em perfeita sintonia, era como se seus lábios fossem moldados um para o outro para que se encaixassem perfeitamente, para ficarem juntos. Para ele, os lábios da loira eram exatamente como ele imaginara, macios e quentes, e o gosto da boca de Kate era como uma droga viciante para o rapaz, na qual ele queria mais e mais. Ainda não havia línguas ali, eram somente os lábios mexendo-se em um movimento caloroso.

Ele queria mais, por isso pediu passagem para sua língua na boca da mulher. Kate por um instante pensou em ceder e realizar o pedido do rapaz, que de certa forma, ela queria tanto. Porém ela afastou seus lábios rosados dos de Chris, sorriu maravilhada olhando-o nos olhos e depois correu alvoroçada em direção a saída. Mas a garota parou antes de chegar a porta, correu ao encontro de Chris novamente, depositou mais um beijo caloroso em sua boca e saiu do quarto, deixando um loiro totalmente boquiaberto. Depois de um tempo esse mesmo rapaz se jogou em sua cama maravilhado pelo o que tinha acabado de acontecer, e logo tirou uma conclusão: Esse beijo provocaria muitas noites de insônia.