Bom, depois daquele último show fomos para o Brasil, o que não foi algo muito emocionante pra nós, mas mesmo assim. Amy ficou feliz porque iria mostrar às meninas do orfanato onde estamos agora. Mas o resto de nós não estava assim tão animada. Mesmo assim, fomos e fizemos nosso show, e eu fiquei impressionada porque todos lá me conheciam. Foi divertido.

Depois de passar pela America Latina, nós voltamos para Los Angeles.

Estávamos no hotel onde Justin e os outros estavam hospedados. Eu e Amy estávamos sentadas no sofá mexendo no iPad de Justin. Ele tinha criado uma conta no youtube e postou o vídeo da gravação. Agora estávamos sempre fazendo vídeos. Mas dessa vez eu e Amy estávamos criando um twitter pra mim. Clara e Lara estavam vendo TV.

Pattie disse que teríamos que viajar para o Canadá, pois era aniversário da avó de Justin. E foi ai que a coisa ferrou.

- Não, mãe! Eu tenho uma premiação no mesmo dia! – ele disse.

- Justin, o que é mais importante? Essa premiação ou sua avó? – Pattie arqueou a sobrancelha.

- Isso não é justo! Quer comparar minha carreira à minha avó! – ele jogou os braços pra cima.

Todas nós havíamos parado de fazer o que fazíamos e assistimos a discussão.

- Justin Bieber, você vai e pronto! – ela disse ficando vermelha. Era estranho ver Pattie com raiva.

- Mas mãe! – ele quase gritou – Você não pode fazer isso! Vai decepcionar todos os meu fãs e eu já confirmei que iria à essa premiação! Eu vou cantar, mãe!

- Justin eu falei alguma língua estranha pra você? Que parte de você não vai, você não entendeu?

- Não é você quem decide essas coisas! É o Scooter! Ele sabe o que é melhor pra mim!

Ih fudeu!

- JUSTIN DREW BIEBER EU SOU SUA MÃE E QUEM SABE O QUE É MELHOR PRA VOCÊ SOU EU! AGORA VÁ JÁ PARA O SEU QUARTO, SEM CELULAR E COMPUTADOR POR UMA SEMANA!

Depois dessa todo mundo virou a cara e fingiu não ter escutado nada. Ainda ouvi Justin resmungar alguma coisa, mas ele não contrariou a mãe. É preciso muito pra tirar dona Pattie do sério e acho que ele chegou ao limite.

Pattie se virou e saiu do apartamento batendo a porta.

Eu e as meninas nos encaramos por um momento.

- Acho que é bom você ir falar com ele – Clara disse baixinho.

- Eu? Por que eu? – apontei pra mim mesma.

- Você é a única que vai fazer ele manter os pés no chão – Lara disse com um olhar sábio.

Revirei os olhos e bufei.

- Vai lá, Sam. Você e ele passam pela mesma coisa e talvez ele pare com esses ataques de estrelinha – Amy disse ao meu lado.

- Ah qual é! – suspirei, mas mesmo assim me levantei e andei até o quarto dele.

Bati de leve na porta.

- Justin? – falei baixo.

- Sai daqui – ele disse raivoso.

- Só quero conversar – insisti.

Ele não respondeu. Eu abri a porta devagar. Justin estava deitado olhando pro teto. Entrei no quarto e fechei a porta. Ele nem me olhou.

- Quarto legal – murmurei. Depois bati na minha testa. Ótimo jeito de começar uma lição de moral.

Ele assentiu ainda sem olhar pra mim.

- Olha, eu não sou muito de dar conselhos e falar de coisas sentimentais... Mas acho que você deveria...

- Eu sei o que você vai falar – ele me interrompeu se levantando e finalmente me olhando – Vai falar que eu não deveria ter discutido com a minha mãe, que deveria ir mesmo no aniversário da minha avó, porque família é mais importante e blá blá blá. Mas, Sam, eu sou um artista agora! Não posso ignorar meus deveres para ir num aniversário! – ele passou as mãos nos cabelo.

- Justin, você está se tornando um estrelinha – eu disse me sentando na ponta de sua cama, meio longe dele – Não é assim que você deve agir. Você é um menino normal, não é melhor e nem pior que ninguém. É claro que sua família é mais importante! Eles sempre te apoiaram e tudo mais! Sem eles você não seria nada!

- Sem minhas fãs eu também não seria nada – ele me olhou arqueando uma sobrancelha.

 Tá difícil hein Justin.

- Eu sei disso, mas não é assim que funciona – eu parei – Lembra o que você sempre dizia? Que sempre seria o garotinho de uma cidade pequena com um sonho? Cadê aquele garoto agora? Onde está o menino que sempre mantinha os pés no chão? – ele abaixou a cabeça, sua expressão confiante desmoronando um pouco – Sei que suas fãs concordam comigo. Você não é esse tipo de pessoa, Justin, você é melhor que isso. Você não se importa só com a fama.

Ele suspirou sem me olhar.

Quando fui me levantar, senti braços ao meu redor e então a cabeça dele estava em meu ombros. Retribui o abraço meio relutante. Isso era meio... esquisito, mas bom.

Justin POV

Com a intenção de realizar alguns poucos sonhos eu fui uma vez a um cinema em outro país. Uma única garota entre várias outras chamou minha atenção e depois daquele dia ela não saiu mais de minha cabeça. Eu sabia que não devia, era errado, eu estava com Selena, mas não pude resistir à ela. Seus lindos olhos verdes me chamavam. E então eu voltei para casa, determinado a esquecê-la, mas quem disse que isso foi possível? Ela não saia da minha cabeça. Pensei que nunca mais veria aquela garota outra vez, mas o destino me surpreendeu. E então eu me vi infernizando e desprezando a mesma garota por quem me apaixonei, eu a amaldiçoei por virar meu mundo de cabeça para baixo. Estava determinado a virar o mundo dela.

E agora, aqui estou eu, a abraçando, sendo consolado por essa garota que tanto desprezei. Nos seus braços eu não me sentia mais Justin Bieber, o cantor pop do momento.  Eu era só... o Justin, o menino de 17 anos que estava transtornado por tanta mudança rápida em sua vida. O menino que queria viver seu sonho, mas mesmo assim não queria perder sua vida antiga.

- Eu sou horrível – choraminguei em seu ombro.

Senti ela rir baixinho. Então ela começou a afagar meus cabelos.

- Não, você não é. Você só teve um momento... complicado. Mas tenho certeza de que vai voltar ao que era antes – ela disse – Nada dura pra sempre.

Eu me afastei e olhei em seus olhos verdes que transmitiam total segurança.

- O que foi? – ela sorriu amigável.

- Ahn? Nada – eu pisquei e balancei a cabeça.

Ela riu baixinho e se levantou. Eu fiquei sentado olhando enquanto ela  se virava pra mim.

- É bom arrumar as malas – murmurou.

- Tudo bem – respondi com um leve mal-humor. Ainda não queria ir.

- Justin – ela chamou e eu a olhei de novo – Sempre se lembre de quem você é.