POV Clarisse La Rue

As noites no labirinto nunca eram fácies, mas aquela foi a pior. Primeiro porque eu mal consegui dormir, já que sonhos em que todos os campistas, Quíron e os próprios deuses gritavam e brigavam comigo e me acusavam de estar ajudando um inimigo me atormentaram por toda a noite. Segundo, porque eu acordei varias vezes com os gemidos de Chris. Eu sabia que normalmente eu ficaria irritada com isso, mas eu sentia tanta pena dele que não conseguia ficar com raiva. Depois de muito tempo e algumas crises, ele finalmente se acalmou e dormiu e eu segui o seu exemplo.

-Ah, socorro! Eu não queria! Vá embora! Vá!- eu acordei, novamente com os gritos dele.

E eu já estava me virando para tentar acalmá-lo quando percebi que aqueles gritos não eram como os outros, eram mais altos, mais desesperados. Chris berrava a plenos pulmões, se debatia e estava à beira das lágrimas. Aquela cena causou em mim sentimentos fortes e diferentes. Medo, pena, susto e compaixão se misturavam em mim, causando uma sensação que eu nunca havia experimentado. O que está acontecendo comigo?

Eu tentei acordá-lo, mas não consegui. Ok, eu estava começando a entrar em pânico. Ele não acorda! E não para de gritar! O que eu faço?! Deuses, porque essas coisas só acontecem comigo? Logo eu, que nunca levei jeito pra estas coisas, estava ali, com um garoto gritando e chorando sem ter a menor idéia do que fazer. Fiquei alguns minutos simplesmente olhando pra ele, esperando que ele se acalmasse como das outras vezes, mas ele não se acalmou. E eu, sem alternativa, me aproximei, mas ao fazer isso, ele acordou. Seus olhos chegaram a mim e eu achei que ele fosse gritar, mas ao invés disso, ele se encolheu, abraçando os próprios joelhos e fixou o olhar na parede em sua frente, enquanto lágrimas escoriam por sua face. Meu coração se encolheu ao ver aquela cena, era como se a dor dele, doesse em mim. Eu me aproximei sem saber direto o que ia fazer, para tentar, de alguma forma ajudá-lo. Mas ao fazer isso ele recomeçou a gritar:

-Não! Não chegue perto de mim! Vá embora!- ele se arrastava pelo chão enquanto gritava, se afastando de mim.

Eu não iria desistir tão facilmente. Até porque, todo aquele mistério estava me deixando muito curiosa.

-Por que você não quer que eu me aproxime?

-Porque... Porque eu não quero te machucar.