POV Clarisse La Rue

                Estava novamente andando pelo labirinto. Eu tentava o caminho de volta, mas era difícil. Não só por causa do labirinto em si, mas porque agora eu praticamente carregava Chris. Ele se apoiava em meu ombro enquanto murmurava coisas, que pra mim eram completamente sem sentido. Eu tentava a muito custo me concentrar no caminho, mas não conseguia. Minha mente não parava de fazer perguntas, para as quais eu, infelizmente, não tinha resposta. O que esse garoto está falando? Quem é Mary? Será que ele ainda está do lado de Cronos? E isso significa que eu estou ajudando o inimigo? Eu achei melhor parar por ai, antes que endoidasse.

                -Mary, vai embora! Eu não quero você aqui!- ele havia voltado com os gritos.

                -Chris, calma, eu não sou a Mary.

                -Vai embora, Mary!- eu já estava com raiva dessa tal de Mary, é melhor ela não aparecer na minha frente.

                -Eu não sou a Mary, meu nome é Clarisse. Clarisse.

                Ele olhou pra mim de forma estranha, como se estivesse decidindo se acreditava ou não em minhas palavras. Seja lá qual for a conclusão que chegou, ao menos o fez parar de gritar.

                Eu não conseguia achar o lugar onde eu estava antes de sair andando, mas isso não me surpreendia, nada naquele labirinto fazia sentido pra mim. Então resolvi procurar um lugar em que pudéssemos dormir. Não tinha como saber se já era noite dentro do labirinto, mas eu já estava cansada e Chris se apoiava cada vez mais em mim, mostrando que o cansaço já estava o vencendo. Depois de andar mais um pouco, encontramos um lugar que me pareceu promissor. Não era estreito, como algumas partes do labirinto, era comparativamente limpo e ali eu poderia facilmente ouvir alguma coisa se aproximando.

                Montei um pequeno acampamento com dois sacos de dormir, que a experiência ali dentro me ensinou a sempre levar na mochila, onde ficaríamos confortáveis, na medida do possível, é claro.

                -Venha Chris, durma um pouco. – por um momento, pareceu que ele iria relutar em concordar com isso, mas o sono era tanto que ele nem falou nada. Depois de entrar no saco de dormir, não levou mais de dois minutos pra dormir. Sinto em dizer que eu não tive a mesma sorte, as duvidas sobre o garoto que dormia ao meu lado não saiam da minha cabeça. Fiquei um bom tempo refletindo, procurando respostas, até o sono e a falta de conclusões me fazerem dormir.