O Filho Amaldiçoado: 1. A Busca escrita por luana08jackson
CAP. 19 – Mais um
POV off
O conselheiro de cada chalé estava presente envolta da mesa de ping-pong junto com os diretores do acampamento, Beckendorf e Silena, sendo que a última se encontrava de mãos dadas com o novo namorado, Nico. Percy encarava o casal e analisava se deveria se preocupar, o que deixava o filho de Hades mais nervoso do que estava.
‒ Temos que nos preparar para ir... ‒ disse Percy tirando sua atenção de Nico.
‒ Mas quem vai? ‒ perguntou Alec, olhando preocupado para Beck.
‒ Precisamos de mais de três semideuses nessa missão, não vejo necessidade de uma profecia. Vejamos, Percy, obviamente, já que se trata de Annabeth...
‒ Você não conseguiria me manter aqui, de qualquer jeito... ‒ interrompeu o herói ‒ Eu estava pensando em: Silena, Becksondorf, Piper, Nico e eu.
A cabeça de Percy percorreu o recinto, como um falcão procurando por uma presa enquanto via se alguém discordava da sugestão. Todos assentiram embora Piper estivesse subitamente pálida e com as mãos tremendo levemente, fazendo Percy pensar se havia ficado assim quando recebera sua primeira missão. Piper sentiu os olhos esverdeados do amigo tocando nela e o encarou de volta. Assimn que seus olhos se encontraram as sobrancelhas dele se arquearam com um olhar preocupado lançando uma pergunta silenciosa no ar: Você está bem? . A filha de Atena respirou fundo e assentiu. Não era como se sentia realmente.
Quíron continuou:
‒ Ótimo! Já que todos concordam, ‒ disse olhando em volta para confirmar ‒ vocês partem amanhã pela manhã. Dispensados.
Os presentes começaram a se dispersar. A maioria já havia deixado a sala deixando apenas os cinco que iriam a missão com os diretores quando Alec, sucessor de Beckendorf “original” como conselheiro do chalé de Hefesto, entrou novamente:
‒ Eu estava pensando... eu também quero ir, para ajudar. Talvez precisem de alguma engenhoca no meio do caminho ‒ disse ofegante para Quíron, embora a cada pausa olhasse para Beckendorf.
Ponderando por um segundo, Quíron perguntou se tinha certeza a qual Alec assentiu confiante:
‒ Bem, nesse caso, não vejo motivos para impedi-lo.
***
O grito estridente cortou o quarto. Luke saiu de cima da menina dizendo para ela se acalmar. Correu até sua roupasno chão, vestindo-as, sem tirar os olhos da barriga ‒ negra ‒ de Annabeth. Depois de vestido voltou para seu lado.
Como?, pensava ela enquanto tentava não gritar de novo, O que é isso?
Luke sentou-se novamente na cama a seu lado:
‒ Se acalma tá? ‒ falou suavemente lhe entregando um copo com água ‒ Nós não sabíamos o que iria acontecer exatamente com você. É a primeira vez que um titã nasce de modo “natural”.
Annabeth encarava o enorme espelho a sua frente que refletia o dourado das paredes e cama onde estava. Olhou para o próprio reflexo, seus cabelos loiros estavam bagunçados e os lábios um pouco inchados e vermelhos por causa dos beijos. A alça do sutiã roxo de renda estava caída nos ombros.
Uma pontada na barriga fez Annabeth derrubar a água na colcha e segurar com força o próprio abdômen negro.
Annabeth queria falar, pefir ambrosia ou algo parecido mas sabia que se abrisse a boca, gritaria. Porém, para o alívio dela, Luke entendeu perfeitamente a expressão de vou-gritar-a-qualquer-minuto e se levantou para pegar néctar.
Com alguns goles ela já se sentia melhor e mais revigorada, embora a barriga ainda estivesse com os traços “amaldiçoados” por toda sua extensão.
‒ Deite um pouco ‒ sugeriu ele ‒ talvez você se sinta melhor.
‒ Talvez ‒ concordou enquanto se ajeitava na cama para deitar.
Encostou a cabeça gentilmente no travesseiro e cobriu-se até o pescoço com a coberta peluda e quente. Atrás de si Luke também deitou-se, dessa vez de costas para Annabeth, enquanto apagava a luz. Ela estranhou ele não a abraçar mas o cansaço venceu e logo já dormia novamente.
Alec caminhava de volta para o chalé 9 pensando sobre sua decisão de ir na missão. Não ligava para os outros, aquela história de engenhoca inventara na hora, o único motivo por querer ir era Beckendorf. Beck.... pensava.
Os anos nas fornalhas o haviam mudado, Chegara ao acampamento aos 11 anos, gostando de mulheres e descobrindo sobre elas, tanto quanto sua idade permitia. Agora, três anos depois, seus conceitos haviam mudado, desde que dera seu primeiro beijo ‒ e não fora com uma garota.
‒ Você gosta mesmo dele, não é? ‒ disse a voz familiar de uma amiga. Alec virou e viu os curtos e cacheados cabelos ruivos dela.
‒ Você é o Oráculo. Deveria saber. ‒ respondeu sorrindo.
Rachel sorriu de volta. Usava sua roupa costumeira: um shorts jeans e uma camisa manchada de tinta. Desde que chegara no acampamento, Rachel e Alexander haviam se tornado grandes amigos. Nos primeiros dias, o novo oráculo ficou assustada e solitária e fora Alec quem a ajudara a se acostumas com a nova vida no acampamento.
‒ Não é a primeira vez que tem um “amigo”. Lembra de Jake? Eu me lembro direitinho de você falando o quanto ele era legal e como nunca havia imaginado que seu primeiro beijo seria com um menino.
‒ Eu tinha 14! ‒ defendeu Alec
‒ E agora tem 15; grande diferença ‒ riu mas logo sua cara se fechou ‒ Sinto falta de Jake...
‒ Foi a primeira missão dele, ele não tinha experiência fora do acampamento ‒ murmurou Alec, com pesar.
‒ Mas voltando ao Beck... ‒ mudou de assunto ‒ parece que tem um novo amigo.
O filho de Hefesto a encarou com cara de deboche embora por dentro estivesse com um pouco de raiva por Rachel ter lembrado de Jake. Agora sentia novamente a dor no peito.
‒ Nem Tanto, não sei se ele é... você sabe... ‒ Gay, completou mentalmente.
‒ Alec, ‒ disse se aproximando e tocando-lhe o braço ‒ você sabe o quanto eu quero que goste de garotas, né?
Sim, ele sabia. Eles já haviam ficado algumas vezes. Na época, Alec não queria admitir para sua mãe sobre sua sexualidade e principalmente aos irmãos do chalé 9, que eram fortes e héteros e com certeza o trataria diferente se ele falasse a eles. Então quando tinha alguma festa, ele e Rachel se agarravam loucamente na frente de todos. “Os tempos são outros”, Apolo dissera a ela “desde que continue virgem, não vejo problemas em alguns amassos. Você ainda é uma adolescente”. E assim foi: eles ficavam até perder o fôlego em todas as festas e quando ninguém estava olhando Alec e Jake iam para um lugar afastado e se beijavam enquanto Rachel vigiava se ninguém vinha.
Porém, ela começara a gostar dele no processo. Ainda agia como sua melhor amiga, o que Alec sabia que eram. Ele gostava dela, só não sabia se do mesmo jeito. Preferia homens a mulheres, mas não podia negar que achava a amiga gata e que quando ficavam ele se “animava”. Já fazia um tempo que Alec começava a cogitar a ideia de uma bissexualidade. Por enquanto a ideia só estava em sua cabeça, então nunca havia falado ninguém sobre isso.
Encarou Rachel e sorriu:
‒ Vai mesmo na missão?
‒ Sim
‒ Tome cuidado, ok? ‒ advertiu ficando na ponta dos pés para ficar da mesma altura de Alec e beijou sua bochecha. Bem perto da boca.
E saiu
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Desculpem?