Revelações escrita por M_P


Capítulo 7
Após a conversa




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/145273/chapter/7

Corri o mais rápido que pude, mas minhas pernas pareciam não me obedecer. Após insistir na tentativa de fugir, tropecei e caí de joelhos na terra. Então chorei. Não chorei pelo meu joelho ralado que doía bastante, chorei porque estava sozinha, ninguém poderia me ajudar. Não havia nada a ser feito e a criatura avançava devagar…


Dei um salto da cama, apavorada com mais um pesadelo extremamente tenso.

Como nas outras noites, tremi um pouco com aquela terrível sensação pós-pesadelo e me encolhi na cama, esperando passar.

E como nas outras vezes, a dor de cabeça causada pelo susto e pelas noites mal dormidas veio me atormentar mais um pouquinho.

Até quando isso ia durar?

Exausta, não quis responder a essa pergunta e me rendi ao sono, torcendo para não sonhar novamente. (Se bem que aquilo nem poderia ser chamado de sonho)

Pela manhã estava com a cara péssima. Consegui dar um jeito com maquiagem. (Devido aos acontecimentos dos últimos dias, tenho usado mais maquiagem do que de costume)

Mas toda mãe tem aquele instinto de mãe e a minha logo percebeu que havia algo errado.

–Você está bem, querida? Parece tão pálida esses dias… – disse ela durante o café.

–Está sim, mãe. Só não tenho dormido direito. Estou meio sobrecarregada com as coisas da escola – menti.

A coitada acreditou. Odiava ter que mentir para ela, mas o que vinha passando ninguém poderia entender. Nem eu compreendia direito.

Terminei meu café tentando parecer o mais normal possível, inclusive dei umas risadas para disfarçar. (Mesmo minha vontade sendo de chorar, com minha cabeça me matando)

Estava pronta para ir pra escola, só conferi antes se não estava me esquecendo de nada (Algo que tem acontecido muito).

Enquanto dirigia, fiquei me lembrando de toda aquela longa conversa que tive alguns dias atrás. Realmente não esperava por aquilo, nem imaginava que me afetaria tanto.

Depois disso, não consegui mais dormir. Era atormentada por pesadelos cada vez mais medonhos, que me deixavam a cada dia mais cansada. Não sei quanto tempo mais ia conseguir continuar escondendo.

Não podia contar nem para a minha melhor amiga. Não sei como ainda ela não havia percebido. Estava conseguindo fingir muito bem…

Caramba! Foi por pouco! Desviei a tempo de não me envolver em um acidente. (Isso que dá dirigir distraída) Ouvi uns xingamentos básicos de motoristas bem-educados, mas não podia tirar a razão deles, eu deveria ter tomado mais cuidado.

Ver a fachada da escola ao invés de me trazer tranqüilidade, só me deixou mais tensa ainda. Estava sendo cada dia mais difícil não parecer cansada, fingir que tudo estava bem, segurar a vontade de desabar no ombro de alguém e principalmente guardar tantos segredos.

“Relaxa, que você consegue”, pensei. (A quem eu estava tentando enganar?)

Estacionei o carro na vaga de sempre, onde havia duas meninas que me esperavam ansiosas e um menino calado sentado num banco.

–Anne, que bom que você chegou! – disse Raven animadíssima – Pelo meu bom desempenho na escola, minha tia me deixou fazer uma festa do pijama! Não é demais?

Per-fei-to! Era tudo o que eu mais precisava no momento…

–Er, acho que é, né.

Os olhos dela pareciam brilhar.

–Eu sabia que você também ia amar a idéia. Vai ser amanhã à noite e vai ser muito divertido! Você e a Mel vão ser as minhas convidadas. Vamos ficar acordadas até tarde e…

Parei de ouvir o que ela tagarelava sem parar e fiquei tentando imaginar uma maneira de me livrar desse compromisso. Do jeito que as coisas andam, dormir fora é a última coisa que eu deveria fazer. Sabe-se lá o que poderia acontecer.

–Tem certeza, Ray? Não daria, sei lá, pra ser outro dia?

–Você não quer ir, Anne? – ela parecia desapontada – Achei que você quisesse. É a primeira festa do pijama que eu dou. Queria muito que você fosse.

A Melanie, que não havia dito nada ainda, pareceu desconfiar de alguma coisa. (Tô ferrada!)

–Tudo bem, Ray. Você me convenceu. Mas tem uma coisa, eu não aceito outro sorvete que não seja chocolate duplo. – me virei para a Mel – E você, madame? Não vai dizer nada?

A expressão dela mudou. Parecia dizer “Agora sim, essa é a Anne que eu conheço”. Ficou feliz.

–Nem vem, é pistache ou nada feito!

Nós três demos risadas juntas, o que fez com que eu me esquecesse de tudo por alguns instantes. A companhia delas me fazia tão bem. Será que eu não deveria contar?

Nem vi o tempo passar e quando percebi, estávamos no refeitório. Estava meio sem fome, mas pras meninas não perceberem isso (já que estou sempre com fome) me forcei a comer.

Passei o resto do dia no automático e quando me dei conta, já estava vestida para dormir.

Enquanto escovava meu cabelo em frente ao espelho, fiquei me perguntando o que seria de mim daqui pra frente. Amanhã teria uma festa do pijama para ir e isso com certeza, não era uma boa idéia.

Estava com um mau pressentimento.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Revelações" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.