Revelações escrita por M_P


Capítulo 2
Novos moradores




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A história da prova acabou que eu tirei B, coisa que só acontece quando a matéria não tem verbos no meio e quando a Melanie me passa cola. Caso contrário, eu só tiro C e às vezes D, para desespero da minha mãe.

Minha mãe é muito parecida comigo (Ou eu sou parecida com ela, estou na dúvida), mas ela é muito mais bonita. É uma mulher alegre, bem-humorada, que tem um orgulho imenso da família e diz que meu pai e eu somos o maior tesouro dela. O cabelo dela, assim como o meu, é preto e liso e possui olhos muito azuis, enquanto os meus são azuis com um tom esverdeado. Ela é casada com meu pai há 17 anos, mas ainda não quis ser transformada.

Meu pai é um vampiro há muitos anos e sempre viveu com seu irmão que é médico e vampiro também.  Isso até conhecer minha mãe. É bastante severo em alguns pontos e me trata como sua “filhinha”, já que sou filha única. Nunca me deixou namorar e disse que ia atacar qualquer “sujeitinho que ousasse se aproximar de seu tesouro”. Uma comédia! (Se bem que eu não duvidaria muito…) Ele presa bastante pela tradição, coisa que eu admiro muito, pois alguns valores que ele conserva já foram esquecidos nos nossos dias.

A história dos meus pais é muito linda, mas é coisa para se contar numa outra vez, pois é beeem longa.

Quando eu nasci, meus pais já sabiam o que esperar, pois meu tio, irmão de meu pai, casou-se com uma humana e teve dois filhos meio-vampiros. A diferença é que eu nasci com alguns dons especiais que meus primos não têm.

Então, entre papinha de legumes e mamadeiras com sangue, cresci forte e saudável.

Quando eu era bebê, tomava mais sangue, afinal estava me desenvolvendo, mas agora eu não preciso tanto assim. Acho que essa é a pior parte de ter um lado vampiro. Apesar de sermos civilizados, acho a idéia de tomar sangue humano grotesca, pois eu tenho sangue! O de animais não é tão diferente do sangue humano, mesmo assim eu prefiro me alimentar como humana. Mas, não escolhemos qual será nossa natureza e às vezes eu preciso me alimentar como vampira.

Eu estava exausta de mais um dia na escola e só conseguia pensar nas coisas que tinha pra fazer: arrumar o quarto (Minha mãe tem mania por limpeza, então qualquer livro fora do lugar é motivo para ela querer que eu arrume o quarto todo), fazer uma pesquisa para a professora de História (Pra quê estudar isso?), terminar de ler um livro que meu professor de Literatura passou e preencher uma ficha sobre ele, além de estudar para a prova de Matemática (Sem comentários). Isso ainda hoje.

Então me lembrei de que a Melanie havia me dito que viria mais tarde para estudarmos Matemática, pois queria ter certeza de que eu não “veria” a prova. Como eu sou uma verdadeira expert na ciência dos números, a ajuda de uma amiga nerd é bem-vinda, como sempre.

Só tenho de me concentrar nas outras coisas.

“Arrumar” o quarto não foi tarefa complicada, pois ele já estava arrumado. Só precisei organizar alguns livros que estavam caídos na prateleira e guardar algumas roupas nos cabides. Quarto, ok.

A pesquisa de História também não foi difícil, pois como qualquer estudante recorri a fonte mais rápida e simples de busca: o Google. E como qualquer estudante que não esteja nem um pouco com vontade de pesquisar direito, acabei clicando no primeiro link dos resultados. Adivinha onde? Sim, Wikipédia. Seleciona, Ctrl+C, Ctrl+V no Word, muda a fonte e tamanho, Ctrl+P para imprimir. Pesquisa, ok.

Agora, o bendito livro: A menina que roubava livros. Achei um pouco triste o começo, mas fiquei com preguiça de lê-lo todo, então recorri ao Google de novo para procurar um bom resumo e depois só ia precisar ler o final. Deveriam inventar um verbo para “pesquisar no Google”. Já ouvi dizer em “googlar”. Soa esquisito. Ficha preenchida. Livro, ok.

Só falta mesmo estudar Matemática com a minha melhor amiga. Aliás, onde ela está? Já deveria ter chegado.

Saí pela casa buscando meu celular para ligar pra ela. Não foi preciso. Melanie havia acabado de chegar.

–Estou muito atrasada? – ela perguntou, entrando.

–Não, não. – respondi – Eu acabei agora de fazer o que tinha pendente.

–Menos mal. Depois te explico o que aconteceu.

Fomos para o meu quarto estudar. Minha mãe, como sempre, nos trouxe alguns sanduíches e alguns pedaços de torta de frango. Muito bom!

–Melanie, querida! – minha mãe disse – Ensine direitinho a sua amiguinha, pois se ela tirar C mais uma vez em Matemática, o pai dela vai deixá-la sem carro. E explique para ela, que não é só porque ela tem um lado humano que não deve se alimentar direito.

–Pode deixar que eu farei isso. –Melanie não pode deixar de rir –Eu vou dar uns bons puxões de orelha nela.

Eu fiz uma careta pra minha mãe.

–Também te amo, filha! – ela me soprou um beijo e saiu dando risada do quarto.

–Adoro sua mãe, Anne. –Mel me disse, mordendo um pedaço de torta –Ela cozinha muito bem. E ela tem razão, você tem que melhorar sua nota em Matemática. E tem que se alimentar melhor.

–Não sei para quê tanto! Eu como muito bem. Não pulo nenhuma refeição. E como muitas coisas saudáveis.

Melanie revirou os olhos.

–Você sabe do que estou falando. Você tem um lado vampira, esqueceu? Você não quer virar uma vampira louca e sedenta por sangue como nos filmes, quer?

Eu dei risada.

–Você anda vendo filmes demais. Você sabe que não é bem assim. Mas prometo que vou caçar amanhã.

Melanie pareceu satisfeita e começamos a estudar. Conforme Mel ia explicando eu ia entendendo mais a matéria. Ela é uma ótima professora. Não garanto um A, mas pelo menos um B eu tiro nessa prova.

Quando finalmente terminamos, Melanie me explicou porque chegou tarde.

–Uma família se mudou para aquele sobrado lindo ao lado da minha casa. Como minha mãe adora receber bem os novos vizinhos, fez questão de os convidar para um lanche. Então me fez ficar lá com ela e os vizinhos até que eles fossem embora.

–Hum, entendi. Mas como eles são? É uma família muito grande?

–Bem, é uma senhora com um casal de gêmeos e uma menininha de cinco anos. Os gêmeos são sobrinhos dela e se chamam Raven e Leonard. Têm a nossa idade e vão estudar com a gente. São um pouquinho tímidos e quase não falaram. A tia deles, a Sra. Goldman, falava o tempo todo. Contou que os pais dos gêmeos e o marido dela morreram num acidente de carro e que ela ficou sozinha com os sobrinhos e a filha pequena. A filha dela é uma graça! Ela se chama Sunny e é muito comportadinha. A Sra. Goldman disse que a filha tinha poucos meses quando perdeu o pai.

–Que história triste, Mel! Deve ter sido difícil para todos eles.

–Pois é. Eles se mudaram para cá porque queriam um lugar mais tranqüilo pra morar. Todos parecem ser bastante simpáticos e…

O resto do tempo foi dedicado a falar sobre os novos vizinhos (Na verdade, era só a Melanie que falava, eu só ouvia ou perguntava algo). Logo minha mãe nos chamou para jantar e por volta das 9 horas, Melanie foi embora.

Admito que fiquei curiosa com relação a essa nova família com uma história tão triste. Segundo a Melanie, os gêmeos iriam pra escola no dia seguinte e eu fiquei ansiosa, não sei o porquê. Tive uma sensação estranha com relação a essas pessoas que eu ainda nem havia conhecido, mas acho que é só paranóia da minha cabeça.

É o que eu espero que seja…


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