Ciclone: o Romance de Edward e Bella escrita por Déborah Ingryd


Capítulo 16
Capítulo 16 - Impasse


Notas iniciais do capítulo

Mil desculpas pela demora!!! Muito atolada com esse fim de ano, provas finais, natal, ano, enfim, acho que me entendem. Mas hoje decidi que ia escrever e escrevi. Espero que gostem. Presentinho pra vocês, cumpri minha palavra, leiam e saberão qual é.



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Durante todo o caminho pra casa fiquei me segurando para não chorar, para não soltar da mão de Harenton e correr para meu quarto e gritar sem cessar na janela, para que Edward voltasse e me perdoasse, dizer que voltaria pra ele, sem hesitar em deixar nada, que ele era toda minha vida, mas eu não podia fazer isso, eu tinha que ser forte e ser um mártir pelo resto de meus dias, porque eu devia isso a ele, eu deveria sofrer, todos os dias, talvez assim eu aprendesse.

– Sinto muito ter que ir agora– disse Harenton, tirando-me de meus devaneios.

Olhei pra ele.

– Eu também, hoje foi... – forcei a voz e engoli em seco levemente – especial, Harenton.

A última palavra saiu sussurrada, eu não aguentava mais, precisava sair dali imediatamente.

Ele sorriu.

– Adoro você assim, sendo um doce comigo, minha princesa – tocou meu rosto.

Ele me olhou de um jeito, que me lembrava de alguém, não agora Bella, só mais um pouquinho...

Baixei os olhos.

– Até logo Isabella.

– Até logo Harenton.

E então ele se foi, entrei rapidamente em casa, destinada a ir para o quarto, mas ela tinha que aparecer.

– Como foi o passeio, querida? Por que está molha e...

– Muito bom, ótimo demais – disse com acidez, interrompendo-a

Com ela eu não conseguia fingir ser gentil, apesar de eu ser a maior idiota nisso tudo, ela tinha sua parcela de culpa.

– Bella... – disse pegando em meu ombro.

– Não encosta em mim!

Subi as escadas apressadamente e me joguei na cama, não conseguia mais chorar, o que eu tinha era raiva, raiva dela, raiva por ser tão estúpida. Como eu pude beijá-lo? Como eu pude corresponder?

Sentindo-me enojada, corri para o banheiro e lavei minha boca, braços, bochechas, não me sentindo satisfeita, tirei o vestido e me lavei por completo. Olhei para o vestido, todo molhado e sujo, joguei-o em um canto, os sapatos estavam uma negação, ah ele ia ter que pagar mesmo!

Ouçam: http://youtu.be/50mUat4kJrk

Eco

Olá, olá Tem alguém aí fora?

Porque eu não ouço nenhum som

Eu realmente não sei onde o mundo está, mas eu sinto saudades dele agora


Estou no limite e estou gritando meu nome

Como um tolo a plenos pulmões

Algumas vezes, quando fecho meus olhos, eu finjo estar bem

Mas nunca é suficiente

Porque meu eco, eco

É a única voz que volta

Minha sombra, sombra

É a única amiga que tenho


Ouça, ouça

Eu aceitaria um sussurro se Isto é tudo o que você tem para dar

Mas não é, não é

Você poderia vir e me salvar

Tentar continuar essa loucura fora da minha cabeça


Estou no limite e estou gritando meu nome

Como um bobo a plenos pulmões

Algumas vezes, quando fecho meus olhos, eu finjo estar bem

Mas nunca é suficiente

Porque meu eco, eco

É a única voz que volta

Minha sombra, sombra

É a única amiga que tenho


Eu não quero ficar para baixo e

Eu só quero me sentir vivo e

Poder ver seu rosto de novo, mais uma vez

Só meu eco, minha sombra

Você é meu único amigo


Estou no limite e estou gritando meu nome

Como um bobo a plenos pulmões

Algumas vezes, quando fecho meus olhos, eu finjo estar bem

Mas nunca é suficiente

Porque meu eco, eco Oh, minha sombra, sombra


Olá, olá Tem alguém aí fora?


Enxuguei-me e fui para o quarto, escolhi uma camisola, não sairia mais do quarto. Sentei na cama e olhei o pote sobre o criado-mudo, senti um aperto no coração, com a mão hesitante toquei na tampa, depois peguei o objeto e o abri, lá avistei uma aliança, a aliança que ele me deu. Prometi nunca mais chorar pelo ocorrido, mas não consegui, uma lágrima caiu e eu senti-me sozinha, nunca me senti tão só antes, tão vazia e frágil, nunca necessitei dos braços dele como agora, queria poder gritar seu nome, mas nem de sussurrar era capaz. Caiu a ficha, eu o perdi pra sempre e nada do que fizesse poderia trazê-lo de volta, eu estava tão vazia que nem culpa conseguia sentir, era como se eu tivesse caído em um piscina funda, e todos os meus sentidos fossem paralisados, eu estava caindo em um torpor cada vez mais forte, a última coisa que consegui pensar foi: Onde ele está agora?


Edward Cullen - Frankfort - 1918


Aqui estou eu, num bar cheio de caras bêbados e com péssimo odor, mulheres sem pudor dançando, que nem “damas de companhias” poderiam ser chamadas, o lugar era fétido e ratos passavam por nós. E o que eu poderia dizer?

Minhas condições não era muito boas, após de sair daquele lugar o qual não quero me lembrar qual, deixei a mala de roupas jogadas em um beco e o dinheiro na frente da casa de Carlisle, dei sorte de ele não estar lá... Depois corri o máximo que pude e cheguei nessa cidadezinha não muito longe de Chicago, pequena, pouquíssimos habitantes, e encontrei este bar. Estou sujo e meu estômago está só álcool, perdi as contas de quantas garrafas de cervejas bebi, só sei que não vou pagar, vou usar meu recém-poder descoberto para sair ileso, mas pelo visto não vou sair tão cedo, agora que é o primeiro dia, primeiras horas para superar algo que não quero me lembrar o que é. Resta-me ficar aqui, bebendo até sentir sede de algo que realmente preciso: Sangue.

– Olá, como vai? Nunca o vi por aqui... – falou uma mulher, com voz arrastada, tentando ser sedutora, sem muito sucesso.

Olhei pra ela, até que era bonita, os lábios carnudos e convidativos, os cabelos pretos desgrenhados e cheios, a pele clara, os olhos continham certo brilho, mas pareciam cansados. Seu corpo era bem definido, o busto farto, a cintura fina, as pernas torneadas, enfim, chamava atenção. Mas ainda tinha um rosto angelical, uma estranha combinação.

– Olá.

Ela sorriu.

– Meu nome é Tânia.

– Edward.

– Prazer Edward.

Assenti.

– Pode me pagar uma bebida?

Olhei para o dono do bar e pedi que lhe servisse algo.

– Obrigada.

– Trabalha aqui Tânia?

Evitei ler seus pensamentos, estava aprendendo a controlar meu dom, bastava eu querer parar, que parava, horas sem fazer nada, ajudava.

– Trabalho sim. Sou dançarina. – a garota retomou minha atenção.

– Só dança? – falei ironicamente.

Ela pareceu corar e baixou os olhos.

– Não. – sussurrou.

– Foi por isso que veio até aqui? – sondei.

Ela olhou pra mim e mordeu os lábios.

– Sou nova nisso, até agora foram só seis.

Sorri sarcasticamente.

– Você é do tipo que conta?

Ela pareceu incomodada.

– Por enquanto...

– Claro, claro. Daqui a pouco, você terá que parar, a memória humana não é tão boa.

– Escuta aqui, vai continuar nessa ironia ou vai me levar para um lugar escuro e fazer o que queria fazer desde que entrou aqui? – disse irritada.

Seu tom irritado me lembrava alguém... Sem chance.

– Eu não posso ter entrado aqui só pra beber?

– Não quando em cima é um bordel.

– Claro que não... Agora sua grosseria pode tê-la feito perder um cliente.

Ela pareceu assustada e preocupada.

– Me desculpe, não queria aborrecê-lo, como disse sou nova aqui, não sei como lidar e eu preciso tanto do que ganho, sustento não só a mim, como também a meus...

– Shh... Pare de falar.

Ela parou prontamente.

Fiquei olhando pra garota e senti um pouco de pena, nessa cidade as pessoas eram muito humildes, o que poderiam oferecer a suas filhas? Vai ver a família desta tentou resistir, por isso ela é nova nisso, talvez o pai tenha ficado doente, e agora só lhe resta o corpo da filha para trazê-los algo pra dentro de casa. Suspirei. Não me custava nada ajudar.

– Tudo bem, escute. Acaba de ganhar um cliente.

Ela sorriu.

– Obrigada.

Mas engoliu em seco, dei uma espiada em seus pensamentos, na verdade ela estava feliz por ajudar seu sua família, não estava errado sobre o pai. Mas no fundo ela estava assustada por ter que fazer de novo. Parei de ler, fechei-me outra vez.

– Eu tenho que ir ao banheiro, lhe encontro ali. – apontou-me um lugar escuro e se foi.

O dono do bar me olhou de um jeito sínico.

– Deliciosa, fui o primeiro a experimentar.

Senti náuseas e certa raiva por um cara nojento desse ter feito tal coisa com aquela garota, ela poderia ter corpo de mulher, mas rosto, coração e mente juvenis. Isso era claro, pois só quem ama muito sua família é capaz de vender seu corpo, não se dando ao luxo de esperar pelo casamento.

Decidido olhei no fundo dos olhos do barbudo nojento e disse, com todo o poder de manipulação:

– Você passará todo o dinheiro que tem nesse caixa sem pestanejar, não lhe devo mais nada e quanto a garota, nunca mais tocará nela.

Ele piscou algumas vezes e fez o que ordenei. Depois virou as costas e foi para a cozinha.

Peguei o dinheiro e fui para onde Tânia me apontou.

– Você demorou.

– Desculpe.

Ela sorriu angelicamente.

– Vamos. – disse pegando minha mão.

Entramos por uma porta ao lado do bar e subimos uma escada. Ela me conduziu até um corredor estreito e escuro, cheio de portas, paramos em frente a uma e entramos. Dentro do quarto pequeno, bagunçado e sujo, havia uma cama média e lençóis cor de vinho sobre ela.

– Desculpe – disse ao perceber meu olhar – não temos as melhores condições aqui.

Olhei pra ela.

– Está tudo bem.

– Mas os lençóis estão limpos, sempre trocamos a cada uso.

Assenti.

Ela apertou os lábios e veio hesitante até minha direção. Chegou bem perto e tocou meu rosto, aproximou o seu e antes que concluísse o ato, a afastei.

– O que está fazendo? – perguntei.

Ela me olhou surpresa.

– O que mulheres como eu fazem, o que você veio fazer aqui.

Eu franzi o cenho, não tinha pensado nisso, fiquei mais prestando atenção no caminho do que o que ela pretendia, ela era uma mulher da vida, claro que ia fazer aquilo né Edward? Me questionei com impaciência.

– Desculpe-me, mas não vim aqui fazer isso.

– Como não? Por que veio até aqui, então?

– Eu não sei, me sensibilizei com o que me disse, então decidi que queria ajudar...

Ela olhou pra mim de modo estranho.

– Não sei se percebeu, mas é assim que pode me ajudar, dormindo comigo e depois pagando.

– E que tal se eu só pagasse?

– Mas o que diabos deu em você? Agora pouco estava afim e depois... Isso?

– Eu nunca estive afim.

Ela bufou.

– Que seja! Nenhum cara vem até um quarto sozinho com uma mulher sem querer fazer nada e depois dizer que vai pagar por isso.

– Acabou de conhecer ele.

Ela olhou pra mim como se examinasse cada milímetro do meu corpo.

– Está falando sério?

– Sim.

Ela sorriu fraquinho.

– Por que?

– Já disse, quero ajudar.

– Obrigada. – disse hesitante.

– De nada.

– O que vamos fazer agora?

– Eu vou lhe dar o dinheiro e ir embora.

– Não pode fazer isso, ninguém acreditaria em mim, diriam que eu roubei alguém e... Ah você sabe, acarretaria problemas. Tem que ficar aqui por uma hora.

Balancei a cabeça em concordância. O que faria com ela durante uma hora?

– Podemos conversar enquanto te faço uma massagem, parece cansado.

Massagem? Conversa? Não era uma boa ideia pra mim, mas que mais eu poderia fazer?

– Tudo bem.

Ela assentiu.

– Vem cá.

Eu fui e ela me sentou na cama. Ajoelhou-se e tirou meus sapatos, meias, depois subiu e desabotoou minha camisa, pensei em protestar, mas sabia que ela não pararia, parecia deslumbrada ao ver meu peito nu, o que demais tinha nele?

– Você é lindo – sussurrou. Passou a língua pelos lábios e olhou dentro dos meus olhos.

Subiu até que ficasse com o rosto de frente pro meu. Aproximou-se de mim, os lábios entre abertos, fechou os olhos e beijou-me. Sua boca se fundia na minha, as mãos foram para o meu cabelo e o puxaram com força, suas pernas se fecharam em minha cintura, meu instinto me fez agarrar sua cintura e retribuir o beijo, mas algo tilintava em meu cérebro, algo me pedia pra parar, algo que eu evitei pensar por todo o dia, algo que ouvi dizer: Edward!

Então empurrei bruscamente a garota que estava em meu colo e fiquei de pé.

– O que deu em você?!

Olhei pra ela desorientado.

– Eu não posso, eu não posso. – falava enquanto colocava os sapatos e abotoava a camisa.

– Por que? Eu fiz algo errado?

Ela desceu por meu braço, parou em minha mão direita e viu a aliança, foi como se seus olhos saíssem da órbita.

– Você é noivo! Oh meu Deus, como não vi isso antes?!

Olhei pra baixo.

– Não, não sou.

– É claro que é, olhe pra sua mão! – ela veio até mim, pegou minha mão e obrigou-me a ver.

– Já disse que não sou! – empurrei-a novamente, com mais força.

Ela se desequilibrou e caiu.

Me desconheci, nunca fui violento, mas me lembrar dela me abalava.

– Não mais – e desabei na cama.

Apoiei minha cabeça nas mãos e senti vontade de chorar, ao invés disso, senti meu corpo tremer, o coração comprimido, dor e sofrimento, era o que sentia.

Senti uma mão afagar meu cabelo, tentei afastar, mas ela foi insistente.

– O que aconteceu?

– A última coisa que quero fazer é me lembrar disso agora.

– Me conta, dizem que melhora.

– Nada vai melhorar o que sinto.

Ela fez força pra levantar meu queixo. Olhei pra ela.

– Me conta.

Suspirei, ela não entenderia mesmo.

Assenti e Tânia se sentou do meu lado, sempre afagando meus cabelos.

– Conheci uma garota a um ano atrás, Bella, nos apaixonamos e noivamos, prestes ao casamento ela viajou, e durante a viagem uma gripe assolou a cidade de Chicago...

– Gripe Espanhola – sussurrou.

– Sim, eu fiquei doente e fui dado como morto, mas na verdade um médico conseguiu me salvar e desde então fiquei morando com ele, meus pais não sobreviveram. Então Bella voltou pra cidade, mas não pude voltar pra ela, pois não poderia saber que eu estava vivo.

– Por que?

Suspirei.

– Quando Carlisle me salvou, virei algo, algo que ela não poderia saber o que é.

– O que você virou?

– Você não quer saber.

– Quero sim.

–Não, não quer. Sou um monstro, Tânia.

Ela franziu o cenho.

– Quer ou não saber o resto da história?

– Mas...

Olhei manipuladoramente pra ela e disse:

– Você não quer saber.

– Eu não quero saber.

– Ótimo.

– Continue.

– Então, como não podia vê-la, entrei num estado que você poderia chamar de depressão. Mas a saudade foi maior do que eu. Eu necessitava vê-la. Entende?

– Sim.

– Então fui até o quarto dela a noite...

– Você o que...

– Só ouça. – ordenei novamente.

Ela assentiu.

– Entrei e a vi dormir durante a noite toda.

– Que lindo, romântico.

Sorri triste.

– Depois tive que ir, quando cheguei em casa Carlisle me repreendeu por feito isso, na hora aceitei, mas passadas as horas planejei ir vê-la de novo, só que Carlisle foi mais esperto e então brigamos. – deixei de fora a parte que eu o ataquei.

– E depois?

– Depois sai de lá e não fui vê-la, fui até a floresta e... – não podia contar que senti o cheiro de Bella, pulei essa parte também – então eu andei mais um pouco e avistei Bella...

– Na floresta? O que ela fazia lá? – Tânia me interrompeu.

– Não sabia, tentei me afastar, ir embora, mas foi demais pra mim, precisava ir até ela, e assim fiz. Cheguei e ela pensou que estivesse sonhando, pois Carlisle disse que estava morto, era o que todos pensavam. Então contei toda a verdade, sobre o que eu era.

– Disse a ela que era um monstro?

– Tudo.

– Como ela reagiu?

– Ela me aceitou. Ela me amava, aceitaria qualquer coisa.

– Mas então por que não está com ela agora?

Senti um aperto na alma, essa era a parte difícil. Pensei em dizer que ela morrera, mas precisa desabafar tudo o que estava entalado, então diria a verdade.

– As coisas mudaram...

– Como assim?

– Carlisle jamais permitiria que eu ficasse com ela, era errado, mas mesmo assim contei pra ele.

– E ele não aceitou?

– Não, mas isso não me impediu, assim que ele saiu, peguei minhas coisas, roubei o dinheiro do cofre e escrevi uma carta pedindo desculpas. Fui até a casa de Bella, até seu quarto e disse para fugirmos.

– E ela não aceitou... – falou hesitante, acho que preocupada com o meu olhar, tinha certeza que estavam mortos.

– Não foi bem assim, Eu... Er... Ela disse que no tempo em que estive fora, ela ficou noiva de outro cara e...

– Safada! – disse com cólera.

Depois olhou pra mim e colocou a mão na boca.

– Não foi minha intenção, desculpe.

– Ela teve seus motivos, eu acho.

– Então você surtou e foi embora.

Olhei pra ela franzindo o cenho.

– Seria certo?

– Óbvio! Ela ficou noiva de outro cara, enquanto estava você, abandonando tudo por ela, roubando o homem que te salvou e te acolheu como filho, que se importava com você, diferente dela.

Dei um sorriso desanimado e fraco.

– Então acho que fiz certo...

– Fez certo o que?

– Disse as palavras certas, tudo o que você disse, tirando o “safada”, eu disse a ela, eu menti. – falei simplesmente.

– Mentiu? Como assim mentiu?

– Eu fingi que estava magoado, com raiva, triste e desapontado.

– E não estava?

– Eu fiquei triste quando soube sim, não vou negar, mas esse é o melhor pra ela, Bella merece ser feliz com alguém como ela.

– Como assim?

– Humano.

– Tá falando sério? – perguntou preocupada.

– Esqueceu que sou um monstro?

Ela sacudiu a cabeça.

– Não.

– Pois é.

– Mas e se ela não quiser ser feliz com outro homem? E se ela amar você, sei lá, vai que ela foi obrigada a se casar com ele.

– Ela aprenderá a amá-lo. – engoli em seco – Ninguém nasce amando, ela terá tempo, vai me esquecer.

– Como tem certeza disso?

– Não tenho, deveria ter, mas não tenho, tentei ordená-la, mas estava emotivo e desfocado demais pra conseguir.

– O que quer dizer?

– Lembra quando mandei não perguntar mais o que eu era e de pronto você acatou?

– Lembro.

– Tentei fazer o mesmo com ela, mas tem que estar concentrado e olhar bem nos olhos da pessoa, mas eu só consegui falar, foi com precisão, mas temo que não tenha dado certo, quando eu disse: “Será como se eu nunca tivesse existido”, quis que ela realmente me ouvisse, mas acho que só plantei a ideia, como se quando o cara a beijasse – engoli em seco – ela o beijaria de volta, mas depois se arrependeria, pois lembraria de mim, se sentiria culpada e eu não queria que isso acontecesse, nunca quis! Deveria ter sido menos fraco e capaz de olhar pra ela, assim ela me esqueceria e não sofreria mais, eu realmente me odeio!

Tânia pegou meu rosto em suas mãos.

– Ei não fique assim, está tudo bem.

– Não, não está, porque por mais que eu queira que ela me esqueça, no fundo, bem no fundo, quero ficar com ela, quero amá-la e...

Não consegui terminar, doía demais. Sentia-me frágil e vazio, sabia que só uma coisa me faria feliz agora, mas jamais a teria de novo.

**

Estava com a cabeça sobre o ombro de Tânia, com ela acariciando meus cabelos, quando alguém bateu na porta e gritou:

– Já acabou o tempo, vamos saia daí!

Levantei e disse:

– É melhor eu ir. Tome – disse lhe entregando o dinheiro.

Ela olhou surpresa, mal acreditando em tamanha quantia.

– Nossa! Isso vale por dois dias de trabalho. Obrigada!

Sorri. Pelo menos pra isso o nojento do dono do bar serviu.

– Eu é que tenho que agradecer. Parecia que eu estava em um divã despejando todos os meus problemas e você.

– Está tudo bem. Foi o melhor cliente que tive.

Ri baixinho.

– Sabia que o 7 é número da perfeição?

Ela abriu seu sorriso angelical.

– Você não conta, não fizemos nada...

– Te paguei, então conta.

– Obrigada, isso vai me ajudar muito.

– Disponha.

– Pode vir aqui mais vezes. Não pelo dinheiro, entenda-me. Mas gostei de conversar com você, falaste tanta coisa, é bom desabafar. Prometo não te atacar da próxima vez.

Franzi o cenho ao lembrar a cena.

– Eu retribui. – disse envergonhado.

– Você bebeu.

– Isso não afeta muito.

– Me desculpe, não deveria ter começado.

– Está tudo bem, você me ajudou hoje, precisava desabafar.

Ela assentiu. Depois falou hesitante.

– Não precisa apagar minha memória, não contarei a ninguém... E poupará tempo se voltar aqui.

– Humanos falam demais.

– Eu prometo, Edward.

– Vou confiar em você, mas se...

Ela colocou um indicador em meus lábios.

– Sem “mas”. Confie em mim, eu confiei em você, disseste que é um monstro e aqui estou eu, não sai correndo e gritando por ai.

– Sensato – sorri.

Ela retribuiu.

Mais uma batida na porta.

– É... eu acho que essa é minha deixa. Tchau.

– Tchau.

Fui até a porta e abri, antes de sair falei:

– Talvez eu volte.

Ela sorriu.

E eu trilhei caminho até o fim do corredor escuro.

FIM DO POV EDWARD.



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Notas finais do capítulo

E ai gostaram? O que acharam do PVO Edward e de Tânia, comentem please!