Salvation escrita por MilaBravomila


Capítulo 17
Capítulo 17




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Sacudi os cabelos, dando-lhes o volume sexy que eu gostava. Mesmo através do espelho sem vergonha do banheiro fedido, eu pude ver o quanto estava bonita... e diferente. Sem o tradicional vermelho em meus cabelos e agora sem o verde em meus olhos. As lentes castanhas que Gabriel me deu eram de uma cor totalmente comum.

Mas havia o vestido. Tá certo que era bem diferente do estilo que eu estava acostumada, mas eu tinha que admitir que o Anjo bonitão tinha bom gosto. Era de um tecido mole, mas pesado, que tinha caimento. O decote, é claro, não era vulgar, mas feminino. A saia parava a um palmo dos joelhos mas em compensação, o caimento era tão perfeito que marcava minhas curvas divinamente. Gostei, principalmente porque o tom do verde era exatamente igual aos dos meus olhos escondidos pro detrás das lentes de contato.

Saí do banheiro e os Anjos estavam devidamente vestidos pra balada. OK, nessa hora minha mente viajou e tive várias fantasias deliciosas com eles. Estavam divinos - com o perdão do trocadilho. Anariel era bem forte e vestia uma camisa de manga longa, de cor cinza. Mas seu corpo ficava evidente e provocante debaixo da roupa. A calça era mais moderna e tinha vários zíperes e bolsos folgados.

Gabriel fez quase meu queixo cair. Ele tinha despenteado o cabelo e estava lindo com um blusão branco, com golas levantadas. A calça jeans era tradicional, mas ele como um todo não era tradicional, absolutamente. Estava realmente perfeito. A única coisa que não gostei muito foi não enxergar mais o azul profundo em seu rosto.

Vi que ambos me olharam com surpresa. Definitivamente, eu estava linda e completamente normal – para os padrões humanos, é claro. Quando vi que Gabriel estava tenso, sorri pra ele.

- Vamos? – perguntei aos dois.

- Não vamos esquecer que não podemos nos separar em hipótese alguma, até explorarmos o local. Eles estão procurando vocês individualmente e a maioria não espera que estejam realmente juntos, apesar dos rumores. Andando em trio, os despistaremos ainda mais.

Eu ouvia Anariel apenas parcialmente, meus olhos não conseguiam parar de olhar para o outro Anjo a minha frente.

- Temos que ser cautelosos, se nos aproximarmos muito de Julius, caso ele apareça essa noite, vai por tudo a perder. Temos apenas que observar e tentar anotar o máximo de informações que possam nos levar até o vampiro. – Gabriel falou firme, claramente tentando não me encarar nos olhos.

- OK, garotos alados, mas e se o cara não aparecer? – perguntei.

- Então temos que tentar identificar os chefes, os cabeças. Eles nos levarão a Julius. – Gabriel respondeu, finalmente me encarando.

Eu sorri e passei entre os dois, jogando charme.

- Então vamos pra balada, cavalheiros.

Chegamos ao The Klub por volta da meia noite. O lugar estava cheio e havia uma longa fila para entrar. Na porta estava um segurança mal encarado que tinha mais músculos no corpo do que ferro na Torre Eiffel. Ele carregava uma lista presa a uma prancheta de acrílico.

- Bom, não acho que nossos nomes estejam na lista. – Gabriel falou enquanto mais pessoas enchiam a fila atrás de nós.

- Me dêem uma caneta. – pedi estendendo a mão.

Anariel vasculhou os bolsos e me passou uma caneta pequena.

- O que vai fazer? – ele perguntou.

- Olhe e aprenda, Anjo. – falei sorrindo e passando o indicador delicadamente por seu queixo largo.

Saí da fila e senti os olhares deles em mim. Fui em direção a esquina e tinha um pequeno beco. Velozmente, retirei a calcinha por baixo do vestido. Era branca e pequena. Escrevi um número de telefone aleatório na única parte possível e dobrei o pedaço de pano até formar um triângulo minúsculo, que apertei na mão.

Andei até o início da fila, onde havia uma pequena confusão. Vi que o segurança grandalhão que portava a lista estava no comando, mas ainda tinham mais dois menores que seguravam uma corrente dourada antes da porta. Passei pelos seguranças menores aproveitando a confusão e cheguei até o cara com a lista. Ele me avaliou.

- Seu nome está na lista meu bem?

- Não, infelizmente. – respondi sorrindo. O cara era humano e já estava encantado comigo, mas eu precisaria de mais se quisesse entrar com os Anjos.

- Sinto muito, doçura, mas não pode passar.

Eu me aproximei do cara e o olhei fixamente nos olhos. Minhas mãos eram habilidosas, uma enlaçou o pescoço do cara e a outra segurou a mão dele que portava a prancheta. Ele sentiu eu lhe passar algo por baixo do acrílico que apoiava a lista.

Cheguei perto de seu ouvido:

- Minha calcinha está na sua mão e na única parte que tem pano, está meu telefone. Prometo que não vai se arrepender.

Ouvi seus batimentos cardíacos acelerarem e ele apertou o pequeno tecido na mão enorme. Me olhou vitorioso.

- Aproveite a noite, Srta. Espero vê-la muito em breve.

Sorri. Virei pra trás e levantei o braço, chamando os dois Anjos que estavam lá longe na fila. Eles vieram rapidamente. O segurança chefe disse aos outros para liberarem a entrada deles e dez segundos depois, estávamos dentro.

The Klub era uma boate enorme e estava dando uma bela festa. Logo identificamos que era de um mauricinho que alugou o lugar pro aniversário de 20 anos. Estava lotado e o barulho era ensurdecedor.

Fomos até o bar e pedimos bebidas. Então, observamos. Passou mais de uma hora sem que nada acontecesse, então resolvemos nos separar para explorar melhor, já que tudo parecia em ordem, não podíamos sair de lá sem pistas. Marcamos meia hora e voltaríamos para o bar. É claro, Anariel não me queria sozinha, então Gabriel me acompanhou.

Andamos entre as pessoas, sempre observando, principalmente a área restrita. Havia alguma movimentação e também identificamos a presença de alguns vampiros, embora a maioria esmagadora fosse apenas de adolescentes humanos cheios de hormônios. Ainda não tínhamos visto nada que nos interessasse.

Fomos discretamente até a entrada da área VIP e ficamos por ali. Estava relativamente mais vazio e havia seguranças.

- Se vier alguém importante, eles vão passar aqui por perto. – Gabriel falou quando achamos um lugar estratégico nem muito perto, nem muito longe da entrada guardada pelo segurança. Nós estávamos bebendo, ele cerveja e eu vodka, e esperamos mais uma vez.

- Sabe, essa eu não esperava ver, nem se vivesse mil anos. – eu falei alto para que Gabriel me ouvisse.

- O que? – ele perguntou se inclinado um pouco.

- A bebida. Não combina com sua... profissão.

- Faz parte do que tenho que fazer.

Sorri. Imaginei como seria ver Gabriel bêbado. Eu adoraria saber se ele quando fica alto é do tipo dorminhoco, extrovertido ou tarado. Do nada uma garota chapada esbarrou em mim quando tropeçou em seus próprios pés tentando dançar. Eu podia ter desviado a tempo, mas não o fiz. Cai pra frente, nos braços de Gabriel.

Se ele soube que foi armação, não me falou, tão pouco me afastou. Levantei lentamente, com sua ajuda, e me mantive bem próxima a ele. Minha nossa, o cheiro dele era incrível e impregnava meu nariz. Não era apenas seu sangue, era seu perfume, seu cheiro próprio, tudo junto. Ele me segurava pelos braços e eu tive plena consciência que queria Gabriel de um jeito diferente. Isso me assustou.

Levantei a cabeça para encará-lo.

- Obrigada. – falei baixinho.

Meus olhos encaravam os dele e parecia que conseguiam enxergar o azul por trás do falso castanho. O que estava acontecendo comigo?

Gabriel não me soltou. Parecia que ele queria me dizer algo, apenas com o olhar, porque nada saía de sua boca perfeita. Quando tentei me afastar, ele não deixou, me manteve segura pelos braços. Lentamente ele me puxou para si. Estávamos praticamente abraçados e a distância da boca dele e da minha era bastante curta. Nesse momento eu acreditei em Deus, porque só a força de um ser todo-poderoso conseguiu manter o espaço entre nós. Meu corpo gritava claramente que o queria e eu era capaz de tudo só pra saber o quanto ele me correspondia.

Por um segundo, eu esqueci de tudo. Da boate, das pessoas, de Julius, da minha sede, de mim. Só o que eu sentia era Gabriel. Ele não piscou, não se afastou. Vi a boca dele se mexer, mas não ouvi som nenhum, por causa da música. Ele murmurava palavras ritmadas e eu senti que estava... rezando. Era como um mantra, uma oração. Fiquei vidrada nos movimentos de seus lábios, mas tudo foi quebrado de repente.

Gabriel se virou rapidamente e vi que Anariel se aproximava. Na direção dele, alguns metros atrás, vi um pequeno grupo de pessoas. Não pessoas comuns, vampiros. Eram dois casais e um homem que andava sozinho, atrás. Pareciam distraídos e vi que Anariel estava tentando nos alcançar, mas não estava fugindo. Ele parecia tenso, dentro dos padrões de quando Anjos estão rodeados por vampiros.

Ele nos alcançou e fingiu ser um amigo que veio para conversar. Eu dancei, para disfarçar e vi que um dos vampiros acompanhados do grupo me olhou. Rapidamente Gabriel encobriu minha visão, fingindo que dançava comigo e entrando na minha frente. Anariel se sacudia sem jeito ao nosso lado, mas eu não perdi minha chance. Passei um braço pelo pescoço de Gabriel e rebolei sensualmente.

O grupo passou por nós e parou diante do segurança da área VIP.

Anariel se aproximou e disse baixo o suficiente para a informação ficar apenas entre nós:

- Eu conheço o cara que está atrás, é um dos gerentes de Julius, é do grupo de confiança dele. Conseguimos.

Eu estava dançando com Gabriel, ou melhor, pra ele. Sinceramente, não estava nem aí pro que Anariel estava dizendo, eu queria era impressionar o Anjo com o qual eu dançava, e nada mais me importava.

Ele dançava comigo, mas estava contido. Eu passei o outro braço em volta do pescoço dele e senti a tensão de Anariel, ao nosso lado. Gabriel estava dançando e apenas isso. Estava representando seu papel e não senti nada dele além de um leve tremor quando o abracei. Isso quase me abalou... quase. Eu o queria e isso já estava impresso em mim, eu não desistiria dele, por maior loucura que isso fosse.

Deixei minhas mãos descerem pelo peito atlético e firme e uma das minhas mãos agarrou sua gola levantada. Puxei-o pra mim e senti seu perfeito corpo junto ao meu. Minha visão periférica registrou o grupo de vampiros que estávamos tentando despistar. Eles estavam passando pelo segurança e iam entrar na área VIP. Os dois casais passaram primeiro e o cara que estava sozinho foi depois. No último instante, entretanto, o cara se virou para a multidão.

Parei imediatamente. O ar ficou retido em meus pulmões. Senti o corpo tremer. Gabriel me segurou pela cintura e perguntou preocupado:

- Michaela? O que houve?

- É ele, Gabriel, o vampiro que me transformou.


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Notas finais do capítulo

Próximo cap POV Gabriel.... o que será que ele sentiu ao dançar com Mika???

reviews??