Is It Any Wonder? escrita por srt_Brightside


Capítulo 6
Capítulo 5 - Mortifying, shameful


Notas iniciais do capítulo

Que tal mais um? *L*



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Winter

Capítulo 5 – Mortifying, shameful.

~~~*~~~

Assim que ganhou o vasto corredor, caminhando lentamente dentre os poucos transeuntes, iniciou uma análise superficial sobre as vitrines das muitas livrarias que seguiam ao longo daquela ala específica. Eram muitas as opções, tenho de dizer. Do luxo ao atacado. Vidraças de cristal que exibiam notórias obras estrangeiras de autores com fama mundial. Outras tantas que anunciavam nomes desconhecidos, autores anônimos, encadernados e manuscritos impressos por editoras clandestinas.

Como havia lhes dito: muitas eram as opções.

Embora soubesse que não possuira nenhuma experiência ou mesmo quaisquer tipo de habilidade, ainda assim, movido por um ego desproporcionalmente inflado, observava analiticamente cada detalhe exposto nos vidros cristalinos.

Refletia sobre as constatações superficiais que fazia nada contundentes, por assim dizer. Gerard imaginava-se como um grande crítico, uma pessoa requisitada. O que não era o caso.

Não, não. Esta não! Movimentada demais. Deve sempre estar abarrotada de gente. Sempre cheia de tarefas. Veremos a próxima.”

Fora então que uma das lojas, em questão, chamou-lhe a atenção. Os olhos que partiam de um castanho-esverdeado acenderam-se com o nome sugestivo do estabelecimento. “Z”.

E não somente isso. Também lhe soaram interessantes às obras expostas na vitrine. O mancebo achara realmente satisfatório o cartão de visitas desta bookstore. Eram tantas obras, tantas opções. Todas estrangeiras e consagradas.

Ele nunca fora muito de ler, no entanto aquilo lhe soara tão estimulante. Quem sabe até, acaso trabalha-se ali, tornar-se-ia culto e bem entendido das letras, não?

Justamente com este tipo de motivação que se decidira ao final, adentrar a loja.

A sineta tocou, anunciando o visitante.

Gerard caminhara sereno e absorto até o balcão, não deixando de analisar as inúmeras obras que lhe seguiam pelo caminho. E, na sua distração, não notara a análise que lançaram sobre si. Uma análise nada anfitriã, diga-se.

A atendente, uma mulher de cabelos loiros e curtos que trajava um terninho de grife afamada, o fitou dos pés à cabeça, fazendo uma análise superficial. Uma breve pré conceituação.

- Posso lhe ajudar, Sir? – indagou utilizando-se de sua prepotência. Era nítida a ironia. O desdém para com o cliente exótico.

- Ah, sim. – recobrando-se dos motivos que o trouxeram ali, aproximou-se do balcão de tampo fumê e debruçou-se sobre ele – Estou à procura de trabalho temporário.

A mulher repuxou os lábios carregados numa coloração escarlate e arqueou uma sobrancelha. Era óbvia sua arrogância. Sua cisma de superioridade acerca daquele indivíduo:

- Uh. Entendo. – expressou-se cética ao dar-lhe as costas por um momento, alinhando a pilha de novos exemplares sobre o balcão negro atrás de si.

- E então? Precisam de alguém? – questionou impaciente. Parecera não aprovar muito os atos da mulher.

Ela voltou-se a ele e, depositando os cotovelos sobre o vidro forçando uma aproximação dos rostos, intimidando-o, indagou com superioridade:

- Não sei. E, mesmo que precisássemos de novos funcionários, achas mesmo que tem capacitação para qualquer cargo aqui na Zi bookstore? – sorriu debochada.

Gerard sentiu-se acoado. Ponderou por alguns instantes, porém não usou os instantes suficientes para raciocinar algo prudente:

- Façamos de conta que precisem – afastou-se um pouco do balcão, incomodado com a precipitada audácia da mulher ao inclinar-se sobre si – Qual seria a minha função aqui? – questionou-a tanto altivo.

- Hmm. Dependeria muito das informações acerca de seu currículum vitae. – suspirou entediada.

- Currículo? – arregalou os olhos, desentendido.

- Sim. Acaso não esperava mesmo conseguir um emprego, mesmo que temporário, sem utilizar-se de tal documentação, não é? – ironizou a questão com um risinho debochado.

Gerard ofegou um pouco quando abrira os lábios no intuito de responder qualquer coisa. Ato falho, tenho de dizer. Ele não houvera pensado nisso. Pensado em preparar um documento de capacitação. Dormira a tarde toda, como teria tempo pra lembrar-se?

Enterrou as mãos nos bolsos da jaqueta, adquirindo tempo na fingida tentativa de encontrar algo. Todavia a nítida impaciência da mulher o fizera perder o chão. Fitou os próprios sapatos, reflexivo.

Oras! Estou com medo de uma perua oxigenada?”

- Claro que não! – protestou simultaneamente, esquecendo-se de menear o tom de voz.

A mulher dera um pequeno salto no lugar, assustando-se com o entusiasmo excessivo que ele dera à questão. Em todo caso, dando de ombros:

- Que ótimo pra você. – comentara desdenhosa, alinhando alguns folhetos sobre o tampo fumê – Pois precisará de um currículum vitae com foto, endereço, telefones pra contado, histórico escolar, demonstrativo de experiência profissional, demonstrativo de cursos universitários concluídos... – gesticulava inexpressiva, contando os itens nos dedos finos e alvos cheios de anéis em ouro – Aliás, graduou-se em quê? – indagou desconfiada.

De certo que a mulher duvidara que o indivíduo à frente tivesse qualquer formação superior. E de certa forma ela estara certa. Errado estava ele em acreditar que era o cara mais fodástico da face da Terra:

- Estou cursando design gráfico em Belas Artes, escola de Artes Visuais de New York. – argumentou convicto e confiante demais. Esbajava-se num sorriso faceiro.

A mulher riu contidamente, mas riu.

Aquilo o deixara ensandecido. Era óbvio que ela estivera o humilhando desde que colocara os pés naquela livraria maldita. Agora, vir a rir descaradamente, já era demais! Havia passado da conta.

Quando estava quase se inclinando sobre o balcão para desferir qualquer palavrão que lhe viesse à mente, fora interrompido por um comentário maldoso:

- Então, Sir... – sorriu debochada, mostrando-lhe os dentes perolados em contraste com a coloração rubra em excesso nos lábios finos - Sinto muito por não poder lhe ajudar. – suspirou e semi cerrou os olhos numa tentativa fingida de abalar-se com as impossibilidades – Como vê, aqui trabalhamos com letras, construções de fonemas, coleções de vocábulos. – demonstrou-lhe os diversos títulos, rindo – Não há funcionalidade para um quase – grifou a última palavra – Decorador. Quem sabe o departamento de arte na sessão infantil possa ter algo pro senhor, não é? Ouvi dizer que necessitavam de um novo pintor para faces infantis, lá no playground do segundo andar.      

Gerard a assistira em seu discurso carregado pelo escárnio. Aquelas palavras lhe foram tão ácidas que sentira vontade em romper o ligamento do pescoço da mulher, assim como fazem com as galinhas:

- Vadia. – sussurrou de si pra si evitando qualquer músculo. Havia uma luta ali, um motim. Seu corpo queria guinar à frente, destroçar o alvo e sair cantando vitória. No entanto bem provável que o mínimo de consciência o tenha impedido.

- O que disse? – a mulher indagou desconfiada já adquirindo o telefone para aderir qualquer intervenção policial acaso fosse necessário.

Contraindo os punhos que ainda restavam enterrados nos bolsos da jaqueta em jeans, cerrando os dentes e controlando a respiração, ousou uma resposta:

- Saia bonita. – comentou aleatoriamente.

Interrogativa, a mulher voltou-se para a parte inferior do próprio corpo. Lhe fora curioso o comentário. Embora estivesse à espera de algum argumento rude, qualquer resposta grosseira pelas investidas ácidas em que se propora, fora surpreendida.

Não que tenha lhe valido em muito ser elogiada por um sujeito inferior, mas algo lhe chamou a atenção: Não estava usando saias. Trajava um terninho em tom creme.

Quando voltou os olhos na direção do mancebo não o encontrou. Ele houvera saído pela tangente.

~~~*~~~

- Filha duma égua! Quem ela pensa que é? – berrava feito um louco enquanto regredira todo o caminho que antes fizera. As pessoas o assistiam, desconcertadas. Não entendiam os motivos de um sujeito ofender os ventos. – Puta que pariu! Não achei que fosse tão difícil. Não havia de ser! – conversava consigo mesmo, ignorando os olhares escandalizados.

Tragando o oxigênio com necessidade, parecera acalmar-se um pouco. Guinou até a pequena fonte de carpas na primeira bifurcação, escorou-se ali, na grade.

Revirando os bolsos com extrema urgência deparou-se com seu maço de cigarros e isqueiro. Acendeu um e, tragando com hostilidade, deixou a nicotina agir como uma calmante em potencial. Ajudara, não muito, mas ajudara.

Como cheguei a este extremo? Onde eu estava com a cabeça quando resolvi procurar emprego numa livraria? Onde eu estava com a cabeça? Fora tudo porque arrebentei o carro do meu pai, a garagem. Se eu não tivesse bebido tanto na noite passada... Se eu não tivesse bebido tanto, nada disso estaria acontecendo! Eu sou um grande filho da puta, incompetente! No que eu estava pensando? Havia algo. Eu sinto que havia. Só não me lembro. Eu não enchi a porra da minha cara por nada. Não! Há de ter um grande motivo. O pior é não ter há a quem perguntar. Julian estava pior do que eu noite passada. Julian? O que foi mesmo que ele me disse antes de...”.

- Está precisando de ajuda?

- Uh? – voltou-se para a voz que lhe indagara, avistando um homem de meia idade.

- Parece perdido. – comentara num sorriso amistoso.

Gerard tragara o final do filtro de morte certa e, atirando o que sobrara do cigarro no pequeno lago de carpas, soltou o oxigênio carregado de nicotina:

- Não estou perdido. – num gesto mecânico e costumeiro, atirou os fios longos que lhe recobriam a face para trás – Vou estar quando voltar pra casa.

O homem aproximou-se, interrogativo:

- Problemas em casa?

- Sim – ponderou se deveria mesmo se abrir com um estranho. Todavia, já estava fodido mesmo, o que poderia acontecer? – Uma dívida que tenho com meu pai.

- Sério? – o sujeito parecera surpreso e sincero. Gerard apenas meneou a cabeça – Se estava à procura de emprego, acho que posso te ajudar.

- Como?

- Estamos precisando de funcionários temporários. Eu mesmo já não sabia aonde procurar. Talvez seja o destino. – o sujeito ajeitara os óculos com um largo sorriso. Gerard lembrou-se de Mikey por algum motivo.

- É? Deve ser mesmo. – comentou aleatoriamente; ainda estava pouco chocado – Mas estamos falando de quê, exatamente?

- Ah, sim. Acompanhe-me. – fizera um sutil gesto com a mão, indicando a direção.

O universitário ainda estara um pouco desconfiado. Algo lhe dizia para não ir, porém o ultimato do pai surtira certo efeito naquela causa. Resolveu seguir aquele total desconhecido.

Uma alma caridosa que surgira em seu caminho?

Talvez não.

- E então?

- Óh, hell. – Gerard comentou boquiaberto. Desacreditara na impossibilidade possível do que lhe era mostrado – Mas eu não tenho nenhuma outra opção, então – apertou a mão do sujeito – Acordo aceito.

- Seja bem-vindo...

- Way, Gerard Way.

- Senhor Way. – apertou-lhe a mão – Espero que tenha dias felizes aqui, conosco.

- Eu também espero. – forçou um sorriso falso, repuxando os lábios para a direita – Mas vai se difícil Ronald. – completou num sussurro, somente pra si enquanto admirava com uma expressão escandalizada o local onde trabalharia.

To be continued...


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Notas finais do capítulo

Então, como vocês podem perceber, há muitas falhas. Acaso haja alguém disponível para Betar, me informem. Estou aberta para opiniões e ajuda. Até o próximo capítulo. o/PS: Não sei se reapararam, mas os eventos aconteceram simultaneamente. Logo: no próximo capítulo haverá um quê Frerard! =X



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