Is It Any Wonder? escrita por srt_Brightside


Capítulo 5
Capítulo 4 - Sound Store


Notas iniciais do capítulo

Saudades?Veremos o que tenho a dizer sobre o que está por vir, então.Boa leitura(:



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Is it any Wonder?

Winter

Capítulo 4 - Sound Store.

Naquele horário, meio-dia, era raro o movimento na Sound Store. Os consumidores alvo, em sua maioria adolescente, estavam na escola ou saindo dela, indo pra casa almoçar. Era o que ele, o mocinho franzino detrás do balcão de vidro, deveria estar fazendo: almoçando. Porém fora necessário sua permanência ali, uma vez que o gerente tenha se ausentado para conferir as carências do estoque.

Evitando deixar, mesmo estando às moscas, a loja sozinha, permaneceu.

Mas ele não se importava muito, aliás.

 Sempre bem disposto ao trabalho, competente, responsável. O que era realmente interessante ao julgá-lo pelo exterior. Ninguém, sob hipótese alguma, o imaginaria tão capaz.

Além da pouca idade, estando em meio à casa dos dezoito/dezenove, era em demasia infantil e característico. Estatura baixa, magro, caucasiano; um corte de cabelo tanto quanto original, partindo em um moicano improvisado. O vestuário também era autêntico e jovial. Talvez o ambiente de trabalho colaborasse bastante, o deixando livre para ousar de calças rasgadas na altura do joelho; camiseta folgada e surrada; coturno; piercings; tatuagens.

 Ah, as tatuagens!

Detinha de muitas delas, tenho de dizer.

A pele delicada e alva contrastava com diversas figuras significativas. Poder-se-ia ver algumas, cujas roupas não encobriam: um escorpião no pescoço, uma santidade no antibraço, fonemas que formavam a expressão ‘Halloween’, dentre outras.

Embalado por um som qualquer de The Hives que ecoava distante, através das caixas de som espalhadas pelos quatro cantos da loja, ele se ocupava em organizar a vitrine sob o balcão. Alinhava os chaveiros de esqueleto, os botons sorridentes, os decalques para embrulho; enfim, toca a quinquilharia que era mantida sobre as prateleiras abaixo do espesso tampo de vidro cristalino.

Estara tão compenetrado que, com os olhos cor de âmbar fixos aos itens e os ouvidos presos aos versos ‘You know I've done it before, And I can do it some more, I've got my eye on the score, I'm gonna cut through the floor, It's too late, It's too soon, Or is it...’, não escutou quando a sineta soou, revelando assim, um novo cliente.

Sorrateiramente, aproveitando-se da distração do mancebo, se aproximou.

Somente quando já estava de frente ao balcão e, num ato improvisado, depositou algo de camurça arroxeada sobre o mesmo, que ganhou os olhos dele.

Olhos tanto assustados, aturdidos. Diga-se.

Num átimo o rapazinho levantou-se, todavia não pareceu saber o que dizer e, percebendo isso, a pessoa antecipou-se:

- Pode me ajudar? – indagou com um sorriso amistoso.

Ele, o balconista, manteve-se estático durante eternos segundos, somente os olhos piscavam buscando algum entendimento.

E o adquiriu.

Entendeu que quem deveria perguntar era ele e não a mocinha à sua frente. Sim, era uma mocinha. Uma garota pouco mais baixa que ele que detinha de traços finos, infantis. Olhos amendoados, cabelos de mesma cor, pele alva, bochechas rosadas e um sorriso.

Ah, o sorriso dela!

Talvez tenha sido isso que o tenha abatido.

Ou não:

- Sim – respondera de súbito, recobrando-se de sua utilidade ali – Do que precisa?

- Uh, bem – pareceu constranger-se, contudo não perdeu o foco – Um CD? – concluiu tanto indecisa.

- Precisa de um CD? – confuso, questionou-a. Ela meneou a cabeça, confirmando – Que tipo de música?

- Indie – ponderou – Na verdade, Alternative Rock.

- Okay. Alguma banda? Ou quer alguma sugestão? – fitou-a interessado. Pareceu até animar-se com as suposições.

- Bem – fitou as próprias mãos entrelaças à frente do corpo, sorrindo – The Killers.

- Hmm. Algum álbum em especial?

- Não.

- Tudo bem. Eu devo ter algum álbum da banda no estoque. Vou dar uma olhada, ver qual deles temos. Um momento – interveio.

Após tê-la informado, já se ia adentrando uma pequena porta atrás de si. O estoque.

Ela, inquieta, suspirou pesarosamente.

Podia-se ver claramente que a saída dele a deixara desanimada. Contudo, por sorte ou não, ele logo surgiu da mesma portinha que o fizera sumir. Tinha um sorriso infantil e algo dentre os dedos:

- Achei este aqui. – entregou à ela o que fora buscar.

- Este eu ainda não tinha visto. É novo? – indagou timidamente enquanto dirigia os olhos do CD ao mocinho apreensivo.

- Não. Na realidade é antigo. Quase uma relíquia aqui na loja. Muitos dizem ser o melhor álbum, mas não sei. – comentou de modo a desdenhar. O que ocasionou certo desconforto na garota.

- Não gosta? – espantada e tanto exaltada, pregou os olhos na face do mocinho.

Ele parecera refletir sobre uma resposta:

- Uh? – indagou desentendido. Fora então que ela fizera menção ao disco em mãos – Ah, gosto. As músicas são bem elaboradas. A banda é talentosa. É só que – sorriu tímido, desconcertado – Eu prefiro sons como os da The Misfits.

-Ah – pareceu desapontar-se.

- Presente?

- O quê? – o questionou desentendida.

- Eu posso embrulhar pra presente, se for o caso. – explicou-se pouco acanhado.

- Ah, sim. – estendeu o objeto.

- Uma garota? Um garoto? – indagou assim que recolhera o que lhe fora entregue. A mocinha expressou interrogativa – Para que o embrulho seja adequado. – completou já abandonando o objeto sobre a vitrine, abaixando-se para adquirir os papéis coloridos contidos numa caixa, na última prateleira.

- Hmm – titubeou indecisa – Menina?

- É uma menina? – indagou curioso com um mínimo de escárnio idealizado num sorriso, erguendo-se e depositando a caixa forrada de embrulhos sobre o balcão.

- Sim – não conteve o rubor.

Na realidade fora se escondendo na mentira que ela encontrara um meio para prolongar aquele contato, pouco que fosse. Não houvera um aniversário. Nem haveria! Não era um presente. Tratava-se de um pretexto para estar com ele, o mocinho que atendia na Sound Store.

Cada dóllar queimado em compras desnecessárias valera se fosse pra estar com ele!

Fazia exatos quinze dias, pouco mais de duas semanas, que abusando do saldo pré estipulado para com o cartão de crédito, ia diariamente às compras na Sound Store. Utilizando-se de consumismo extravagante, há pouco adquirindo coisas que nem desejara, somente para estar ali sendo atendida pelo seu objeto de desejo favorito e não disponível para compra.

Santa ironia, não?

Mas era assim mesmo que ela via Frank Iero, como informava o crachá customizado preso ao casaco dele.

Não saberia dizer quanto tempo se passara desde que perdera os olhos no crachá, fitando o botom sorridente que o prendia contra o moletom.

Também não soubera o quanto se passou desde que o silêncio tomara conta da situação.

Aliás, silêncio dela e dele, pois as caixas de sons espalhadas estrategicamente pelo recinto gritavam ‘Tick, Tick, Tick, Tick, Tick, Tick, Tick... Boom!’.

Ainda enquanto o assistia embrulhar o álbum dos matadores, sorrira satisfeita. Vê-lo tão compenetrado e disposto no que fazia era magnífico.

Vê-lo à sua disposição!

- Pronto.

Ela, descolando o sorriso bobo do próprio rosto, fitou o pequeno embrulho em tom púrpura sobre a mesa. Havia uma pequena e graciosa fita alaranjada no canto esquerdo, ornamentando com as várias e mínimas abóboras que estampavam o fundo do papel seda.

Intrigado com o silêncio da mocinha, ele ousou um comentário:

 – Fiz o melhor que pude. – Frank coçou a cabeça, tanto acanhado. Observara com carinho o próprio feito.

- Ficou perfeito!

Entreolharam-se.

Ela ousava em um sorriso gracioso, ele possuira um satisfeito, porém encabulado.

- Espero que ela goste.

- Ela? – o questionou visivelmente desapontada.

- Sim. A aniversariante, suponho. – sorriu divertido.

- Ah, sim. Verdade! – sentiu vontade de se atirar de cabeça contra a parede. Como poderia ser tão lesada? Definitivamente as mentiras nunca foram seu forte – Ela vai adorar, tenho certeza. Ainda mais pelas abóboras. Ela ama o halloween! – empolgou-se na mentira deslavada.

Frank sentiu-se constrangido pela coincidência do comentário. Enterrou as mãos contra os bolsos do moletom, ainda prevendo qualquer tipo de piada:

- De qualquer maneira – fitou o embrulho – Se as abóboras não ajudarem, ainda há Mr. Brightside. É a melhor do álbum. – não evitou o gracejo, já rindo.

- É sim! – o acompanhou.

De súbito um silêncio constrangedor tomou conta do recinto.  A música houvera chegado ao fim, assim como o pouco diálogo que tiveram. De qualquer modo ainda havia as praticidades do negócio. E assim sendo:

- Vinte e sete dóllares e noventa e nove cents.

- Uh? – fora acordada do devaneio.

- Cartão? Dinheiro? – indagou constrangido.

- Cartão. – voltou às mãos à bolsa que deixara esquecida sobre o balcão – É crédito.

Frank recebeu o pequeno sólido retangular prateado, meneou a cabeça, consentindo e logo se encaminhou até a máquina de cartões.

Nada demorou e:

- Aqui. É só assinar na linha pontilhada. – entregou-lhe o pequeno recibo juntamente a uma caneta.

- Okay. – adquiriu a esferográfica dentre dedos, desatando a exibir uma caligrafia caprichosa – Eu vou deixar meu telefone também. Acaso haja algum problema com o saldo da dívida, você pode me ligar. – completou o manuscrito e logo lhe lançou um sorriso meigo.

- Obrigado. – fora somente o que conseguira responder em meio ao constrangimento.

- Eu quem agradeço Frank. - entreolharam-se. Ela detinha de um brilho nos olhos amendoados, ele ousava de olhos excessivamente abertos, evidenciando a raridade de uma coloração âmbar – Bem, até mais. – apressou-se negligenciando o clima que há pouco se iniciara, adquirindo o embrulho e a bolsa igualmente púrpura, jogando o cartão dentro de qualquer bolso do casaco, já se ia, acenando de leve.

Com a fala comprometida pela falta de ação, falta de saber como agir, deixou-se apenas acenar e sorrir infantil para a menina. Escutou a sineta tocar, avisando a saída do cliente e evidenciando, de mesmo modo, que voltara a estar sozinho.

Suspirou cansado e tanto inconformado:

- Me esqueci de dizer pra que ela tivesse um bom dia. – constatou de si pra si, pesaroso.

- Falando sozinho, pequeno? – fora surpreendido por uma voz tanto familiar.

Todavia a familiaridade não o impedira de assustar-se e dar um leve pulo no mesmo lugar:

- Qual é Ray? Assim você me mata do coração? – implicou ofegante, depositando uma das mãos rente ao peito, acariciando o local.

- Eu? – o homem alto de cabelos longos e cheios trazia uma caixa até o balcão onde, em questão, estava Frank – Acho que não, ein? Emma fará isto. – depositou a caixa sobre a vitrine pra logo em seguida desatinar a colocar várias camisetas sobre o mesmo.

- Emma? – franziu o cenho, assistindo.

- Sim. Emma Polé. – sorrira debochado, mostrando todos os dentes e piscando os olhos freneticamente – A mocinha que está indo à falência por sua causa.

- Então ela se chama Emma? – indagou confuso – Espera! Você está errado. Ela não vem aqui...

- Só pra te ver? – atirou-lhe uma camisa.

- Hey! – Frank por sorte a pegou no ato, evitando uma colisão aborrecida.

- Abre os olhos, nanico! Ela não vem na Sound só para adquirir CD’s e camisetas dos Strokes. – colocara a caixa de papelão vazia no chão – Vem pra te ver. Está na cara, man. Quantas não foram às vezes que ela se enganou enquanto aos horários. Vindo aqui no horário do seu almoço e me perguntando sobre você? Várias, eu lhe digo. Além de que – declinou-se sobre o balcão, fitando o amigo nos olhos – Sempre que perguntava se eu mesmo poderia ajudá-la, ela sempre dizia não ter problemas esperar você voltar.

- Isso não quer dizer...

- Quer dizer o quê, então? – o interrompeu. Frank nada disse – Exatamente. Isso mostra que você tem de confiar mais em si mesmo. – tocou-lhe de leve na altura da testa.

Frank o acompanhou com os olhos:

- Não tem importância. Que diferença faz? – cruzou os braços, desdenhando.

- Haha. Que diferença faz? – levantou-se e adquiriu a caixa que estava no chão – Muita. Você está há muito tempo sozinho. É novo demais pra evitar namoros.

- Nem comece. – o mais novo fechou a cara e cruzou os braços.

- Este é o problema. Você nunca quer começar nada com ninguém! – riu-se – Aliás, parece que Emma não tem um namorado.

- Não?

Entreolharam-se.

- Nop. Esta seria sua chance se você se dispusesse a tentar...

- Não Raymond. Eu não tenho cabeça pra nada agora. Sabe bem que minha vida está difícil e...

- Está na hora de você almoçar. – Ray constatou pelo relógio de pulso. Parecera tanto preocupado – Vá agora. Tome. – resgatando do bolso da camisa, entregou alguns dóllares a Frank.

- Não precisa, eu...

- Pegue e vá comer algo decente num restaurante. O Jenkins servem comida boa.  – o fez recolher as verdinhas – Não sei como sobrevive de fastfoods. Isso é inaceitável, pequeno.

- Okay, papai. Volto logo. – evitando maiores contradições, resolvera sair.

Raymond o assistiu deixar a loja. Ainda estava preocupado com o amigo e melhor funcionário. Leia-se: único.

- Espero que ele vá almoçar mesmo. Não aguento mais estas greves de fome inacabáveis. – constatou de si pra si, enquanto terminava de recolocar as camisas na vitrine.

To be continued...


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Notas finais do capítulo

Mereço reviews?(:



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