The Ghost Of You Still Loves Me. escrita por Miss McLean


Capítulo 3
It was not a normal day.


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo traz a tona um "quase segredo" e uma relação amigável entre Mary e Frank, além de apresentar melhor a relação de mãe e filho que Linda mantém com ele. :)



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"Eu sempre estou sozinha. Eu sempre fico sozinha e as pessoas acreditam que eu não sei por que elas se aproximam de mim. Eu tenho só 17 anos, mas não sou burra. Por não ter tido mãe e ter tido um pai ausente, me vi obrigada a descobrir o mundo como ele realmente é mais cedo do que queria, e posso parecer infantil, mas sou a única que sei, de fato, sobre mim. E você tambem sabe Frank, só você me entende. Eu deveria te contar realmente o que sinto por você? Será que você me vê apenas como sua irmã? Desde tão pequena, pegar na sua mão era tudo o que me fazia ficar segura. Desde crianças juntos, crescemos juntos. E quando eu te contei que beijei pela primeira vez, quase disse que queria que tivesse sido com você. Você seria capaz de entender que meu amor abrange muito mais do que irmandade? Você poderia me dar sua mão como quando éramos menores e me fazer sentir protegida? Será que você me perdoaria por amar você dessa forma? Eu tenho medo. Eu não quero perder meu amigo, o meu amor. Por isso disfarço como posso e faço o possível e impossível para você não notar. Me sinto mal algumas vezes porque queria te abraçar de um outro jeito, queria que você me apresentasse para seus colegas como sua namorada, não como sua irmã. Eu não sou sua irmã! Eu mal sou sua parente. Por que você não me enxerga desse jeito? Eu sou uma pessoa com a qual você poderia ficar. Eu só queria que você compreendesse isso. Na verdade, eu queria tantas coisas... Mas por você ser assim, tão meu sem me pertencer, eu apenas te quero bem."

Mary escrevia em uma folha de fichário, em seu próprio quarto, para aliviar seus pensamentos e vontades sobre seu primo. O rapaz, que a chama de irmãzinha, jamais notou o interesse dela de um outro modo. Para ele, eles eram amigos e irmãos, por ele entendê-la e apoiá-la. Sempre quieta, conseguia conversar somente com o primo sobre qualquer assunto. Discreta, jamais deixou transparecer sua vontade imensa de tê-lo para si como seu par. Ela sempre fora apaixonada por Frank, e só temia o pior ao deixá-lo descobrir seu verdadeiro sentimento. O que ela nunca imaginaria era que Frank fosse lhe agradecer um dia por esse amor.

Jamais pensara em algum sacrifício. Mas por ele, ela faria qualquer coisa.


**


Cheguei em casa. Entrei e fui em direção ao meu quarto. Larguei a mochila em cima da mesa. Minha mãe correu para falar no meu ouvido.

- Meu filho, tudo bem? Você está pálido, o que houve? Frank fala com a mamãe!

Eu fui em direção à cama e deitei. A olhei de lado, sem nada dizer.

- Frank?

- Mãe, está tudo bem sim. Eu só estou cansado.

- É claro! Você fica andando por aí sem necessidade ao invés de vir para casa almoçar e fazer algo que preste! Você comeu?

"Droga, vou ter que falar a verdade" - pensei.

- Não. Não estava com fome. - e eu realmente não estava depois do que aconteceu.

- Tá vendo, menino. Assim você fica fraco! Espera que eu já volto, vou te fazer um sanduíche.

- Mãe, não precisa. Tá tudo bem, depois eu faço.

- De jeito nenhum! Você vai acabar esquecendo ou se distraíndo, comendo besteira. Eu volto já, mocinho.

- Tá... - eu não podia discutir.

(...)

Dona Linda era o tipo de mãe superprotetora. Ela fazia de tudo pelo único filho. Frank sempre fora o xodó daquela casa e junto com Ray e Mary, a alegria ficava completa. Linda sofreu com a morte de Sarah, esposa de Adam. Elas eram amigas desde adolescentes e foi por causa do namoro de Adam e Sarah, que conheceu Frank Anthony, seu marido. Eram todos bem jovens quando começaram um relacionamento. Perder Sarah foi um baque terrível que somente foi superado pela chegada da pequena Mary, o último presente que ela deixou, e por Frank, com poucos meses de idade. Sua vida se resumiu nos últimos 18 anos em cuidar da casa e das crianças. Embora tenha feito de tudo para ganhar a confiança de Mary, a menina desde pequena, teimava em se manter distante. Só que, mesmo assim, Linda percebeu desde cedo a grande afinidade da sobrinha por seu filho. E sempre soube que Mary era apaixonada por ele. Tentou conversar sobre isso com ela uma vez, quando Mary tinha 13 anos e chorou porque Frank traria a namoradinha em casa. Mas não deu certo, pois a sobrinha jamais admitiria. Preferiu esquecer, então.

Linda era uma mulher de bom caráter, bonita e ainda sim, jovem. No auge de seus 40 anos, ela tentava conciliar a fase mais perturbadora do seu filho com sua superproteção. Algumas vezes até conseguia. Em outras, seu coração de mãe falava mais alto e avisava sobre qualquer perigo. Mas isso não aconteceria pelas próximas semanas. Ninguém preveria o que aconteceria com Frank. O inimaginável atormentava os pensamentos da mãe de Frank, e ela só poderia pedir à Deus, todos os dias, para guardar seu filho e seus sobrinhos de todo e qualquer mal.

(...)


"Eu estou cansado. Cansado não sei de quê. Parece que aquele olhar sugou todas as minhas energias. Eu não saberia explicar o impacto que me foi causado. Eu tenha medo apenas de permanecer desse jeito até eu descobrir aquele homem. Ele realmente tinha que estar lá quando passei? Há algo errado nesse destino. Eu preciso acertar o que é. Sinto que se eu errar, posso perder muito. Já me decidi. Eu voltarei lá e olharei novamente até eu satisfazer minha curiosidade." - eu pensava e falava comigo mesmo enquanto minha mãe não voltava. Olhei a janela, a tarde estava nublada. Voltei aos meus pensamentos. - "Mas se for só uma maluquice, fruto da minha imaginação? E se for só isso? Bem, não perco nada. Tenho que arriscar."

Não demorou muito e voltou minha mãe, interrompendo meus pensamentos, abrindo a porta com uma bandeja na mão.

- Agora coma!

- Mãe, não estou com fome.

- Você está sim.

Como eu conheço minha mãe e sabia que ela não sairia de lá enquanto eu não comesse, mordisquei o sanduíche. Ela só se sentiu satisfeita quando, além de comer, eu bebi o suco que ela também trouxe. Comi rapidamente, e ela assistiu a cena. Minha mãe era extremamente dedicada à mim. E eu não poderia me sentir mais feliz por tê-la sempre por perto. Mas naquele momento, eu queria ficar sozinho e tinha que dar um jeito para isso acontecer.

- Pronto mãe. Agora eu posso dormir?

- Dormir? Essa hora? - ela estranhou.

- É, ué! Estou cansado, acordei cedo, trabalhei...

- Ah sim, claro. Meu garotinho virou homenzinho, que orgulho! - ela apertou minhas bochechas e me deu um beijo. - Descanse, ok? Mamãe te ama! - ela sorriu e levantou-se da cama, andando até a porta.

- Também amo você.

E ela saiu.

Eu não ia dormir. Eu queria apenas privacidade.

Meu celular tocou, o tirei do bolso. Era Mary. Fazia 3 dias que eu não a via.

- E aí lindão! - ela disse animada.

- Oi Mary... - falei, desanimado.

- Hm, conheço essa voz. O que houve?

- Não houve nada...

- Houve sim. Conta para a sua conselheira, conta!

- Tá errado isso ai, hein. O conselheiro aqui sou eu. - ri.

- Ah é? E eu não sirvo pra nada, só pra encher o saco?

- Ah não. Você serve pra ser irritante, implicante, gastadeira... - ri novamente.

- Ah Frank Jr., você me aguarde que daqui a pouco estou chegando aí e te enchendo de...

- Tapas? - A interrompi, em um tom desafiador.

- De beijo, de abraço, seu abestado!

- Você sabe que eu te amo né, e eu to brincando. Você nunca me enche. Voce é minha irmãzinha querida!

Fez-se silêncio por alguns segundos...

- Mary?

- O-o-oi, é que vieram pedir informação aqui. Tô no meio da rua!

Não ouvi barulho nenhum. Eu jurava que ela estava em um lugar fechado, mas dei de ombros.

- Ah sim. Mas é verdade, não aconteceu nada. - conclui.

- Olha, a gente conversa depois, tudo bem? Me espera, daqui a pouco tô chegando.

- Tudo bem, vou te esperar.

- Até mais e beijos nessa tua bu...

Interrompi, para fazer uma piada.

- Não Mary, não diga isso. Só tomei banho de manhã, já passei da validade. - sorri.

- Mas eu ia dizer na sua buchecha, rapaz. Eu hein.

Gargalhamos.

- Até daqui a pouco. - eu disse, por fim.

- Até.

Desligamos.

Eu havia notado uma diferença na voz de Mary logo depois daquele silêncio. Mas eu esperaria ela chegar para conversarmos. Mary sempre foi agradável comigo. Eu a conhecia bem e ela também me conhecia. O fato de metade da família não ter paciência com ela nunca quis dizer que ela não fosse especial para mim e para todos. Porém, somente eu consegui ser mais próximo durante os últimos anos. Ray tinha carinho por sua irmã, cuidava dela, mas os gênios de ambos eram incompatíveis e eles viviam brigando. Eu e ela temos quase a mesma idade e nos damos bem. Sempre quis protegê-la de tudo e todos. Me sentia no direito de fazer isso até mesmo quando eu não entendia o que significava a vida. Agora que eu sei, tenho certeza que jamais errei em ser amigo dela como sou. Ela precisa de mim e eu preciso dela. Somos unidos e isso é o que importa.


Enquanto Mary não chegava, decidi ver TV. Mudava de canal quando vi aqueles olhos, aquele cabelo, aquela pessoa. Me assustei, arregalando os olhos e, perdendo o tato, deixei o controle cair.


O olhar me prendeu naquela janela, daquela casa de número 36. Merda! Por que não paro de lembrar? Não poderia ser ele na televisão, não poderia mesmo! Era só alguém parecido. "Droga Frank, esquece isso!" - resmunguei sozinho.


Desisti da TV e a desliguei. Fitei o teto na tentativa frustrada de distrair a mente. Lembrei de algo importante. Trouxe trabalho para casa, que coisa boa! "Vamos trabalhar Frank. Vamos sim." - pensei.

Eu só sabia que qualquer atividade era melhor do que ficar pensando e ainda bem que havia algo que ocupasse minha total atenção, algo para eu me dedicar a fazer.

Levantei, fui até minha mochila, que estava na mesinha e peguei todos os documentos. Sentei na mesma mesinha, colocando a pilha de documentos em cima da mesma, me aprontando para revisá-los.

**


Passado quase 2h, Mary chegou, batendo em minha porta.

- Tem alguém dormindo ou pelado aí? Se tiver pelado, eu vou entrar assim mesmo! - pude notar o tom irônico na voz dela.

- Não, pode entrar.

Escutei ela dizer "viu, ele tá acordado. Ta me esperando.". Provavelmente tava falando com minha mãe.

E ela entrou.

- Sua mãe disse que você tava dormindo...

- Sim, eu disse pra ela que iria dormir. Mas não dormi. Agora vem cá, me dá um abraço. - sorrimos e eu me levantei e dei um abraço nela.

- Tô vendo que você não dormiu. E esses papéis todos aí? - ela olhou para a mesa.

- Trabalho... Comecei hoje na empresa do seu pai.

- O que? E eu não tava sabendo disso?

- Não tava porque tentei falar com você e seu celular estava desligado ontem.

- Puts... É verdade. Eu estava fazendo as unhas no salão. Olha como ficaram bonitinhas! - ela me mostrou as mãos, empolgada.

Sorri.

- É claro! Por que não pensei nisso antes, né Mary?

Sorrimos.

- Ah, mas me conta... Como foi seu dia?

- Foi legal até.

- Você tá muito xoxo. Meu pai fez alguma coisa, é? Ai ai ai! - ela fez cara feia. - Vamos no shopping? - e mudou de assunto. 

- Tio Adam não fez nada. E hoje é segunda, amanhã eu trabalho e você estuda. Não vamos ao shopping.

- Seu chato. - ela fez bico. Sorri com a careta dela e lhe dei um beijo no rosto.

- Tá, me conta o porquê dessa cara de bunda sem lavar. O que houve? - ela insistiu.

- Não foi nada... - tentei disfarçar.

- Frank, dá pra falar ou vou ter que partir para a tortura física e psicológica?

- Nossa, estou com medo de você, sua magrela fortona! Tomou Toddynho hoje? - eu disse, tentando amenizar a situação e enrolar para não falar.

Ela ignorou minha piadinha, levantou as sombracelhas, esperando minha resposta.

- Tá, eu falo. Eu to impressionado com uma coisa, só isso.

- Até que enfim acabou seu momento "sou engraçado pra caramba". Termina de falar, ta impressionado com o quê?

- Com o que vi hoje de tarde.

- O que você viu?

- Um homem.

- Sério? Eu vi muitos só hoje. Alguns eram bonitinhos, outros eram só pegáveis. - ela riu.

Minha vez de esperar ela terminar sua piada.

- Ok. Você tá impressionado com isso mesmo?

- Tô. Porque não era um alguém qualquer.

- Vai me dizer que você... você é gay? - senti uma tristeza na voz dela.

- Não. Não é isso.

- E o que é então?

- Eu não sei também.

- Aff, e tu estás assim por uma coisa que não sabe?

- É... bem, vou entrar em um assunto desagradável com você. Mas é necessário. Se lembra quando você me dizia que via sua mãe e que ela falava com você? Lembra como você descrevia isso como algo estranho, um arrepio, coisas que você não explicava, mas sentia?

- Sim, eu lembro. Mas o que tem a ver?

- Tive a impressão de que aquele homem não está entre nós. Senti algo estranho no jeito dele, tipo o que você me descreveu quando via a sua mãe.

- E como você pode saber? - ela me olhava, aflita.

- Eu não sei. Eu senti.

- Aonde você o viu? Ele falou com você?

- Numa casa, em uma rua perto do parque do outro lado da cidade. Ele não falou comigo. O vi na janela de uma casa que deduzo ser dele.

- O que você estava fazendo lá? - Mary parecia uma investigadora fazendo tantas perguntas.

- Eu tive vontade de ir até ao parque e de repente passei por aquela rua, vi aquela casa... Não sei, Mary.

- Olha, esquece isso. É só impressão mesmo. - ela bagunçou meu cabelo.

- Deve ser né. - me conformei.

- É... vamos no shopping, por favoooorrrr! Ainda tá cedo. São 18:19h. - ela disse novamente.

- Não dá... - olhei a mesa, e ela acompanhou meu olhar.

- Esqueci, você virou trabalhador. Posso ficar aqui com você, então? Prometo não atrapalhar.

- Pode sim.

- Já acabou aí?

- Falta pouco.

- Se é assim, vou lá retocar minha maquiagem no seu banheiro, tá?

- Não ia ficar aqui?

- Eu vou.

- Vai retocar maquiagem pra ficar em casa e eu te ver?

- Claro! Uma vez diva, sempre diva! - ela piscou um olho só e sorriu.

- Mas você não muda mesmo hein... - sorri de volta.

- Vai trabalhar e me deixa ser feliz, ok?

E ela foi até o banheiro, enquanto sentei de volta e fui terminar o que havia começado.


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Notas finais do capítulo

PS¹: eu sei que bochecha se escreve com "O", mas escrevi com "U" só para concluir a piada.
PS²: Tentei ao máximo não repetir muitas palavras, mas... é isso aí. Fiz o que pude.
Meu vocabulário é pobre gente, rs, desculpa. :x

Até depois. :*



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