“Ótimo. Vamos pro problema número dois...” - Eu pensei, saindo do abraço de Damon e indo até o lado de fora da porta, onde Will estava. Damon deliberadamente me seguiu.

-Claro. Que tal você me explicar direitinho o porquê de me salvar? - Falei cruzando os braços.

-Com licença, mas isso deveria ser uma conversa particular. -Willian falou pra Damon.

-Não vou deixá-la sozinha com você. - Damon respondeu calmamente, mas Will bufou de raiva.

-Eu não queria brigar, mas você está pedindo pirralho! - Will rosnou. Arregalei os olhos.

-Não! Sem brigas! -Eu quase gritei em pânico.

-Se você acha que pode ganhar, pode vir. - Damon provocou.

-Rá! Mas é claro que eu posso! Eu sou mais velho! Você vai aprender a não tocar mais em Elizabeth! - Will disse, seu rosto se transformando enquanto ele falava. Eu não gostei do que ele disse, como se eu fosse propriedade dele e ele decidisse quem toca ou não em mim.

Então Willian avançou em Damon, que já estava preparado e desviou facilmente, dando uma pequena risada. Will se recompôs e os dois ficaram se encarando, analisando o adversário, esperando o melhor momento pra atacar. Eu precisava parar aquilo antes que algum deles se machucasse.

Com um suspiro cansado eu mandei uma onda de poder sobre eles, causando-lhes uma dor aguda na cabeça e os fazendo parar imediatamente.

-Comportem-se meninos! - Eu falei, já retirando a pressão em suas cabeças, eles respiraram aliviados. Will rosnou novamente pra Damon e eu rolei os olhos. Eles era realmente persistente, hein?

-Já chega! Willian recomponha-se! E não fique tão seguro de que você pode ganhar de Damon! Ele está, digamos, muito bem alimentado... -Eu disse ironicamente passando a mão em meu pescoço. Will pareceu surpreso.

-Você... Você deixou ele beber seu sangue? - Will perguntou sem acreditar e eu assenti, sorrindo com a sensação de triunfo por ter deixado Will surpreso.

Mal sabia que aquela expressão surpresa seria substituída por uma de traição. Sua decepção parecia tão profunda, parecia que ele estava sentido dor. Meu sorriso zombeteiro foi desaparecendo do meu rosto enquanto eu o observava.

-Will? O que foi? -Eu perguntei me aproximando dele, mas Damon segurou minha mão, me impedindo de sair de perto dele pra alcançar Will.

-Já chega. Já tive o suficiente. - Ele falou saindo em sua velocidade vampírica.

-Desculpe! - Eu gritei pro nada, sabendo que ele ainda ouviria.

Eu não sabia exatamente pelo quê eu estava me desculpando, mas me senti terrivelmente culpada por ter colocado aquela expressão de traição no rosto de Will. Certo, ele era um idiota que tinha me deixado, roubado a minha chave mística e foi servir Klaus – Mas, apesar de tudo isso, por algum motivo oculto pra mim, ele havia acabado de me salvar, e como eu paguei? Ferindo ele. Ainda melhor: Ferindo ele pra defender Damon, um cara que só me queria como passa- tempo.

Permaneci parada, encarando a direção pela qual Will desapareceu. Senti mãos em meus ombros, afagando ligeiramente e me virei sem nenhuma expressão no rosto.

-Lizzie? Tudo bem? - Damon perguntou se aproximando de mim, analisando minhas feições.

-Não. Não está nada bem! - Agora eu havia ficado com raiva, o que Damon queria de mim? - Por que você tem que ficar fazendo isso?! Você não ama a Elena? Ou será a Katherine? Eu não sei e nem acredito que você mesmo saiba! Então, por favor, só pare de tentar me usar como substituta! Eu não sou um brinquedinho que você pode usar e depois jogar fora e também não sou como essas pobres humanas que você usa, Damon! Eu sei o que você está fazendo e não vou deixar você me usar! - Eu explodi, colocando pra fora tudo o que eu estava pensando.

A expressão dele mudou gradualmente para o pesar - Hoje só podia ser o meu dia especial pra machucar as pessoas, só podia ser. Tinha que sair dali antes que fizesse mais estrago. Corri com toda a minha velocidade para meu quarto e me tranquei, deitando na minha cama.

Deus! Eu precisava me controlar! Meus nervos estavam uma droga, eu estava com raiva, aflita, cansada e me sentindo culpada, tudo ao mesmo tempo.

A porcaria de ser uma bruxa e vampira ao mesmo tempo, é que essa parte minha de “bruxa boazinha” se intensificou com a minha transformação e essa minha natureza bate de frente com a parte mal da vampira. Era como ser puxada por dois lados diferentes o tempo todo, como se uma guerra entre a minha parte boa e a ruim acontecesse toda vez que eu estou em situações como essa.

Pensei em dormir, mas logo vi que essa aflição não me deixaria. Então fui tomar um banho – coisa que não fazia há dois dias, troquei de roupas e sai. Fui ao Mystical Grill, precisava mesmo de comida humana, só assim pra o meu mau humor melhorar um pouquinho.

(N/A: Roupa da Lizzie: http://www.polyvore.com/liz/set?id=32662248 )

-Lizzie! Não quer sentar com a gente? - Bonnie falou. Ela estava numa mesa com Caroline e ainda ia fazer os pedidos, pelo jeito acabaram de chegar, assim como eu.

Eu assenti e sentei com elas. Fizemos nosso pedidos e ficamos conversando.

-Então, porque está triste? - Bonnie perguntou de repente e eu a encarei, minha cabeça se erguendo um pouco.

-Eu não estou triste! Por que acha que estou triste? - Eu disfarcei e Bonnie torceu a bocam sacudindo a cabeça.

-Hm-Hm... Sem mentiras, Lizzie! Estamos muito conectadas pra você ser capaz de mentir pra mim! -Ela pressionou. É, realmente eu podia facilmente saber como ela se sentia e ela também podia fazer o mesmo comigo. Eu expirei o ar que havia em meus pulmões pesadamente.

-Ok, eu admito. Eu estou triste. -Eu resmunguei com desgosto.

-E o quanto de culpa Damon tem nisso? - Caroline adivinhou. Eu a encarei surpresa.

-Na verdade, um monte... Como?... - Eu eu falei confusa e ela deu de ombros.

-Que foi? Todos nós vimos aquele beijo que ele deu em você... Um conselho: Se afaste de Damon se quiser que seu coração continue inteiro. - Car aconselhou.

-É verdade. Damon não se importa com ninguém além dele mesmo. Quer dizer, a não se que seu nome seja Elena ou Katherine... - Bonnie continuou. Suas palavras me feriram, principalmente por eu saber que elas eram verdadeiras.

-Eu sei... -Eu sussurrei cabisbaixa.

-Tsc, tsc, tsc...Vejo que está havendo um complô contra mim aqui! E eu nem fui convidado pra poder me defender! Que feio, meninas... - Alguém falou logo atrás de mim, me fazendo quase pular na cadeira de susto. Como Damon havia chegado até aqui?!

-Não estamos falando nada além da verdade. Só estamos avisando a Lizzie do canalha que você é. - Bonnie falou o encarando com raiva.

-Não vamos deixar você brincar com Lizzie também, Damon! -Car falou com a voz firme, as palavras soando quase uma ameaça.

- Legal! A Lizzie tem um fã-clube agora? Como faz pra entrar? Vocês vão fazer camisetas legais com frases tipo “Eu amo Lizzie”? - Ele falou ironicamente. E rolou os olhos quando as meninas cruzaram os braços em sincronia.

-Agora, se me permitem, Lizzie, eu gostaria de falar com você a sós... - Ele pediu. Com um suspiro cansado me virei pra ele.

-Na verdade, preferia não falar com você agora... - Eu expliquei.

-É realmente importante, eu queria te explicar... - Ele ia continuar falando, mas eu o interrompi.

-Outra hora, Damon. - Eu falei firme e ele suspirou em rendimento.

-Certo. Mas eu vou cobrar. - Ele ameaçou, dando as costas e indo embora.

Depois que ele saiu, Car teve a melhor ideia do dia inteiro: Beber. No prazo de algumas horas já eramos uma bruxa, uma vampira e uma bruxa/vampira caindo de bêbadas. Car havia ido falar com um garçom loirinho muito bonito e por lá tinha ficado, Bonnie já havia se rendido e pediu pra Jeremy vir pegá-la.

Eu terminava com mais uma garrafa de wiski (Quantas eu já tinha bebido mesmo?) quando alguém pegou a minha garrafa e encheu seu copo. Eu olhei pro lado e me deparei com Will erguendo o copo, brindando.

-Ótimo... Agora sim completou meu dia... -Eu ri da minha desgraça.

-Não está feliz em me ver? Eu particularmente estou adorando estar aqui... - Ele falou, bebendo o wiski.

-Certo, antes de qualquer coisa vamos abrir o jogo, ok? Por que você me salvou? - Eu perguntei diretamente. Minha paciência já havia acabado há muito tempo.

-Porque o mundo seria tão vazio sem você, ruivinha... -Ele disse afagando meu cabelo. Eu me esquivei de sua mão com raiva.

-Fale sério! - Eu falei zangada e ele deu um sorriso torto repentino.

-Estou falando. - Ele falou me encarando, dessa vez sério e eu engasguei.

-M-mas... Você me deixou! Há 200 anos! Você foi embora sem nem ao menos se despedir e ainda por cima levando a minha chave! - Eu acusei.

-Eu não fui o único a ficar com uma coisa que era de outra pessoa. -Ele disse olhando pra o anel dele em minha mão.

-Eu nem sei porque eu uso isso... - Eu resmunguei em minha defesa e ele riu.

-Pode ficar. Era seu mesmo... Eu te dei. Mas, lembra que você também me deu a chave? -Ele perguntou e eu fechei a cara.

-Eu te dei provisoriamente! Não era pra você ir embora com ela! -Eu voltei a ficar com raiva.

-Ora, Elizabeth! Você é tão inteligente, pense em quem fez uma visitinha antes de eu ir embora. - Ele deu a dica.

-Klaus? - Eu sussurrei arregalando os olhos. Fazia sentido...

-Acertou. Ele estava recrutando todos da minha família que tinham o potencial para carregar o poder dos originais, e por um acaso da natureza eu sou um deles. Então eu tive que ir, era isso ou fazer Klaus ficar e descobrir o porquê de eu querer ficar, o que o levaria a minha querida noivinha... Seria até estranho, por que assim Klaus teria dois motivos pra te matar... - Ele explicou me encarando com uma cara maliciosa. Eu não conseguia processar toda aquela informação, ainda mais bêbada. Will foi embora pra me proteger?

-Eu não esperava que você fosse se interessar por aquele pirralho.. Eu não gostei do jeito que ele toca em você. Você não é dele. -Ele quase rosnou. De novo aquela sensação de que Will pensava que eu pertencia a ele...

-Nem sua, Willian. Me desculpe, mas eu não sou propriedade de ninguém. As coisas mudaram nesses dois séculos. -Eu declarei com um sorriso zombeteiro e ele sorriu de volta.

-E quem disse que você era minha? Eu não lembro de falar isso... -Ele rebateu.

-Você está me deixando confusa de novo. E isso não é muito gentil de se fazer com uma pessoa bêbada. -Eu falei erguendo meu copo e ele bateu o dele no meu.

-Ok, só se afaste daquele Damon. - Ele murmurou de novo pra mim, eu apenas o ignorei. Fechei os olhos e encostei minha cabeça na mesa. Ouvi a risada alta de Will, isso me lembrava os velhos tempos, exatamente como era há dois séculos.

-Vamos senhorita morta de bêbada. -Ele falou e eu senti seus braços em torno de mim, me levantando. Eu não me incomodei o bastante pra protestar, estava cansada demais. Encostei a cabeça no peito dele e dormi.