Sorri largamente ao ver Jacob atravessar meu quarto, enxuguei as lagrimas e deitei o lobo de pelúcia no canto da cama. Ele sorriu feliz ao ver que eu ainda era grudada com o presente que ele me dera.

-Oi! –sorrindo, sentou-se de frente para mim. Mordi meu lábio inferior, abaixei meu olhar para minhas mãos meio sem graça, sem encontrar um motivo óbvio.

-Oi - sussurrei, minha voz saiu tremula, Jacob suspirou, e em um momento rápido eu já estava em seus braços.

Afundei-me mais em seu corpo, inalando seu cheiro inebriante. Permiti que as lagrimas voltassem.

-Não chore meu amor. –sussurrou em meu ouvido.

Ficamos em silencio por alguns minutos, aos poucos eu conseguia me acalmar. Enxuguei mais uma vez as lagrimas. Suspirei me ajeitando no colo de Jake.

-Melhorou? –perguntou passando seu dedo indicador sob minhas olheiras.

-Sim. –suspirei.

-Aposto que vai se arrepender. –disse sorrindo.

-Já estou arrependida. –rolei meus olhos.

Sentia-me péssima pelo que havia acontecido, apesar de saber que tudo o que eu havia dito ao meu pai, era o que estava preso em mim fazia algum tempo, foi horrível ver sua expressão... Da minha família. Tinha falado a mim mesma que não haveria arrependimento da ‘explosão’, mas agora, parece que um nó havia sido feito no meu peito, contorcendo-se dolorosamente... Eu estava completamente arrependida. Eu precisava me desculpar, mas não tinha coragem nem de encarar meu pai e minha mãe... Minha avó Esme, pela minha arrogância.

-Meu pai nunca vai me perdoar. –resmunguei em um soluço, as malditas lagrimas teimavam em descer, mas as impedi.

-Claro que ele vai perdoar você, Nessie. –Jake sorriu abraçando-me de costas. Deitei minha cabeça em seu ombro e encarei o teto.

-Você acha? –perguntei em um risinho fraco. Era estranho rir agora... Era a ultima coisa que eu queria fazer.

-Seu pai ama você, ele vai te perdoar assim que ter ver naquela casa fedorenta. –Jake torceu o nariz ao falar “casa fedorenta”. Gargalhei.

-Minha casa não fede Jake... –disse ainda rindo. Ele virou os olhos.

-OK... Não fede nenhum pouco. –Jake disse em uma imitação absurdamente ridícula da minha voz.

 -Heeey. –reclamei. – Sabe, minha família também não acha o seu cheiro nem do seu bando de cachorro o mais agradável. –disse tentando parecer ofendida.

-Ta, não precisa ofender. – Jake disse sério... Eu o ofendi? Virei minha cabeça para trás para que eu pudesse olhá-lo.

Seus olhos estavam na parede... A expressão séria.

-Desculpa Jake, não queria ofender. –pedi, quase implorando.

De repente, sua gargalhada estrondosa ecoou no quarto.

-Idiota. –murmurei emburrada.

Jake diminuiu os risos e me apertou contra seu corpo. Sorri, não dava pra ficar chateada com ele.  

-Eu acho o seu cheiro maravilhoso. –disse sem me dar conta, arfei. Jacob ficou em silencio, desviei meus olhos para minha mão esquerda repousada em sua perna, o sangue subiu para minhas bochechas, pelo contato físico intimo demais, talvez.

-Sério? –Jake disse sorrindo, um nó se formou em minha garganta.

-Ah... Sim claro! –tentei falar com naturalidade, porém, saiu mais parecido com um engasgar do que com outra coisa. Jake gargalhou.

-Que bom, porque o seu cheiro é muito bom também. – Jake sussurrou próximo do meu ouvido, causando um arrepio em minha nuca.

Jake era ótimo pra me deixar sem graça... Tentei mudar de assunto.

-Ér... Então, como soube da briga? –pergunta idiota, eu sei.

-Fala sério Nessie, a gritaria que vocês fizeram, seria impossível deixar de ouvir. –disse em zombaria.

-Você ouviu... Tudo? –perguntei receosa... E se ele tivesse ouvido a parte em que gritei que o achava bonito? Não quero nem pensar, Jake vai... Nem sei o que Jake vai fazer.

-Não, só a parte que você disse que tava cansada de andar na linha Edward Cullen. –Jake gargalhou, suspirei aliviada. - Por quê? Deveria ter ouvido algo em especial? –perguntou interessado dessa vez. Engoli seco.

-Não... –Disse com a maior naturalidade que consegui, mas não convincente.

-Você não me engana Nessie. –disse agora, sentando-se de frente para mim... Seus olhos escuros pregaram-se nos meus, procurando uma brecha, quebrei o contato fechando meus olhos, procurando alguma resposta.

-Você tá enganado... –a gargalhada de Jacob ecoou pelo cômodo.

-Você mente tão mal quanto Bella. –disse gargalhando ainda. Mordi meu lábio inferior, ficando constrangida, fechei meus olhos mais uma vez... Dessa vez, relutante comigo própria. Mostrar ou não para ele o que havia perdido da confusão?

Estendi minhas mãos até seu rosto, ele me olhou confuso... Parei.

-Mas o que... –começou ele.

-Cala a boca. –ordenei. Encostei-as em suas bochechas. Concentrando-me em cada detalhe, palavra, gesto… transferi através de meu dom para Jake, ficando vermelha a todo instante.

“-Eu to cansada disso. Eu não posso fazer nada. Eu tenho que tomar cuidado até com o que vou pensar, para evitar o seu sermão. Não posso pensar nem se quer em Jacob... Ele é meu melhor amigo... Qual o problema nisso? Se você está irritado porque eu o acho bonito, não posso fazer nada.  Eu to cansada de viver na linha de Edward Cullen. Você é meu pai, não meu dono.”

A tristeza mais uma vez passou por mim, ao ver o rosto de meu pai. Retirei minhas mãos do rosto de Jake, e mantive meus olhos fechados, tentando não surtar mais uma vez com o choro. Olhei de canto para ele, que mantinha os olhos em mim... Mas era diferente, era um brilho de felicidade. Engoli seco.

Aproximei-me mais de seu corpo, deitei minha cabeça nas suas pernas hesitante. Preferi não olhar nos seus olhos... Porque entraria em um mar de duvidas... Tais que eu achava absurdas. Mas sabia que o que eu estava vendo era minha imaginação... Nunca funciono direito quando estou com Jacob, e não vai ser agora que funcionarei perfeitamente.

-Humm... –Jake quebrou o silencio, olhei para ele que sorriu. –Não precisa se envergonhar... Eu te acho linda... A mais linda que eu já vi na minha vida. –Procurei algum sinal de brincadeira no olhar de Jacob, mas era um olhar verdadeiro e gentil... Mordi meu lábio, não conseguindo evitar o acumulo de sangue em minhas bochechas.  

-Jake! –resmunguei mostrando o quanto estava envergonhada, ele me aninhou em seus braços.

-Vamos embora? –perguntou ele, fazendo um carinho gostoso em minha cabeça.

-Sim... Preciso ver Edward. –suspirei com olhos fechados.

Tentei não pensar muito nas palavras que usaria com minha família... Principalmente com meu pai.

Jake e eu corremos em direção à mansão Cullen, o percurso foi mais rápido do que eu desejara. Logo, avistamos a mansão, meu coração parecia que estava a mil. E meu pai com certeza já lia meus pensamentos. De repente, meu estomago embrulhou, minhas pernas travaram, e Jake parou ao meu lado, esperando alguma ação minha. Eu estava tão nervosa, meus pensamentos estavam embaralhados, eu não conseguia raciocinar direito. Eu estava fazendo da situação um terror em minha cabeça.

O focinho de Jake esbarrou em meu braço, olhei para ele, e depositei minha mão em seu pelo.

-Eu vou andando. –disse. Ele balançou a cabeça, e depois sumiu na floresta.

Agora restava apenas eu, tomando coragem prossegui com passos lentos, na varanda minha avó surgiu. Seu rosto preocupado se desfez ao me ver, ela sorriu, retribui com um sorriso fraco, quando cheguei a abracei fortemente.

-Desculpa. –murmurei. –Eu não deveria tê-la respondido daquela forma.

-Não tem que se desculpar de nada querida. –Ela beijou minha testa, assenti, mesmo sabendo que ela estava errada, era necessário para mim.