Debrucei-me levemente na sacada. Haviam inúmeras pessoa gritando “Alice!” e vibrando com emoção. Não vou entrar muito em detalhes, mas eu tive a oportunidade de andar por esse País cerca de uma semana antes da Rin e posso colocar minha mão no fogo pela veracidade do que digo: Essas pessoas estão dispostas a dar suas vidas em troca da queda de poder da Rainha de Copas. Eu diria que eles são bastante positivos, afinal, dezenas de Alices foram perdidas aqui. Na verdade, existe um cemitério de Alices – Não queremos assustar a Rin, ok? Mas ele ainda terá que passar por aquele lugar – então é bom que a chama do coração desse povo esteja acesa. Nunca vi Rin tão branca, ela não estava assim nem quando zerou aquela prova de cálculo. – Vai dar tudo certo!-Disse, colocando a mão no ombro dela e mostrando meu melhor sorriso.

A loira balançou a cabeça positivamente, recobrando suas cores aos poucos. – Vamos nos esforçar!-Bradou, com certo esforço.

É, aposto que o discurso de Napoleão foi inspirador quanto esse aí. Certo, parei. De toda forma, eles estão ainda estão vibrando…Então parece que não precisam de um bom discurso.

Miku passou cerca de meia-hora falando sobre divisões de grupo, como o inimigo é forte, cuidados, primeiros socorros e sobre o campo de batalha. Eu prestei atenção. Claro. Mas eu creio que vocês não vão se interessar por essas coisas. Eu não me interessei, acredite. Se a minha vida não dependesse disso eu teria posto meus fones no ouvido ou dormido. Mas, pra começo de conversa… Não tenho fones aqui e o chão é gelado.

E com todas essas palavras inspiradoras (sinta o sarcasmo) vindas de nossas sábias e experientes líderes, seguimos para a batalha.

De qualquer forma; O Time Alice – Nome ridículo que a Gumi inventou, mas eu não vou discutir com a Gumi – andava na frente, o exército seguia pouco atrás de nós. Somos tão sutis quanto um elefante dançando balé. O Piko nem vai perceber, cof. Na verdade isso do Piko ser a Rainha é muito tenso. Mas não é como se eu nunca tivesse duvidado da sexualidade daquela….Daquilo…Daquele ser albino.

Sabe aquele silêncio heróico que fica no ar quando os heróis se preparam para a batalha? Você conhece a sensação? Que bom! Eu não conheço! A Gumi achou que estávamos num silêncio constrangedor e resolveu cortar o clima com uma musiquinha infantil. Se me dessem um tiro na cabeça: Eu agradeceria. Se bem que morreria antes de agradecer... Ah! Tanto faz!

Por que raios o castelo tem que ficar tão longe? E por que essa maldita floresta é tão confusa? Ah, sinceramente! Acho que as únicas pessoas que conseguem andar aqui sem se perder são o Kaito e os nativos… Se bem que o idiota do Kaito teve ter alguma benção de sorte da deusa protetoras dos idiotas. É. Provavelmente é isso que rola com esse cérebro derretido.

Andamos por toda uma floresta; As vezes perdíamos algumas pessoas de vista porque as árvores eram tão densas que pareciam grandes muros verdes, e apenas vez ou outra conseguíamos alguma brecha.

Gumi parou por um momento, parecia fitar a sua frente com puro terror. Olhei para a direção que ela fitara esperando ver um Robô Mecha de 10 metros de altura, mas percebi que a única coisa que poderia se achar seguindo o olhar da garota eram as costas de Miku. Percebi que não tinha motivo para ela ter medo das costas da outra e balancei as mãos na frente da minha amiga catatônica. – Lagarta? Lagarta? Uhhhh... Hey! Gumi? Gumi? Gumi! Eiiii! Acorda! – Exclamava. Admito que já estava ficando preocupada. Ela fitou o nada por algum tempo e depois seus olhos voltaram ao brilho natural; piscou confusa uma ou duas vezes e me olhou por um tempo. – Err…Algum problema?-Perguntou, colocando as mãos atrás da cabeça e sorrindo sem graça. – Sim! Você ficou catatônica aí e tava com cara de peixe morto e...Teve uma visão, não foi? – Perguntei. Ela fitou o chão. – Eu? – E soltou uma risada seca- Não! Eu só estava pensando em uma coisa…Você sabe como eu sou avoada, não sabe? – Mostrou a língua de maneira divertida e andou em frente, me fitando por cimas dos ombros, risonha. – Você vem, ou não?

Suspirei e segui a garota. Ela viu alguma coisa. Com certeza alguma coisa errada. Droga. Parece que isso não vai ser tão fácil assim.

Mas não adiantava o quanto eu tentasse, não conseguia esquecer o momento “estátua” da Gumi.

Me aproximei de Kaito, o cara é completamente estúpido…Ele não vai desconfiar de nada. – Chapeleiro!- Cumprimentei, alcançando ele, estava esperando ele se afastar de Miku. A garota estava tendo uma conversa com Rin, provavelmente séria. Elas devem estar discutindo a estratégia de batalha. Pffff…Até parece que nós já tivemos qualquer tipo de estratégia. Deve ser cada um por si ou qualquer coisa do tipo. De qualquer forma, voltemos ao Bakaito. – Duquesa! Quer tratar de algo comigo?-Perguntou, enquanto parecia brincar com uma folha seca recolhida do chão há pouco tempo. – É que eu estou com uma dúvida… Digamos que, hipoteticamente falando, a lagarta tivesse uma visão ruim perto da batalha e que ela não quisesse contá-la…-Comecei, sendo interrompida pelo azulado. – Algumas vezes a lagarta não pode revelar o conteúdo de suas previsões, você sabe! Isso é tão incômodo! – Resmungou. – Oh! Certamente que é mas…E se ela não quisesse nem ao menos dizer que teve uma visão, provavelmente porque o conteúdo dela é ruim! Como isso seria? Hipoteticamente, é claro!-Sorri singelamente, enquanto fingia desamassar meu vestido. – Certamente estaríamos em apuros, Duquesa! Ainda bem que é apenas uma suposição!-E dito isso mostrou-me um sorriso branco.

Droga, como eu esperava.

– Certo, desculpe-me pelo incômodo!- Encerrei a conversa, fazendo uma pequena mesura. – Não foi incômodo nenhum!-E sorriu mais uma vez, retirando seu chapéu e curvando-se. Miku se aproximou dele quando eu sai de seu lado, ambos conversando sobre xadrez. Ás vezes eu duvido seriamente da idiotice desse cara, digo, não pode ser possível. Bem, ainda é melhor que ele não saiba.

Voltei ao lado de Gumi, e realmente a coisa que ele viu deve ter sido séria. Acreditam que ela não estava cantando nenhuma músiquinha? Eu retiro o que disse, nada teria sido melhor do que ela cantarolando alegremente aquela musiquinha irritante.

Subitamente, o chão tremeu e partiu-se dividindo o caminho e o exército. Todos caíram com o impacto. E com certeza foi manipulado. Ah! Como eu sei disso? Simples:

O chão se partiu de maneira muito maluca, como se estivesse escolhendo como dividiria tudo. Tinha um travesti vestido de Rainha no meio daquilo tudo. Nome: Piko.

A criatura albina rapidamente disse alguma coisa maligna – que eu tava muito ocupada sentindo dor no traseiro pra prestar atenção – riu malignamente como só ele faz e evaporou no meio do caos completo.

Como tudo tinha se dividido?

Minha metade: Eu, Len e Gumi.

Outra metade: TODO O RESTO DAS PESSOAS DO EXÉRCITO‼

Claro, estavam claramente avacalhando conosco. Eles querem nos matar. Não é possível um negócio desses! Seu travesti fresco! Eu vou te empalhar vivo quando eu chegar no castelo! Ah isso eu vou! Falando nisso! O Len tava do lado da Rin! (Eu sei disso, porque tava olhando pra ele descaradamente) Como raio ele foi para aqui! Que macumba foi essa???? Ok, ok…calma;

Mas que droga... O que eu faço agora?!

Continua…