A Vida de Um Arqueiro! escrita por Neko D Lully


Capítulo 2
Tudo passa a começar.


Notas iniciais do capítulo

Mais um cap da minha fic original que por icrivel que pareça já tem três leitores O.o. Meu deus eu postei ela ontem e já tem isso tudo?! Recorde! Ta parei e voltando ao assunto. Minha personagem saiu um pouco rebelde e tempos atuais, mas mesmo assim ela é a mocinha por mais estranho que paressa e vai melhorando de uns tempos para frente. Não pensem que esqueci minhas outras fics! O fim de uma era o cap ta parado por que a cabeça ta ruim para aquela fic e se forçar só sai merda (não pensem essa fraze com duplo sentido please).
Sem mais enrolação ai vai o proximo cap da minha fic. Roda o filme. Ta isso foi tosco ¬¬.



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 A via de um arqueiro.

Nos tempos feudais, onde as terras do reino eram divididas em blocos independentes, cada um com seu governante e com seus próprios ideais. No reino de Araluz, que ficava em uma ilha distante de qualquer continente, existiam quatro feudos: o de Ancanjeu, o de Monterland, o de Araluz e o de Night Sky. O feudo de Araluz era o feudo principal do reino onde estava localizado o rei, amado por todos.

Mas, há dezesseis anos  existia um quinto feudo. Seu nome era Gornam, mas seu líder, dominado pela ganância e pela inveja, viajou para um conjunto de montanhas fora do limite do reino procurando criaturas que muitos consideravam mitos.  Criaturas conhecidas como Mirarvas, que cresciam na escuridão e tinham o formato de humanos com partes animais. Muitos diziam que eram seres amaldiçoados e sanguinários.

Ele os controlou e criou o exército perfeito. Essas criaturas não tinham medo de nada, impiedosas e frias, seguiam apenas as ordens de Morvez. Ele atacou e mesmo os melhores soldados do reino Araluz tiveram dificuldades para combater os exércitos de Morvez, o líder de Gornam. A guerra parecia perdida.

Mas, um arqueiro conseguiu ultrapassar as barreiras junto com um guerreiro e abriu o portão para as tropas entrarem. O castelo de Morvez foi destruído e ele e suas criaturas foram banidas para as Montanhas das Sombras Atormentadas. O arqueiro e o cavaleiro morreram por ferimentos, que ocorreram quando entraram no castelo, mas mesmo assim, morreram como heróis.

Depois da batalha, muitas crianças ficaram sozinhas, sem pai nem mãe. No feudo de Arcanjeu, essas crianças eram acolhidas pelo Barão Strong,um senhor bondoso que criara uma área especial para essas crianças, conhecidas agora como Acolhidas. E, eu sou uma delas. Mas sou de certo modo diferente.

Como? Bom... Enquanto as outras crianças têm pessoas que conhecem seus pais ou elas mesmas têm lembranças deles eu não tenho nada. Não sei quem eles são, a única coisa que faça com que, talvez, alguém me reconheça é a marca de nascença que tenho em minha mão. Era um dragão cuja a calda começava um pouco acima do meu pulso e se enrolava pelo mesmo até chegar na mão, na qual a cabeça do dragão se posicionava nas costas da mesma.

E porque ninguém sabe quem sou se tenho essa marca? Bom... Eu nunca a mostrei a ninguém, afinal minha aparência já era motivo para me tachar de esquisita. Eu tenho a aparência estranha de frágil e doente, era pequena não tinha mais de um metro e 55, meus cabelos eram de um prata azulado, meus olhos eram de um azul escuro tão profundo como o oceano e meu corpo não era muito esbelto (pelo o que eu achava), era muito magra e meus seios e quadris não eram tão grandes como uma menina de 16 anos como eu deveria ter.  

A outra coisa que me dizia quem eram meus pais era a carta que fora deixada comigo junto com a luva prata de arqueiro. Sabia seu conteúdo de cor de tanto que havia lido depois que o barão havia me entregado.

Por favor, cuidem dessa pequena. Seus pais foram grandes guerreiros na guerra e ela é seu mais precioso tesouro. Seu nome é Star e precisa de todos os cuidados. Ela será útil no futuro.

Sempre que lembrava dessa carta meu desejo de ser uma guerreira aumentava. Sabia que era pequena e magra, que não tinha a forma física que eles pediam no exercito, mas tinha minhas qualidades. Sabia me esconder nas sombras muita bem, muitas vezes ninguém me via, também tinha talento em escalar, escalava qualquer coisa e com muita agilidade. Era rápida e ágil, mas o meu maior problema ou qualidade era de sempre encarar os problemas de frente sem me importar se minha vida estava em risco.

Mas acho que isso não seria tudo o que precisava para entrar na escolada do exercito. No momento estava sentada na mesa junto com meus companheiros. Eles chegaram um pouco depois que eu. Shenon era a guerreira do lugar. Ela tinha o mesmo desejo que eu de entrar no exercito, só que ela tinha mais chances. Ela tinha o corpo musculoso, mas não exagerado, era boa com a espada naturalmente, seus olhos eram negros e o cabelo do mesmo jeito, lisos como seda. A pele era morena como o de uma deusa indígena. Tyler também tinha esse desejo. Ele era forte de cabelos loiros bagunçados, os olhos castanhos mel, alto de um moreno claro. Ele sabia muito bem que eu queria ser do exercito e por isso ele sempre tentava me irritar. Carol era a cozinheira do grupo, ela tinha os cabelos loiros encaracolados, olhos verdes, um corpo cheio, com varias curvas que davam um ar de um pouco gordinha. E o ultimo e não menos importante estava Mike, ele seria o que chamamos de escriba aqui, era inteligente apesar de não alcançar notas maiores que as minhas, muito tímido também, não conseguia falar com nenhum superior sem gaguejar. Ele tinha os cabelos castanhos meio avermelhados curtos e encaracolados, os olhos negros profundos e que brilhavam toda vez que via um livro de seu interesse, o corpo magricelo, mas acho que não era tanto quanto o meu e a pele meio pálida.

 Eles não eram o que eu podia chamar de amigos, na verdade eu não tinha nenhum. Era considerada a... Como dizer?... Rejeitada do grupo dos Acolhidos. Muitos me consideravam estranha de mais para se quer chegar perto, mas a culpa não era minha, ou talvez era, mas se eles me conhecessem a fundo aposto que não iriam pensar que eu era tão estranha. Acho que essa minha má fama começou quando me pegaram com minhas típicas travessuras com os comandantes do lugar, não que eu gostasse muito de arrumar problemas, mas é que eu precisava de adrenalina. Por que? Bom... Desde pequena eu tenho uma doença que não me permite ficar quieta e relaxada, o corpo tem que estar sempre agitado ao borde da emoção se não uma forte tosse molhada começa fazendo meus pulmões doerem e a sair sangue da minha boca, meu corpo dói e eu não consigo me manter em pé, é a pior coisa que você poderia querer sentir e só passa quando estou sobre o efeito da adrenalina.

 Não me perguntem que doença é essa, eu não faço a mínima idéia. Nem mesmo quero saber para falar a verdade. Já sei que irei morrer mesmo em algum ponto da minha vidinha nem propósito. Não me achem depressiva. Sou até a pessoa mais alegre de todos se olhar por outros ângulos, mas é que já sei que esse vai ser meu destino, a morte prematuro e dolorosa. Por isso que aproveito minha vida ao máximo, fazendo todo o tipo de travessuras e brincadeiras, me metendo em lugares e em situações que ninguém gostaria de se meter. Sou o tipo de garota que não deveria existir nessa época.

E pela primeira vez me sentia nervosa. Jantando com meus companheiros eu apenas mexia sem muito interesse no prato de sopa. Amanhã seria o dia em que seriamos levados para ser aprendizes de alguma área do castelo. Podia ser tanto no exercito quando na escriba ou na cozinha. Tinha também outras áreas como a dos arqueiros, mas essa quase ninguém entrava já que corria o boato de que eles eram feiticeiros que usavam magia negra para conseguir as habilidades que tinham. Até mesmo diziam que eles podia ficar invisíveis por isso entravam sem que ninguém percebesse. Mas eu sempre gostei de um argueiro acho essas habilidades muito legais e adoraria aprender, mas dizem que para ser argueiro é muito complicado e que poucos conseguem.

Bom talvez seja verdade talvez não, mas quero mesmo é ser uma guerreira e poder seguir os passos de meus pais, seja lá quem eles foram. Mas que droga não estou conseguindo comer nada! Se Carol descobre isso ela vai...

 - Star, por que não está comendo sua sopa? – vixe, já era. Olhei para ela com cara de quem não quer nada e simplesmente dei de ombro. Não sei onde foi parar minha fome, o que posso fazer ora? A culpa não era minha. – Sabe muito bem que não gosto que deixem que deixem comida no prato.

 - Não tem problema Ca. – disse Tyler pegando meu prato e devorando a sopa que tinha nele em poucos segundos. Apenas mirei enojada toda a cena. Como conseguia viver com um ser tão porcalhão como ele era uma pergunta que não conseguia encontrar a resposta. – Se ela quer morrer de fome o problema é dela. Afinal quem vai sentir falta de uma esquisita?

 - Que engraçado Tyler. – disse sarcástica revirando os olhos e mirando distraidamente a janela que dava vista para um belo céu azul escuro cheio de estralas. – Não sabia que o exercito aceitava bolas como aprendizes. Tenho dó do cavalo que vai ter que te carregar, não vai durar nem dois dias.

 - Olha como fala sua pirralha! – esbravejou ele apontando o enorme e grosso dedo para minha cara. Falando serio não sei como Shenon gosta desse cara. Não falei? Ela só quer entrar para a escola do exercito por causa dele, é uma pequena paixonite dela que apenas o tapado aqui não consegue perceber. – Se eu fosse você tomava cuidado com o que dizia se não vai acabar se metendo em encrenca.

 - Nossa que medo! – exclamei irônica. Adorava irritá-lo, a melhor coisa que tinha para fazer nesse lugar monótono era ver a cara de Tyler ficar vermelha de raiva. – E o que vai faze? Comer até eu dizer que chega? HAHAHA!

 - Agora já chega sua pivete de rua desnutrida. – falou se levantando da mesa no mesmo instante que dava um forte tapa na mesma. Eu apenas o mirei com um ligeiro sorriso no rosto, segurando a vontade de rir a gargalhadas bem na cara dele. Podia sentir o olhar penetrante de Shenon encima de mim, sabia que ela não gostava que eu implicasse com Tyler, mas era irresistível.

 - Nossa Tyler, você conseguiu falar a palavra desnutrida! Que avanço! – falei irônica novamente quase deixando as risadas saírem quando vi o quão vermelho ficou a cara dele. – Vejo que esta prestando atenção nas aulas! Assim você poderá saber escrever antes que complete seus cinqüenta anos!

 Não tinha preço isso. Tyler ficou com a cara roxa de tanta raiva e logo depois de alguns segundos pulou para cima de mim, eu apenas levei uma mão até a parte de trás da cadeira, no encostos das costas e me impulsionei para trás fazendo com que ele abraçasse a cadeira enquanto eu escapulia pela janela pulando no galho de uma árvore e logo em outro me afastando lentamente da janela que agora Tyler se posicionava mirando toda a escuridão, sem saber onde eu estava. Adorava essa minha habilidade de camuflar no escuro, sempre me ajudava quando precisava me esconder ou fugir de alguma coisa.

 - Da próxima vez eu te pego sua tampinha miserável! – gritou para logo voltar a entrar. Eu ri e continuei subindo a arvores que eu estava, indo cada vez mais e mais alto querendo atingir o galho mais elevado dessa enorme arvore.

 Sentei-me no mesmo de uma maneira cômoda e dirige meu olhar as estrelas que brilhavam docemente no céu sem ter a lua para sobrepor a seu brilho. Não se é por que meu nome significa estrala que eu gosto delas ou se é por que me identifico muito com esses pequenos pontos brilhantes. Não vai achando que eu sou louca não, é que as estrelas tem sempre seu brilho tampado pela luz da lua, não permitindo que ninguém veja o quão belas elas são e eu me sinto assim. Sinto que uma lua está me tampando, me fazendo ficar na penumbra enquanto ela ganha toda a atenção. Talvez seja só impressão minha, talvez seja só a faze que estou passando, mas realmente me sinto bem em noites sem luar onde posso ver as estrelas.

 De repente uma pequena gata negra se colocou no meu colo se acomodando no mesmo e me mirando com aqueles enormes olhos prateados. Essa era minha única amiga de verdade, Estrela Cadente. Um nome estranho para uma gata, eu sei, mas não podia combinar mais, não só pela cor dos olhos como também por causa de sua velocidade e do dia que eu a conheci. O que esse último tem haver? Bom, é simples. Uma noite eu estava distraída vendo o céu quando uma estrela cadente apareceu cortando o céu, e eu rapidamente desejei que pudesse ter alguém para compartilhar aqueles momentos, foi quando de repente ouvi um miado de socorro e fui rápido ver o que era. Era Estrala Candente que tinha sido encurralada por dois cachorros e não tinha como fugir. Foi quando eu pulei por cima dos cachorros a peguei e subi no muro que tinha atrás de nós fugindo dos cachorros que avançaram no mesmo instante. Desde então somos amigas inseparáveis. Ela pode ser uma gata selvagem, mas sempre vem me visitar e participar de minhas aventuras.

 Ela trazia na boca um pequeno saco cheio de nozes e alguns cascalhos que usaríamos para tacar nos guardas que vigiavam lá em baixo na frente do castelo onde o Barão ficava. Eles estavam no fim de seu turno e quase dormiam em pé, era muito engraçado ver como saltavam de susto quando um cascalho caia em suas cabeças e logo depois voltavam aos seus postos normais só para poucos minutos depois quase voltarem a dormir e eu tacar mais um cascalho em suas cabeças. Muito engraçado.

Acariciei a cabeça da pequena e peguei o saquinho que ela sempre escondia quando ia embora. Rapidamente tirei um pequeno cascalho e taquei certeiramente na cabeça de um dos guardas que deu um salto por causa do susto e olhou para todos os lados. Ah, mas isso era muito engraçado mesmo! Logo o guarda voltou ao normal relaxando um pouco e dando algumas voltas pela área onde tinha que vigiar. Concentrei-me em outro guarda, o que estava vigiando o muro seria um bom alvo. Estrela cadente pegou uma pequena noz com seu rabo meio peludo e tacou o pequeno objeto com força na direção do guarda, acertando-o certeiro na cabeça, o fazendo acordar e quase cair do muro.

- Que cauda forte! – disse mirando a distancia que ela havia tacado. Assobiei ao notar que era realmente grande e que minha pequena gatinha realmente tinha força na cauda. Acariciei sua cabeça mais uma vez. – Essa é minha pequena!

 Estrela Cadente miou alegre e logo voltamos a nossa brincadeira. Depois de rimos da reação de uns vinte guardas paramos um pouco e ficamos apenas observando as estralas. Estrela Cadente deitada confortavelmente no meu colo e eu com os dois braços atrás da cabeça bem escorada na arvore. Amanhã seria o grande dia e eu me sentia inquieta com isso, o leve momento que tive de diversão com Estrela Cadente não foi o suficiente para me fazer esquecer esse problema. E se ninguém me quisesse? O que era bem provável. E se eu fosse mandada para o campo para fazer trabalhos manuais desde manhã até a noite? Meu deus eu ia pirar!

 - Ai Estrela Cadente, só de pensar que poderei perder a oportunidade de realizar meu sonho já sinto meu corpo todo tremer. – disse acariciando as costas da pequena gata negra que miou em resposta. – Você tem razão. Não posso desistir ainda! Vai que eu dou sorte e eles realmente me chamam para ser uma guerreira? Finalmente poderei seguir os passos de meus pais e mostrar a todos o valor que tenho! Nada mais de se esconder! Nada mais de ser um zero a esquerda! Finalmente todos verão do que sou capaz!

 No mesmo momento que terminei de falar as luzes do castelo e da área dos Acolhidos foram apagadas e os guardas trocaram de turno. Era tarde, bem tarde. Depois de muito tempo me sentando nessas arvores e observando os guardas percebi o horário que cada coisa acontecia, sabia agora todos os momentos de troca, cada soldado que ficava em um turno, que horário as luzes apagavam, quando cada coisinha acontecia. Sabia até mesmo o horário que o Barão Strong dormia. Era incrível!

 - É melhor ir dormir se não amanhã não conseguirei nem levantar. – falei carregando a pequena gata em meus braços e ficando em pé no galho. – Quer dormir no meu quarto hoje? Já tenho um cantinho preparado só para você.

 Estrela Cadente miou alegre e se acomodou melhor em meus braços. Rapidamente sai pulando de galho em galho procurando manter o equilíbrio em cada salto para não cair. Em poucos estantes estava dentro do quarto, já que havia passado pela janela que estava aberta ninguém notara que havia entrado o que era uma sorte já que Shenon quando acordada antes do seu horário costumeiro ficava uma fera. Cruzes! Dava arrepios até de pensar.

 Cuidadosamente deixei Estrela Cadente em um amontoado de almofadas que tinha deixado no chão e logo me deitei na minha cama, puxando as cobertas para cima de mim de uma maneira que não sentisse frio com o forte vento gelado que passara a soprar do lado de fora. Não estava com sono, mas a partir do momento que comecei a fechar os olhos uma imensa onde de sono me bateu e eu rapidamente dormi aconchegada naquela pequena cama que era reservada para mim, em um quarto que dividia com Shanon e Carol.

 No dia seguinte acordei mais nervosa do que estava no dia anterior. Eu e os outros nos arrumamos rapidamente para ir a sala do Barão e assim sermos escolhidos para um dos vários cantos do castelo. Estrela Cadente teve que vir comigo de tão nervosa que estava e devo dizer que a presença dela me fez mais que bem. Como ela veio no meu ombro, muitas vezes quando eu começava a me desesperar ela passava a cauda pelo meu nariz e me fazia rir levemente, me distraindo e me alegrando para ficar mais tranqüila na hora da escolha.

 Chegamos na sala do Barão, um enorme escritório onde ele revisava os documentos necessários para a manutenção de todo o castelo. Era muito trabalho, só os papeis que podia ver na mesa já me pareciam mais chatos que ficar sem fazer nada. De repente um homem magrelo, de pele branca como o papel, os olhos castanhos meio avermelhados, o cabelo chapado na cabeça de um castanho meio dourado, era alto devia ter lá para seus um metro e oitenta e cinco e tinha uma cara de idiota coitado, principalmente usando esses óculos fundo de garrafa que pareciam ser maiores que seu rosto. Aparentava ter seus trinta e poucos anos e a meu ver era novato aqui.

 Eu e Estrela Cadente rimos levemente da aparência do pobre coitado, principalmente com as roupas que vestia. Era uma camisa de seda larga verde, com uma calça negra também de seda e que deixava ver de tão justa que era suas pernas franzinas, e uma bota negra de couro que parecia ser maior que seu pé. Ele nos olhou com uma cara de poucos amigos enquanto nós tentamos segurar o riso. E quando digo “nós” quero dizer eu e Estrela Cadente, os outros estavam como cadentes parados em posição de sentido um do lado do outro em ordem de tamanho.

 - E o que uma bola de pelo como essa está fazendo aqui? – perguntou com tom arrogante apontando para Estrela Cadente que estava no meu ombro e sibilou para ele de maneira ameaçadora. – Pelo que eu saiba só temos crianças humanas, e não animais pulguentos e sujos.

 - Ela é minha amiga e não é pulguenta nem suja! – disse desafiante mirando diretamente nos olhos dele e cruzando os braços na frente do corpo. – Ela está aqui para me dar apoio, e não me importa o que você acha eu também pensava que eles não aceitavam varetas para ajudar o Barão.

 - Ora que insolência! – exclamou o homem. Eu não deixei minha pose, permanece como estava encarando-o diretamente nos olhos, mostrando que um palito como ele não poderia me intimidar. – Devia aprender seu lugar garota! Como pensa entrar em alguma parte do castelo com atitudes como essas?

 - Se eles aceitaram um cara como você duvido que eu tenha menos chances. – falei sorrindo levemente, da maneira sarcástica que costumava fazer. O homem soltou um leve “hun” e logo depois virou a cara como se fosse uma menininha mimada. Ai, ai, é cada um que me aparece...

 No mesmo instante em que o homem vareta ia dizer mais alguma coisa o Barão entrou na sala fazendo com que o vareta se calasse e fizesse uma continência para o Sr. Strong, coisa que meus colegas também fizeram enquanto eu apenas sorriam e me colocava ereta mostrando respeito. Não sou dessas coisas exageradas, na verdade odeio isso, prefiro um simples cumprimento e pronto, mostrei que a pessoa é importante! Não era bem mais fácil assim?

 - E quem é esse gato em seu ombro Star? – perguntou Strong mirando com interesse Estrela cadente. Era isso que eu gostava no Barão Strong, ele era educado, falava de igual para igual com as pessoas não como o homem-vareta aqui que vem com paus e pedras para cima de você. Claro que o Barão teria mais educação, ele já era um homem de idade, com mais ou menos cinqüenta anos, os cabelos negros já começavam a ter mechas brancas, os olhos também negros agora tinham algumas olheiras envolta e rugas com o brilho meio opaco, sua pele já começara a se enrugar apesar de continuar com um moreno bonito e reluzente.

- Ela é minha amiga, senhor. – falei sorrindo para ele enquanto Estrala Cadente miava alegra e se inclinava ligeiramente para frente como se estivesse fazendo uma pequena reverencia, o que fez o Barão sorrir. – Ela veio para me dar confiança, afinal estava muito nervosa com toda essa idéia de se mandada para algum lugar do castelo que não combine comigo.

 - Entendo. Ora, se for assim ela é bem vinda! – disse o Barão sorrindo para nós duas que retribuímos o sorriso. Não sei por que ele tinha tanto apresso por mim, já que era ele que normalmente não me ignorava e conseguia descobrir onde eu estava escondida, não sei se é porque foi ele que me acolhera quando eu ainda era um bebê e não seus empregados como era o de costume ou se era por que eu conseguia rir das piadas que ele fazia e não me manter seria e levar tudo no profissional.

 Era engraçado por que lembro de uma vez quando era bem pequena, devia ter uns três anos só quando fiquei com muita raiva de uma coisa que Shenon tinha dito e sai do castelo chorando me escondendo logo em seguida atrás de algumas árvores que tinha em volta do castelo. Lembro que ninguém percebeu minha falta e se percebeu não fez nada para me procurar apenas riram do meu sofrimento por causa do que Shenon havia dito. Foi só depois que anoiteceu que eu estava com frio e com fome que o Barão me encontrou e me levou até sua sala onde me deu comida quente e gostosa para eu comer enquanto fazia algumas piadas que quase me matavam de tanto rir. Ele era um senhor bondoso e eu o respeitava por isso.

 - Duas caras. – sussurrou o homem-vareta me fazendo olhar para ele com raiva. Estrela Cadente sibilou para ele com força o fazendo se afastar um pouco de nós duas. – Senhor, por que temos que permitir que uma criatura pulguenta como essa fique aqui? Não sabemos nem por onde essa coisa passou.

 - Também não sabemos por onde você passou e mesmo assim eles te deixam vir para cá não brinquedo de cachorro? – falei mirando mortalmente o homem-vareta que já tinha aberto a boca para me responder quando o Barão interrompeu com sua voz grave e poderosa.  

 - Você não esta aqui para discutir ou julgar Alfredo, você esta aqui para trabalhar. Então comece a fazer seu trabalho e chame os instrutores. – falou o Barão fazendo o homem-vareta ficar calado e assentir para logo ir até a porta que o Barão tinha entrado e chamar os instrutores que não eram nada mais nada menos que o melhor do exercito do feudo que havia sido encarregado da escola do exercito, a escriba do castelo, muito chata se me permitem e o cozinheiro, bem gordo (por favor, que ele não leia isso).

 O guerreiro era um homem de seus cinqüenta e cinco anos, com os cabelos castanhos bagunçados e desorganizados, provavelmente mal cuidados também, que já começavam a ter seus fios brancos. O corpo musculoso, e coloca musculoso nisso, a pele morena queimada de sol, os olhos castanhos reluzentes que tinham também olheiras e rugas envolta, era alto quase o dobro do meu tamanho para vocês terem uma idéia, acho até que ele conseguia me carregar com uma mão sem problema algum (cruzes). Usava as típicas roupas do exercito que seriam apenas calças grandes e grossas negras, uma blusa verde sem mangas também grossa e botas de couro do tamanho da minha perna no caso dele. A escriba, secretaria, ratazana, ou o que como quiser chamá-la, por que se não vou ficar o dia inteiro falando os apelidos que dei para ela e não vamos render em nada nessa historia, é magricela feito uma vareta, eu acho que é até mais que homem-vareta aqui. Tinha os cabelos castanhos e por mais que ela pareça uma bruxa velha ela tinha inacreditavelmente trinta e poucos anos, o rosto totalmente esticado como se tivesse sido puxado por alguma coisa, enquanto o nariz era do tamanho de um... Sei lá! Era muito pontudo mesmo. A pele pálida, os olhos negros que observavam tudo (medo), os cabelos castanhos sempre puxados em um coque alto. Usava um vestido negro que chegava até seu tornozelo e que delineava mais seu corpo fino e magricelo (credo). O chefe, como gostava de ser chamado era um homem bem gordo, apelidado por mim de homem balão, mas não falem isso para ele se não verão o que é um caldeirão desde dentro. Tinha a pele branca, sendo que nas maçãs do rosto eram coradas de um rosa mais forte, os olhos pequenos eram verdes, os cabelos sempre tampados pelo chapéu de cozinheiro eram loiros encaracolados e curtos. Ele usava a típica roupa branca com um avental também branco que ficava muito pequeno com sua enorme barriga. Meu deus que ele não leia de jeito nenhum isso.

 Agora que já apresentei a todos vamos voltar ao que interessa, essa maldita escolha que esta me matando por dentro. O negocio era o seguinte. Toda vez que um acolhido completava seus dezesseis anos ele podia escolher em que queria entrar, mas ele só podia fazer parte dessa divisão se o instrutor encarregado, chefe de tudo lhe aceitasse, o problema era que não sou a pessoa mais querida do lugar.

 - Aqui estão os chefes. Agora se apresente a frente o acolhido Tyler. – Ah! Mas nem sei da onde tirei forças para segurar o ataque de risos quando vi Tyler se aproximar lentamente. Onde estava aquele valentão que encarava tudo se gabando do seu tamanho e de seus músculos? No final das contas ele era apenas um covarde.

 - Diga meu filho, a onde quer entrar? – perguntou o Barão mirando carinhosamente o garoto que apenas se encolheu um pouco e engoliu em seco. Da onde eu tirava forças para não rir eu não sabia!!

 - Exercito, senhor. – disse ele baixinho, com voz insegura e quebradiça. O barão mirou o responsável pelo exercito que o mirou atentamente. Analisou a Tyler de cima a baixo deixando o garoto ainda mais nervoso, quase tremendo nas bases. Acho até que estava começando a ter dó do garoto. Começando.

 - Ele tem o perfil exato do exercito, senhor. Acho que pode ser útil. – disse o encarregado, coisa que o barão apenas assentiu e voltou a mirar o garoto com um sorriso no rosto, levando uma mão a seu ombro.

 - Bom garoto, esteja pronto as cinco da manhã em ponto. Leve suas coisas para os dormitórios e esteja preparado para acordar sempre sedo. – disse o Barão. Tyler assentiu levemente e voltou para seu lugar abrindo espaço para que passasse Shenon que teve mais confiança, se colocando de cabeça erguida na frente da mesa do barão e dizendo com firmeza.

 - Exercito, senhor. – disse e todos ergueram uma sobrancelha. Não era costumeiro uma garota se alistar para esse tipo de coisa. Normalmente era mais escriba ou cozinha, se bobear até empregadas do castelo. O Barão olhou para o encarregado que tinha uma pontada de dificuldade na cara. Ele mirava Shenon com muita atenção, analisando cada detalhe e vendo se podia mesmo usá-la.

 - Só uma pergunta garota, por que quer entrar para o exercito? – perguntou o encarregado que a mirava com interesse. Shenon engoliu em seco e respirou fundo, tentando dar a melhor impressão que podia.

- Quero mostrar que nós, mulheres, somos capazes de fazer as coisas que os homens também fazem. Me sinto bem e segura quando estou segurando a espada e acho que tenho talento com uma. E pelo que eu saiba coragem e determinação são os requisitos básicos para entrar. – falou com a voz firme, sem nenhum deslize. Gostava dela por causa disso, por mais que não admitisse. Ela tinha esse jeito determinado que eu admirava e sei que ela é uma ótima amiga, só não somos ainda por que não temos contatos e os boatos sobre mim não ajudam.

 O barão olhou para o encarregado com um ligeiro sorriso e o mesmo assentiu indicando que ela estava dentro. Quem me dera ter essa sorte. Falando serio estava começando a me sentir mais confiante, e quem sabe eu consiga? Nunca se sabe!

 O próximo foi Mike, que se aproximou com timidez e disse tão baixinho o nome da divisão que quase ninguém ouviu. Ele respirou fundo e falou mais alto gaguejando um pouco. A ratazana, bruxa de olhos esbugalhados, olhou bem para ele e rapidamente assentiu dizendo firmemente que poderia cuidar desse problema da gagueira. Logo depois foi Carol que não demorou muito a convencer o senhor barrigudo que era a indicada para sua cozinha. E finalmente chegou minha vez. Respirei fundo e me aproximei da mesa do barão olhando diretamente para seus olhos que transmitiam confiança.

 - Exercito. – falei com voz firme. As pernas bambas, as mãos suando, o nervosismo voltando a me dominar. O Barão me mirou com um pouco de pena e logo depois mirou o encarregado que negou com a cabeça levemente.

 - Ela é muito pequena e magricela para entrar. Não tenho nada contra mulheres tanto que aceitei a outra, mas ela não tem o perfil que queremos. – falou e eu respirei fundo segurando as lagrimas que queria escapar de meus olhos.

  - Posso ser magra, mas tenho outras qualidades. – falei com firmeza. Estrela Cadente roçava seu rosto com meu pescoço me dando confiança, como se falasse “mostre a eles que você pode” – Sou ágil, veloz, consigo escalar muito bem e...

 - É indisciplinada, sem educação e sem correção. – falou a senhorita ratazana me mirando com os olhos cheios de acusação. – Sinceramente senhor, não sei por que ainda a mantêm aqui. Não passa de um estorvo para todos e suas brincadeiras chegam ao ponto de atrapalhar nossos trabalhos. Tendo como exemplo o dia que ela colocou ratos na sala dos escribas.

 - O dia que subiu no ultimo armário da cozinha para pegar o bolo que havíamos feito para o Barão de Monterland. – falou o cozinheiro, todos estavam a meu contra. A mas como eu me odeio! O pior que precisava fazer travessuras para continuar nesse mundo, mesmo que no momento começasse a pensar que já não tivesse valido tanto a pena ficar desse lado.

 Não disse nada. Eles falavam a verdade, não podia dar desculpas, era inútil. Tudo o que podia fazer era ficar de cabeça erguida retendo as lágrimas que teimavam em querer cair. Queria que apenas uma vez alguém visse as habilidades e pudesse me dar uma chance, uma chance. Era a única coisa que queria. Uma chance.

 De repente um homem meio baixinho, acho que devia ter apenas um metro e sessenta e cinco, apareceu atrás do Barão. Ele usava uma capa prateada com manchas verdes, bem estranha e que parecia se camuflar com a escuridão do lugar com muita facilidade, uma blusa a meu ver de mangas cumpridas e verdes de algodão, uma calça negra e uma bota de couro também negra. Ele parecia ter a pele clara e pelo cabelo negro com pequenas mechas brancas eu daria uns quarenta e nove ou quarenta e oito anos para ele, contando com as rugas que parecia ter no rosto. Perto do Barão ele era apenas um homem pequeno e até mesmo magricelo, sem nada de mais.

 - Senhor. – falou ele fazendo a maioria saltar de susto, exceto eu e o Barão que parecíamos ter sido os únicos a notar a presença do homem antes. Ele entregou um pequeno papel dobrado para o Barão que o desdobrou e o mirou com curiosidade o conteúdo do papel e depois para mim, só para voltar a mirar o papel.

 - Tem certeza Hunter? – perguntou, o homem assentiu levemente. O Barão ainda ficou um tempo pensando até que se virou para todos e fez um pequeno sinal com a mão. – Podem ir. Star, veremos o que faremos com você amanhã.

 Eu apenas assenti e sai junto com os outros enquanto Estrela Cadente pulava de meu ombro e andava junto comigo enquanto miava tentando chamar minha atenção, mas eu não conseguira ver nada alem do pequeno papel que ainda se mantinha na mão do barão. O que era aquilo afinal? O que tinha nele? Será que era algo sobre mim? Sobre o meu passado? Sobre quem eu era? Falava sobre meus pais? O que tinha naquele papel?! Estava decidido, essa noite iria descobrir o que era. Entraria nesse escritório e veria do que se tratava, nem pensar eu ia para o campo sem saber alguma coisa sobre mim! Só por cima do meu cadáver faria uma coisa dessas!

 Quando estava saindo do escritório pude sentir uma pequena mirada sobre mim. Era intensa e me analisava completamente, como se quisesse comprovar algo. Olhei para trás só para me encontrar com dois olhos castanhos escuros me mirando atentamente de uma maneira seria e um tanto esperançosa. Aquele homem era uma caixinha de mistérios, não sabia o que ele tinha, mas uma coisa tinha certeza, esses mistérios não iam ficar ocultos por muito tempo. Eu mesmo cuidaria para que pelo menos um deles fosse revelado. Se ele sabia alguma coisa sobre mim eu vou querer saber.  


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Notas finais do capítulo

Nem ficou tão grande ¬¬. Estranho no Word ele parecia maior... A mas tudo bem. O proximo pode ser menor ainda mas o quarto (contando os caps com o prologo) vai ser provavelmente enorme por que é a parte do treino e onde aparecem caras novas. Gostaram das minhas descrições? Essa sim sabe dar apelidos xDDD. Como sempre vem eu com minha fraze: espero que estejam gostando e blábláblá... Mandei os reviews
Bjsss



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