Sombras sobre Sinéad escrita por Dani


Capítulo 27
Tempo


Notas iniciais do capítulo

Último capítulo! *---*
Primeiramente, gostaria de agradecer a todos os leitores, pois me apoiaram até o fim desta longa estrada e não me fizeram desanimar de escrever esta história, que, particularmente, marcou-me bastante. Muito obrigada a todos os queridos leitores, saibam que graças a vocês pude concluir o meu trabalho.
Bem, este último capítulo ficou gigante, espero que tenham paciência ao lê-lo. Perdão, acabei empolgando-me e escrevendo demais, mas eu não queria fazer um final clichê, nem sei se ficou ou não clichê.
Enfim, espero que gostem, caros leitores. Este capítulo é dedicado a todos vocês. Muito obrigada mesmo, de coração!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/138977/chapter/27

A situação não estava propícia a mim. Correntes prendiam-me a uma coluna de pedra negra, minha mão possuía um grande corte o qual ainda sofria com a dor (tudo bem, esse fora culpa minha) e chamei meu irmão a uma armadilha decerto. Meu corpo apresentava-se em péssimas condições, pois se encontrava pressionado. Balthor certificou-se se tudo no local estava em ordem e preparado para o início do ritual. Ele retirou um celular do bolso e fez uma ligação. Permaneceu em silêncio e esperando durante alguns minutos até Dorah, juntamente com alguns dos partidários, aproximar-se. Ela trazia consigo a máscara de madeira escura e entregou-a as mãos de meu captor no instante em que ela encontrava-se suficientemente próxima a ele para concluir a ação.

Os seguidores posicionaram-se ao redor do pedestal, enquanto Balthor estacionou diante do grimório, escondeu sua face atrás da máscara e começou a folheá-lo. Parou em alguma página específica e começou a ler em uma linguagem aparentemente antiga, da qual eu fui incapaz de identificar. Sua voz ecoava, gravemente, pelo ambiente juntamente com um estranho vento cortante o qual se fez presente assim que as primeiras palavras foram proferidas. As chamas dançantes aumentavam e diminuíam a intensidade a cada instante e as túnicas dos partidários e de Balthor, o vestido e as longas madeixas de Dorah e Meredith, os fios negros de meu cabelo ondulavam a corrente de ar.

Na medida em que o ritual prosseguia, mais tenebroso o aspecto do ambiente tornava-se. Eu precisava agir, caso contrário, aquele seria meu triste fim. Tentei debater-me em minha prisão, em uma inútil tentativa de escapar daquela loucura. Mas o que eu poderia fazer? Meu plano de convencê-los a não continuarem com essa insanidade falhara, no entanto, eu ainda tinha tempo, não desistirei e não perderei o que possuía. Necessitava lutar por minha liberdade.

Observei Dorah, a qual se encontrava próxima a mim, ela parecia analisar o desenrolar do ritual com muita cautela. Tentei chamá-la com um fio de voz de modo que nenhuma outra pessoa presente escutasse. Seus olhos cinzentos tal como a tempestade encararam-me por um momento.

- Dorah, você tem certeza que deseja continuar com esta loucura? – perguntei, ainda aos sussurros.

- Você continua tentando convencer-me, não desiste mesmo após tanto falhar?

- Eu não vou desistir enquanto o sangue correr em minhas veias. – Fiz uma pausa. – Eu ainda não quero morrer, não acho correto o fato de Balthor decidir a vida das pessoas já alegando que nosso destino está condenado. Ele não sabe, ele não é capaz de prever o futuro, não possui esse conhecimento. Ele não tentou outro caminho por medo das dificuldades, por isso, preferiu percorrer de modo mais fácil, recorreu à violência. Mas ele não sabe nada a respeito do futuro, aliás, o futuro não existe! – Minha voz soou como a de um maníaco desesperado, quase a gargalhar. – Ele não pode alegar que isso ocorrerá com certeza futuramente!

- Balthor tentou, sim! – rebateu Dorah. – Ele tentou, mas o que ele conseguiu? Colheu apenas sofrimento, dor e solidão. Basta disso! Eu também estou cansada desta terrível herança, uma maldição!

- Nós sofremos, sim, sofremos muito mais quando tentamos o caminho mais árduo, no entanto, os frutos colhidos são sempre mais saborosos quando alcançamos o fim. Não tenha medo de tentar, Dorah...

- Eu já tentei demais. Todas as minhas forças exauriram-se durante esse longo percurso. Eu quero descanso e paz. Estou cansada, por favor, não desejo mais escutar.

Imaginei que eu deveria insistir mais, pois Dorah parecia ser a única que sempre apresentava uma expressão de dúvida estampada em sua face quando escutava meu argumento. Minha meio-irmã seria a única capaz de ajudar-me a sair daquele local tenebroso.

- Por favor, Dorah, eu não quero morrer... – Meu corpo estremeceu enquanto minha voz soava abarrotada de desespero. – Violência não é a resposta!

- Eu também não quero morrer, ninguém quer, mas é necessário. Somos como manchas na terra, as quais devem ser eliminadas.

Balthor, ao centro do ambiente, fez um sinal para Dorah aproximar-se. A garota não se fez de rogada, em questão de instantes, ela já estava próxima a ele. Meu captor sussurrou algumas palavras, das quais eu não fui capaz de compreender e, logo após terminar, Dorah deixou o local, enquanto Balthor caminhou até mim com um sorriso irônico esboçado em seus lábios finos.

- Está apreciando o ritual? – perguntou ele com o sorriso irônico ainda presente em sua expressão.

- Vá ao inferno juntamente com esse maldito ritual! – bradei furioso.

- Ah, eu irei, mas farei questão de carregá-lo comigo. Não seja tão apressado, o ritual precisa chegar ao seu fim para prosseguirmos com nossa tão esperada viagem. Além disso, esta é a cerimônia da qual você desejava cumprir, no entanto, eu estou complementando-a. Você não queria matar todos os filhos de Yasuo, eu quero.

- Você é louco, desvairado!

Balthor gargalhou.

- Você não está longe disso... – Ele fez uma pausa. – Estou cada vez mais próximo de juntar-me àqueles que a vida tirou de mim.

- Você deveria honrar aqueles que já foram, não com mais mortes. Continuo dizendo que violência não é a resposta. Tenho certeza que sua namorada, Meredith, está a chorar ao vê-lo cometer tantas atrocidades, assassinatos, torturas et cetera. Ao ver o louco do qual você se tornou, porque tenho certeza que não era assim.

- Fique quieto! – Balthor acertou-me com um forte soco em meu rosto, fazendo-me sentir o gosto de sangue e um filete escorreu por minha boca. – Você não sabe de nada do que está falando! Meredith está orgulhosa com o bem maior que estou a cumprir.

Balthor assumiu uma expressão pensativa, mas esta logo foi quebrada com a chegada de vários seguidores de Yasuo. Eles pareciam inquietos e abriram bruscamente os grandiosos portões vermelhos e não os fecharam quando adentraram no recinto. Os partidários correram até meu captor e comentaram com vozes desesperadas e ecoantes:

- Dorah desapareceu!

- O quê? – bradou Balthor. – Como assim?

- Ela estava andando conosco, mas, de repente, desapareceu... E... – Entretanto o homem interrompeu sua fala quando começamos a escutar ruídos ecoantes de passos vindos do corredor.

Todos permaneceram em silêncio, enquanto escutavam o ruído de passos, o qual se intensificava cada vez mais que se aproximava. Em certo momento, uma gargalhada de característica lunática, familiar e sonora invadiu nossos ouvidos. As chamas não paravam de apagar e acender (eu já poderia identificar o causador de tais fenômenos).

- Fique quieto, Jan! – Escutei a voz de Raj bradar.

Meu irmão atendera meu chamado, mas aquilo era uma faca de dois gumes, pois Balthor desejava a presença de Raj e Jan naquele local, no entanto, eles poderiam ajudar-me a escapar. Em questão de instantes, meus irmãos, os falsos seguidores e Julia adentraram no salão. Raj trazia Dorah com uma de suas mãos pressionadas sobre a boca da moça, e na outra ele transportava um revólver apontado para a cabeça dela. Jan segurava o gato dourado, o animal debatia-se freneticamente na tentativa de escapar, entretanto o lunático estava com os braços firmes. Seus olhos estavam radiantes e seus lábios pareciam murmurar: “Gatinho bonito”. Raj observou atentamente o ambiente antes de dizer:

- Olá meus “caros amigos” aqui reunidos. Venho-lhes fazer uma proposta. – Sua voz poderosa ecoou pelo ambiente. – Quero fazer uma troca de reféns: A garota por Jimmy.

- E eu quero os olhos amarelos de meu irmão, o gato preto e branco! – completou Jan. – Se possível, este gato dourado também, porque o pêlo dele é tão macio!

- Proposta negada – disse Balthor tranquilamente. – Eu vou recuperar Dorah sem perder o Jimmy. Além disso, eu quero que você solte meu gato. Vocês não estão em posição de negociar.

- Se tentar aproximar-se, eu estouro os miolos da garota – ameaçou Raj. – Liberte o Jim e nada disso irá acontecer.

Balthor não respondeu, apenas permaneceu observando meu irmão, tranquilo e atentamente. Não sei se a proposta de Raj irá apresentar resultados satisfatórios, afinal, estávamos completamente em desvantagem numérica. Meu captor possuía muitos aliados seguidores de Yasuo ao seu lado, no entanto, esses partidários estavam sendo enganados. O ritual não tinha o intuito de ressuscitar o deus do caos, mas de destruí-lo, para que ele nunca tenha a chance de retornar das profundezas mais obscuras. Eu poderia utilizar tal informação a meu favor. No passado, não o fiz por medo de Balthor assassinar dona Marisa e Amber, entretanto, neste momento, poderia ser minha única alternativa. Como sou filho do caos, está na hora de causá-lo.

- Balthor está enganando todos vocês, seguidores de Yasuo. Ele não pretende ressuscitar Yasuo, quer matá-lo. Vocês não pararam para pensar em tal possibilidade? Nunca duvidaram de meu meio-irmão? Pois está na hora!

Percebi que minha fala resultou no sentimento de dúvida, pois o silêncio quebrou-se, gerando murmúrios paralelos vindos dos seguidores. Desse modo, prossegui em favor de minha teoria conspiratória, falando mais frases de efeito. Os olhos de Balthor estavam carregados de fúria devido ao que ocorreu e tentou recompor seu domínio perante aos seguidores.

- Ele está mentindo! – retrucou. – Quer jogá-los contra mim!

- Se Balthor está falando a verdade – prossegui -, ele deveria deixá-los analisar em que consiste este ritual. Afinal, se ele está certo, ele não possui nada a temer.

Avistei os seguidores atravessarem o salão com o intuito de alcançarem o pedestal, no qual o livro estava depositado. Balthor persistia em convencê-los do contrário, mas não possuía nenhum argumento forte o bastante para quebrar o utilizado por mim. Desse modo, ele também tentou avançar até o grimório, aos tropeços causados pelo próprio desespero, sentimento o qual o dominava na medida em que os seguidores aproximavam-se da verdade. O partidário mais próximo conseguiu alcançar o vasto volume com maior facilidade e destinou um tempo para analisá-lo atentamente. Leu em voz alta algumas frases em uma linguagem antiga da qual eu não fui capaz de identificar e decifrar seu sentido. Percebi que à medida que o seguidor proferia as palavras, gradativamente os murmúrios aumentavam sua intensidade.

Fitei Raj por um momento, esperando que ele viesse libertar-me de minha prisão de correntes, no entanto, percebi que ele estava sendo muito bem vigiado por outros seguidores tal como meus outros aliados. Por sua expressão, eu conseguia visualizar uma tentativa de aproximar-se e tirar-me dali.

Por um momento, o seguidor cessou a leitura. Neste instante, o caos fez-se presente em todo o ambiente. Os partidários ocuparam suas mãos com armas, enquanto bradavam enlouquecidos. Os ruídos inundaram meus ouvidos, dos quais alguns eu fui capaz de identificar. Eles perceberam que o ritual era exatamente o contrário daquele que eles desejavam.

- Ele é um impostor! – Escutei um dos seguidores bradar.

- Eu serei o novo caos!

- Vocês são loucos? Eu apoio Balthor em seu objetivo de matar Yasuo!

Com essas frases soltas, percebi que a multidão de seguidores era completamente heterogênea. Muitos disfarçaram suas reais intenções, utilizaram máscaras para alcançarem seus objetivos de matar Yasuo ou até mesmo de ocuparem o trono do deus do caos. Com tantas diferenças, criou-se um ambiente de tormenta e destruição, o combate armado envolveu aquela vastidão de pessoas ali presentes. E pensar que eu, um jovem de dezoito anos, fui o causador daquela confusão, demonstrando que realmente sou filho da tormenta. O impulso de gargalhar insanamente quase me dominou, mas morreu em minha garganta quando senti as correntes pressionaram-se fortemente contra mim, pois alguém as puxou, o que me fez sentir falta de ar. Escutei um miado muito familiar, imaginei estar delirando, no entanto, quando voltei meu rosto para trás, avistei Yuki e Amber diante de mim. Minha namorada tentava libertar-me.

- Você ficou louca? O que está fazendo aqui, Amber? – Minha voz soou quase como um grito de surpresa, mas foi abafado a tantos outros ruídos.

- Eu não fiquei louca, eu já sou louca e estou aqui para libertá-lo, ora – respondeu ela com a voz carregada de tranquilidade, inadequada ao momento. – Fui visitá-lo na casa de Raj, porém não encontrei ninguém, exceto por Yuki. Ela mostrou-me o caminho até você.

- Como ela... – Mas não prossegui com minha fala. – Enfim, este não é o momento de discutir esse assunto. Você deve fugir daqui, Bê, não é o local mais seguro do mundo, você me prometeu que não se arriscaria dessa forma.

- Bê? Que lindo! Você criou um apelido carinhoso para mim! – exclamou ela.

Senti minhas bochechas ruborizarem.

- Às vezes eu pronuncio seu nome “Ambê” ao invés de Amber, então, para resumir, chamei-a por “Bê”. Ah, pare de desviar o assunto e fuja o quanto antes!

Amber não moveu nenhum um músculo para longe de mim, permaneceu em silêncio enquanto tentava libertar-me das correntes, no entanto, eu percebia que ela fazia muito esforço inutilmente, suas forças gradativamente exauriam-se. Observei ao redor e avistei Raj, Jan, Julia e os falsos seguidores ao longe. Estavam ocupados com o combate, alguns deles feridos; o corpo de Joseph jazia baleado a um canto. Se eles estivessem aqui, poderiam ajudar minha namorada em sua árdua tarefa. A sorte de Amber era que a coluna na qual eu estava acorrentado servia como um esconderijo para seu corpo esbelto, além disso, ninguém parecia importar-se comigo, uma vez que preso eu era incapaz de participar da insanidade que se formou ao redor.

No entanto, eu estava enganado, alguém parecia notar-me em meio à loucura. Dorah aproximava-se pela lateral, ocupando sua mão direita com uma arma e mirando-a, não em minha direção, mas na de Amber. Minha namorada soltou as correntes, seu corpo estremeceu, o que demonstrava seu medo.

- Por favor, Dorah, não faça isso... – pedi com um fio de voz. – Amber não deveria estar participando desta loucura.

- Eu farei o que for preciso para que o ritual prossiga conforme o que planejamos. Você vai permanecer onde está.

- Você realmente quer que esse ritual conclua-se? Você realmente quer morrer por isso? – questionei. – Eu sei que você sempre reflete a respeito de minhas palavras, pude observar isso em sua expressão ao escutá-las. Não tenha medo de tentar algo novo, pois devemos modificar o mundo através de ideias, não impor o que desejamos através da violência.

- Não há outro caminho – Dorah limitou-se a responder.

- Se fizermos uma analogia desta situação com uma guerra, percebemos que não há muita diferença. Em uma guerra, avistamos a maior degradação humana; irmãos assassinando irmãos e o “vencedor” impondo suas vontades sobre os derrotados. Em nossa situação, nós literalmente assassinamos nossos irmãos. Balthor, declarando-se um vencedor, quer impor sua vontade sobre nós, ele não tem o direito de dizer qual é o momento de nossa morte e nem o motivo pelo qual devemos perecer. Você realmente quer isso, Dorah? Realmente quer toda essa degradação como motivo de sua morte?

- Eu não sei! – bradou ela, confusa. Seu grito fora abafado em meio a tantos outros. – Eu não sei... – Fraquejou e caiu de joelhos.

- Você sabe o que quer, Dorah, não tenha medo de prosseguir por um novo caminho. Ideias deveriam ser utilizadas para mudar o mundo e não a violência. Não devemos nos deixar ser levados pelo caminho da corrupção de nossa essência. Somos capazes, mas não devemos deixar de tentar. Não devemos deixar que o medo e a ignorância sejam armas nas mãos dos dominadores corruptos.

Após terminar minha fala, percebi que Dorah ergueu-se e aproximou-se de mim, com o revólver ainda presente em sua mão direita mirando na direção de minha namorada. No entanto, ela não fez nenhum disparo, mas utilizou seus membros superiores para arrebentar as correntes que me prendiam à coluna. Assustei-me com a força descomunal contida em uma garota tão delicada, porém percebi que aquela era a sua habilidade por ser filha de Yasuo. A felicidade inundou-me quando não senti mais a corrente pressionada contra meu corpo e quando pude mover meus braços e pernas livremente (era dono de meu corpo novamente). Apesar de encontrar-me completamente dolorido, a liberdade possui um gosto doce.

- Obrigado – agradeci.

Ela sorriu.

- Eu quem devo agradecê-lo. Agora vocês devem correr para longe desse salão.

Anuímos, mas antes de deixarmos o local, precisávamos ajudar Raj, Jan, Julia e os seguidores. Meu irmão mais velho possuía um ferimento próximo ao seu estômago e lutava com um ferro (visualizei a desagradável cena na qual ele afundou sua arma na cabeça de um dos seguidores). Os outros também estavam feridos e tentavam arduamente sobreviver em meio aquela loucura. Avistei muitos cadáveres mutilados, destroçados, os quais jaziam por toda parte. Balthor encontrava-se ao centro do ambiente, próximo ao pedestal. Seus olhos pareciam lunáticos e sem foco. Ele gargalhava sem motivos aparentes. Tentei escutar o que ele com êxito:

- Meus planos ainda se cumprirão! – Ele arrastou-se até o grimório, folheou-o e começou a recitar, em voz alta, uma espécie de feitiço em uma linguagem antiga. Estava dando continuidade ao ritual.

A voz de Balthor ecoava e superava a supremacia dos ruídos do combate. Mas todos pareciam ocupados demais com o embate para importarem-se com o filho mais velho de Yasuo, reduzido a um lunático. Percebi que o local começou a tremer, poeira e pedras caíam desabavam do teto alto. Gradativamente a destruição do salão intensificava-se.

- Suas palavras foram belas – disse Amber. – Estou orgulhosa.

Minha namorada abraçou-me e beijou-me fervorosamente.

- Sei que não é hora, mas eu precisava sentir seu gosto – continuou. – Bem, precisamos deixar este local antes que sejamos soterrados.

- Sim. – Peguei Yuki em meu colo e segurei a mão de Amber. – Vamos até Raj e os outros.

Tentamos atravessar o salão, no entanto, em meio ao caminho fui atingido por um disparo perdido, o qual me acertou de raspão. Mesmo não sendo grave, a dor penetrou meu corpo, o que dificultou minha caminhada e um filete de sangue escorreu pela ferida. Amber deu-me apoio para facilitar minha corrida. Por um momento, Yuki saltou de meus braços e começou a correr em direção ao centro do local. Tentei acompanhá-la, mas Amber impediu meus movimentos.

- Ela sabe o que está fazendo, ela retornará – afirmou minha namorada.

- Mas... – Porém Amber interrompeu minha fala tocando seus dedos levemente em meus lábios.

- Temos de prosseguir com nosso percurso até Raj e os outros.

Eu não tive escolha naquele momento além de ser guiado pelos movimentos graciosos de minha namorada. Dessa forma, tentei acompanhar minha gata através de minha observação. Para dificultar nossa travessia, um dos seguidores aproximou-se de nós com o intuito de capturar-nos, no entanto, minha namorada foi capaz de ágeis gestos, fazendo uso de uma velocidade a qual eu não sabia que a pertencia (talvez nem mesmo ela), utilizou-se da faca afiada que trazia consigo e cortou-o profundamente no rosto. A lâmina permaneceu com a mancha de sangue incrustada em sua superfície, mas Amber não pareceu importar-se. Sem mais delongas, avançamos em nosso percurso.

Conseguimos alcançar nossos aliados feridos. Raj ainda se esforçava para lutar com a barra de ferro enferrujada, Julia estava com a perna ensanguentada, mas nada muito grave e ela conseguia movimentar-se. Os olhos lunáticos de Jan carregados de tristeza, pois ele procurava pelo gato dourado. O corpo de Loren jazia com um grande buraco em seu estômago, expondo órgãos internos e algumas tripas espalhadas ao seu redor (senti náuseas quando a avistei neste triste estado). A cena de destruição não era nada agradável de visualizar-se, a maior parte dos cadáveres encontrava-se nas mesmas ou em condições piores às da falsa seguidora morta. Sangue manchava o piso e as grossas colunas. Nada disso precisava ter acontecido, eu fui o culpado. Queria sair dali o quanto antes.

- Vamos para o grande portão – disse Raj.

Todos anuíram e não fizeram de rogados para avançarem até a saída. Em nosso percurso, precisávamos escapar de pedras e colunas que vinham a desabar devido ao ritual, o qual Balthor proferia as palavras como se estas fossem parte de uma canção. Quando estávamos próximos do portal, à sua frente, uma grande pilastra desfez-se em blocos, impedindo nossa passagem.

Balthor gargalhou.

- Vocês não vão escapar deste lugar, essa será nossa tumba! – escutei a voz de meu captor soar atrás de nós, mas sua característica tranquila havia desaparecido de suas palavras proferidas. Ela apresentava-se lunática.

Quando voltamos para encará-lo, percebemos que Balthor já não se encontrava próximo ao pedestal e os seguidores cessaram seus embates e agora estavam muito próximos de meu meio-irmão mais velho, como se o apoiassem novamente. Balthor não estava com a mesma pose requintada e a tranquilidade já não predominava em sua expressão. A insanidade atingira seu auge, dominando-o completamente. Seus olhos castanhos e intensos demonstravam o controle de sua essência. Deixou-se levar quando percebera que seus planos estavam ruindo. Tudo pelo qual lutou estava estilhaçado, destroçado.

- Vocês não vão escapar! – bradou ele.

Os seguidores estavam postos com armas ocupando suas mãos, nós éramos apenas um pequeno grupo de feridos, jamais conseguiríamos vencê-los. Será aquele nosso fim após termos alcançado tão longe? No entanto, a esperança não me abandonou naquele momento e a salvação veio na forma de Dorah. A garota também estava acompanhada por muitos seguidores, como se os tivesse convencido a não prosseguirem com aquela loucura.

- Isso não vai continuar, Balthor! – bradou Dorah. – Você não está em condições de prosseguir com esses planos doentios.

- Você não manda em mim! – rebateu Balthor. – Você vai me trair, Dorah? Justo agora que estamos tão próximos? Você não acredita em um mundo melhor onde não houvesse esse caos destruidor?

- Eu acredito em um mundo melhor, mas não será dessa forma que vamos conseguir concretizar este sonho. Jim ajudou-me a ver que eu estava doente por dentro. Este caminho pelo qual seguimos durante muito tempo não nos levará a nada. Você sabe disso, Balthor, você sabe que isso só nos levará ao próprio caos, nosso grande inimigo. Cure-se, Balthor – pediu ela. – Por muito tempo minha visão ofuscara a verdade, mas agora, eu estou livre. Sei que você também é capaz de fazê-lo.

- Este mundo não possui um lugar para os filhos do caos! – Balthor gargalhou. – Morra como uma heroína, tal como eu. Ou morra como uma tola traidora. Mas você não possui outra escapatória além dessas opções.

- Então vamos conquistar nosso local! Eu não vou desistir. Estou cansada de fugir da verdade. Eu sinto pena de você, Balthor, pois seu jogo acaba aqui.

Não houve necessidade de outra troca de palavras para indicar que o embate reiniciara-se. O caos estava presente novamente naquele local, mais mortes ocorriam a cada instante, tal como o salão desabava-se em pedaços. Não possuíamos mais tempo a perder. Escutava os brados de Dorah indicando-nos para escaparmos o quando antes, mas por qual caminho? Nossa passagem havia sido bloqueada pelos destroços da pilastra. Então escutei o miado de Yuki do outro lado do salão. Minha gata indicava uma alternativa de fuga. Tivemos de prosseguir evitando o combate e os destroços, no entanto, não enfrentamos tanta dificuldade para alcançarmos a bichana. A passagem era estreita e escura, por esse motivo, fomos obrigados a fazer um esforço a mais para atravessá-la. Tivemos acesso a um corredor com uma escada no fundo.

Quando estava próximo a escada, senti uma dor em meu tornozelo. Percebi que o gato dourado utilizava seus afiados dentes como agulhas para mordê-lo. Um grito abafado formou-se em minha garganta. Judith voltou-se em minha direção com a arma em sua mão, não se fez de rogada para acertá-lo na cabeça. Quando isso aconteceu, escutei um grito estrondoso de sofrimento (parecia Balthor) percorrer todos os recintos daquele local. Confesso que também fiquei triste pelo animal, odiava presenciar aquele tipo de cena. Entretanto aquele não era o momento, caso permanecêssemos ali, poderíamos morrer soterrados. Avançamos rapidamente e, ao fim de todo o percurso, havia uma entrada. Quando a atravessei, a sensação de liberdade inundou-me.

Avistei o céu nebuloso do qual eu tanto sentia falta. Permiti que o ar limpo adentrasse minhas narinas. Os tímidos raios de sol, os quais conseguiam atravessar a cortina de nuvens e as copas das árvores, tocavam minha pele alva, aquecendo-a de maneira sutil. O vento gélido arrastava a grama e as folhas das árvores, tal como desalinhava ainda mais os fios desgrenhados de meu cabelo negro e sussurrava aos meus ouvidos canções tranquilizantes.

Percebi que estava nas ruínas do templo de Yasuo situado na floresta da cidade. A primeira vez que o vi, eu jamais teria notado que havia também salões subterrâneos, nos quais Balthor utilizou como esconderijo e um local para que ele tentasse obter sucesso em seus objetivos. Mas agora tudo estava enterrado e sem vida, provavelmente restou apenas escombros de toda aquela história. Meu captor conseguiu utilizar o ritual para selar Yasuo, no entanto, parcialmente, não como ele desejava, pois alguns filhos do caos ainda permaneciam existentes no mundo dos vivos. Parei diante do altar de mármore e jurei que o sacrifício feito por Dorah não fora em vão. Irei fazer o possível para manter Yasuo selado e os poucos filhos restantes a salvo.

A história fora enterrada ali, aquela era a tumba, porém parte dela permaneceria em nossas memórias e sussurradas ao vento. Esta era a primeira vez em que não senti estar sendo observado enquanto estava na floresta. Então, naquele momento eu era capaz de pressentir que estava na hora de acordar de toda aquela loucura.


Restavam poucos objetos para serem guardados em minha mala. Organizava o local com certa relutância. Mesmo por um curto período, esta morada de madeira situada em meio às árvores tornara-se meu segundo lar e agora era um pouco difícil ter de deixá-lo. Como se uma parte de mim ainda estivesse presa àquele lugar, revivendo todas as lembranças. Mas eu não poderia perder tanto tempo, pois estava prestes a retornar à minha vida, à minha residência e rever pessoas queridas.

Encerrei minha tarefa de depositar todos os meus objetos mala adentro, fiz com que Yuki também ocupasse um dos bolsos e permanecesse com a cabeça para fora. Rumei até a sala de entrada, onde Raj, Julia e Jan esperavam-me para a despedida. A garota fora a primeira, envolvera-me com seus braços em um apertado abraço.

- Sabe que pode visitar-nos sempre que quiser. Você é bem-vindo aqui.

- Eu agradeço muito, Ju – retribui.

Após isso, Jan veio em minha direção. O lunático observava-me, mas com os olhos fora de foco, como se estivessem enxergando algo muito além de mim que apenas ele fosse capaz de visualizar (duendes? Esse meu irmão usa drogas ou é insanidade natural?).

- Eu não moro aqui, mas também vou despedir-me de você – disse ele. – Bem, irmão, saiba que esses seus olhos são bem legais, não se esqueça de deixá-los como herança para minha coleção. – Ele gargalhou. – Até mais, gato preto e branco, quem sabe no Mundo da Lua não nos encontramos? Viajar para saber.

- Sim, um dia, quem sabe. – Respondi sem saber com certeza a respeito do que ele falava. – Até mais.

Raj aproximou-se com certa dificuldade devido ao seu ferimento, o qual ainda não se curou totalmente. Seus olhos verdes muito escuros observavam-me com o costumeiro brilho curioso.

- Finalmente terei paz e tranquilidade novamente nesta casa.

- É melhor aproveitar e festejar, mas lembre-se, com proteção – respondi.

- Ficarei com saudades – disse ele -... dos seus livros, principalmente os de arte.

- Você não pode comemorar totalmente a minha partida, tem lá seus pontos negativos.

- Você é um guerreiro, Jimmy, combateu até o fim sem deixar para trás suas concepções, mesmo nos momentos de maior fragilidade, você continuou sem desistir daquilo que acredita. Essa é a sua força, não a deixe morrer.

Anui, fitando todos diretamente nos olhos.

- Sei que palavras não são suficientes para expressar toda a minha gratidão, mas é a única forma que tenho para fazê-lo. Então, muito obrigado a todos.

Após isso, sem mais delongas, deixei a casa (aquela também não era, exatamente, uma despedida, eu continuarei a vê-los, era apenas simbólica). Lancei um último olhar à morada antes de prosseguir em meu caminho pela floresta.

O céu estava nebuloso, representando exatamente o estado de minha mente. Atravessei a entrada de Sinéad com a sensação como se eu estivesse chegando pela primeira vez. Avancei pelas avenidas da cidade observando todos os prédios, casas, lojas com olhos curiosos como se tudo fosse tão novo e, ao mesmo tempo, tão antigo para mim. Pessoas pelas quais eu passava ao lado fitavam-me com estranheza devido aos vários cartazes de “procurado” espalhados pela cidade. Algumas delas abordavam-me, no entanto, eu me limitava a responder com um sorriso estampado em meu rosto:

- Este dia sombrio está belo, não acha? Você também se sente mais livre, leve e solto?

Com essa frase, as pessoas as quais se aproximavam com a mesma velocidade com a qual vieram abordar-me afastavam-se, provavelmente pensando que sou um louco (não estavam completamente enganadas). Não demorei muito para chegar à minha morada. Permaneci um tempo a observá-la, uma casa mediana, branca e de dois andares. Um jardim florido apresentava-se antes da entrada e um lance de escadas dava acesso à porta. Observei a janela do segundo piso, a qual tinha vista para o jardim, a do meu quarto. Ela estava entreaberta e a cortina escura impedia-me de avistar mais do que isso.

Atravessei o jardim e rumei até a porta com a chave em minhas mãos. Encaixei-a na fechadura e girei-a, com os dedos trêmulos por imaginar qual seria a reação de mamãe e Lisa. O que elas estavam pensando a respeito de tudo o que aconteceu? Será que ainda era bem-vindo ali? Mesmo sabendo a resposta, a dúvida ainda palpitava em meu interior. Bem, eu não poderia permanecer ali parado refletindo sobre todas as possibilidades, precisava tirar minhas próprias conclusões.

Adentrei na casa e a primeira pessoa a qual visualizei foi Lisa, provavelmente ela viera vigiar quem estava abrindo a porta. Seus olhos refletiram surpresa, emoção, saudade e curiosidade e seus lábios foram capazes de libertar o grito mais ensurdecedor do qual eu já escutei em toda a minha vida.

- Jimmy!

Em questão de segundos, seus braços envolveram-me em um abraço apertado e caloroso, do qual eu retribui percebendo o quanto eu ansiava por aquele momento. Após isso, ela bombardeou-me com perguntas das quais eu já esperava e respondi como pôde.

- Seu maluco, você deixou mamãe louca de preocupação!

- Eu sei – respondi com desgosto. – Peço perdão por isso. Onde ela está? Preciso vê-la.

- Provavelmente ela está no teu quarto, rezando. Faz isso todos os dias desde que você desapareceu. – Minha mãe possuía religião, apesar de não frequentar templos, preferia dedicar seus momentos em casa. Eu já era muito descrente com relação às questões religiosas, por isso, não seguia nenhuma.

- Obrigado, Lisa. Preciso vê-la o quanto antes.

Subi as escadas, apressado, rumei ao meu quarto. As luzes estavam apagadas, mas podia avistar minha mãe ajoelhada perante a minha cama, com a cabeça baixa e as mãos juntas recostadas sobre sua testa. Depositei minha mala no chão, libertei Yuki e caminhei até dona Marisa.

- Mãe... – chamei-a suavemente.

- Meu menino, meu menino deixou-me. Meu menino carinhoso, lindo, inteligente e esperto. – Escutei-a dizer. – Por que meu menino teve de abandonar-me? Por quê? Eu sinto tanta dor! O que foi que eu fiz, meu Deus, para ele me deixar dessa forma? Eu só posso ter sido uma péssima mãe!

O peso da culpa de tê-la deixado sofrendo atingiu-me com a força intensa em meu interior naquele momento. Jamais quis ter feito aquilo, entretanto fora necessário quando analisava todos os perigos dos quais eu poderia ter causado a ela.

- Mãe... – voltei a chamar.

- Deus, por favor, faça com que este realmente seja meu filho e não apenas um sonho, uma ilusão – pediu ela. Seu rosto voltou-se a mim. Apesar de naquele momento as lágrimas não estavam presentes, ainda havia vestígios de choro em sua face manchada e em seus olhos vermelhos e inchados. – Meu filho...

Naquele momento, palavras não foram necessárias, muito menos proferidas, nossas expressões e gestos já transmitiam o que sentíamos. As lágrimas retornaram aos olhos de dona Marisa, mas seu significado não era de tristeza, naquele instante, representavam felicidade. Seus braços envolveram-me no abraço mais caloroso do qual eu recebera em minha vida. O amor materno penetrou-me o coração naquele momento precioso, o qual poderia durar séculos para reconfortar-me.

Mais tarde, inventei uma desculpa esfarrapada para o meu sumiço, do qual eu imaginei que minha não acreditasse, mas ela decidiu não discutir aquele assunto, para não relembrar momentos de sofrimento e tristeza, pois eles já eram passados. Prometi que jamais farei aquilo novamente e decidi não comentar mais a respeito, pois aquilo não me importava. O que importava era que eu estava vivo para viver com minha mãe e Lisa novamente.



Permaneci duas semanas de castigo em casa, só permitido sair para ir à aula. Era até uma branda punição se comparado ao tempo no qual eu estive fora. Pelo menos eu pude repor as matérias das quais eu perdera na escola e estudar para passar na faculdade de Arquitetura, principalmente Química e Física, as que eu mais possuía dificuldade. Meus livros também me ajudaram a não imergir no tédio completo. Um dia de uma das semanas, Amber fora visitar-me na saída da escola (pois ela não poderia ir à minha morada enquanto eu estivesse de castigo), mas não pudemos permanecer juntos durante muito tempo, minha mãe havia imposto até certo horário para eu retornar, caso não obedecesse, minha situação pioraria.

Meu retorno às aulas não foi muito animador, já não possuía amigos naquele local e as pessoas fitavam-me com estranheza devido ao meu sumiço. Eu ainda fazia sucesso com algumas garotas, no entanto, eu não aproveitava aquele fato, eu não queria aproveitar, pois elas são patricinhas, mesmo que gostosas, são insuportáveis. Além disso, eu tenho Amber e gosto muito dela. Jenny permanecia sem conversar comigo, mas ela modificou um pouco sua relação, agora me cumprimentava, pelo menos. Ela sabia que eu não era o culpado pela morte de Luke, porém ela necessitava depositar esse peso sobre as costas de alguém, no intuito de aliviar sua dor. Jennifer fazia-o inconscientemente. Eu não me importava de ter de sustentá-lo, afinal, parte desse fardo era responsabilidade minha.

Naquele dia sombrio, o primeiro do qual eu estava livre de meu castigo, eu caminhei até o cemitério a fim de visitar o túmulo de Luke. Atravessei o portão enferrujado, o qual se encontrava entreaberto e avancei por aquele local tenebroso. Não tive dificuldades para encontrá-lo. Permaneci analisando-o por um tempo antes de dizer:

- Perdão, Luke, eu não consegui evitar mais mortes, até mesmo eu fui capaz de assassinar uma pessoa com minhas próprias mãos... Agora elas estão manchadas de sangue. Eu também não consegui vencer Yasuo, ele está selado, mas pode retornar se os poucos seguidores restantes utilizarem a vitalidade dos poucos filhos restantes. Vamos tentar evitar que isso aconteça. Judith já iniciou essa tarefa, tentando encontrar meus poucos meio-irmãos restantes e alertá-los sobre o perigo.

Não houve resposta, o silêncio perdurou naquele ambiente sombrio. Eu gostaria de escutar a voz de meu amigo, entretanto eu sabia que aquilo jamais aconteceria. Então eu continuei utilizando minha voz no intuito de quebrar aquela incômoda quietude. Permaneci conversando por horas a fio como se meu amigo estivesse diante de mim. De vez em quando, durante as semanas, eu retornava àquele local a fim de “dialogar com Luke” (acho que a cada dia, a loucura dominava-me mais).

Raj e Júlia são muito esforçados, ambos conseguiram uma bolsa de estudos. Aproveitaram as oportunidades e também iniciaram especializações nos conhecimentos artísticos, fazendo projetos utilizando o lixo aproveitável para produções de novas obras (trabalhos realmente incríveis!). Adornos, objetos e até mesmo quadros personalizados. Ficava feliz quando recebia notícias de meu irmão e sua namorada e percebia o quanto a vida deles havia modificado para melhor. Representando que uma pessoa, mesmo com dificuldades, se possuir vontade, é mais propícia a prosseguir no caminho de seus sonhos. A vida é muito desigual, no entanto, aquele desiste com facilidade tem mais facilidade a perecer em meio a essa longa estrada.

Jan desapareceu alguns dias após eu ter deixado a morada de Raj. Meu irmão mais velho acredita que ele cometeu suicídio, mas esse tipo de pensamento não perdurou em minha mente. Jan imagina estar no mundo dos sonhos, enxerga tudo de maneira diferente daquela concebida às pessoas consideradas normais, no entanto, meu irmão mais novo é capaz de ir além de todas essas formas concretas. É uma alma livre com suas próprias e diferentes concepções, o que não quer dizer que sejam falsas. O mundo transforma-se de acordo com as ideias das quais uma pessoa adquiri a respeito. A verdade para Jan é viver como se estivesse em um sonho, livre de todas as correntes que o prendem ao concreto. Ele pode voar, e o faz à procura de uma explicação para todas as coisas serem tão grandiosas. Um dia eu irei revê-lo e, quem sabe, isso acontecerá no “Mundo da Lua”.

Judith com seu corpo escultural, tornou-se uma modelo bem famosa. Ela permanece ajudando Raj, Julia e eu a encontrar os poucos filhos restantes de Yasuo.

Não ouvi mais a respeito de Taylor e Benjen, provavelmente seguiram com suas vidas.

Balthor lembrava-me Raj, ambos sofreram muito em seus passados, ofuscando suas visões e fazendo-os seguir caminhos, os quais manchariam suas histórias. Balthor possuía uma grande preocupação social, é uma característica importante, mas pode deixar-nos doentes e destrutivos (isso também é válido para mim, pois eu apresento um quadro de depressão, porém pode piorar se eu não me cuidar). Uma diferença entre meu irmão mais velho e meu meio-irmão mais velho era que Raj teve alguém que o ajudasse a deixar o caminho mais sangrento, entretanto Balthor não o teve, perdeu todas as pessoas das quais poderiam ajudá-lo, ele teve de seguir no caminho da solidão. O ser humano é um animal social, necessitamos de alguém para ajudar-nos, a guiar-nos em nossa longa estrada. “Todo homem é culpado pelo bem que deixou de fazer”, uma frase bonita, no entanto, enlouquecedora quando pensamos em tudo o que não fizemos, em todos os momentos que poderíamos ter ajudado os desfavorecidos e deixamos passar. Sentimos culpa por aquilo que poderíamos ter feito. Então relembrava a frase de Raj. Não adiantava submeter-se a um fardo muito maior do que aquele do qual conseguimos carregar, precisamos ajudar de acordo com nossas condições.

Dona Marisa continuou com a sua vida de melhor mãe do mundo. Trabalhando, cuidado de seus pequenos e, de vez em quando, saindo com o oficial Ross. Ele havia lhe feito uma proposta de casamento, ela ponderou por muito tempo, mas acabou recusando por enquanto. Talvez o fizesse futuramente, mas, no momento, preferia viver como está. Pelo fato de refletir melhor sobre manter relacionamentos sérios com algum homem. Após o que passou com meu pai, é certo que ela o fizesse.

Lisa permaneceu com sua vida de adolescente patricinha vivendo os dilemas dessa fase da vida (claro que nossas brigas de irmãos ainda aconteciam e com frequência, mas mesmo sendo muito diferentes, ela ainda é minha irmã e eu a amo).

A vida de Amber não se modificou muito, continuava estudando arduamente durante o dia e, quando seus pais brigavam, ela saia às escondidas para seu passeio noturno. Às vezes eu a acompanhava quando estava com a terrível insônia. Seu pai não ficou muito satisfeito quando soube que sua filha voltou a namorar comigo, pois, na verdade, ele era um homem ciumento. Amber conseguiu convencê-lo a deixá-la tentar Psicologia na universidade, afinal, esse era um “curso de medicina”, mas mental. Minha namorada entrará no colégio ano que vem para formar-se no terceiro ano, se ela tivesse frequentado à escola esse ano, ela estaria no segundo ano, pois é mais nova, tem dezesseis.

Jimmy Harris prosseguiu com a vidinha medíocre de colegial do terceiro ano. Também irá tentar uma vaga no curso de Arquitetura (estou farto de terceira pessoa do singular). Alguns sábados eu saia com minha namorada, outros eu ia visitar Raj e Julia. Ganhei um violão de meus tios Graco e Megan como presente de dezoito anos e de minha mãe eu terei o direito a uma viagem nas férias. Minha vida voltou a ser simples e tranquila, ás vezes eu até sentia falta de um pouco de agitação (nunca estava completamente satisfeito).

O tempo passou-se efêmero, meus dias eram ocupados pelo estudo e leitura. Consegui formar-me no colegial e minha festa de formatura fora até bem divertida. Convidei minha mãe, minha namorada, Raj, Julia e Lisa. Estava trajando terno e gravata, além disso, deixei a barba mal feita crescer e contornar meu queixo. Amber estava linda, seu cabelo ruivo mais sedoso e brilhante, os lábios vermelhos; trajava um longo vestido esmeralda da cor de seus olhos e decotado nas costas e um pouco na frente, enfatizando seus seios e as belas curvas de seu corpo esbelto. Gargalhamos, conversamos, bebemos e bailamos. Minha namorada possuía movimentos graciosos e precisos e eu tentava acompanhá-los sem pisar em seu delicado pé (até que obtive êxito). Em certo momento, Amber e eu deixamos o salão de festas e rumamos até o belo gramado que havia na cidade. A lua pairava sobre um céu noturno e estrelado, um vento fresco soprava e sussurrava belas canções aos nossos ouvidos. Assentamo-nos sobre a grama e permanecemos um tempo apenas apreciando a bela paisagem.

- Você se lembra de quando estivemos aqui e rolamos pela grama? – perguntou ela.

- Sim – respondi. – Foi divertido, mas eu pensei que ia resultar em sexo, infelizmente, não aconteceu devido aos meus pontos.

Amber saltou em meu colo, aninhando-se em meus braços e fazendo-me cair sobre a grama. Minha namorada apresentava um sorriso travesso em seus belos lábios vermelhos.

- Bem, hoje você não parece apresentar impossibilidades quanto a isso, exceto se você não tiver trazido o preservativo.

- Já disse que sempre carrego na carteira para prevenir.

Brincamos de rolar na grama, enquanto nos despíamos e acariciávamos um ao outro. A noite foi bela, muito bela.

No dia seguinte, minha mãe percebera o que eu fora fazer quando deixei o salão de festas com Amber. Então, dona Marisa veio dialogar comigo a respeito. Na verdade, o ideal seria um pai vir conversar comigo e a mãe dialogar com a filha, mas, por falta dele, dona Marisa encarregou-se da tarefa. Disse todas as frases utilizadas por uma mãe preocupada, ordenou que eu sempre utilizasse proteção (como se eu já não soubesse) para evitar uma gravidez indesejada, doenças sexualmente transmissíveis e minha morte prematura (esta última eu acrescentei, pois se um bebê formasse-se dentro de Amber, James Moore assassinar-me-ia por isso). Mas esta última possibilidade era muito remota, praticamente impossível, eu utilizo camisinha e minha namorada toma anticoncepcionais. Ela o fazia antes de sua primeira relação sexual com o intuito de regular as famosas cólicas sofridas por mulheres.

A conversa entre minha mãe e eu foi bem tediosa, afinal, ela dissera tudo o que eu já estava cansado de saber, no entanto, senti piedade de sua nostalgia causada por esse dialogo.

- Meu menino está crescendo – disse ela quase aos prantos. – Já está até fazendo coisas que adultos fazem! Eu me lembro muito bem de quando você era bebê, parece até que foi ontem e agora você já está um homem feito! Como o tempo passa...

- Mãe, por favor... – limitei-me a responder.

Dayane passou a visitar-me em alguns finais de semana para discutirmos mais sobre nossa banda (agora que eu possuía um violão, facilitava nossas condições) e, por incrível que pareça, ela tornou-se uma grande amiga de Amber (é muito raro uma ex ter esse tipo de relacionamento com a atual namorada). As duas garotas permaneciam por horas a fio conversando, principalmente a respeito de músicas (boas, claro) e psicologia. Acredito que eu tenha alguma atração por mulheres dessa área de conhecimento, talvez pelo fato de eu possuir muitos problemas mentais e, desse modo, eu não precisarei pagar por uma consulta (não).

Ao fim do ano, eu fiz a prova para tentar uma vaga na universidade, além disso, é levado em consideração o histórico escolar e atividades extracurriculares e com isso, eu consegui ser aprovado. Retornarei a cidade grande para estudar e irei morar em uma república próxima ao campus. O aspecto negativo disso era que eu ficarei longe das pessoas queridas (de Amber, pelo menos, até o ano que vem quando ela também se tornar uma universitária). No entanto, enquanto eu ainda estava em Sinéad, eu tinha de aproveitar.

Minha mãe ficou muito feliz com meu resultado e presenteou-me com um carro (usado e mais barato, mas já era um grande avanço), do qual a primeira ação que fiz com ele foi utilizá-lo para levar Amber ao mirante da cidade. A noite estava perfeita, fria e chuvosa; a lua pairava sobre o céu estrelado. Conversamos um pouco sobre astronomia, curiosidades bem interessantes e filosofias a respeito, no entanto, não demorou muito para nossos gestos afetivos iniciarem-se. Nossos olhares encontraram-se, intensos. Eu gostava do poder de um olhar, era belo e transmitia o que queremos dizer sem ser proferido na forma de palavras. Abrimos a garrafa de uísque, a qual Amber presenteara-me. Brindamos.

- Aos seus dezoito anos, à sua aprovação e à nossa vitória! – Nossos copos tilintaram. Amber bebericou uma dose. – Jimmy, uísque é tão ruim! Como você consegue gostar? E ainda permaneci com esse gosto na boca.

- Bem, cada um tem seu gosto. Já que você não apreciou, eu vou bebê-lo completamente.

Amber não permaneceu com o sabor de uísque por muito tempo em sua boca, pois logo este fora substituído pelo gosto de meu corpo. Despejei pouco da bebida entre seus seios e sentia o belo sabor enquanto eu os beijava e mordiscava. Prosseguimos com nossos gestos afetivos intensos e movimentos sincronizados. Fizemos sexo dentro daquele automóvel ao som de Beatles, o que deu a bela sensação de encontro "retrô" do qual eu muito gostava.

A segunda ocasião da qual eu utilizei meu carro fora para um passeio na grande cidade, na qual eu transportei Amber, Raj e Julia. Poderíamos ter visitado um cassino, ser atendidos por mulheres gostosas, bebido uísque e absinto e apostado até a alma em jogos de azar. Entretanto não fizemos nada disso. Fomos ao cinema, palestra, museu de arte e teatro, desse modo, o passeio rendeu muitas discussões filosóficas e artísticas, novas concepções e aprendizados.

Certo dia, fizemos um piquenique naquele vasto e belo gramado, com a companhia também de Dayane. O céu estava cheio de nuvens, mas alguns tímidos raios de sol conseguiam atravessar a cortina natural, aquecendo e iluminando o ambiente de modo sutil, o cheiro doce das flores acalmava nossos corações e o vento transmitia a tranquilidade mental.

- São lugares como estes que nunca devem ser degradados pela mancha humana – comentou Raj. – A natureza é sábia, tínhamos de aprender com ela. Ela vive em equilíbrio consigo mesma, é um dos maiores ensinamentos dos quais podemos receber, não entendo o motivo pelo qual os humanos preferem viver na degradação.

- Eu também não entendo – concordou Amber. – Existem coisas muito mais importantes do que a riqueza. Deveríamos aproveitar esses momentos de tranquilidade, os quais são os mais propícios a adquirimos novos conhecimentos, pois somos capazes de exercer a reflexão com a mente leve, sem as conturbações do cotidiano. Podemos deixá-la flutuar a outros lugares distantes e até navegar nas águas de nosso interior.

Refleti a respeito das belas palavras utilizadas por minha namorada e meu irmão, enquanto eu tentava relembrar como se toca uma bela canção em meu violão, da qual meu tio ensinara-me há tempos e que possuía uma bela letra que se encaixava muito bem com tudo o que tive de passar. Não demorei muito a recordar e tocá-la enquanto traduzia sua letra para que todos pudessem entender.


“Todos os dias quando acordo

Não tenho mais o tempo que passou

Mas tenho muito tempo

Temos todo tempo do mundo

Todos os dias antes de dormir

Lembro e esqueço como foi o dia

Sempre em frente

Não temos tempo a perder

Nosso suor sagrado

É bem mais belo

Que esse sangue amargo

E tão sério

E selvagem... Selvagem...

Selvagem...!

Veja o sol dessa manhã tão cinza

A tempestade que chega é da cor dos teus olhos

Castanhos...

Então me abraça forte

E diz mais uma vez que já estamos

Distantes de tudo

Temos nosso próprio tempo...

Temos nosso próprio tempo...

Temos nosso próprio tempo...

Não tenho medo do escuro

Mas deixe as luzes

Acessas agora...

O que foi escondido

É o que se escondeu

E o que foi prometido

Ninguém prometeu

Nem foi tempo perdido

Somos tão jovens...

Tão jovens... Tão jovens...!”

Acredito que essa música traduza com muita exatidão meus pensamentos com relação a tudo o que aconteceu. Durante dias eu tive de permanecer refletindo a respeito dos acontecimentos, mas tentava esquecer meus problemas antes de adormecer. No fim, mesmo seguindo o caminho mais árduo, nosso esforço fora mais recompensador a manchar nosso caminho com sangue e ofuscar a beleza da vida. Tive de enfrentar a tempestade causada por Balthor em dias cinzentos como este. Eu não possuía medo de enfrentá-lo, nem mesmo possuo medo de enfrentar as muitas dificuldades que virão pela frente, no entanto, eu necessitava de um descanso, precisava saber que estava distante de tudo aquilo e ter meu próprio momento de reflexão. Por fim, mesmo tendo passado por todo o sofrimento, pelo qual tive de sustentar sem desabar, não fora um tempo perdido, aliás, nenhum tempo é perdido, pois, em todos os instantes da vida, estamos suscetíveis a novos aprendizados. Seja por um grande ensinamento do qual você aprendeu ou pelo pensamento inspirador que lhe ocorreu em determinado momento, tudo é muito belo e aproveitável e muito contribui com nosso amadurecimento. Acredito que cresci bastante com todos os empecilhos em meu percurso. Fora necessários. O sofrimento é necessário para distinguir a felicidade. Neste momento, eu estou apto a dizer que encontrei o sentido desse sentimento reconfortante.

Desculpem-me, mas este não é, exatamente um final feliz, eu sei que durante todo o percurso da vida, mais sofrimento virá a incomodar-me e eu esperava estar apto a enfrentá-los, até o dia que eu cansar e cometer suicídio (risos. Não, foi idiota). A vida não é um mar de rosas e a minha, em particular (ou até de outras pessoas), é uma oscilação entre felicidade e tristeza. Isso faz parte da vida e o importante era aproveitar o tempo de ambos os momentos. Muitas pessoas possuem um ponto de vista materialista a respeito desse primeiro sentimento citado, no entanto, felicidade é composta por vários fatores variáveis de pessoa a pessoa. O que mais me importa são o equilíbrio e a paz interior, minha tendência é tentar manter essas sensações, mas nem sempre obtinha êxito, o que me fazia mergulhar nas profundezas da tristeza.

As férias chegaram e, naquele momento, o que eu realmente desejava era ser livre. Decidi viajar como minha mãe prometera, meu presente de dezoito anos. Arrumei minhas malas e depositei-as em meu automóvel, também peguei meu violão, minha gata, meus óculos escuros e Amber em sua morada (quando passei em uma boa colocação na faculdade de Arquitetura, James Moore passou a confiar mais em mim). Lisa fora passar as férias na cidade grande, na morada de meus tios. Raj e Julia permaneceram na pequena cidade com o intuito de prosseguirem com seus projetos artísticos e sociais.

Amber e eu viajamos por duas semanas. Durante aquele período, decidi dedicar meu tempo a mim mesmo, às minhas reflexões e à nossa diversão. Aprendemos muitas coisas, visitamos muitos locais, aproveitamos nosso momento a dois e adquirimos novas concepções. Amor? Bem, eu ainda não havia encontrado um sentido para aquele sentimento e também não o presenciava dentro de mim, ainda éramos muito jovens para dizer que estamos amando, mas sabíamos que um sentimento de gostar e respeito uniam-nos.

Em todos os locais pelos quais passamos, avistamos muita pobreza, sofrimento e mesmo que a sociedade desejasse esconder esses “podres”, sabíamos que eles estavam presentes e não poderiam ser ignorados.

Refleti muito a respeito. Tentarei, a qualquer custo, fazer minha parte, pois se todos colaborassem e juntássemos, desse modo, nossas ações, realmente veríamos o quanto aquilo é grandioso. Raj e Julia eram exemplos para mim naquela questão, demonstravam uma grande superação e força de vontade. Jan também me fazia tentar enxergar o mundo além do concreto de vários ângulos diferentes. Juntava as ideias das pessoas as quais me influenciavam e alcancei a conclusão de que o ideal de mundo é aquele onde todas as pessoas possuíssem, pelo menos, as condições básicas para a sobrevivência atendidas, onde não houvessem corrupção e ganância desenfreadas. Onde irmãos não assassinassem irmãos, onde ideias fossem capazes de modificar concepções, que estes ideais não fossem impostos por guerras ou manipulações. Onde o respeito fosse a base da sociedade. Seria utopia?

Bem, os sonhos ainda são perfeitos e com eles voarei.







--//--


Bem, para quem realmente gostou da história, eu comecei há um tempo escrever uma continuação na forma do conto Sonho dentro de um sonho e do segundo livro denominado Sombras Sob Sinéad, que será capaz de explicar tudo o que faltou neste primeiro livro, digamos assim. Para quem estiver interessado, segue os links:

Conto Sonho dentro de um sonho: https://fanfiction.com.br/historia/201440/Sonho_Dentro_De_Um_Sonho

Sombras Sob Sinéad:  https://fanfiction.com.br/historia/231870/Sombras_Sob_Sinead

Mais uma vez, agradeço a todos. ^^


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que com esta história, eu tenha conseguido fazer com as pessoas, ao lerem, refletissem mais sobre o mundo e todas as coisas que nele existem. Esse era o real propósito de tudo. E muitas metáforas foram lançadas em seu desenrolar. Bem, com este capítulo eu deixo a mensagem final que esta história tem a transmitir.
Jim Harris, Raj, Julia, Amber Moore, Jan e todos os outros personagens despedem-se aqui, mas acho que eles foram muito marcantes a minha pessoa e sempre vão continuar em minha mente.
Bem, eu realmente espero que tenham gostado deste final, não sei consegui criar um bom final, mas espero que pelo menos gostem. Se possível, deixem comentários a respeito do que acharam. Talvez a história tenha uma continuação, mas é muito talvez mesmo, vai depender de meu ânimo e se as boas ideias vierem. Eu já fiz uns rascunhos de alguns capítulos, mas como eu não tenho muita noção do que pode acontecer, eu não vou postar aqui por enquanto, talvez quando eu me convencer que realmente deva continuar, eu postarei.
Mais uma vez, agradeço muito a todos os leitores!
Da pseudoescritora,
Daniela.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Sombras sobre Sinéad" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.