Sombras sobre Sinéad escrita por Dani


Capítulo 16
Descobrimento




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/138977/chapter/16

Aproximamo-nos mais do lago, desse modo, conseguimos visualizar o corpo com maior precisão: pertencia a um garoto, um adolescente. Suas roupas eram esfarrapadas, velhas e largas, sua pele negra e os fios desgrenhados e escuros flutuavam na superfície da água. Ele boiava próximo à margem, assim, foi fácil trazê-lo a terra.

      Quando o puxei, sua pele inchada parecia ter deslizado pelos meus dedos, como se esta estivesse saindo, causando-me náuseas, no entanto, não poderia tê-lo deixado afastar-se para o meio do lago. Amber observava a tudo também sentindo nojo. De fato, não era uma cena agradável. Minha namorada voltou-se para mim e disse apressadamente:

      - Lave essas mãos!

      - Claro, mas diga-me onde.

      - No lago, mas não fique com as mãos de cadáver. – Ela sorriu, brincando.

      - É, Amber, contudo, eu acabei de tirar o morto do lago...

      - No entanto, o lago é grande, ele não deve ter boiado por toda essa água – brincou. – Bem, eu recomendo que você vá ao banheiro público aqui perto.

      - Certo. Enquanto isso ligue à polícia.

      Segui sua recomendação e lavei minhas mãos no banheiro público mais próximo, tomando cuidado para não me encostar a nada ou, quando o fizesse, seria com o papel-toalha cobrindo minhas mãos. Quando voltei ao lago, Amber estava sentada bem longe do defunto e evitando olhá-lo. Eu o analisei por um momento e percebi que uma de suas mãos estava fechada fortemente.

      - Chamou a polícia? – perguntei.

      - Lavou bem as mãos?

      - Sim – respondi.

      - Agora você pode tocar-me. – Ela fez uma pausa. – Os policias já estão vindo.

      Assentei-me ao seu lado e passei meu braço por trás de seu pescoço, apoiando-me em seu ombro enquanto ela recostou sua cabeça em mim, tomando cuidado para não se encostar aos meus pontos. Desse modo, esperamos pelos policiais.

      - Você pretende beber em seu aniversário? – indagou Amber.

      - Uísque, você gosta? É a minha bebida favorita.

      - Não sei, nunca experimentei.

      - Não?

      Ela meneou a cabeça negativamente.

      - Então experimente quando estivermos comemorando, claro, sem exageros. Eu bebo porque realmente aprecio o gosto, não para ficar louco, que é uma coisa ridícula. São pessoas que não sabem se divertir precisam de estimulante... – Fiz um sorriso travesso. – Enfim, estou te levando ao mau caminho.

      - Eu não me importo. Viver uma vida politicamente correta o tempo todo enjoa.

      - Ótimo – sussurrei próximo ao seu ouvido.

      Coloquei minha mão em sua nuca e beijei seu pescoço, no entanto, não pude aproveitar mais, pois os policiais chegaram. Os oficiais aproximaram-se de nós e questionaram o que aconteceu, relatamos tudo e observamos enquanto analisavam o cadáver.

      Algo me chamou a atenção, quando os oficiais abriram a mão do defunto, eu consegui identificar um objeto ou um pedaço de objeto em seus dedos: uma cabeça e a parte lateral da base de um peão de xadrez, as mesmas das quais faltavam naquela peça que eu havia “recebido”. Aquele cadáver só poderia ter sido um de meus meio-irmãos em vida e mais uma vez, um assassinato mascarado. Fizeram parecer acidente com o intuito de não levantarem suspeitas.

      O fato da peça de xadrez ter parado em minhas mãos ainda me intrigava. Qual seria o motivo daquilo? A pessoa a qual me enviou tal objeto tem conhecimento a respeito de minha natureza e, provavelmente, mostrara-me a morte de um dos meus irmãos, além disso, poderia estar indicando que eu serei o próximo ou que minha hora irá chegar. Aquilo me assustou bastante e fez um tremor percorrer meu corpo, acho que minha namorada percebeu, fazendo-a preocupar-se, contudo, ela nada disse.

      - Vamos levar o corpo para a investigação – disse um dos oficiais.

      - Acho que já não temos mais o que fazer aqui. – Encarei Amber por um instante.

      Ela assentiu.

      Sem dizer nada, deixamos o local e seguimos pelas avenidas em silêncio. Não sei se ela percebeu as partes das peças de xadrez e seus significados, mas achei melhor ela não ter avistado. Ainda não me agradava o fato dela ter conhecimento de minha natureza, no entanto, ela sabia, mas quanto menos ela envolver-se, melhor.

      - O que vamos fazer agora? – perguntou.

      - Transar? – sugeri.

      Amber gargalhou.

      - Você anda muito espertinho, Jim.

      Dei de ombros.

      - Acho que sempre fui.

      - Bem, acho que vou voltar à minha casa – disse ela. – Tenho de terminar alguns exercícios que meu pai me passou.

      - Eu te levo.

      Então seguimos pelas ruas, de mãos dadas, e não demoramos muito para chegarmos à bela casa branca na qual Amber morava. Ela beijou-me e já se afastava quando segurei sua mão e a puxei delicadamente para perto de mim, posicionando-a contra mim. Encostei meus lábios aos dela intensamente, após isso, contornei uma das maçãs de seu belo rosto até chegar à sua orelha. Mordisquei-a levemente e senti Amber arrepiar-se.

      - Pensei que você fosse devolver-me inteira... – brincou.

      - Sim, mas isso não me impede de mordê-la. Eu disse que eu mordo, basta-me ter cuidado para não arrancar nenhum pedaço.

      Desci pelo seu pescoço, contornando-o com os lábios e enquanto o fazia, sentia seu doce cheiro embriagante, o qual eu muito apreciava. Dei um último beijo ardente em seu pescoço antes de deixá-la ir. Despedimo-nos e, assim, segui à minha morada.

      Rumei ao meu quarto, liguei o som e comecei apreciar a boa música. Às vezes desejava navegar ao longe daquele local, por águas distantes e desconhecidas e sempre conhecendo coisas novas, viver distante daquela realidade. Eu queria ser livre e poder voar ao céu aberto, no entanto, meus pés sempre estavam presos ao chão, eu precisava encarar todos os desafios dos quais me são impostos ou seria mais um sufocado pela sociedade. Meu único método de escape, um único método de viajar por um tempo longe daquele lugar é através da arte. Sempre quando eu lia, escutava música, desenhava ou, até mesmo, pintava, era como se meu corpo ficasse preso a terra enquanto minha mente, minha alma vagueava a locais distantes, belos e longe daquela realidade concreta, fria, nua e crua.

      Penso que todas as pessoas deveriam presentear-se com esses pequenos prazeres da vida, ler, apreciar uma bela paisagem natural, um bom passeio ao parque, dedicar um tempo para escutar música e sem temerem, libertarem-se das correntes que as prendem ao concreto. Acho que, se todas fizessem isso, nossa sociedade seria menos doente. As pessoas vivem tão abarrotadas com seus afazeres que às vezes esquecem que são mortais e vão passar pela vida apenas uma vez (pelo menos é o que se espera). A sabedoria da divisão do tempo é valiosa, da qual eu esperava dominar quando fosse um adulto e tiver muito mais responsabilidades do que eu tenho neste momento.

      Permaneci um bom tempo escutando música antes de ir banhar-me. Após isso, retirei um livro de minha estante e mergulhei em sua realidade distante envolvendo-me com seu cenário, personagens e enredo.

Precisava apenas aguentar mais uma semana de escola até as férias. Após todas as aulas, almocei rapidamente e rumei à biblioteca com o intuito de encontrar-me com Luke para terminarmos o trabalho de filosofia. Quando passei pela porta do local, a bibliotecária (sim, aquela mesma que não gosta de mim) olhou-me desconfiada, como se eu fosse um cretino. Não me importei e segui meu caminho. Não tive dificuldades de encontrar meu amigo em meio aos livros a respeito dos grandes filósofos.

      - Oi, Jim – disse ele quando me aproximei.

      - Olá.

      - Já fui adiantando e pegando alguns livros.

      - Ótimo.

      Carregamos os livros até a mesa e iniciamos nossa pesquisa. O trabalho estava quase completo, no entanto, faltavam alguns detalhes importantes, os quais nos fizeram deslocar-nos à biblioteca e ainda tinha de sustentar o olhar desconfiado daquela bruxa velha que não foi com a minha cara.

      - Jenny e eu estamos namorando – comentou ele. – Fiz o que você me sugeriu e deu certo.

      - Fico feliz por vocês dois.

      Luke continuou com um assunto a respeito de mangás e animes enquanto fazíamos o trabalho. De sussurros, o volume de nossas vozes fora aumentando gradativamente, o que incomodou a bibliotecária profundamente, fazendo-a pedir por silêncio. No entanto, não demos muita atenção ao que ela dizia, uma vez que só havia Luke e eu lendo e fazendo pesquisas naquele local. Assim, inesperadamente, a bruxa velha apareceu diante de nós e acertou-nos com pesados livros em nossas cabeças.

      - Fiquem quietos ou serão expulsos! – bradou ela.

      Praguejei em silêncio e percebi que Luke fazia o mesmo quando a terrível bibliotecária afastou-se. Continuamos e terminamos nosso trabalho evitando fazer barulho para não levarmos mais livradas em nossas cabeças. E, assim, finalizado, guardamos todos os volumes dos quais utilizamos em seus respectivos setores e deixamos o local o quanto antes.

      Logo que saímos, escutei meu celular tocar. Segundo meu visor, quem me ligava era Julia. Estranhei o fato, mas atendi confuso.

      - Alô.

      - Alô, Jim. – A voz não pertencia a Julia, mas sim, a Raj. – Descobri a identidade de um dos filhos de Yasuo.

      - Jim, pare de usar drogas! – bradou Luke tentando fazer uma brincadeira.

      - Descobriu uma das “crianças”? – perguntei, pois não escutei muito bem o que ele havia falado devido ao barulho da rua ao meu redor.

      - Sim – respondeu ele. – Creio que você deveria vir aqui, talvez o conheça. Não sei o que fazer com ele, mas parece que já sabe sobre mim. Sugiro matá-lo antes que nos cause problemas.

      - Eu não posso ir aí agora, Raj, estou fazendo trabalho de escola.

      - Certo, quando puder, venha.

      - Até mais. – Desliguei meu celular.

      Quando voltei minha atenção a Luke, ele me olhava com estranheza, como se estivesse desconfiado de algo. Senti-me incomodado com isso, parecia que ele sabia a respeito de minha natureza. O silêncio era incômodo e sufocante, mas ele não permaneceu por muito tempo, pois meu amigo fez questão de quebrá-lo:

      - Desculpe por estar me intrometendo, mas parece que você fala em códigos – comentou ele.

      - Códigos?

      - Sim, quando você diz “crianças”, não parece realmente que seja no sentido literal.

      Fitei Luke atentamente e pensei em uma resposta, foi então que uma veio-me à mente.

      - A pessoa da qual eu estava falando é um adulto, no entanto, age como uma criança – menti -, por isso disse “criança”.

      Luke deu de ombros.

      - Enfim, vamos entregar o trabalho à Jenny.

      Eu assenti.

      Seguimos pelas ruas conversando a respeito de mangás, animes, livros e seriados. Fiquei aliviado por termos encerrado o assunto a respeito de códigos e “crianças”, pois, por um momento, pensei que ele estava desconfiado, que ele sabia a respeito de minha natureza, no entanto, aquilo era uma loucura de imaginar. Então decidi afastar tal reflexão de minha mente.

      Não demoramos muito para chegarmos à casa de Jenny. Era uma morada espaçosa, mas não havia jardim em sua entrada, pensei o quanto minha amiga gostaria de um, afinal, ela ama botânica. As janelas e portas eram feitas de madeira e pintadas de branco. Uma cerca rodeava a casa e um lance de escadas dava acesso à entrada.

      Luke abriu a passagem da cerca e seguiu comigo logo atrás. Tocamos a campainha e aguardamos alguns segundos antes de sermos atendidos. Jenny apareceu diante de nós. Seus cachos estavam bem definidos, ela trajava uma camisa branca sem estampa, short jeans e chinelos, um visual casual e simples. Seus olhos verdes iluminaram-se quando nos avistou.

      - Oi, amor. – Luke aproximou-se dela, segurou sua cintura e beijou-a levemente na boca.

      - Olá, Jenny – cumprimentei-a.

      - Olá, meninos – disse ela. – Terminaram o trabalho?

      - Sim. – Entreguei-a o trabalho.

      - Vamos entrar pessoal – convidou ela.

      Pensei no que responder, contudo, imaginei que recusaria, pois não queria ficar segurando velas e também pelo fato de eu estar curioso a respeito das informações das quais Raj havia conquistado. Deveria seguir a casa dele o quanto antes, antes de anoitecer, horário mais propício a acontecer algo de ruim a mim. Sabia que, caso adentrasse na morada de minha amiga, ficaríamos enrolando com conversas. Então respondi:

      - Infelizmente terei de recusar – disse -, eu tenho um compromisso.

      - Ah, que pena. Até mais, então. – Ela abraçou-me.

      - Até mais.

      Primeiramente, rumei em direção à minha casa com o intuito de deixar minha mochila pesada, pegar um lanche e sair novamente. Não demorei muito para chegar, abri a porta apressadamente e segui pelo corredor, quando passei pela sala, avistei minha irmã e um garoto com ela. Os dois estavam assentados no sofá assistindo televisão (provavelmente um daqueles filmes melosos de romance).

      - Oi, irmãzinha, oi, amigo da irmãzinha. – E segui.

      No entanto, dei-me conta de que Lisa estava sozinha em casa com um homem (se é que o sujeito poderia ser chamado assim), enfatizei o: estavam sozinhos! Então retornei à sala com o intuito de tirar satisfações.

      - Lisa, o que você está fazendo com um garoto, sozinhos em casa? – perguntei.

      Ela deu uma pausa no filme e encarou-me.

      - Estamos assistindo filme, ora. Além disso, este não é um garoto qualquer, é o Zack, meu namorado.

      Fitei o garoto por um instante. Um completo playboy de catorze a quinze anos (aquela fase mais “aborrecente” mesmo): cabelo castanho liso e uma grande franja de lado caindo aos seus olhos verdes e pele morena. Parecia viver na academia e trajava camisa e calça jeans justa e tênis caro. Enfim, aquele era o estilo “perfeito” para minha irmã.

      Dei de ombros.

      - Bem, não façam besteirinhas, hein? Ainda não estão na idade.

      Segui ao meu quarto antes de escutar uma resposta de Lisa. Joguei minha mochila sobre minha cama, fiz um lanche rápido e deixei minha casa. As ruas estavam abarrotadas de pessoas, as quais transitavam de um lado ao outro. Tive de ir desviando em meio a esse labirinto humano, mas, à medida que eu me afastava do centro, gradativamente eu não tinha mais esse problema.

      Cheguei à floresta. Senti um tremor percorrer meu corpo e hesitei antes de entrar. Não me agradava a ideia de ter de atravessá-la, depois de todos os pesadelos e todas as estranhas sensações as quais me causavam agonia e faziam-me relutar e pensar muito antes de adentrar ao local. No entanto, eu tinha de encará-la, necessitava saber a respeito da descoberta de Raj. Se ele realmente conseguiu identificar um filho de Yasuo, poderá ser bem útil.

      Sem mais pensar, adentrei ao local esperando não me arrepender depois. Torci para relembrar todos os ensinamentos e caminhos dos quais Julia relatou-me para não me perder entre aquelas árvores que pareciam iguais umas as outras. Desse modo, fui seguindo e escutando apenas meus próprios passos, contudo, a mesma sensação de estar sendo perseguido e vigiado incomodava-me bastante.

      Tentava ignorar tal incômodo e impor à minha mente que aquilo era fruto de minha imaginação, no entanto, não conseguia, então olhava de um lado ao outro apenas para ter certeza que estava sozinho (acho que sempre fazia isso quando adentrava aquele pavoroso lugar). Não poderia transmitir meu nervosismo, pois, caso realmente houvesse alguém ali, logo pensaria que eu sou uma presa fácil se percebesse meu medo.

      Já pensava estar perdido em meio àquelas árvores e morreria ali mesmo (aquelas ideias completamente “positivas” em minha mente) quando avistei a casa de Raj e senti-me aliviado com tal visão. Era como se eu fosse um viajante em um deserto, sem água alguma, e acabasse de enxergar um oásis.

      Apressei-me à porta e bati. Tive de esperar algum tempo e eu estava impaciente, batucando meus pés no chão, não agradei de ter de ficar aguardando momento algum. Raj apareceu diante de mim com seus olhos verdes sempre repletos de curiosidade, fitando-me cautelosamente.

      - Ah, então você veio... – disse como da outra vez.

      - Sim. Fiquei curioso a respeito de sua descoberta.

      - Entre.

      Adentramos ao local.

      - Sente-se. – Ele indicou-me uma cadeira e sentou-se em outra logo em seguida. – Raven e Karl estavam investigando quando notaram um sujeito que muito rodeava a floresta. Eles tiraram uma foto e apresentaram-na a mim. Eu tenho certeza que é um filho de Yasuo, pois o cara estava carregando uma peça de xadrez em uma de suas mãos.

      Raj começou a revirar os papéis, os quais estavam acima da mesa de madeira, à procura de algo. Enquanto isso, perguntei:

      - Raven e Karl também são filhos de Yasuo?

      - Não. Eles eram seguidores do culto, mas presenciaram as crueldades dos rituais e decidiram desistir. Agora estão sendo caçados como traidores. Acabamos nos aliando para destruir nossos inimigos em nossos caminhos. – Ele retirou a foto e depositou-a diante de mim. – Aqui está.

      Observei a foto por um momento. Avistei um garoto pálido, mais ou menos de minha idade, de cabelo castanho desgrenhado, olhos cor de mel, lábios finos e sardas como as minhas espalhadas em suas bochechas. Ele trajava um sobretudo negro com a gola levantada cobrindo parte de seu rosto. Entre seus dedos finos, eu pude identificar um pequeno objeto, uma peça de xadrez dourada.

      Por um momento, pensei já o ter visto, no entanto, não conseguia recordar quando. Foi então que relembrei do sujeito que estava passando em frente à minha casa durante uma madrugada e outro dia quando eu o avistei em meio à multidão de pessoas enquanto eu comprava os materiais para o trabalho de filosofia. Em ambas as ocasiões, eu não consegui visualizar o rosto do homem, porém, por algum motivo, eu o relacionei ao garoto da fotografia.

      - Você o reconhece? – Raj quebrou o silêncio.

      - Acho que já o vi duas vezes. Em uma delas, ele estava passando em frente à minha casa. Achei suspeito, mas ele não me fez nada.

      - Ele estava te vigiando. Ele deve saber sobre nós. Devemos procurar descobrir a respeito de seus planos.

      - O que você sugere? – perguntei.

      - Que o sequestremos e tiremos todas as informações que ele possui – respondeu. – Caso ele for um de nossos inimigos, vamos matá-lo.

      - Não deveria ter perguntado...

      - Então, o que você sugere?

      - Primeiro temos de saber quem ele realmente é. Se nós o sequestrarmos antes disso, podemos criar inimigos que poderiam ser nossos aliados – disse. – Nessas horas, precisamos ter calma e cautela.

      - Acho que vou cuidar das investigações, estou entediado. Quero sentir um pouco de perigo – comentou Raj.

      - Quando você vai iniciar suas investigações, Sherlock Holmes? – indaguei.

      - Agora, meu caro Watson.

      Raj levantou-se, vestiu seu sobretudo negro, escolheu uma das facas das quais estavam guardadas no armário. Após isso, pegou uma de suas armas de fogo. Fiquei imaginando se ele iria investigar ou cometer um assassinato. Ele percebeu meu olhar de estranheza.

      - O que foi? – perguntou. – É só por proteção... – Fez uma cara de inocente.

      - Sei... – Levantei-me. – Vou contigo até a cidade.

      Ele deu de ombros.

      - Tudo bem.

      Deixamos a casa de madeira, adentramos na mata fechada e seguimos pelo mesmo caminho do qual eu utilizei para chegar até ali. A mesma sensação de estar sendo vigiado e perseguido ainda não me abandonara. Por esse motivo, eu caminhava observando atentamente ao meu redor, no entanto, não reparei quando Raj estacionou no meio do caminho, fazendo-me trombar contra suas costas.

      - Por que você parou? – perguntei confuso.

      Ele não me respondeu, ficou observando atentamente ao redor, com um olhar ameaçador. Então retirou seu revólver e mirou-o.

      - Saia de onde estiver! – bradou ele. Sua voz ecoou por entre as árvores.

      Não houve resposta.

      - Se não obedecer, quando encontrá-lo, terei o prazer de mandá-lo ao inferno! – ameaçou Raj.

      Foi então que escutei uma movimentação em meio a alguns arbustos à nossa direita. Raj apontou a arma em direção ao ruído. Inesperadamente, Luke apareceu diante de nós, tremendo da cabeça aos pés, apavorado e confuso. Meu meio-irmão mirou em direção ao meu amigo e já estava prestes a atirar quando eu o impedi:

      - Não, Raj! Não atire, ele é meu amigo – apressei-me a dizer. Ainda confuso com toda aquela situação. Após isso, encarei Luke. – Luke, o que você está fazendo aqui?

      - Jim, Yasuo existe? Então isso realmente existe? É verdade? – perguntou ele, confuso.

      Foi então que fui pego de surpresa e uma das coisas das quais eu temia estava acontecendo naquele momento.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Sombras sobre Sinéad" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.