Sombras sobre Sinéad escrita por Dani


Capítulo 14
Vítimas


Notas iniciais do capítulo

Não imaginei que esse capítulo fosse ficar tão grande! O.O
Mas espero que tenham paciência e aproveitem. =]
Boa leitura a todos. ^^



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Continuei a perseguir, com os olhos, os graciosos movimentos do gato dourado. Ele caminhava em direção ao outro lado do muro. Senti vontade de segui-lo, sabia que o animal escondia segredo, dos quais poderiam resolver minha vida, no entanto, eu não devia sair correndo e deixar Luke com todas as responsabilidades do trabalho de escola. Dali, deveríamos seguir à casa de Jenny e terminá-lo. Talvez se eu inventasse algum tipo de desculpa para evitar fazê-lo hoje, conseguiria safar-me.

      - Hã, Luke, não estou me sentindo muito bem... – Fiz uma careta, a qual esperei que fosse convincente.

      - Quer ajuda, Jim? Visitar algum posto de saúde? – sugeriu ele.

      - E o trabalho? – perguntei. – Jenny irá ficar furiosa se não comparecermos.

      - Bem, eu posso encontrar-me com Jenny hoje, fazemos uma parte do trabalho e depois o entregamos a você e você o termina – disse Luke. – Dessa forma, você estará livre de segurar velas em alguns momentos.

      Fitei-o por um instante, imaginando que ele também não queria tanto minha presença na casa de Jenny. Luke estava desejando um momento a sós com ela e aproveitou bem minha desculpa (só espero que ele não tenha descoberto que é uma mentira, pois ficava com a consciência pesada ao utilizar tal artimanha). Observei o gato novamente, este já estava longe, quase não o avistava e por isso, decidi não perder tempo.

      - Será uma boa – respondi. – Realmente, não estou sentindo-me bem. – Fiz outra careta.

      - O.k. Vemos-nos depois. Até mais.

      Despedi-me dele e esperei que se afastasse e desaparecesse em meio à multidão para prosseguir com meus planos iniciais. Comecei a contornar o muro e seguir em direção ao gato, entretanto, temia não encontrá-lo, pois já o perdera de vista. Continuei caminhando pelos arredores, mas minhas tentativas de achá-lo foram falhas. Aborreci-me por isso, fiquei imaginando o quanto possivelmente estava próximo à verdade a respeito de meus prováveis inimigos e como a deixara escapar. Aquele felino era muito misterioso e, uma vez, Raj tentara capturá-lo, logo, encaixei o animal a toda essa história de Yasuo.

      Cansei de procurá-lo e pensei em retornar à minha morada, entretanto, algo me impedira de prosseguir: um pequeno objeto, no qual senti sob meu pé, um peão quebrado e reluzente, o de Susie Bourbon. Foi então que a realidade atingiu-me com a mesma intensidade de uma forte pancada, puxando-me a terra: Susie Bourbon está morta! Conseguia escutar os brados da mulher loura, ao outro lado da rua, ainda mais ecoantes e ruidosos. Possivelmente ela acabara de receber a tenebrosa notícia a respeito do tenebroso estado ao qual sua filha encontrava-se neste momento.

      Estremeci com tal pensamento. Mesmo nunca tendo intimidade com Susie e achando-a uma chata, eu jamais desejaria sua morte. Aquilo era algo abominável, a dor de perder alguém querido era inimaginável e exatamente isso que a senhora Bourbon sentia naquele instante. Meus joelhos fraquejaram, fazendo-me cair no chão. Abracei meus próprios ombros imaginando o perigo, no qual todos os filhos de Yasuo, inclusive eu, estavam submetidos. Eu poderia ser o próximo e quem estaria chorando no lugar de senhora Bourbon seria minha querida mãe. O fato de que aquele falecimento não fora apenas um acidente, não deixava minha mente. Não, definitivamente, aquilo só poderia ter relação à Yasuo.

      Tentei levantar-me, mas meus joelhos fraquejaram novamente, o que resultou em minha queda. Minhas pernas bateram contra a calçada, causando-me uma pontada de dor. Tateei o muro à procura de um apoio e senti o cenário girar ao meu redor, representando princípio de tontura. Não poderia apresentar-me nestas condições, pois possuía a ligeira impressão de correr perigo, precisava fugir o quanto antes, queria estar longe de tudo aquilo, desejava estar protegido, aos braços de Amber e sentir seu calor. Meu corpo estava tão gélido quanto ao de um cadáver.

      - Amber... – comecei a chamar por ela, em vão.

      Obviamente, qualquer tentativa de pedir por socorro seria fracassada, pois não havia ninguém ali, todos estavam envolvidos, ao outro lado da rua, no caso da morte de Susie. Encostei minhas costas ao muro, na tentativa de recuperar as forças, mas a sorte não parecia estar ao meu lado, a cada instante, sentia-me mais fraco. Meus olhos pesados, meu corpo estava cada vez mais rígido, o que dificultava meus movimentos, deixando-me em uma péssima situação. A escuridão aproximava-se, assim como a sombra de alguém, a qual virava à esquina. Minha última tentativa de escapar falhara e, logo após isso, não consegui enxergar nada mais.

Uma luz branca pairava sobre minha cabeça, o que dificultou a minha primeira tentativa de abrir os olhos, incomodados com a claridade, logo tive de fechá-los. Aquilo era a morte? Não sabia, mas minha pergunta não demorou a ser respondida, pois escutei uma voz doce e sensual, a qual eu mais gostaria de apreciar no momento, dizendo-me que meu corpo ainda é feito de carne e ossos.

      - Acho que já virou hobby você assustar-me desta forma – comentou Amber.

      Sentei-me na cama, na qual estava deitado e observei ao redor. O local onde me encontrava possuía todas as paredes brancas e era pouco espaçoso, havia uma pequena mesa e aparelhos médicos, o que me fez concluir que se tratava de um quarto de hospital. Amber estava assentada ao meu lado em um banco que não aparentava ser confortável. Senti suas mãos macias e calorosas tocarem as minhas gélidas e brancas.

      - Perdão... – Minha voz saiu fraca. – O que aconteceu?

      - Você foi encontrado desmaiado próximo à mansão Bourbon. Sua pressão estava baixa – explicou ela. – Sua mãe também está aqui, mas foi comer alguma coisa.

      - Não havia ninguém comigo? – indaguei.

      - Era para haver, senhor Jim Harris? – Senti certa irritação em sua voz.

      - Não da forma que você está pensando... – apressei-me a responder. – Antes de desmaiar, avistei a sombra de alguém virando à esquina e aproximando-se. Bem, esqueça isso, Amber. Esquente-me, eu estou com tanto frio, por favor.

      Ergui os braços a ela, fazendo-a retribuir o abraço. Sentia-me fraco e incrivelmente gélido, mais ao que costumava ser. Aconcheguei-me ao seio de minha namorada com intuito de aquecer-me naquele confortável e amigável calor. Amber acariciou meu rosto e os fios negros e bagunçados de meu cabelo.

      - Quantas horas são? – perguntei.

      - Quase sete horas da noite.

      - Então permaneci por muito tempo desmaiado! O Sol fazia-se presente no céu quando tudo aconteceu.

      - Sim. Você estava em péssimas condições, sua pressão apresentava-se muito baixa – disse ela. – Teve sorte que os bombeiros e policiais, dos quais retornavam da mansão Bourbon, avistaram-no. O que aconteceu, Jim?

      - Eu não sei. Fiquei sabendo a respeito do incêndio e fui ver o que estava acontecendo, após isso, estava retornando à minha casa e comecei a sentir minhas forças exaurirem-se. – Fiz uma pausa. – Perdão por tê-la preocupado.

      Amber meneou a cabeça e disse:

      - Tudo bem, você não tem culpa. Pelo menos está aqui comigo.

      Não a respondi, também estava feliz por estar com ela, necessitava daqueles braços calorosos, mais ao que ela poderia imaginar. No entanto, minha mente não me permitia entregar-me ao conforto, pois estava conturbada demais. Sempre quando pensava na morte de Susie, a realidade aproximava-se de mim, fria e tenebrosa. Eu sabia que corria perigo, mas apenas quando coisas ruins aconteciam é que tudo caía em terra e eu realmente compreendia minha terrível situação. Estava em um jogo, no qual eu era a peça mais impotente, a presa, o peão. Imaginei que, enquanto não resolver minhas confusões, não serei capaz de viver tranquilamente.

      - Às vezes penso como você, que eu deveria dormir com uma faca debaixo do travesseiro – comentei.

      - Bem, eu recomendo – disse Amber. – Facas são tão belas e possuem muitas finalidades, você pode proteger-se com uma dessas.

      - Sabia que você iria dizer isso.

      Instantes depois, minha mãe adentrou ao recinto, acompanhada de uma enfermeira. A expressão de dona Marisa iluminou-se ao avistar-me, ela correu à minha direção e envolveu-me em um abraço caloroso, mas não disse nada. Provavelmente minha mãe sabia o quanto a deixei preocupada, o quanto já escutei isso em minha vida e como aquilo era a coisa da qual eu mais fazia, por isso, poupou-me dessas palavras.

      - A enfermeira veio ver como você está – disse ela.

      - Certo.

      A enfermeira aproximou-se de mim, mediu minha pressão, minha temperatura, meu peso e altura.

      - A pressão voltou ao normal, temperatura de trinta e seis e meio, sessenta e quatro quilos e um metro e setenta e sete de altura – afirmou a enfermeira. – Ele está precisando ganhar peso, mas no restante já está normal. Acho que já pode ser liberado.

      Aquela informação foi muito bem recebida por meus ouvidos, pois detestava hospitais, o cheiro, todos os ambientes e roupas brancas, a melancolia, aquilo tudo me enjoava. Minha mãe e Amber ficaram igualmente contentes com a notícia. A enfermeira fez algumas anotações e logo nos acompanhou até a saída. Após isso, seguimos pelo estacionamento ao carro de minha mãe. Adentramos no veículo e rumamos às nossas casas. Minha mãe levou Amber à sua morada, despedimo-nos dela e seguimos à nossa própria.

      - Jim, você tem se alimentado direito? – questionou minha mãe assim que Amber fora deixada em casa.

      - Pelo que eu saiba, sim – respondi.

      - Tem comido frutas, verduras e de três em três horas?

      - Bem, a parte de comer verduras, sim. No entanto, não gosto muito de frutas e nem sempre consigo alimentar-me de três em três horas.

      - Eu deveria tirar mais tempo para monitorá-los, assim evitaria esse tipo de coisa!

      - Mãe, escute-me, eu estou bem – disse. – Aquele foi apenas um momento de fraqueza, o qual eu espero que não aconteça tão cedo. Além disso, eu estava arrasado.

      - Por quê? O que houve? – indagou.

      - Fiquei sabendo que uma garota de minha sala faleceu hoje. Eu não era muito íntimo a ela, mas, mesmo assim, nunca é uma notícia boa, certo? – Fiz uma pausa. – A morte está em todo lugar, no entanto, ainda somos incapazes, ela sempre chega como uma surpresa, uma terrível surpresa. Isso nos mostra como também estamos propícios a tal situação, um dia estamos aqui e, no outro, podemos não estar mais. A vida é tão frágil...

      - Eu sinto tanto, querido... – Sua voz estava carregada de tristeza.

      - Tudo bem, está tudo bem agora, certo?

      Ela não respondeu, como eu esperava.

      Pensava que o pior de tudo aquilo era que Susie fora vítima de um jogo doentio e morreu sem ao menos descobrir a verdade. Quando todas as “crianças” fossem assassinadas, Yasuo retornaria e prosseguiria com seus sinistros rituais. Esse é o propósito do nascimento de pessoas como eu.

      Após tais pensamentos, chegamos à nossa casa. Rumei ao meu quarto apressadamente e fechei a porta. Imaginava que, àquela altura, Lisa já sabia da morte de Susie. As duas tornaram-se muito amigas, então minha irmã provavelmente está muito abalada. Eu não possuía palavras de apoio para dizer a ela, preferia não encará-la naquele momento. Minha mente também não estava em condições para enfrentar tamanha tristeza.

      Troquei-me e deixei meu corpo cair pesadamente sobre a minha cama. Agradeci pelo fato de que a insônia não estava afetando-me e logo meus olhos tornaram-se pesados e fecharam-se voluntariamente.

Estava novamente em uma floresta, exatamente no meio do altar destinado a Yasuo. No entanto, havia muitas grandes peças de xadrez ao redor, algumas estavam quebradas. O caixão de meu pai estava aberto, revelando seu cadáver. Seus olhos amarelos fitavam-me cuidadosamente, como se ele estivesse vivo e para minha surpresa, ele de fato estava.

      - Olá, Jimmy. – Sua voz ecoou por todo o ambiente. – Você sabe por que está aqui, não é?

      Não respondi. Tentei recuar, mas acabei tropeçando em uma pedra solta, o que resultou em minha queda (como era desastrado!).

      - Você sabe! – bradou ele. – Se entregue a mim, meu filho, pois esse é o seu destino! Sua vitalidade pertence a mim e está na hora de você devolvê-la!

      - Não! Eu não serei seu peão! Não acredito em destino e mesmo que minhas concepções estejam erradas e ele realmente exista e esteja traçado, eu ainda vou estar disposto a ir contra tudo!

      Yasuo gargalhou ruidosamente.

      - Ah, é mesmo? – duvidou. – Vejo que boa parte de minha coragem está em você, mas isso não fará com que você escape. Você é meu filho, Jim, e de vê obedecer a mim. Você é rebelde, porém meus fiéis podem ensiná-lo as boas maneiras enquanto estou longe. Venham, meus seguidores!

      Pessoas vestidas com mantas, exatamente iguais às do pesadelo passado, aproximaram-se e seguraram meus braços antes que eu pudesse fugir. Carregavam facas afiadas em suas mãos, provavelmente serviriam para matar-me. Yasuo fez um sinal positivo com a cabeça, assim seus fiéis cravaram suas armas em meu corpo. A dor fora insuportável, o sangue escorria rapidamente por todos os ferimentos, deixando-me cada vez mais fraco e perdendo os sentidos. Não demorou muito para eu ser envolvido pelas sombras.

Acordei atordoado pelo cansaço e terror, mas não poderia dormir mais, estava na hora de levantar e ir à escola. Esperei alguns minutos, preparando-me para aquele longo dia até criar coragem necessária para deixar minha cama, trocar-me e rumar à cozinha.

      Estranhei o fato de Lisa não ter sido a primeira a arrumar-se, provavelmente também estava relutante em levantar-se, devido à tristeza pela perda da amiga. Prossegui com minha melancólica rotina e notei que havia um jornal acima da mesa (minha mãe já deve ter saído), seu destaque era, obviamente, a morte de Susie Bourbon. O noticiário relatava o incêndio como um terrível acidente, propício a acontecer a qualquer um, e mesmo a mansão possuindo sensores, dos quais deveriam auxiliar no combate de tais catástrofes, estes não funcionaram. Para todos, o fato do equipamento ter falhado em sua tarefa deveu-se à sua rara utilização, o que fez com que os mecanismos “enferrujassem”, digamos assim. Porém, para mim, aquilo só poderia ter uma explicação: sabotagem. Algum seguidor ou filho de Yasuo conhecia o segredo de Susie e desejava vê-la morta, fazendo tudo parecer um acidente. Precisava fazer as pessoas acreditarem em meu pensamento, mas como? Mesmo conhecendo parte da verdade, eu não possuía provas e argumentos, dos quais pudessem ser utilizados para convencê-los dessa história mirabolante.

      Sim, terríveis acidentes são propícios a acontecer a qualquer um, no entanto, as chances aumentam demasiadamente quando se é filho de Yasuo.

      Quando terminei minha leitura superficial, escutei passos aproximando-se lentamente. Pertenciam à Lisa. Minha irmã recostou seu corpo à porta, ela estava muito pálida, não havia maquiagem alguma enfeitando sua face e seus olhos inchados e vermelhos fitavam sem emoção. O silêncio era sufocante, incômodo, queria dizê-la algo, fazê-la sentir-se melhor, porém não sabia como. Entristeceu-me quando escutei sua voz soar rouca e arrastada de tanto entregar-se aos prantos.

      - Vamos?

      - Não vai tomar café? – perguntei.

      Ela meneou a cabeça negativamente.

      - Não estou com fome. Além disso, se demorarmos muito, vamos nos atrasar.

      - Lisa, você não pode ficar sem a refeição matinal – disse parecendo possuir uma autoridade da qual não me pertencia.

      - Eu não quero, está bem?! – explodiu. – Você vem ou vou ter de deixá-lo aí?

      Não a respondi, achei que, em momentos delicados como este, gestos eram mais eficientes, por isso, caminhei à minha irmã e a envolvi em um caloroso abraço. Lisa também não fez uso de palavras, no entanto, percebi que ela compreendera minha ação quando passou seus braços à volta de meu pescoço. Permanecemos nesse estado por alguns instantes até relembramos da fria realidade e do fato de que tínhamos de encará-la. Abandonamos o aconchego de nossa morada para irmos à luta.

      Não trocamos nenhuma palavra durante todo o percurso. O tempo não estava propício a isso, até mesmo a cidade parecia refletir a melancolia sentida por todos aqueles próximos a Susie. A animação que ontem fizera uma inesperada visita às pessoas da cidade abandonara-as com a mesma rapidez com a qual chegara. Na escola, a situação não era diferente. O local estava mais silencioso ao seu natural, conseguia escutar apenas alguns murmúrios e choros.

      Os funcionários e alunos homenagearam a jovem falecida e quando tudo terminou, retornamos às atividades diárias. Pessoas vêm, pessoas vão e, no entanto, a vida, o mundo prosseguia ao seu ritmo. Sempre há algo que nos dizia para continuar sempre em frente e quando esse motivo não existe mais, resta apenas o vazio, entregando-nos a mais profunda escuridão.

      Como costumava fazer, não prestei atenção às aulas, permaneci concentrado em meus pensamentos tentando encontrar algum modo de solucionar tudo. Pensei em ligar para Raj, possivelmente ele conhecia mais coisas das quais ele contou-me. Algumas perguntas flutuavam em minha mente e meu meio-irmão é a pessoa mais propícia a respondê-las no momento. Mas precisava de tempo, deveria fazê-lo ao final de semana, devido aos compromissos da escola. Enquanto isso, tentarei viver normalmente, porém, sempre quando possível, coletar mais informações à respeito.

      Minha mente vagueou durante, praticamente, todas as aulas, exceto a última, quando algo me puxou de volta a terra. O professor chamava por meu nome (e não era para responder a chamada).

      - Jim Harris?

      - Sim? – Levantei o braço timidamente.

      - A diretora o chama.

      Levantei-me desanimado (o que eu fiz desta vez?) e rumei ao meu destino. Escutei alguns murmúrios de meus colegas antes de fechar a porta atrás de mim (provavelmente torciam para eu me ferrar, é isso que a maioria dos adolescentes deseja uns aos outros: rir da desgraça alheia). Caminhei por corredores vazios e silenciosos, dos quais eu conseguia escutar apenas o baixo ruído de meus All Star surrados batendo contra o piso. Levei alguns minutos para chegar à sala da diretora, da qual a passagem estava fechada, obrigando-me a bater.

      - Um instante. – Consegui escutar sua voz vinda do outro lado da porta.

      Tive de esperar apenas um instante como me foi dito até a porta abrir-se, revelando uma mulher gorda, por volta dos quarenta e cinco anos, de pele rosada e cabelo curto e encaracolado. Seus óculos estavam na ponta do nariz, ela trajava um vestido (terrível) vermelho “adornado” com grandes botões em formato de rosas. Seus olhos escuros observavam-me cautelosamente de cima a baixo, como se desejasse registrar cada centímetro de meu ser em sua memória.

      Diretora Mafalda Rudge era uma das pessoas das quais eu menos avistava na escola, apenas quando ela ia dar algum tipo de aviso geral em minha sala, mas nunca diretamente comigo. Entretanto, ali estava eu, subitamente naquele local, provavelmente para um tedioso diálogo, do qual eu sequer poderia imaginar do que se tratava.

     - Bom dia, Jim Aiden Harris – disse ela com um enorme e estúpido sorriso estampado em seu rosto redondo.

      - Bom dia.

      Meus cumprimentos não foram tão animados quanto os dela. Primeiro, não desejava estar ali. Segundo, ela chamara-me pelo meu nome completo, em geral, não me importava com qualquer denominação das quais as pessoas pudessem vir a utilizá-los quando se referissem a mim (até mesmo os mais “amigáveis”), no entanto, eu não me simpatizava com a sonoridade de meu segundo nome, Aiden (em homenagem ao meu avô materno). Terceiro, pelo fato daquela mulher estar tão radiante em uma manhã tão melancólica, ainda mais após a morte de uma das alunas.

      - Sente-se. – Ela indicou uma das cadeiras situadas diante de sua mesa e, após isso, acomodou o traseiro gordo em seu local.

      Fiz o que ela pediu e permaneci um tempo observando ao redor. O recinto não era tão espaçoso, havia dois armários onde, possivelmente, ela guardava arquivos de todos os alunos e professores, alguns quadros contribuíam com a decoração local e uma janela com a iluminação. Sua mesa situava-se ao centro do ambiente e estava abarrotada de papéis, um computador e um portador de canetas.

      Mafalda Rudge juntou suas mãos, entrelaçando seus dedos gordos antes de dizer sem tirar os olhos de mim.

      - Primeiramente, queria pedir desculpas por não ter conversado contigo em momento algum desde que você entrou nesta escola. Confesso que foi um erro, pois é minha função oferecer apoio aos alunos, saiba que pode vir conversar sempre que sentir necessidade. – Ela fez uma pausa. – Bem, agora gostaria de fazer uma proposta. Você sabe que após as férias irá iniciar os preparativos para a feira cultural. Nós estávamos querendo fazer a propaganda do evento, mas, a garota propaganda, Susie Bourbon, infelizmente faleceu. Eu sei que é insensível conversar sobre esses assuntos agora, mas estamos sem tempo e gostaria de perguntar se você quer substituí-la, afinal, é um excelente aluno.

      Antes de responder, fitei a diretora por mais algum tempo. Ela permanecia com o irritante sorriso estampado em seu rosto gordo. Fiquei imaginando se ela realmente se importava com a morte de Susie.

      - Creio que terei de recusar sua proposta, não sou o tipo de pessoa certa para isso. Sou bem tímido.

      - Que pena, mas peço que pense a respeito, talvez você mude de ideia.

      - Pensarei – menti antes de deixar a sala.

      Fechei a porta atrás de mim e rumei à minha sala. Os alunos do turno da manhã já não estavam presentes na escola, pois a última aula terminara há quase dez minutos. Retornei apenas para pegar minhas coisas.

      Já estava quase saindo da sala quando pisei em algo, no qual quase me fez escorregar e cair no chão (e mais uma vez meu índice de desastre falou bem alto, ainda bem que não havia ninguém ali para rir de mim). Avistei o pequeno objeto, era uma carteira preta. Peguei-a com intuito de identificar seu portador, pertencia a Phoebe Johnson, pude visualizar isso devido à sua identidade. Pensei em que faria para devolvê-la e achei melhor ir à sua casa e entregá-la diretamente (afinal, também não estava animado a rever a diretora).

      Decidi que iria à casa de Phoebe antes de retornar à minha própria (afinal, se voltasse à minha morada, teria muita preguiça mais tarde). Deixei a escola rumo ao meu destino. Não demorei muito e nem tive dificuldades para encontrá-lo. A casa possuía uma coloração levemente rosa e, como de costume, havia um jardim de flores brancas na entrada.

      Subi três degraus, dos quais davam acesso à porta grande e branca de entrada e toquei a campainha. Escutei certa movimentação casa adentro e esperei alguns minutos antes de ser atendido. Phoebe apareceu diante de mim. Ela trajava jeans e camisa de manga comprida.

      - Olá, Jim Harris. – Ela ruborizou. – Tudo bom?

      - Olá, Phoebe. Tudo bem e contigo? – perguntei. – Sinto muito por ter vindo aqui sem avisar, mas eu trouxe sua carteira, ela estava caída na sala de aula. – Entreguei-a o objeto.

      - Vou bem também. Nossa, como sou descuidada! Obrigada, Jim.

      - Por nada.

      O silêncio caiu sobre nós. Permanecemos olhando para nossos próprios pés como se estivéssemos encabulados (e realmente estávamos). Já quase dizia que estava indo, quando Phoebe falou antes de mim:

      - Quer entrar e almoçar? – ofereceu. – Você ainda não deve ter comido nada, já que veio entregar minha carteira.

      Pensei em recusar, no entanto, relembrei como aquela garota era carente e solitária, então, imaginei que pudesse fazer uma boa ação e talvez fizesse uma nova amiga. Aceitei o convite. Phoebe fez um sinal para que eu entrasse ao recinto e eu obedeci.

      Adentrei a uma sala de estar. O local estava bem organizado e limpo. Havia um sofá branco e espaçoso à frente da televisão e uma mesa de centro disposta entre os dois objetos. Uma estante situava-se ao canto do ambiente e nela estavam guardados vários adornos como vasos de plantas e porta-retratos. Um destes últimos chamou-me a atenção, era uma foto de casamento, provavelmente dos pais de Phoebe, entretanto, onde deveria estar o rosto da noiva, estava um grande rasgado. Geralmente quando casais separam-se, as imagens que os mostram juntos são mantidas longe da visão dos outros, o retrato rasgado era algo bem incomum.

      Enfim, não cabia a eu descobrir problemas de casais, assim, dei de ombros e prossegui com minha vida. Phoebe guiou-me à cozinha de sua morada. O local era incrivelmente limpo, o fogão estava abarrotado de panelas, nas quais continham o alimento.

      - Phoebe, tem alguma coisa sem carne? – perguntei.

      - Tem bastante salada – respondeu. – Você não come carne?

      - Não, não mesmo.

      - Entendo. Eu também não como muito, mas algumas coisas eu não consigo viver sem.

      Consegue, no entanto, nunca se deu ao trabalho de tentar, pensei.

      - Bem, sirva-se. – Phoebe entregou-me prato e talheres.

      Esperei-a servi-se para depois fazer o mesmo. Assentamo-nos e iniciamos nosso almoço. Durante todo o tempo, quase não trocamos palavras, eu não sabia o que dizer, Phoebe era uma garota distante, assim como eu, o que dificultava ainda mais. O silêncio era extremamente incômodo, no entanto, não conhecia uma forma de quebrá-lo. Não tive de pensar mis naquilo, pois Phoebe encarregou-se da tarefa.

      - Você é um garoto legal, Jim Harris. A maioria das pessoas não se importa comigo e não teriam vindo devolver minha carteira.

      - Obrigado. Bem, eu simplesmente pensei que era o certo a fazer.

      - Eu sou quem agradeço. – Ela fez uma pausa para tomar um gole de seu suco. – Você também é bem bonito e charmoso. Esses seus olhos de gato são encantadores.

      - Obrigado. – Senti minhas bochechas flamejarem.

      Phoebe estava cada vez mais perto de mim, suas mãos também deslizaram pela mesa parando próximas às minhas. Seus olhos encontraram os meus e eu pude perceber seu rosto mais rubro a cada instante.

      - Você me daria uma chance, Jim Harris? – ela perguntou com um fio de voz.

      - Phoebe, eu sinto muito, mas eu já tenho namorada, eu... – Mas antes que pudesse respondê-la, ela interrompeu-me.

      - Eu sei disso, mas eu não consigo aguentar. Eu possuo certo fascínio por você, eu sempre o observo calada.

      - Acho melhor eu ir agora, você não parece bem, Phoebe – disse.

      - Não! – bradou ela. – Não me deixe sozinha, por favor.

      Phoebe segurou meu braço, fazendo-me permanecer ali. Ela aproximava-se cada vez mais. Tentei afastá-la, sem machucá-la, mas foi em vão. Aquela garota estava fora de si, era extremamente carente e encantou-se por eu ter sido gentil, algo completamente novo a ela. A garota envolveu-me em um abraço.

      - Por favor, volte a si, Phoebe – pedi desesperado.

      - Não me deixe sozinha.

      Seus braços agarraram-me a fim de prender-me próximo a ela enquanto eu tentava afastá-la ao máximo, sem fazer uso da brutalidade, entretanto, não sabia até quando conseguiria manter a gentileza (meu índice de vergonha estava lá em cima, eu não desejaria avistar meu rosto neste momento, de tão vermelho que ele deve estar). Foi então que escutamos um ruído vindo da porta da frente, fazendo-a soltar-me. Assim, ela percebeu o que havia feito e fez questão de desculpar-se.

      Instantes após o ocorrido, um homem alto, magro, de cabelo escuro e cacheado adentrou a cozinha. Seu olhar percorreu todo o ambiente antes de dizer:

      - Olá, querida – cumprimentou. – Vejo que trouxe um amigo da escola... – Ele não parecia satisfeito com isso.

      - Olá, papai. Este é meu amigo, Jim Harris.

      - Prazer. – Ergui o braço a fim de cumprimentá-lo, mas ele não retribuiu.

      O pai de Phoebe virou as costas e permaneceu imóvel de cabeça baixa e com as mãos apoiadas na bancada da cozinha. Estranhei tal fato e incomodei-me um pouco, no entanto, nada disse. O homem provavelmente estava cansado do trabalho e não esperava um visitante, o que deve ter intensificado o seu mau humor.

      - Desculpe, ele não deve estar animado hoje – murmurou Phoebe.

      - Tudo bem. Acho que já vou indo – disse. – Obrigado pelo almoço.

      Mas antes que eu pudesse deixar a cozinha, subitamente o pai de Phoebe voltou-se à nossa direção. Ele estava completamente fora de si, seus olhos vermelhos e raivosos e em suas mãos, ele carregava uma faca afiada de cortar carne.

      - Você não vai a lugar algum, filho de Yasuo! – bradou ele.

      Senti calafrios percorrer todo meu corpo quando ele citou o nome Yasuo. Relembrei o pesadelo e fiquei imaginando como aquele homem sabia daquela informação. Phoebe posicionou-se à minha frente, entre seu pai e eu.

      - Pai, você enlouqueceu?!

      - Não, minha filha, quem enlouqueceu foi você trazendo esse garoto para nossa casa! Ele é nosso inimigo!

      Phoebe não respondeu, com um rápido movimento, ela empurrou uma cadeira contra seu próprio pai, o objeto caiu pesadamente contra o pé do homem, fazendo-o cambalear e gritar de dor. A garota não esperou mais, segurou minha mão e guiou-me cozinha afora.

      - Meu pai está louco. Você precisa sair daqui o quanto antes!

      Eu assenti.

      Tentamos pela porta da frente, no entanto, esta estava trancada e não conseguimos avistar nenhuma chave à disposição. As janelas também se encontravam na mesma situação. O desespero começou a fazer-se presente em meu interior, estava preso com um louco armado atrás de mim, o qual conhecia meu segredo. Escutei um ruído vindo da cozinha, então pude imaginar que o sujeito já estava a caminho.

      - Vamos ao meu quarto, de lá poderemos conseguir ajuda – sugeriu Phoebe.

      - Certo.

      Corremos por um corredor até chegarmos à última porta. Adentramos ao recinto e trancamo-nos lá dentro. Quando voltei a observar Phoebe, ela estava ajoelhada e com os olhos vermelhos e úmidos, lágrimas escorriam apressadas pelo seu rosto.

      - Como isto pode estar acontecendo?! Diga-me como!

      - Phoebe, eu... – Mas fui interrompido.

      - Diga-me, você é mesmo filho de Yasuo?

      - Como você sabe a respeito de Yasuo? – perguntei.

      - Responda-me primeiro, você é ou não? – exigiu.

      Pensei em uma resposta, entretanto, eu não conseguia imaginar uma maneira de fugir daquilo. Mesmo negando, Phoebe já conhecia a verdade a meu respeito, ela só questionava, pois ainda tentava digerir tal fato.

      - Sim... – Minha voz soou rouca.

      - Então não me admira que meu pai esteja furioso! Então meu pai nunca foi um louco! – bradou ela, sacudindo-se freneticamente.

      - Por favor, Phoebe, diga-me como sabe a respeito de tudo isso.

      Ela fitou-me com seus olhos vermelhos e inchados devido ao pranto e seu rosto estava marcado pelas lágrimas. Phoebe passou as costas da mão pela face com o intuito de limpá-las, então, disse aos soluços:

      - Minha mãe era uma das seguidoras desse culto maldito!

      - Sua mãe? – surpreendi-me.

      - Sim. Minha mãe abandonou-nos dizendo que sua única razão de viver era seguir a Yasuo, disse para nunca mais procurá-la – explicou. – Desde então, meu pai tomou ódio profundo desse culto e tudo relacionado e sua ira intensificou-se quando ele ficou sabendo que o deus supostamente morrera o que levou minha mãe a cometer suicídio. – As lágrimas voltaram a rolar pelo seu rosto. – Eu não sabia, eu achei que tudo isso era uma loucura e, no entanto, você está aqui, diante de mim, provando-me o contrário.

      - Phoebe, eu sinto muito. Eu não... – Mas novamente fui interrompido.

      Dessa vez, não fui interrompido pela fala de Phoebe, mas por uma brusca pancada na porta, a qual fez a jovem assustar-se.

      - Vamos querida, entregue-me esse monstrinho e tudo vai ficar bem! – Conseguia escutá-lo dizer ao outro lado enquanto retomava suas pancadas na porta.

      Phoebe permaneceu imóvel ao canto do quarto, abraçada aos próprios joelhos e deixando as lágrimas escorrerem cada vez mais. Aquilo era demais para ela, não pensei que ela fosse capaz de alguma reação. Precisava fazer algo, olhei ao redor e avistei um celular. Não pensei duas vezes antes de ligar à polícia. Expliquei-lhes minha situação e fiquei esperando que viessem o quanto antes.

      Observei as janelas do quarto de Phoebe, mas estas também estavam trancadas e uma proteção de madeira cobria-lhes, o que me impedia de quebrar o vidro e escapar. A cada momento que passava, as pancadas tornavam-se mais fortes e ruidosas. Aquilo talvez fosse meu fim, poderia ser assassinado por um louco (não era uma boa coisa, de todas as vezes que corri perigo, aquela era a mais ridícula) e o pior de tudo era o fato de eu ser incapaz de fazer qualquer coisa.

      Não demorou muito para que a porta fosse arrombada e o homem irado adentrasse ao recinto. Em uma de suas mãos ele carregava a faca de cortar carne enquanto, na outra, um revólver. Ele mirou sua arma de fogo em minha direção, fazendo-me paralisar, no entanto, antes que ele pudesse fazer qualquer outro movimento, Phoebe interveio, interpondo-se entre nós.

      - Pai, por favor, eu te peço... – disse aos soluços. – Jim não nos fez nada!

      - Não nos fez? Ele é a causa de todo nosso sofrimento, ele e toda a sua laia! – bradou o homem.

      O sujeito fez o primeiro disparo, o qual quase me acertou, e acabou atingindo um vaso de plantas. Nesse momento, pensei ter assistido toda minha vida passar diante de meus olhos como um feixe de luz. O impulso de gargalhar insanamente por pouco não tomou conta de mim, tive de lutar bastante, pois sabia que, caso permitisse entregar-me, seria um homem morto. Minha vontade era de chutar o local proibido daquele homem e partir o quanto antes (afinal, eu não tinha culpa do sujeito não ser excitante o bastante para manter a mulher em casa. Tudo bem, pérolas à parte).

      Escutei um barulho vindo de fora da casa, era os policiais, o que fez com que minha mente voltasse a iluminar-se. O pai de Phoebe também percebeu os visitantes, estava claro em seu olhar que aquilo pouco o agradou. Pude ouvir os passos apressados dos oficiais, em instantes, eles já haviam cercado o quarto.

      - Mãos ao alto e largue a arma! – exigiu um dos maiores oficiais.

      - O que vocês vão fazer? Prender-me? – Gargalhou. – Eu não tenho medo de prisão!

      - É melhor você desistir, está cercado.

      - Eu não tenho medo de morrer! – Ele continuava gargalhando insanamente. – Não me importo de fazer uma visita ao inferno, desde que leve esse fedelho junto!

      Então tudo aconteceu rapidamente: o primeiro disparo, feito pelo pai de Phoebe, atingiu-me no ombro, fazendo-me fraquejar e sentir uma terrível dor. Este fora o início para vários tiros, inclusive vindos dos oficiais. O homem louco não desistiu até ser completamente baleado. A jovem não aguentou assistir ao sofrimento do familiar e acabou entrando no meio do tiroteio e tornando-se mais uma vítima das balas perdidas. Muitos oficiais também foram atingidos, no entanto, nenhum chegou a perder a vida.

      Assistia a toda aquela cena de terror em um dos cantos do quarto. Pude ver sangue para todo o lado, inclusive escorrendo de meu doloroso ferimento, o qual não era nada comparado ao que realmente aconteceu. O recinto que antes representava inocência, ordem, tranquilidade, agora se encontrava em completa destruição, desordem, tristeza e morte. Em meio a toda aquela situação, um único pensamento percorria minha mente: mais um cenário de violência desnecessária.

      O sangue mais uma vez fazia-se presente, manchando nosso caminho, nossa alma e carregando o sofrimento. Enquanto não eliminarmos o sentimento de vingança, o rancor e a inveja, episódios como este seriam sempre frequentes em nossa sociedade violenta. Talvez a sabedoria do perdão fosse uma das mais valiosas e por isso, tão árdua de alcançar. Ou talvez seja o caso de ninguém procurar por tamanho conhecimento, afinal, estamos todos doentes e esse tipo de acontecimento é comum hoje em dia, que já estamos acostumados e não percebemos que o número de vítimas só aumenta. Phoebe e seu pai também foram vítimas daquele jogo doentio. 


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