Pesadelo do Real escrita por Metal_Will


Capítulo 40
Capítulo 40 - Espiando




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/138863/chapter/40

"A inocência não se envergonha de nada"
           ~ Jean-Jacques Rousseau

 Capítulo 40 - Espiando

 Ao que parecia, a parte mais difícil já foi feita: entender o sonho. O problema agora é encontrar uma forma de ativar o evento de seu pai como Mestre das Chaves. No entanto, com a guia de seu lado, Monalisa sentia que isso não seria muito difícil. Pelo menos era o que ela achava.

- Então...o negócio é falar com o meu pai - balbuciou a loirinha, enquanto Ariadne olhava para suas unhas, mostrando uma grande tranquilidade - Hmm...é...não parece muito difícil.

- Se você diz - fala Ariadne, levantando-se e se espreguiçando - Podemos falar com ele hoje mesmo.

- Ah, então...o meu pai demora bastante para chegar em casa - explicou Monalisa - Vai ser complicado falar com ele sem a minha mãe por perto.

- Então vamos falar com ele em outro lugar.

- Está pensando em ir ao trabalho dele? Bem, é em uma empresa da cidade, mas fica meio longe do centro.

- Qual é o endereço?

- O endereço... - a loirinha faz um esforço, mas não consegue se lembrar o nome com exatidão - Desculpe. Não me lembro. Nunca fui boa em guardar endereços e eu só fui lá uma vez. Nem lembro o nome da rua. Mas acho que sei como chegar lá de ônibus.

- Tudo bem, não faz mal - diz Ariadne - Mesmo porque...se queremos ativar o evento do seu pai, talvez seja melhor falar com ele fora do ambiente do trabalho.

- Como assim?

- Bem, na verdade não é algo que possa te falar, mas posso te mostrar.

- Ainda não entendi...

- Relaxe. Nas atuais circunstâncias é algo que você nem vai se importar muito, mas talvez te choque um pouco - fala a guia, alongando os braços e subindo para a sala - O sinal já vai tocar. Conversamos mais depois da aula.

- Então você já tem algum plano, não tem?

- Claro que sim - responde a ruivinha de maneira confiante - Ah, sim, lembre-se de ligar para sua mãe e avisar que fará um trabalho na minha casa...embora é claro que ela sabe a verdade, mas essa desculpa vai evitar que ela nos interrompa.

- Trabalho na sua casa? Tá, posso fazer isso, mas você não vai me falar mais nenhum detalhe?

- Como disse...não é algo que possa falar, mas sim mostrar.

 Monalisa estava curiosa, mas atende às orientações da guia. Depois da aula, ela liga para a mãe avisando que fará um trabalho na casa de Ariadne e ao desligar o telefone dá de cara com sua amiga Luana. Outro personagem que não quer que ela saia do Labirinto, apenas para lembrar...

- Mona?

- Ah, Luana? E aí?

- Trabalho de Geografia? Mas a gente nem tem um trabalho de Geografia para fazer...ou temos?

- Ah, isso? Bem, na verdade é uma pesquisa que o professor recomendou que eu fizesse...talvez ele aumente a minha nota se eu fizer um trabalho por fora.

- Sério? Não sabia que você estava mal em Geografia...

- Pois estou...daí ela resolveu me ajudar. Só isso.

- Ah - aceita Luana, não acreditando muito (e é claro que ela sabia que era mentira, mas estava fingindo bem).

- Você e a Ariadne estão bem amigas ultimamente? O que aconteceu?


- Por que está perguntando isso? Só me dou bem com ela..


- Vai, me fala, ela esconde alguma coisa, né? - Luana pergunta curiosa. Monalisa se sente desconfortável com a situação, tentando fugir desse impasse o quanto antes. O que poderia dizer numa situação dessas?

- N-Não sei de nada, mas...se ela tiver algo de suspeito eu falo para vocês..

- Ah, sabia! Está tentando descobrir algo de errado com a aluna nova, né? Eu também achei ela bem suspeita!

- Bem, quem sabe, né?

 Por sorte, Luana fazia o papel de uma menina não muito inteligente e que vivia preocupada com coisas fúteis, sendo assim, Monalisa conseguiu deixar as coisas por isso mesmo, mas não podia ter certeza que a colega não iria ligar para sua mãe e estragar seus planos. Só que mesmo que isso acontecesse, Ariadne já parecia ter tudo planejado. E isso incluia suspeitas das amigas também.

- Não se preocupe - disse Ariadne, alguns minutos depois, após se encontrar com a garota e as duas andarem lado a lado pelas ruas - Vamos passar mesmo a tarde na minha casa. Mesmo que sua mãe ligue para confirmar, estaremos lá.

- Mas se vamos ver o meu pai, isso só acontecerá à noite, não? E com os seus pais? Não terá problema?

- Não. Todos sabemos o que está havendo. Não preciso esconder nada deles. Se sua mãe ligar para minha casa quando não estivermos, avisei minha mãe para nos acobertar.

- Você pode fazer isso?

- Como guia posso - respondeu ela - Os problemas só acontecem no que diz respeito a você.

- Bem, tentei ser o mais discreta possível.

- É mesmo? - diz a guia cinicamente - Todo mundo acharia estranho ficarmos tão amigas de repente.

- Bem...talvez eu não tenha me preocupado muito com isso...

- De qualquer forma, o Labirinto exige que todos interpretem seus papeis fielmente a menos que algum evento seja executado...embora isso só aconteça enquanto você está presente.

- Faz sentido. Se eu não estiver presente, todos podem conspirar à vontade.

- Por outro lado, também não podem fazer nada de anormal de modo que você saiba. De alguma forma, as regras te ajudam. Isso limita bastante o poder da conspiração.

- É muito confuso. Minha mãe sabe sobre mim, mas precisa fingir que não sabe.

- Mas ela só vai poder agir se houver uma justificativa para que ela saiba. O Labirinto precisa ser racional. E é disso que vamos tirar proveito.

- Se bem que..

- O que foi? Pode falar - diz Ariadne, mudando de um sorriso cínico para um mais simpático.

- Depois que sair daqui não precisarei mais dar satisfações a ninguém. Não tem muitos motivos para ficar agindo escondida.

- Você quem sabe - responde a guia - Mas se você agir deliberadamente terá que assumir as consequências. No fundo, você também precisa interpretar.

- Está sendo cada vez mais difícil. Preciso fingir que não sei que minha mãe quer me prejudicar, mesmo sabendo que ela sabe que eu sei. Droga. Mal vejo a hora de sair daqui!

- Se serve de consolo - fala a ruiva - Estamos bem perto da saída.

- Sim. Só precisamos recuperar a chave que está com o meu pai.

- É..."só" isso - diz Ariadne - Mas veremos como será sua reação quando falar com seu pai.

- É o meu pai. Acho que consigo falar com ele, não?

- Não foi o que aconteceu no seu sonho - lembra a guia. Verdade. No último sonho, Monalisa tenta soltar sua voz para falar com o pai, mas ela não saía. Seria um sinal de que está tão distante assim de seu pai?

- Bem, só vou saber quando encontrar com ele - responde Mona. Ariadne sorri.

- Veremos isso logo. Opa. Nosso ônibus - ela corre na direção do ônibus que iria para a casa dela. Monalisa a acompanha e passa o resto da tarde na casa de Ariadne. As duas ficam lá até por volta das cinco e meia, horário em que Ariadne se levanta e avisa que chegou a hora. Monalisa sente uma certa ansiedade.

- Faz mesmo muito tempo que não falo com o meu pai...

- Ainda é cedo para ficar nervosa - responde a ruivinha - Venha. Vamos nos encontrar com ele.

- Err....podemos procurar na Internet o endereço da empresa do meu pai e...

- Não é necessário - Ariadne interrompe secamente - Não é para lá que nós vamos.

- Não?

- Bom, só posso dar certeza  quando chegarmos lá.

 Monalisa fica em silêncio, já que não conseguiria arrancar nada de Ariadne mesmo que a ameaçasse (assim como era com todos no Labirinto), mas ficou pensando em que tipo de situação ela iria mostrar seu pai. Se ele não estava na empresa, então onde estaria? As coisas foram ficando mais esquisitas quando as duas desceram do ônibus em um ponto próximo a uma rodovia, longe do centro da cidade. A loirinha começou a ficar preocupada.

- Que..que lugar é esse?

- Shhh...venha comigo

 Monalisa a segue e as duas se escondem em uma folhagem, do lado de um tipo de estabelecimento. Na verdade, um estabelecimento bastante suspeito.

- Onde nós estamos, Ariadne? O que estamos fazendo?

- Você confia em mim, não confia?

- Sim. Eu confio, mas...

- Esse lugar é um motel.

- Um o quê? - Monalisa fica vermelha, mas era verdade. Ao olhar para cima, vê um letreiro luminoso com as palavras Aphrodite piscando (Aphrodite deveria ser o nome do motel). Motivo suficiente para ficar mais nervosa e mais vermelha ainda - Ariadne...o que viemos fazer num lugar como esse?

- Shhh. Quieta. Se nos descobrirem aqui, vão nos expulsar. Somos só duas pirralhas - repreende a guia - Ao invés disso deveria perguntar..o que ele veio fazer num lugar como esse? - ela aponta para um carro azul escuro, onde podia ver claramente a imagem do seu pai dirigindo. E ao lado dele, uma mulher estranha.

  "Aquele é...o meu pai. Não...não pode ser", espanta-se a mocinha. "E quem é aquela mulher?"


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Pesadelo do Real" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.