- Ok, então vamos jogar verdade ou desafio. – disse Chaz rindo.

- Tudo bem né. – ergui os ombros.

Bom, nos sentamos perto da piscina. O sol continuava forte, apesar de ser umas 3 ou 4 horas da tarde. Eles começaram a brincadeira. Eu fui obrigada a jogar isso com eles, mesmo não sabendo direito como jogava isso. Eles faziam os desafios mais idiotas que eu já tinha visto. Até agora ainda não tinha “parado em mim”. Mas, bom, agora, Ryan tinha que perguntar a mim.

- Verdade ou Desafio, Amy? – perguntou Ryan rindo um pouco.

- Desafio. – saiu como um impulso. – Não, não, verdade!

- Já foi, Amy. Não conhece as regras? – riu Ryan.

- Af, esse jogo é muito sem graça. – revirei os olhos. – Jogo de criança!

- Se você acha... Bom, desafio você a dar um beijo no Justin.

- Desafio sem graça... Fala sério, isso não é um desafio.

Mordi o lábio inferior. Apesar de tudo e de achar esse um desafio totalmente idiota, bom, eu estava um pouco nervosa. Os garotos não sabiam que eu e Justin tínhamos ‘’ficado’’ ou algo assim. E além do mais, as outras vezes foi Justin que me beijou, não fui eu que beijei ele. Olhei pro Chaz que ria um pouco sem graça. Justin estava ao meu lado me fitando. Eu devia estar com a cara mais idiota do mundo. Eu sou idiota mesmo! Esses garotos são tão retardados.

- Se é fácil, então, vai logo.

- Como se eu não tivesse beijado alguém antes. – revirei os olhos. – Tudo bem né.

- Por um minuto. – completou Ryan.

“Desafio idiota.” – murmurei. Aquele nem era mais tanto assim um desafio pra mim. Aliás, eu já tinha feito aquilo antes. Bom, quer dizer, não exatamente, mais ou menos.

- Amy? – ouvi a voz de Justin ao meu lado.

Enfim, respirei fundo. Meus lábios formigavam, o que era estranho. Me virei para Justin, levando minha mão até seu rosto. Ele sorria e tinha seu olhar para baixo. Isso era mesmo muito estranho, aliás, eu ainda achava tudo isso errado pelo Justin ser meu novo irmão. Mesmo adotivo. Era errado, não era?

Enfim, levei meus lábios até os seus os selando em um beijo um pouco lento. Vi os garotos gritarem e começarem a contar, eles contaram até 60 e bom, o beijo ainda continuou, o que foi estranho. Era pra ser só por um minuto certo? Foi muito mais que isso. Justin logo tomou o ‘’controle’’ e começou a me beijar com mais urgência, fazendo com que eu me deitasse no chão e ele deitasse por cima de mim. Cara, isso é chato. \risos.

- Tudo bem... Chega, acabou... Desafio feito. – ouvi Ryan gritar e puxar Justin. – Poxa, essa brincadeira não tem mesmo nem um pouco de graça.

- Eu não disse? – eu ri assim me ajeitando um pouco rapidamente.

- Vocês não são irmãos? – Chaz riu.

- Sei lá. – Justin também ria.

Eu o empurrei e comecei a rir também. Eu sei lá por que.

[...]

Eu estava agora no meu quarto, terminando de me arrumar pra descer lá embaixo onde estava rolando a festa do Bieber. Pois é, eles resolveram fazer. Justin chamou uns amigos seus, como Caitlin, Chris, Jessica Jarrel e mais uns lá que eu não sei o nome.

- Pronto Amy? – ouvi alguém gritar do outro lado da porta.

- Sim, só um minuto. – respondi.

Coloquei meus sapatos e me dirigi até a porta para abri-la. Chaz estava ali me esperando sorridente.

- Ual, você está linda, Amy. – ele sorriu.

- Mentiroso. – cruzei os braços.

Eu não estava lá àquelas coisas. Eu usava apenas um vestidinho preto básico e sapatilhas com lantejoulas para enfeitar. Nada de muito especial. Sem maquiagens, nem acessórios.

- Eu sempre falo a verdade.

- Duvido.

Chaz me acompanhava enquanto descíamos as escadas.

- Você não me contou que tava com o Bieber.

- O que? Eu não estou! – franzi a testa. – Bom, quer dizer...

- Vocês estavam bem, hã... Íntimos.

- Idiota. – lhe dei um empurrãozinho. – Acho que não temos nada.

- Certeza?

- Sim.

- Você parece gostar dele.

Antes mesmo que eu respondesse, percebi que já tínhamos chegado onde estava acontecendo à grande festa. Tinha muitas pessoas. Não sei como Justin tinha conseguido isso. Tinha musica alta, bebidas e mais algumas coisas lá que eu nem sei o que é.

- Oi, Amy. – disse Justin estendendo a mão. Eu a segurei. – Você ta... Bonita, irmãzinha.

Ele falou em um tom um pouco irônico e depois riu.

- Oi... E obrigado segundo mentiroso. – sorri

- Bom, acho que eu vou indo. – disse Chaz.

- Ah, Chaz... –segurei seu braço.

Ele me olhou novamente com um sorriso. Ele era sorridente. Ele era muito fofo.

- O que foi? – ele disse ainda com um sorriso.

- A gente se vê depois? – mordi o lábio inferior.

- Claro. – seu sorriso... Desmanchou?

Eu tentei sorrir pra ele, mas, logo após fui levada rapidamente pelo Justin até o sofá. A casa tava uma bagunça, era gente pra todo lado. Sapatos, roupas, pessoas se agarrando, garrafas quebradas no chão... Talvez Justin tivesse indo longe demais.

- Justin, não acha que essa festa ta exagerada, ou algo assim? – o fitei.

- Não... São só alguns amigos, musica e bebidas.

- A casa ta uma bagunça.

- Os faxineiros limpam depois. – ele sorriu.

- Af, idiota.

Eu revirei os olhos e fitei as pessoas que dançavam por toda a sala bagunçada.

- E aí, Justin. – disse um garoto desconhecido passando por nós. – Festa maneira.

- Valeu. – ele fez um ‘’jóia’’.

Logo ele voltou a me fitar. Justin levou sua mão até meu rosto, o puxando e me beijou. De novo. Isso tava ficando repetitivo. Senti ele passar a mão por debaixo do meu vestido. Esse menino tava bêbado?

- Hey, Justin. – empurrei seu peito.

- O que foi? – ele se ajeitou no sofá.

- Melhor parar. Sério, você ta bêbado? Doente?

- O que foi? Eu só... – interrompi.

- Você é estranho.

Nós ficamos um tempo em silencio. Talvez eu o tivesse deixado meio envergonhado, o que eu acho quase meio impossível, mas ok. Acho que eu não era mais exatamente a garota do orfanato, a estranha que não sabia de nada. As coisas estavam mais diferentes agora, e eu tenho que admitir que eu não estava gostando muito dessas diferenças. Essa não parecia bem eu. Talvez era uma parte de mim que eu não tive ainda a oportunidade de mostrar. Eu tava me sentindo meio trairá. Não sei bem se essa era a palavra.

- Oi, Justin. – disse uma menina sorridente parando em nossa frente.

- Selena? – Justin levantou rapidamente ficando ao lado dela. Ele parecia assustado. – Ta fazendo o que aqui?

- Esqueceu da sua namorada, é? – ela riu.

O que? Namorada? Ok, eu poderia até ser “irmã” do Justin, mas, isso meio que me machucou, saber que ele tinha uma namorada. Ele estava me usando esse tempo todo?

- Eu tava na cidade e resolvi passar na sua casa... Não sabia que tava fazendo uma festa. – a tal de Selena continuou.

- Selena, a gente não ta mais... – Justin foi interrompido por ela.

- Eu senti saudades! – a garota rapidamente entrelaçou os braços ao redor da nuca de Justin e o beijou.

Aquilo me deu nojo, raiva, foi uma avalanche de emoções. Me levantei rapidamente um pouco irritada. Senti alguém segurar meu braço.

- Amy, espera. Eu... Eu... – era Justin, claro.

- Você o que? – suspirei irritada.

- Justin quem é essa? – Selena perguntou.

- Ela é... – interrompi.

- Sou irmã adotiva do Justin, prazer namoradinha fofa. – tentei sorrir e acenei.

- É, isso... Eu acho. – Justin olhava pra baixo.

- Bom, se me dão licença, eu vou indo.

Dei de costas e fui em direção a escada. Pois é, minha vidinha de contos de fada acabou. Eu já devia saber, aliás, eu sempre soube. Amor é só uma grande mentira. Pra eles, principalmente pros garotos, nada importa. Isso não importa. Sentimentos, são bobos.

- Amy, calma. – Justin apareceu na minha frente.

- O que você quer, irmãozinho? – falei um pouco sarcástica.

- Olha, a Selena...

- É sua namorada... Mas, será que ela sabe que você fica a traindo?

- Ela não é minha namorada... Eu tinha terminado com ela, juro. Mas, ai ela apareceu aqui do nada e...

- Ok Justin. Eu odeio explicações sabia? – ergui a sobrancelha. – Será que podemos ser agora apenas irmãos?

- Mas, eu não quero ser... Seu irmão.

- É, mas pelo jeito você tem namorada... – fitei o chão. – Você tem a Selena, e eu vou ficar com o Chaz, certo?

- O que? Com o Chaz?

- Você me usou, então... – falei sorrindo um pouco irônica. – É isso ai, desculpa boyzinho.

Dei de costas pra ele e corri até meu quarto. Droga, eu sou a garota mais idiota do mundo, é.  Fechei a porta e a tranquei. Ouvi batidas na porta. Parecia mais que Justin a chutava.

- Abre Amy! Por favor, caramba! – ele gritava.

- Dessa vez eu não vou abrir. – gritei. – Vai se divertir na sua festinha, imbecil.

As batidas foram diminuindo. Eu me encostei na porta e fui descendo até ficar sentada encostada nela. “Droga Amy, você é muito fraca. Sua idiota.” Essa era minha consciência falando. Coloquei as mãos no rosto e o senti úmido. Isso era a pior coisa que tinha acontecido na vida. Eu estava... Apaixonada? Isso é uma droga, uma merda. Eu estava chorando por um garoto idiota? O que? Eu ainda não tinha passado nessa experiência do amor. Já ouvi muitas pessoas dizerem que ele machuca, e que estar apaixonado não é assim tão bom. É um sofrimento. Qual é Amy, você não ta apaixonada por esse canalha que se diz ser seu irmão. Isso era horrível ainda pra alguém como eu, que não acredito lá tanto em amor. A vida é só um poço de desprezo e ilusões. A vida é um poço de sonhos inacabados que não podem ser realizados, mas, acho que isso pode ser incluído nas ilusões.

Bom, uma coisa eu aprendi no orfanato. Se algo não te faz bem, ignore. Se você não se sente bem, ignore e sorria. Não se mostre fraca diante das pessoas. Elas não se importam mesmo com você. Quem disse que Justin se importa comigo? Ele é igual a todos os garotos. Mentirosos, traidores, infiéis, canalhas... Ele se faz de príncipe, mas de príncipe não tem nada. Mas, dizem que temos que beijar muitos sapos pra encontrar o príncipe, certo?