Tudo bem que eu morava em São Paulo, mas nunca tinha visto tanta histeria num lugar só. Não fazia idéia do que estava acontecendo, não fiz questão de perguntar, mas minha curiosidade continuou a fitar aquela aglomeração. Gritos e mais gritos, flashes e mais flashes, com certeza o mais óbvio é que no meio daquilo tudo deveria ter alguém da mídia.

— Alguém famoso.

Senhora Bourne confirmou aquilo que eu já imaginava. Eu não respondi nada, só fiz que sim com a cabeça, mas ela não viu, pois, como eu, estava atenta àquela confusão.

Não demorou muito, e claramente, pude ver. One Direction. Eles ficaram tão famosos em questão de dias. Alguns meses atrás eles não eram ninguém, agora, até no Brasil eles seriam recepcionados com maior histeria.

—One Direction. – Senhora Bourne disse, acompanhando meus pensamentos. – Minha filha é louca por eles.

Eu dei uma risadinha leve, era até normal uma afirmação daquelas. A maioria das garotas que eu conheço são loucas por eles e isso aconteceu de um dia para o outro.

Todos pareciam hipnotizados, como se aquela cena fosse incomum. No meio de toda aquela confusão alguma coisa aconteceu, os flashes intensificaram-se, eram mais gritos, por sinal, desesperados. Um ar de preocupação tomou conta da expressão de todos ali.

— Ele caiu! – alguma voz gritou.

Ele quem? Eu não vi, não naquele momento. Senhora Bourne apenas segurou minha mão, tentando sair do meio de todo aquele tumulto. Quando estávamos prestes a atravessar a portaria, eu vi. Vi Harry Styles caído no chão, sendo levantado pelos seguranças e quase sendo pisoteado. Ele nem se machucou, era visível. Mas já que era famoso, os noticiários mais tarde anunciaram que ele quase morreu pisoteado. Ele nem foi para o hospital.

— Querida, vamos embora. – disse Senhora Bourne, puxando-me carinhosamente para dentro do carro.

— Sim, senhora Bourne. – disse.

— Querida, não me chame de Senhora Bourne. – sorriu – Chame-me de Rachel.

— Ok, Rachel. – sorri.

Até mesmo em Londres, Inglaterra. Maldito trânsito. Durante todo o percurso eu e Rachel conversamos sobre família, comida e escola. Parece chato, mas foi divertido. Ela é bem simpática e eu sinceramente, adoro sua companhia.

Quase uma hora nas ruas da cidade, enfim, chegamos na casa. Tinha dois andares, era revestida em branco, tinha janelas persianas azuis, com cortinas rendadas e um jardim muito bonito na frente. Mais tarde, o resto de minhas malas chegou. A essa altura eu já havia conversado sobre a escola, sobre um trabalho – que eu queria muito ter- e já tinha arrumado todas minhas coisas num quarto de hóspedes. A família era bem de vida, financeiramente quanto espiritualmente.  Eu só estava à espera da filha deles, Molly, que ainda estava na escola e logo chegaria. Eu definitivamente, iria amar ficar ali.

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