E de repente, acordei, ofegando. Graças a Deus, fora apenas um sonho. Ou pesadelo.

  Eu estava tentando decidir quem veio primeiro.

  Mas não falo da galinha e do ovo.

  Falo da presunção, ou da arrogância de Brian.

-Hey, perceberam que depois que o Brian chegou, a Liss tem ficado mais no mundo da Lisa-Lisa do que na Terra?

  Carol perguntava, incrivelmente lanchando conosco, ao invés – como sempre fazia – das patricinhas, me lançando um olhar maligno.

  Ergui uma sobrancelha e senti vontade de sair gritando. Elas não conseguiam ficar nem um segundo sem falar no tal ser abençoado?

-Liss!

  Carol me gritou.

-Ah, o que é?

  Perguntei, de má vontade.

-Participe da conversa.

-Eu não. Estão falando de Brian, para que eu vou me intrometer?

-Por que você faz parte do circulo de amizades, hello-o.

  Avril disse, estalando os dedos na minha cara. Empurrei sua mão, e eles logo continuaram outro assunto.

  Eu tinha de fato ido na casa de Brian, para buscar meu fichário. Mas, graças a deus, ele não fez nada demais. Apenas fez piadinhas escrotas sobre o decote. Algo do tipo “isso tudo é para mim?”. Mas eu felizmente ignorei.

  Agora ele vinha na nossa direção, com um sorriso descarado em minha direção.

Brian se sentou do meu lado, e quando eu fui arrastar a cadeira para mais longe, ele simplesmente puxou a cadeira para mais perto dele, e disse em meus ouvidos, ninguém de fato prestado muita atenção:

-Na-na-ni-na-não. Vai sentar pertinho de mim.

-Sai daqui, seu nojento.

  Disse, empurrando-o. Ele riu, me deixando arrastar a cadeira livremente para bem longe dele.

-Então, Brian. Conte-nos mais sobre você.

  June disse, apoiando o queixo sobre os punhos, os cotovelos na mesa. Brian sorriu, e depois disse:

-Ok, hum... Eu morei na Califórnia a minha vida toda, mas tive que me mudar para cá por que meus pais foram transferidos para um hospital daqui. Eu tenho uma banda, e...

-VOCÊ TEM UMA BANDA?

  Perguntei, sem querer, e deixei minha completa falta de semancol denunciar minha surpresa.

  Ele sorriu, satisfeito como resultado que obteve em mim, e assentiu com a cabeça. Depois de perceber o que tinha falado, corei e me virei para frente.

-Sabia que a Liss toca guitarra?

  Avril disse, e eu logo a fuzilei com os olhos. Por que ela sempre tinha que abrir a sua enorme boca pintada de rosa choque, heim?! HEIM?!

  Brian me encarou com aqueles olhos negros e líquidos, e comentou:

-Sério? Podíamos no reunir para tocar um dia desses, quem sabe.

-Não, obrigada.

  Avril me lançou aquele olhar de “o que você está fazendo?!” e eu apenas dei de ombros.

-Vou comprar bala e já volto.

  Eu declarei. E de fato meus pirulitos tinham acabado, e eu não posso ficar sem. Me levantei, pegando a carteira dentro da mochila em cima da mesa e andei em direção da cantina.

-Hum... Me dá 10.

  Pedi logo, pegando minhas moedinhas. A mulher ficou me encarando com uma cara de “minha filha, você assaltou a igreja?”, mas eu fingi que não tinha visto nada.

-Eu pago.

-Não precisa...

-Já fiz!

  Brian disse, enquanto a mulher pegava a nota que ele a estendia. Encarei-o com uma sobrancelha erguida, e ele sorriu de má vontade.

-Eu quis pagar, ué, o dinheiro é meu.

-Eu sei muito bem o que você está tentando fazer.

-Ah, é? O que, então?

  Ele perguntou, cruzando os braços e se encostando na lateral da cantina.

-Você está sendo gentil, para que eu goste mais de você.

-E funcionou?

-Não!

-Sei. Bom, nos vemos na próxima aula, Liss.

  Eu juro que quase voei em cima dele quando ele saiu, pegando um dos meus pirulitos com ele. Finquei as unhas nas palmas das mãos, e peguei o resto, me dirigindo a sala.

  Agora nós estávamos no ultimo tempo. Aula de historia, e eu nem estava dormindo. Tá, como se isso fosse verdade.

  Um papelzinho atingiu minha cabeça, e quando eu virei, Brian me encarava com um sorriso quase imperceptível. Balancei a cabeça, me reprovando, e peguei o papel. Desdobrei-o, e li.

                      “Quer fazer o favor de parar de me encarar? Eu sei que eu sou lindo, mas você não precisa ficar demonstrando isso toda hora, querida.”

  Esse safado me chamou de que?!

  Passei a mão pela testa, tentando me acalmar. Amassei o papelzinho com toda a minha fúria e ergui a mão, despertando a atenção do prof. Túrner.

-Sim, srta. Favret?
-Posso beber água?

  Ele assentiu com a cabeça.

  Ele era o único professor o qual não me odiava na escola, já que eu sempre o dormindo para poder bagunçar a aula dele.

  Me levantei, passando por Brian e amassando o papel na mesa dele, fazendo questão de deixar todo o meu ódio a vista, e sai da sala.

  Coloquei as mãos dentro do bolso do casaco, antes colocando um pirulito na boca, e me dirigi até o pátio. Não estava com sede, apenas ai mesmo para poder me livrar dessa aula chata.

  Sentei-me em uma das arquibancadas, e fechei os olhos. Talvez se eu...

  Aí... PUM! Eu já estava dormindo na arquibancada.

-Acha que ela já está bem?

  Alguém perguntava ao meu lado. Ou a minha frente. Sei lá, estava sem a mínima noção de onde estava.

-Ah, ela está se mexendo!

  Escutei a voz de papai.

-O que diabos está...

  Tentei me levantar, mas cai na cama de novo. Eu estava no meu quarto, olhando o teto, e agora me perguntando como raios eu consegui chegar aqui, se a minha ultima lembrança eu estava na escola?

-O que eu estou fazendo em casa?

-Você desmaiou na escola. Brian trouxe você.

-Eu desmaiei?

  Mas eu só tinha dormido!

  Papai assentiu com a cabeça.

  Aí eu me toquei na segunda frase.

-COMO É QUE É?! BRIAN O QUE?!

  Meu pai, meio assustado, engoliu a seco:

-Ele te trouxe em casa.

-Como se ele não tem carro?

-Ele tem sim, no dia tinha ido de carro para a escola.

-Por que você não foi me buscar?

-Por que eu estava trabalhando. Olha, você precisa descansar. Durma.

  Se levantou da cadeira e me deu um beijo estalado na testa, saindo e fechando a porta. Como assim Brian me trouxe? Deixaram-me sair da enfermaria com ele? Que tipo de código de segurança seguem naquela escola, meu deus?