O desgraçado que havia atirado contra a garota , e agora era alvo do meu ódio, saiu correndo entre as fileiras de soldados gritando ordens quando o dragão de gelo subiu ao céu crepuscular.

O contingente de soldados era maior do que o de hoje de manhã, eles devem ter achado que muitos de nós fugimos ou algo assim. E apesar de não se compararem a nós, eles estavam com muita vantagem numérica.

O dragão de gelo desceu a toda velocidade do céu e arrasou com a primeira fileira de soldados.

- Ataquem. - Gritei com toda a força dos meus pulmões, o que ajudou a movimentar os que ainda estavam paralisados pelo transe. - Yue recolha os que ainda não conseguiram os poderes, precisamos de ajuda. Conto com você.

- Ce- Certo - Ela gaguejou e saiu correndo para dentro do prédio.

Os gritos do nosso lado sobrepuseram as ordens do general do exército e avançamos sobre eles. Minha espada congelava e cortava sem parar, mas eles eram bem mais do que os 10 que lutavam.

A Hyourinmaru era a zampakutou mais eficiente para o momento porque conseguia inutilizar mais soldados, mandei Hiro e Mark, os alquimistas darem um jeito de prender os soldados e Tetsuo e Gurin darem cobertura a eles.

Eles foram para a retaguarda e depois de fazerem dois círculos de alquimia no chão fizeram a terra englobar alguns soldados, mas dava para ver que não era uma tarefa fácil. Marco e Hayato se juntaram e com duas armas que tiraram dos soldados estavam fazendo o possível, pedi que os ninjas médicos fossem ajudá-los, eu estava sozinho fazendo o que podia, mas não demorou para uma bala se enterrar no meu braço esquerdo.

Acredite, dói mais do que parece. O sangue quente escorria pelo meu braço inutilizado, tentei ignorá-lo e continuar, mas não é tão fácil quando se é um otaku em vez de um shinigami treinado, ok?

O exército tinha reduzido porque muitos estavam congelados ou presos, mas eu já estava arfando quando mais alguns otakus saíram do prédio.

Pelos céus, o palpite da Yue estava, certo. Apesar de não conhecer muitos dos que já saíram atacando os soldados reconheci os gêmeos que não pareciam ter mudado muito, eles chegaram perto de mim e falaram:

- Já cansado, Naoki-kun.

- Hunrf - Arfei - Eu cuidei da grande maioria aqui o que vocês conseguiram.

- Akuma no mi. - Falou Felipe.

- Sério? - Indaguei surpreso.

- Unhum. - Respondeu Gabriel. -Eu desmaiei e acordei com a Moku Moku no mi. E ele-

- Hey, espera. - Mandei mais um dragão de gelo pela ponta da espada, para ser útil. - Moku Moku no mi já foi comida, não? Pelo Smoker.

Gabriel pareceu irritado.

- Se pronuncia igual, mas a minha é a madeira madeira no mi, entendeu?

- Ah, tipo o Yamato de Naruto?

- Não, tipo o Gabriel que comeu a Moku Moku no mi. - Isso devia magoar ele, porque ele pulou e avançou contra o exército.

- Liga não, ele gosta que as pessoas reconheçam ele como só e apenas ele. Coisa de quem tem um irmão gêmeo, entende?

Anuí com a cabeça.

- Mas e você? - Perguntei já cansado.

- Ah, eu comi a Inu Inu no mi - Modelo Raposa.  - Ele olhou para mim. - Você parece cansado.

- É a Hyourinmaru toma muita energia, acho que seria mais fácil se ele tomasse Reiatsu, mas não é algo que eu tenha.

- Ok, vá e leve os ninjas médicos e o cara do Death Note e do Code Guess. Ah, e trate de cuidar desse braço tá feio.

- A dor que por um momento desapareceu, voltou. - Eu desativei a shikai, rasguei um pedaço da minha camisa e amarrei no meu braço enquanto um meio cachorro, meio humano com pelo ruivo pulou para longe.

Recolhi os que já estavam lutando a um tempo e entramos o cara do Death Note tinha desmaiado de dor, acabei recolhendo Mark também, porque ele tinha recebido um tiro na perna e no braço direito.

Entramos e fomos para a nossa "enfermaria", infelizmente estava cansado o suficiente para não poder liberar a Minazuki, então só pude assistir enquanto o Rafael estancava o sangramento e retirava a bala.

Como não tinha sido muito sério rapidamente meu braço estava inteiro, Nai repetiu o processo com o Mark. Assim que meu tratamento terminou e Rafael foi cuidar de Hayato que havia desmaiado, eu pedi pra, se ele pudesse, Marco fosse para a batalha e tentasse trazer o general para interrogatório.

Ela olhou para mim por um momento e entendeu que eu já não podia mais me mover para fazer isso.

Olhei para a maca ao lado e vi a garota ainda dormindo estava ficando preocupado, mas a única coisa que consegui fazer foi fechar os olhos e rever os rostos dos soldados cortados e congelados e o som da bala que ceifou a vida de um otaku que não fez nada de errado.

Quando acordei, era de noite. Basicamente só havia eu na enfermaria. Foi aí que eu me toquei, apenas eu estava na enfermaria, a maca ao lado estava vazia.

Levantei correndo e saí da pequena sala. Já era de noite, olhei para o relógio, 23:00.

Saí procurando pelos outros e encontrei a grande maioria dormindo. A primeira pessoa que encontrei acordada foi Yue. Ela estava sentada num banco virado para uma área aberta do prédio. Ela olhava para a o céu estrelado, a lua estava cheia e amarelada, quase dava a impressão de iluminar aquele lugar, como se o céu prestasse os seus pêsames pelas nossas perdas.

Parei estasiado por um momento, mas lembrei o porque de estar ali.

- Yue. - Falei num tom de voz alto para o lugar silencioso.

Ela gritou assustada pulando do banco e virando para trás.

Apesar do clima pesado eu não me aguentei. Ela realmente não estava sentada ali só pra ver o céu, ela estava com uma barra de chocolate na mão e um pedaço da boca suja de marrom.

- Naoki. - Ela falou. - Quer me matar do coração.

- Desculpa. - Falei gargalhando. - Você não estava de dieta.

Ela olhou para o chocolate na mão como se nunca tivesse visto aquilo antes, ficou adimirando por alguns segundos e o escondeu atrás de si.

- Não sei do que você está falando. - Ela falou.

- Claro que sabe, um dia desses o Hiro marcou um encontro com você na lanchonete e você forçou ele a dividir uma salada contigo porque tava de dieta.

- Eu- Eu- Ela gaguejou. - Isso não te interessa, sabia? Aliás que te falou isso. É, claro que eu não estou de dieta.

- E o que você tá fazendo aqui? - Completou com a voz irritada dela.

Eu ri.

- Nada, só acordei e vim andar um pouquinho. - Sentei no banco, ela relutou, e voltou a sentar.

- Então, deu certo a sua ideia, né?

- Claro que deu. Eu sou um gênio, minhas ideias sempre dão certo. - Falou enquanto tirava um pedaço da barra de chocolate.

- Claro, Mello. - Ironizei.

- E você?  - Ela me ofereceu um pedaço do chocolate que eu recusei. - Como foi a batalha soube que você amarelou no meio do negócio.

- Não encha meu saco, quando você lutar com apenas dois ninjas médicos, um usuário de Code Guess, um usuário de Death Note, dois alquimistas, um mamodo e seu mestre de livro, e ainda assim conseguir arrasar mais de 25 soldados, aí você vem falar comigo, ok?

Ela deu de ombros.

- Ok, ok. - Comeu mais um pedaço de chocolate.

- Hey, o que aconteceu com a garota que eu salvei?

- Ah, ela dormiu um tempão, e acordou assustada gritando e batendo em todo mundo, até que conseguimos contê-la e explicar a situação. Ela pareceu receber a informação bem demais.

- Sei. Você conseguiu passar poderes a ela? Consegui, sabe é um processo bem complicado, eu tenho que escrever todo o discurso daquele velhinho e demorou para eu lembrar dele todo de primeira, depois a pessoa que estiver recebendo os poderes passa um bom tempo em transe, até que ele acorda.

"Às vezes ele acorda já sabendo seu poder, às vezes não, e tem o caso das Akumas no mi com aqueles gêmeos amigos seu, onde a fruta simplesmente aparece e eles têm direito a escolha."

- Entendo. Qual o poder da garota?

- Hum... Acho que você vai querer vê-la, tá bem interessado nela. - Ela me olhou com aquele olhar que parece que está lhe escaneando.

- Não sei do que você está falando.

- Sério? - Ela bateu na minha cabeça. - Claro que sabe, e eu também sei, viu? Se liga.

- Ok, ok. Onde ela está? - Falei emburrado.

- No telhado em cima da entrada do prédio. Ela quis fazer o turno de vigia da noite.

- Ok, vou lá então.

Me levantei com preguiça e fui andando quando Yue me chamou.

- Hey. O nome dela é Akimi, tá?

Parei estasiado. Akimi? Eu ri comigo mesmo, nossa não é um nome muito comum. Usei o shumpo para ir ao telhado.

Assim que cheguei lá em cima, a alerta Akimi desembainhou sua espada e investiu. Infelizmente, eu era bem mais rápido, usei o shumpo para ir para trás dela e segurar seus braços.

- Calma, calma. Amigo.

Ela virou a cabeça e relaxou os ombros. Soltei-a. Ela embainhou a espada. Uma shinigami. Entendi o porque da Yue não ter me dito, ganhei uma parceira no poder.

Ela olhou desconfiada para mim.

- Quem é você? - A voz dela era suave e calma, quase melodiosa.

- Naoki, o cara que te salvou. - Respondi.

A expressão dela se suavizou.

- Ah, desculpe. Eu sou Akimi.

- É, eu soube. Eu meio que vim fazer companhia e ficar aqui para dividir o turno, se importa?

- Não, claro que não.

Sentamos um ao lado do outro, ficamos em silêncio, até que os dois tentaram falar ao mesmo tempo.

- Ah, desculpe, pode falar. - Ela falou.

- Ah, não, sem problemas, pode falar primeiro.

Ela ficou em silêncio.

- Isso foi constrangedor e esquisito. - Ela falou.

- É, foi. - Concordei. - Hum, se quiser pode dormir. Eu vou ficar acordado.

- Não precisa, eu dormi bastante. - Ela respondeu.

- Eu também, então podemos só ficar aqui, né?

- Unhum.

Acabamos conversando, tínhamos algumas coisas em comum e nos empolgamos suficiente para ficarmos acordados até o nascer do sol. Paramos para observar a majestosidade daquele momento.

- Lindo, não? - Ela me indagou.

- Sim, lindo. - Respondi.

- Adoro o nascer do sol. - Ela virou o rosto que antes admirava o sol para mim.

Fiquei novamente hipnotizado com ela, a luz do nascer do sol parecia ressaltar a beleza natural da Akimi. Como um encontro natural entre as "lindas luzes".