Flor Negra escrita por Julia


Capítulo 5
Capítulo 5




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No Submundo.

 Hades rabiscava em uma folha de papel amarelado, palavras que gostaria de dizer a Córe. Diversas foram às tentativas e as formas que ele usou para escrever aquela epistola. Porém, todas foram amassadas e jogadas no canto da mesa. Enfim ele molhou a ponta da pena em um pequeno pote com tinta preta, certo do que iria escrever, e com uma grafia perfeita ele pôs no papel curtas, mas claras palavras.

Encontre-me no Monte Étena.

                                 H.”

  Ele dobrou a folha duas vezes e a guardou em suas vestes. Aquele seria o “plano B” caso Deméter resolvesse fazer um escândalo, o que, com toda a certeza, ela faria. Hades sentia-se como um adolescente obcecado pela beleza de uma jovem. Mas ao mesmo tempo estava decido em ter Córe para si.

 Ele se levantou da cadeira, indo mais uma vez, em direção ao Olimpo.

No Olimpo.

  Córe estava sentada sob a sombra de uma árvore, usava um longo vestido rosa claro, preso por um belo laço preto em sua cintura, seus cabelos estavam sendo segurados para trás por um arco de flores, algumas mexas loiras caíam em belas ondas pelos ombros da adorável deusa. Suas mãos claras seguravam um livro, que ela na realidade, nem estava lendo, mal havia dormido na noite anterior, e seus pensamentos ainda se mantinham no mesmo lugar: o belo homem que a beijará na festa.

  Pensando no beijo, algo a intrigou. Alguém mais havia os visto no jardim? Ao que tudo indica não, nem mesmo Deméter, sua mãe, havia visto Córe com aquele misterioso cavalheiro.

  O cansaço a dominava aos poucos, e em alguns segundos elas começou a cochilar amparada pelo tronco da árvore.

  Então ele a viu mais uma vez. Recostada no tronco da árvore, dormindo tão inocentemente. Hades parou próximo a outra árvore, tinha um grande impulso de ir até lá e aconchegar a deusa em seus braços, porém sábia muito bem que não poderia fazer isso de forma alguma, ao menos não agora. Mas talvez ele pudesse se aproximar dela. 

  Aos poucos Hades foi andando em direção a Córe, ela ainda continuava de olhos fechados, na linha de seus lábios, brotava um leve sorriso, como se ela pudesse sentir a presença de seu amado por perto. Hades colocou o elmo mágico que o permitia ficar invisível, presente este que ele havia ganhado dos ciclopes, e chegou o mais perto possível da deusa.

 Hades ficou apreciando-a por vários minutos,mas então se lembrou do verdadeiro motivo pelo qual ele estava ali: Deméter. Antes de se levantar e ir ao encontro da deusa da agricultura, Hades selou com sutileza absoluta os lábios rosados de Córe, certo de que aquele seria apenas um beijo de muitos outros que ele trocaria com a bela deusa da primavera.

 Jardim no Palácio de Deméter.

  A deusa da agricultura estava sentada em uma cadeira no jardim, enfrente a uma bela mesa branca, ela degustava um pouco de Ambrósia e tomava um cálice de néctar, pensou nos vários “porquês” de Hades estar solicitando esse encontro com tanta urgência. Nunca havia tido uma ligação com Hades, e ele ter mandado uma mensagem através de Hermes, dizendo que gostaria de vê-la imediatamente, soava de uma forma muito estranha.

  Uma grossa nuvem de fumaça apareceu diante de seus olhos, e aos poucos, ia desaparecendo e dando forma a um belo homem. Deméter se levantou, observando com frieza enquanto Hades se aproximava.

- Hades.

- Deméter – Hades disse com desdém.

  Ela não fez nenhuma menção para que Hades se sentasse, queria saber o que ele tinha a dizer e vê-lo ir embora o mais rápido possível.

- Diga-me o que quer me dizer, imperador.

- Sei que não gosta de me ver Deméter, e acredite, eu também não estou gostando nem um pouco de ter que estar aqui, mas o que vim lhe dizer resume-se em uma palavra, ou melhor, um nome.

- E qual seria este nome? – Deméter disse despreocupadamente dando um gole em seus néctar.

- Córe.

  A taça de ouro despencou da mão de Deméter, ela havia ficado gelada e talvez estivesse até tremendo, como Hades sábia sobre sua filha Córe?

 - O que tem a me dizer sobre Córe? Creio que nem a conheça para me dizer algo sobre ela.

- Erro seu Deméter – Hades sentou-se em uma das cadeiras, divertindo-se com a forma com que Deméter reagiu – Eu conheço Córe, és muito bela, e também, gentil e amorável.

 “ Diferente da mãe” ele completou em pensamento, não disse em voz alta para a conversa não tomar outro rumo.

 Deméter engoliu em seco.

- Como você conhece a minha filha?! – ela disse exaltando-se aos poucos.

 Hades reprimiu um riso zombeteiro.

- Eu dancei com ela no baile minha cara irmã, e venho solenemente lhe pedir a mão de Córe em matrimonio.

 Deméter arregalou os olhos, chocada e ao mesmo tempo enlouquecida de ódio ao ouvir o que Hades dissera. Ela se levantou e encarou os olhos do imperador.

- Você nunca irá desposar de minha filha, Hades.

  Hades rangeu os dentes, e pronunciou apenas algumas palavras.

- É o que veremos, Deméter.

  Um manto de sombras envolveu o imperador, ele sumiu, porém antes de voltar ao Submundo o Deus do Mundo Inferior parou no cômodo da Deusa da Primavera, deixando entre os livros claros da garota, um bilhete dobrado ao meio, então, em outro redemoinho de sombras ele voltou ao Submundo. Deméter entrou o mais rápido que pode em seu castelo, procurando por sua filha, assustada por não encontra - lá em lugar nenhum, ela pediu ajuda a Apolo, Deus do Sol, pouco tempo depois acharam a jovem Deusa recostada e adormecida sobre a sombra de uma árvore.


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