Palácio de Deméter.

Córe revirava-se na cama, ajeitando e desajeitando a manta de lã que usava como cobertor. Seus pensamentos e sonhos voavam pelo rosto daquele cujo qual ela ainda não sábia o nome, e em meio a um leve suspiro, ela relembrou, mais uma vez, o toque dos lábios dele nos dela. Calmamente, Córe levantou-se da cama,e sem nem por algo nos pés, caminhou até a varanda, encostou-se em uma coluna de mármore branco e fechou os olhos, apreciando uma leve brisa que batia em seu belo rosto. Ela mal se deu conta da presença de Apolo, que aos poucos ia iluminando o céu com seus raios de sol.

- Queria vê-lo novamente – Córe disse, dando outro suspiro.

- Não pode ver aquele que esconde a face de todos, pois este esta invisível para ti e para mim. Não pode tocar naquilo que não se pode ver, não pode sentir aquilo que não se pode tocar. – Apolo declamou um verso para ela, desinformada da presença do mesmo, sua face ficou branca como as colunas do palácio.

- O que faz aqui Apolo? – Córe tentou manter uma certa frieza em sua voz, mas não conseguiu. A voz de Córe era melodiosa, e nunca poderia ser cruel ou amedrontadora.

-Venho iluminar e apreciar teu esbelto rosto, pequena flor, esperando que suas pétalas logo sejam minhas  – Apolo respondeu.

Córe virou-se e foi para o interior de seu quarto, deitando-se novamente em sua cama abraçando um de seus travesseiros, e fazendo uma prece silenciosa para que Hypnos a embalasse em um sono calmo e profundo.

No Submundo.

Hades estava sentado em seu trono, seu rosto parecia sereno e calmo, como se ele estivesse a quilômetros de distancia. Thanatos adentrou no salão acompanhado de outras duas figuras, um outro homem, de cabelos prateados e olhos claros, e uma mulher, com cabelos castanhos e olhos tão negros quanto a meia-noite.

- Senhor – o homem de cabelos claros disse.

- Hypnos, é bom revê-lo – Hades falou friamente, fazendo uma breve menção a mulher que estava presente com os jovens rapazes.

A mulher correspondeu, fazendo uma breve referência. Hades parecia impaciente, desviando o olhar pelos três que estavam parados a sua frente.

- Então Hades, como foi a festa do pijama no Olimpo? – Thanatos disse em um tom provocativo.

Hades o olhou, repleto de ódio em seus olhos, e antes que ele pudesse dizer algo, a mulher se pronunciou.

- Admiro sua preocupação com Hades, Thanatos, mas peço que seja desagradável mais tarde sim?

 Thanatos quase rosnou, calando-se perante as palavras de sua mãe, Nyx,a personificação da noite. Sem fazer muita cerimônia, ele se retirou da sala, dissolvendo-se a uma nuvem de fumaça cinza, seguido por Hypnos que logo se retirou também.

 - Parece que existe alguém preenchendo o vazio dentro de ti, Hades – Nyx disse, aproximando-se até sentar-se em um divã que se fazia presente na sala do trono.

Hades nada respondeu,apenas deu um leve suspiro.

- Quem é ela? – Nyx continuou.

- Córe.

- Deusa da Primavera, filha de Deméter – Nyx completou.

Hades assentiu, parecendo entristecido.

- Fale com Deméter, peça a mão da Deusa em casamento.

- Sabes como Deméter é, Nyx! – Hades disse exaltado.

- Ela escondeu a filha desde que a pequena nasceu, está mais do que na hora do oOlimpo ver a Deusa Córe. Nem Deméter pode evitar isso. Traga-a para o Submundo.

Hades assentiu mais uma vez, compreendendo aos poucos a idéia de Nyx.