Ela estava com os braços nus. Os raios de sol pareciam penetrar e ao mesmo tempo refletir a pele acetinada dela, tão belo ainda era o rosto da Deusa, composto por lindos olhos azuis, tão claras quantos as águas dos mares gregos, os cabelos pareciam seda, era loiros, longos e encaracolados. Poucos sabiam o nome daquele que acolhia entre seus dedos uma flor, mas os que a conheciam, costumavam chama - lá de Córe, filha de Zeus e Deméter.

A espreita estava um homem, ele observou sem querer a linda jovem passando os dedos por uma flor, este tinha cabelos negros como o ébano, uma pele clara e intensos e gelados olhos azuis, que faziam tremer de medo qualquer um que ousasse se aproximar. Ele parou entre as árvores frutíferas observando a jovem, sua expressão boquiaberta o deixou incapaz de falar nada.

- Quem é aquela que possui uma beleza maior do que a dá própria Afrodite? – o lindo homem indagou, este era dono de uma voz aveludada e fria como os olhos do mesmo.

  Sem nem se dar conta ele havia chamada à atenção da Deusa, que se virou com os olhos vagando pelos campos verdes de sua mãe Deméter, em busca daquele que tivera dito tão graciosas palavras.

- Quem está aí? – a Deusa perguntou, porém não ouviu nada além de sua própria voz em resposta.

- Deusa, Deusa, Deusa! - Aquele chamado tirou toda a concentração de Córe fazendo-a se voltar de imediato para a ninfa que vinha a seu encontro as pressas.

 A Ninfa tinha cabelos sem uma cor que pudesse ser definida, parecia verde folha, com o amarelo dos frutos maduros na época da colheita, o corpo da ninfa era como o dos humanos, ela não era tão corpulenta como os humanos, tinha uma estatura pequena e graciosa.

- O que foi? – Córe perguntou, nunca tivera visto aquela ninfa, não possuía qualquer idéia de quem era aquela que vieste tão nervosa a seu encontro.

- O Rei do Olimpo pede sua presença Deusa Córe – Ela disse sem mais delongas, com imenso respeito quando mencionou ao nome de Zeus.

- Agora? – a Deusa perguntou, era notável o tédio em sua voz.

- Agora! – a ninfa respondeu rapidamente.

  A Deusa assentiu e ambas foram em direção ao Olimpo, Córe porém largou a pequena peônia que segurava em suas mãos com tanta delicadeza, a flor caiu ao chã repousando sobre o gramado verde e logo sendo apanhada por outras mãos.

- Primavera, Deusa da Primavera – o homem que antes observava a jovem escondido entre as árvores, agora segurava a flor em sua mãos, sentindo o aroma dela que parecia leva-lo ao encontro da linda Deusa que ele vira segurando esta mesma flor a minutos atrás.