Ive Never Been Anywhere Cold as You. escrita por rumpelstiltskin


Capítulo 14
Capítulo 13


Notas iniciais do capítulo

obrigada. *-*



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Treze.

And I tried and tried to forget you, girl, but it’s just so hard to do.

Porque eu tentei e tentei te esquecer, garota, mas isso é tão difícil de fazer.

Everytime you do that thing you do.

Toda vez que você faz aquilo que você faz.

That thing you do! – The Wonders.

Naquele dia o sol começava a aparecer tímido no horizonte, ainda encoberto por nuvens densas e escuras. Havia dias que Ryan não deixava ser tocado por Brendon e esse último estava dormindo no sofá. Três vezes na semana, Bden saia à noite e na maioria delas voltava bêbado e sempre com a mesma mentira, sempre indo ver Spencer.

Na madrugada daquele dia, Ross teve vários pesadelos, um pior do que o outro e Brendon não pode fazer mais do que ampará-lo enquanto dormia. Ao acordar, Ross o xingava, o soltava e o fazia descer para a sala. Brendon tentava entender o porquê, mas em momento nenhum associou com suas saídas repentinas. Ora eram só festas com bebidas após as sessões do DASA. Festas de faculdade.

O que havia nessas festas de faculdade? Talvez, se Bden parasse um pouquinho, ele saberia o que passava na cabeça de Ryan e porque tanta agressividade. Estava o decepcionando, afinal, ele era Brendon, o mesmo homem que sempre fazia tudo errado.

Embora tenha sido expulso várias vezes, Urie não fez mais que descer alguns degraus e ficar na escada, olhando seu amado tentar dormir. Quando o fraco brilho do sol apareceu, Urie desceu um pouco mais dos degraus e foi à cozinha – mesmo de ressaca – e preparou um café reforçado com suco de laranja, ovos mexidos, panqueca e waffles, mas para sua surpresa quando ele terminou de arrumar a bandeja, Ryan descia as escadas vestido com um terno preto opaco – que com certeza era velho – pôs um chapéu italiano que combinava com o que vestia e foi até a mesa do jantar, onde deixava os cigarros.

“Eu fiz waffles com mel, pra você.” Falou baixinho, mordendo o canto do lábio. “Não vai comer?”

“Não.” Pôs um cigarro entre os lábios e guardou o maço no bolso traseiro junto com sua carteira. “Eu vou sair e volto daqui a pouco.”

“Aonde vai?” Urie pôs a bandeja na mesa, olhando para Ross.

“Ali.” Sorriu fraco, apático e foi andando devagar, após acender o fumo, até a porta. “Eu não demoro.”

“Aonde é ali?” Franziu o cenho. “Você devia parar de fumar.” Ryan arqueou a sobrancelha.

“Não é da sua conta estrupício.” Tragou o cigarro e girou a maçaneta. Com raiva das meias palavras de Ryan e com a cabeça latejando de dor, Urie correu até ele e o segurou pelo braço com força. Os olhos de Ryan ficaram vidrados nos vermelhos de Urie que estavam escondidos pela grossa armação preta dos seus óculos. “Me solta agora, seu bêbado!” Ordenou.

“Ryan...” Insistiu e com a mão livre, Ross tragou e soltou a fumaça contra o rosto de Brendon que o soltou imediatamente. Atravessou a porta sem pensar em mais nada. Com mais raiva ainda, Brendon bateu a porta e chutou o sofá com toda a força que tinha, soltando sua fúria com esse ato, seguido de uma série de palavras de baixo calão.

         O arquiteto pegou o carro após terminar de fumar o cigarro e praguejar um bocado contra Brendon. É claro, ele havia caído da pior maneira naquela armadilha sacana. Enquanto dirigia, muitas lembranças e suposições vinham em sua cabeça. Talvez ele devesse procurar esse “Spencer” e acertar as contas de uma vez por todas, acabar logo com todas as desconfianças a respeito de Brendon, e para piorar a confusão na cabeça de Ross as lembranças sobre a traição de Peter lhe rondava.

         Ele parou num acostamento, mordeu o lábio e saiu do carro. Embora o sol tivesse saído, não era o suficiente para aquecer. Mesmo assim, sem se importar com o pouco agasalho, foi para fora do carro e fumou em companhia de suas lembranças medonhas. Tanta coisa junta lhe fazendo rir, e às vezes, tentando lhe fazer chorar, mas o orgulho de Ross já não deixava chorar.  Ele jogou a bituca no chão, apagou-a e mordeu o lábio, a fim de conter a dor em seu peito.

         Passou numa floricultura  e comprou apenas um botão de rosa amarelo. Pegou um vermelho, também, porque sua consciência pesou. Tinha que levar uma pra Brendon também, oras. Dirigiu mais um pouco até o cemitério e, quando chegou, saiu do carro, segurando apenas a rosa amarela. Caminhou em passinhos tímidos até o túmulo de Wentz.

         Exatamente naquele dia fazia cinco anos da morte de Peter. Ryan sentou-se em frente da lápide e acariciou docemente a foto de Peter e sorriu apático, lembrando-se do dia que havia tirado aquela foto. Acariciou-a como se fosse a pele do próprio Peter.

“Você é um desgraçado, sabia?” Resmungou, ainda com um sorriso no rosto. A rosa estava em seu colo. “Você me atormenta toda noite, mas... Eu sinto sua falta.” Pôs a rosa perto da lápide e voltou a sorrir, agora um pouco maior. “Amarelo ainda é sua cor favorita, Peter?”

#Flashback#

Aquela noite estava fria, chuvosa, triste. Wentz e Ross haviam brigado mais uma vez e o motivo era extremamente fútil. Estava comprovado que Lindsay ainda mexia com Wentz e Ryan estava começando a perceber isso. O maior havia dito coisas demais, coisas das quais se arrependia. Mordera o canto do lábio para repreender a dor que Wentz causava.

Ryan saiu de casa e tomou café demoradamente na Starbucks. Seu vício era cada vez maior e, nada melhor que um café e um cigarro para relaxar, certo? Por falar em seu vício em café, Ryan gostava tanto que ele tinha cheiro de café. Podia até tentar se livrar, mas não podia. Era como se a pele de Ross fosse fabricada com sementes de café gourmet bem torrados. Fumou e tomou café, devagar, pondo a cabeça no lugar. Deveria perdoar Peter por tocar sem querer no nome de Lindsay e desencadear um ataque de ciúmes em Ross jamais visto.

Ele era observado por Peter, extravasava tudo muito facilmente. Era tudo muito intenso. Embora Wentz soubesse que tocar em Lindsay era pedir para ocorrer uma briga feia, ele sabia que Ross se arrependeria da humilhação que lhe havia feito. Ryan terminou, pagou e andou pelas ruas da cidade até chegar em uma floricultura onde comprou um botão de rosa vermelho. Talvez ele fosse aceitar suas desculpas melhor com aquele gesto.

Quando entrou no loft, Peter estava lendo e sequer levantou os olhos para o maior que foi vagarosamente até ele e, esticou o botão na frente do livro. Wentz assustou um pouco, não esperava aquele gesto, seguido dos olhos baixos de Ross e uma pequena mordida no lábio. Wentz sorriu, doce e preferiu fazer um charminho, por brincadeira.

“Eu gosto mais das amarelas, hnf.” Riu baixinho, passando os braços pela cintura de Ross.

“Bobo.” Ryan girou os olhos. “Desculpa pelas palavras, tá?”

“Tudo bem.”

#Fim do Flashback#

         Depois de um tempo conversando com o túmulo de Peter, pedindo desculpas por estar descumprindo sua promessa mesmo que involuntariamente, Ryan foi pra casa bastante abatido e cabisbaixo. Sabia que o Wentz não ia deixá-lo em paz. Na verdade, ele precisava de um abraço amigo, sem interesse. Ryan foi direto para seu carro e ficou ali, pensativo. Ele precisava de alguém que tivesse a coragem de convencê-lo que a morte de Peter não foi sua culpa e alguém que pudesse lhe fazer rir acima de qualquer outra coisa que tirasse aquele maldito dia de sua cabeça. Ele precisava de Brendon naquele momento, talvez mais do que nunca. 

         Ao chegar em casa, seus passos eram pequenos e como quem tivesse acabado de se mudar para região, não havia ninguém acenando para ele e pela primeira vez em muito tempo, ele se deixou curtir a dor da solidão. Quando passou pela porta, Bden dormia tranquilamente no sofá. Lembrou-se da primeira vez que o viu dormir e o acordou com um grito forte, mas dessa vez não fez mais do que subir as escadas e trocar de roupa para o seu usual pijama azul.Peter ainda cirandava com sua mente e fazia seu coração apertar. Era justo manter Bden ao seu lado daquela forma?

Com certeza, não.

         Ryan somente não ponderou que por mais que Peter fizesse ciranda em sua mente, Urie mandava em seu coração com facilidade. Mesmo assim, era injusto ter o melhor de Brendon Urie e não conseguir oferecer nada em troca com seus olhos. Além do que Urie começara a trair a confiança que ele tinha depositado. Brendon Urie era apenas outro Wentz que machucaria a sua existência.

Quando Ryan olhava a caixa de Peter no armário, ela estava fechada, Brendon sorriu  ao ver aquele garoto de face doce observando fixamente dentro do armário e sorriu para si próprio. Logo em seguida caminhou até ele e o abraçou por trás, fortinho.

“Desculpa.” Murmurou no ouvido dele, deixando alguns beijinhos por seu lóbulo. “Desculpa, desculpa, desculpa.”

“Cala a boca.” Ryan respondeu meio seco. “Tá tudo bem.”

Não  estava tudo bem. Urie sorriu, embora soubesse que não parecia estar tão bem assim. Ryan não sorria, mas Brendon manteve a distribuição de beijinhos pelo pescoço de Ross e também manteve o abraço firme, fazendo isso até o próprio garoto o beijar sem nenhum tipo de doçura, apenas para que Urie parasse de fazer aquilo. Brendon correspondeu, mas ao fim do beijo, Ryan negou com a cabeça e se afastou.

“Me desculpe.” Suspirou. “Hoje não dá pra mim.”

“Hunf.” Brendon girou os olhos, se afastando também. “Rejeitado pela segunda vez hoje.” Murmurou para si próprio, mas Ryan ouviu e ficou calado. Percebendo que o outro havia ouvido, pensou em pedir desculpas, mas não o fez. Apenas o observou se sentar na cama.

“Eu ouvi.” Ryan falou baixinho e Urie apenas assentiu.

“É que cansa um bocado ser rejeitado assim.” Brendon explicou, puxando a cadeira da mesa de trabalho de Ross e se sentando em sua frente.  Ryan apenas assentiu, fazendo o menor girar os olhos.

“Eu sei que não é fácil pra você.” Ross falou, anulando o tom ao continuar. “Você até faz sexo com outras pessoas, é muito difícil pra você não ter intimidade.”

“Não é fácil, mesmo.” Concordou, olhando para as próprias mãos. “Nunca é um bom dia pra você cuidar de mim, Ryan, isso incomoda.” Agora, o tom era ligeiramente afetado. As palavras saíam pela boca de Brendon sem sua autorização. “Não ter você, cansa.”

“Pára!” Exigiu Ryan. “Eu não estou num dia bom e, acredite, eu vou ser muito cruel se continuar.”

“Não  vou.” Falou, com um pouco mais de autoridade que costumava falar. “Eu preciso falar, porra! Não me vem dizer que sabe que é complicado pra eu ter que te aturar me rejeitando, olhando pra você sempre frágil, sempre pra baixo. Porque você não sabe, Ryan! É por isso que eu bebo. Pra ver se eu consigo suportar melhor a dor.”

“Coitado de você, Brendon Urie.” Ryan falou debochado. “É sério, B. Eu não quero brigar hoje.”

         Ao pronunciar as palavras de forma pausada, medrosa, Ryan começou a se lembrar que naquele mesmo dia, há cinco anos, ele também brigara com Peter. As lembranças começaram a badernar com sua mente e, com isso, Ross levou as duas mãos à cabeça, atordoado, irritado consigo mesmo e também com as palavras de Brendon lhe magoando. Ora, Brendon o conhecia, deveria entendê-lo certo?

Pára, Peter!” Ryan gritou consigo mesmo, não suportando o peso das lembranças amargas em sua mente, adicionadas à voz de Brendon Urie exigindo intimidade. Brendon, apesar de ter ficado em casa todo aquele tempo, havia bebido todo o estoque de cerveja – que não era pequeno – da casa de Ryan. Por isso estava metendo os pés pelas mãos. "Pára, seu desgraçado!

 “Eu. Não. Sou. O. Peter!” Gritou a plenos pulmões para o outro que assustou um pouco com aquele tom de voz e tentou justificar que aquele grito não era para ele, mas Urie foi um pouco mais rápido. “Droga, Ross, o Peter está morto! Ele não vai voltar!” Com toda a sua fúria, Urie pegou o porta-retrato com a foto de Ross e Wentz da cabeceira e tacou contra a parede. Como se não bastasse, o mais novo ainda foi até a parede onde a foto caiu e a rasgou em pequenos pedaços.

“Você passou dos limites, Brendon Urie.” Ryan falou fraco. “Fora da minha casa, da minha vida, pra nunca mais voltar, Brendon Boyd Urie!”

“Se você me expulsar daqui, eu juro que não volto nem se você for lá em casa me implorar pra voltar.”

“Dane-se!” Falou meio fungado. “Eu não quero mais você perto de mim, Brendon. Fora da minha casa, Brendon! Fora!

         Brendon olhou para Ryan e deu uns passos até ele. Não era possível que ele estivesse brincando com um tom de voz tão ferido. Ele viu os olhos de Ryan demonstrarem algo que jamais tinha visto antes. Algo que jamais tinha visto ali. Talvez Ryan Ross não fosse tão frio quando demonstrava, mas talvez o álcool só estivesse estragando sua visão e fazendo-o enxergar um vestígio de mal sentimento ali. Por mais que ele tivesse estudado sobre a Anorexia, sabendo que pessoas assim reprimem seus sentimentos até não serem capazes de senti-los, Ryan aparentava ser – para Brendon – um caso raro, um tipo novo da doença, ou mesmo, sociopatia. Um vestígio de sorriso se formou no canto dos lábios grossos do maior, desfazendo-se quando ele ouviu a seguinte frase:

“Você é a maior decepção da minha vida.”

         Aquilo tirou o chão dos pés de Brendon. Tudo o que ele não quis era ser uma decepção para Ross, ele só queria fazê-lo feliz. Os passos de Brendon em direção a Ross agora eram inseguros , medrosos. O lábio dele ficou preso entre seus dentes e, como que num passe de mágica, o álcool não teve mais poder de anestesiar as palavras de Ross. Ele só era decepcionante.

“Você ferrou minha vida, Urie.” Continuou. “Eu fiz tudo errado quando te trouxe para cá. Agora pegue suas coisas e suma da minha casa!”

“E-eu só te amo, Ryan.” Falou bem baixinho, doloroso. “Eu te amo tanto que perco a cabeça quando não consigo fazer você me amar, quando te perco aos poucos.”

“Agora sim você conseguiu me perder.” Ryan sorriu ao ver que Brendon segurava um rio de lágrimas em seus olhos. “Meus parabéns! Você deveria, realmente, ganhar um troféu de como decepcionar um namorado... Hm, pra vender, seria legal um livro ‘como perder um garoto em oitenta dias.’O que acha?”

“Cala a boca, Ross!” Brendon falou quando Ryan debochou. “Pelo amor de Deus, se cale.”

“Por quê?” Mantinha o sorriso cínico, mas fraco. Seu tom era cruel, irônico, mas agora baixo, fraco, debochado. “Eu só estou sugerindo uma nova fonte de renda. Deveria me agradecer.”

“Eu só estava dizendo que...”

“Eu disse que não queria brigar.” Encolheu os ombros. “É aniversário de morte do Peter hoje, seu desgraçado! Eu disse que ia ser cruel. Agora você é capaz de me ouvir?” Perguntou, numa quase exclamação e Brendon abaixou a cabeça. “Por favor, vá embora.”

“Desculpa.” Falou quase sem som nenhum. “Desculpa te decepcionar tanto assim.”

         Ryan não disse mais nada, apenas sentiu o abraço que Brendon arriscou em dar. Ryan não correspondeu a aquele abraço desesperado, apenas se afastou aos poucos e olhou para Bden com todo o desprezo que conseguia.

“Eu já vou.” Brendon falou baixinho. “Peço pro Spencer vir buscar minhas coisas.”

“Fica.” Ryan segurou a mão de Brendon. “Não quero mais uma morte em minhas costas. Toma um banho e tira esse álcool do seu cérebro antes de sumir da minha vida.”

“A morte do Peter não é sua culpa.”

“Não é da sua conta isso.” Girou os olhos. “Faça logo o que eu disse antes que eu mesmo te coloque um carro e te faça bater pra que morra logo de uma vez e acabe mais ainda com minha vida.”

“Desculpa.” Brendon mordeu seu lábio.

“Vai à merda, estrupício.” Agressivo, sem carinho. Estávamos de volta à estaca zero.

Era nisso que dava um relacionamento cheio de desconfianças. Tudo tendia a dar errado, apenas o amor poderia juntá-los novamente.

Ou não.


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