Ive Never Been Anywhere Cold as You. escrita por rumpelstiltskin


Capítulo 11
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

obrigada.



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Dez

And you come alway with little story of a mess, of a dreamer

E então você vem com uma ótima historinha da confusão de uma sonhadora

With the nerve to adore you

Com coragem pra te adorar.

Taylor Swift – Cold as You. 

Um mês depois de Ryan ter ido buscar Bden em casa, o arquiteto estava muito mais coradinho, um pouco mais com aparência de ‘ser humano comum’ e isso enchia de felicidade o coração de Brendon Boyd Urie. Tinha ao seu lado o homem que mais queria, e tinha parado de idolatrá-lo para amá-lo com todo o seu coração apaixonado poderia fazer, não imaginava que alguém pudesse alcançar tamanho status de felicidade, uma plenitude incontestável. Ryan, por sua vez, começara a se afastar de Urie aos pouquinhos, ficava mais frio a cada dia que se passava. Deixava ser cuidado pelo namorado, trocava pequenos beijos, dormiam abraçados, mas isso era tudo.

E o oposto do amor não é o ódio, mas sim a indiferença.

Aquela manhã Brendon acordou disposto a ter uma conversa séria com Ryan – que a seu ver parecia só amá-lo quando ele ia embora -, e exatamente por isso, apenas desceu e comprou café. Não se mexeu para fazer comida, até porque não estava com muita atenção e poderia haver algum terrível acidente. Após voltar, não acordou o namorado, sentou-se tranquilamente na escada e ficou ali, pensativo. Deslizava o indicador pelo copo plástico que segurava, bebericando aquele liquido escuro vez ou outra, completamente distraído. Teria que ser cuidadoso, porque Ryan Ross era completamente instável.

Ryan Ross gostava do que lhe era cômodo. Não se importava muito com o que as pessoas – Brendon – sentiam estando a sua volta. Ryan Ross era soberano em seu mundo, embora não o controlasse. Ryan só estava com Brendon – além do forte sentimento que escondia em seu coração – por conveniência, comodismo, para que ele controlasse seus pesadelos com Wentz, mas claro que, essa parte, Urie não sabia.

Ficou sentado ali e nem percebeu Ross acordando. Era o dia do retorno médico, o dia de ver se tinha valido a pena toda a troca alimentar e tudo o que Urie fazia por Ross, estava na hora do universitário ser recompensado de alguma maneira. Ao se lembrar do beijo no carro e das poucas vezes que aquilo se repetiu, o menor mordeu o lábio grosso, reprimindo a sede que tinha de se sentir amado por quem mais amava. Ross foi direto para o banheiro, tomou seu banho e fez toda sua higiene matinal. Trocou-se e sorriu ao ver o seu amado Brendon na escada, olhando para o copo em sua mão. Sentou-se ao lado dele e o abraçou, fortinho.

“Vai me levar ao médico, B?” Ross encostou a cabeça no ombro de Brendon, fechando seus olhos.

“Vou.” Sorriu docemente, embora tenha ficado surpreendido com a atitude de Ross. “Não posso deixar de saber se eu tenho cuidado bem do meu arquiteto favorito.”

“Bobo.” Ryan mordeu o lábio, cutucando o menor de levinho nas suas costelas. “Isso aí é café?”

“É.” Sorriu. “É expresso.” Encolheu os ombros bem devagar, fazendo Ryro reerguer a cabeça.

“Hunf.” Resmungou, puxando o copo da mão de Urie e deu uma golada. “Tá frio.” Torceu os lábios, doce.

“Comprei faz um tempo.” Explicou, encolhendo os ombros outra vez. “Quando formos, compramos mais café pra você.” Ryan assentiu, devolvendo o copo de café. O menor abaixou o rosto e deixou uma mordidinha carinhosa no ombro de Ryan que apreciou fechando os olhos. “Quer comer algo antes de ir?”

“Não, to sem fome.” Brendon torceu os lábios maternalmente. “Ok, eu como um pedaço de torta de morango quando a gente comprar meu café.” Ryan encaixou os lábios aos de Bden de forma rápida e entregou a chave de seu carro. Segurando-o pelas chaves, Urie puxou o maior para seus braços, chocando os lábios da forma que precisava: profundo, carinhoso e apaixonado. Decidiu que a conversa ficaria para depois.

Ao encerrarem o beijo, o casal saiu de casa com as mãos entrelaçadas uma na outra sem dar importância para as pessoas que viessem a vê-los. Foram para o carro e de lá para a Starbucks, compraram a torta de morango e o café de Ross, e então, Urie dirigiu até o consultório particular da doutora Lindsay. Ryan tinha medo de por vingança, a doutora dissesse que ele morreria. Ainda não era a hora de morrer.

Entraram no consultório de mãos dadas e se sentaram em um confortável sofá de couro preto. Ryan estava apreensivo e Brendon tentava acalmá-lo com singelas carícias em suas mãos, mas não funcionava.

“Hey, o que foi?” Murmurou Brendon.

“E se eu estiver morrendo?” Ryan falou baixinho e Bden deixou um beijinho na mão de Ross. “E se--”

“Você não está.” Respondeu doce, confortando-o. “Ela não pode mentir assim, Ryro. É uma profissional.”

“A doutora Lindsay me odeia, B.” Respondeu torcendo os lábios, com medo.

“Por que, hunf?” Brendon cruzou os braços infantilmente. “Como ela poderia odiar um ser tão doce como você, Ryan Ross?”

“Você é um idiota.” Ryan sorriu, mordendo o lábio logo depois. “Basicamente, eu tomei o homem dela,” abaixou o tom na última parte da frase, colocando a mão em forma de concha, para abafar seu som “e depois ela me tomou de volta.”

“Mas já não importa, você está comigo agora.” Murmurou Bden, fraquinho, na tentativa de animar o maior que lhe deu um sorriso sem vida. “Eu te amo.” Manteve o tom baixinho e o outro apenas assentiu, não deixando nem uma palavra sair de seus lábios finos, causando uma dor latente em Brendon que preferiu o silêncio depois daquela declaração de amor.

Entraram no consultório juntos e ao olhar para a tela do computador da doutora, que ficava estrategicamente colocada onde os pacientes e a médica conseguissem enxergá-lo, Ryan sentiu repulsa e vontade de sair correndo dali. O plano de fundo da profissional era uma foto de Lindsay beijando o seu Pete. Percebendo o quão abalado o arquiteto ficou, sobrou para Urie absorver mais aquela atitude e engolir mais aquela dor.

“Olá.” A doutora sorriu profissionalmente. “Como se sente hoje?”

“Seria melhor se não tivesse que estragar meu dia vendo sua cara feia.” Rodou os olhos, de forma arredia e revoltada. “No mais, eu estava de bom humor, mas, você tem o dom de me estragar.”

“Como é que você agüenta esse idiota?” Lindsay perguntou para Bden que acabou rindo de levinho e encolheu os ombros, como se não soubesse. “Onde estão os exames que eu pedi mês passado?”

Fora Urie quem entregou a papelada prontamente, sem vacilar. Colocou as mãos nos bolsos do moletom. A médica abriu os resultados e os analisou cuidadosamente, sorrindo em seguida para confortar o coração do menor.

“Ele tem seguido a risca todas as recomendações.” Disse orgulhoso. “Embora eu não tenha conseguido fazê-lo diminuir o café.”

“Isso era previsível.” Encolheu os ombros. “Vou receitar apenas um frasco de Vi-Ferrin e você, Ryan, descansará o corpo de medicamentos por um tempo. Qualquer coisa podem me procurar.”

“Certo.” O casal respondeu junto. Aproveitando, Ryan fez um check-up rápido, só por garantia, mas Ross estava bem e era isso que importava. Pelo menos para Brendon. Os dois saíram, foram para casa, e no horário Urie foi para a faculdade, mas era melhor não ter ido. Ele não tinha cabeça para anotar nada do curso, ou ainda menos para ouvir o professor falando.

No intervalo, Spencer notara que Brendon não aparentava estar muito bem. Estava entristecido, chateado, sem vontade de muita coisa. A reação de Ross diante da foto de sua médica com seu namorado lhe doeu como uma navalha em seu coração, apagando qualquer vestígio de alegria que Ry pôde lhe proporcionar.

Sentaram-se em um dos bancos da faculdade, Bden continuava disperso. Ele continuava a se remoer com os pequenos detalhes que tinham lhe roubado o gosto de viver ao lado de Ryan Ross. Spencer, percebendo aquilo a cada minuto mais, descansou a mão amistosamente sobre a coxa de Urie e lhe fez uma carícia, sem maldade alguma.

“O que há?” Spencer manteve a carícia e o tom baixo, como se contasse a Brendon um segredo. “Sabe que pode contar comigo pra qualquer coisa.”

“Eu sei.” Urie sorriu, mantendo o tom. “É o Ryro que me deixa assim, Spence. Ele é frio demais e isso meio que me incomoda, sabe?”

“Ele ainda não mudou contigo?”

“Não é bem disso que eu to reclamando...” Brendon suspirou, abaixando o olhar. “É de falta de intimidade. Afinal, nós estamos juntos há um mês e eu sinto que ele está comigo, sem realmente estar comigo.” Suspirou novamente, agora completamente entristecido. “Eu não sei o que fazer pra reverter isso.”

“Dá um ultimato nele, B.” Spencer falou, encolhendo os ombros. “Você não tem seu lugar na casa dele, além de ser apenas a babá. Às vezes eu tenho a impressão de que o Ross só te beija porque fica mais barato pra ele.”

“Você está sendo cruel, Spencer.” Spencer encolheu os ombros. “Embora me pareça sensato.” E acabou por receber um beijinho amistoso em seu rosto.

“Tenta falar com o Butch.” Smith manteve o tom carinhoso. “Talvez ele saiba te orientar melhor que eu quanto a esse seu amor cego.”

“Talvez você tenha razão.” Suspirou.

Novamente, durante as aulas Bden se manteve aéreo. Só voltou a si quando o carro de Ryan parou em frente ao campus para tirá-lo daquela chatice e de seu próprio mundo. Spencer estava certo, era melhor procurar o Butch, já que ele era um de seus melhores amigos e também um psicólogo. Butch sabia lidar com os seres humanos no fim de tudo. Na frente de Ryan mesmo, Bden ligou para Walker ainda no carro.

“Hey, Butch!” Sorriu pequeno.

Hey, Bden.” Ouviu um suspiro. “Quanto tempo!

“Pois é...” Suspirou em seguida. “Tem um tempo pra mim?”

Tenho sim.” Sorriu Brendon, enquanto Ryan se mantinha dirigindo, inerte, fingindo desinteresse na conversa do menor. “Você tá estranho. O que há?”

“Preciso conversar.” Não entrou em detalhes, fazendo Ross franzir o cenho. “Eu vou acabar explodindo com a pessoa errada.” Olhou para o motorista e sorriu doce.

Quer uma sessão?

“Não, eu quero um amigo.” Respondeu mordendo o lábio.

Bom, pela manhã eu costumo correr em um parque perto de casa. Pode ser ali?” Butch perguntou e Bden apenas resmungou em concordância. “Até amanhã, B.”

“Até Butch.” Suspirou. “Até amanhã.”

Ryan não perguntou quem era, e Bden adorou a reação de Ryan conforme falava no telefone. Ao sair do carro, eles juntaram os lábios diversas vezes – porque Bden insistiu – e foram de mãos dadas para o apartamento, pelas escadas.

“Falaram sobre o que na aula de hoje?” Ross perguntou e Bden encolheu os ombros. “O que há contigo?”

Ryan fez um carinho doce no rosto de Brendon e decidiu que era a hora de deixá-lo em paz. De vez em quando, todo mundo precisa de um tempo sozinho. Qualquer carinho de Ryan era suficiente para deixá-lo melhor, mas compreensão de Ryan também seria bom.

Porque Brendon Urie estava cego. Não conseguia enxergar o sentimento singelo de Ryan. Ainda achava que era do cara da foto o coração do maior. Grande equívoco e esse equívoco era desastroso.

Na manhã seguinte, Brendon acordou mais cedo e ficou alguns minutos olhando a foto na cabeceira de Ryan. Ele beijava outro cara e o sorriso de Ryan era maravilhoso, grande, intenso. Suspirou, foi para o banheiro, se higienizou, pôs um moletom e calça jeans e saiu no meio do frio, para correr um pouco e conversar com Butch.

Estava frio, mas não nevava. A paisagem da cidade ainda branca da neve que caíra de noite. Não havia muitas pessoas na rua, porém Bden continuava sua caminhada com tranqüilidade, sem muitos agasalhos. Ele precisava de Butch com urgência.

Após uma longa caminhada – já que o dito parque ficava um bocado longe do apartamento de Ross -, ao levantar a cabeça, encontrou um sorriso conhecido, o moreno estava comprando água. Aquele rosto lhe deu segurança, como se somente a presença de Butch fizesse o milagre de devolver a alegria de Bden, mas não era assim, era momentâneo. Bden correu até o maior e o abraçou com muita força, assustando o outro.

“Buuuuuuuuuutch!” Arrastou, manhoso. “Que saudades!”

“Bden!” Retribuiu o abraço “Você esqueceu de mim, sumiu, seu desgraçado!”

“Eu fiquei preso no estágio.” Desviou os olhos, entristecido. “Mas me conte de você, poxa! O que tem de novo?” Butch encolheu os ombros. Não tinha nada a contar ou acrescentar.

“Que tipo de prisão é essa?” Franziu o cenho, preocupado. “Você não é de me deixar dessa forma.”

“Eu gosto da sua companhia.” Respondeu sorrindo. “Mas preciso de alguns conselhos.”

“Vem...” Apontou um banco por ali e os dois se sentaram. Bden em posição indiana, totalmente infantil e de frente para o psicólogo que apoiava a cabeça na mão e o cotovelo no encosto do banco. “Pelo que eu conheço de você, a história é longa.”

“Longa, com nome e sobrenome.” Suspirou e começou a contar tudo o que estava vivendo com Ryan detalhadamente. Cada mínima coisa, cada insulto, cada noite, cada beijo, cada sensação. Bradley analisou tudo cuidadosamente, com toda a atenção necessária e Bden deixou algumas pequenas lágrimas. Confortadoramente, o psicólogo acariciou a coxa do outro.

“Se acalme pra que eu possa te dar uma possível solução.” Butch acariciou o rosto de Bden, secando as lágrimas dele que assentiu, engolindo o choro, mas um tanto quanto aliviado. “Numa avaliação extra-oficial, eu suspeito que seja anorexia emocional. Eu aconselho que você leve seu namorado ao DASA, ele precisa de tratamento especializado.”

“DASA?” Bden franziu o cenho, curioso

“Dependentes de amor e sexo anônimos.” Butch explicou. “Você tem ido muito rápido com ele e, com base no que me contou, ele não está pronto pra isso. Se eu estiver realmente certo, você precisa deixar fluir e não apressar as coisas. É o Ryan quem vai te dar o ritmo.”

“Mais devagar?” Brendon arregalou os olhos e Butch assentiu. “Poxa.” Formou um bico infantil em protesto.

“Você precisa ganhar a confiança dele fora da cama. Tente ser mais que o namorado para ele, ser alguém confiável. Dê espaço e deixe seus sentimentos aparecerem.” Butch aconselhou. “Tente não ser intenso, só quando amá-lo e tente fazê-lo sair de casa. Leve-o pra comer na Starbucks, depois um restaurantezinho mais longe, até você conseguir trazê-lo até mim.”

“O que é exatamente essa doença?”

“É a dificuldade que uma pessoa tem de ter sentimentos.” Respondeu de forma simples. “Isso surge a partir de um trauma, uma decepção de natureza familiar, amorosa, sexual com uma ou mais pessoas e, com isso, o doente acaba decidindo se afastar dos relacionamentos e principalmente da intimidade. É uma doença difícil de se detectar, estou te dando apenas uma hipótese. Se eu estiver certo, B, está aqui o motivo dos maus-tratos no início e o motivo claro de vocês terem esfriado dessa forma.”

“Então qual o segredo pra tê-lo por completo?” B perguntou, manhosinho.

“Seja paciente, converse, se abra.” Respondeu Butch. “Deixe-o ver que você é diferente de tudo o que ele já viveu. Confie, com atos, sua vida a ele e, principalmente, jamais o decepcione.”

Essa era a parte mais complicada e dolorosa. Como não errar Ryan? Como esperar o tempo dele para tudo? No fim das contas, Ryan ainda era capaz de sentir amor? E se fosse, porque as roupas no guarda-roupas não eram as suas e sim de Wentz? Tudo ainda era muito confuso na mente de Bden.

“Pessoas com essa doença têm medo de decepções?” Urie murmurou frustrado.

“Não.” Respondeu Butch. “Elas afastam quem as decepciona. Só há uma chance para esse tipo de pessoas. Uma única chance para serem oito.”

“Como?”

“Na química, há prótons, elétrons e nêutrons. Prótons e nêutrons se mantêm no núcleo, mas os elétrons ficam girando na eletrosfera. Existem átomos que precisam de uma estabilidade porque não há oito elétrons, como é ideal. Então, esses átomos vão se unir a outros para encontrar essa estabilidade.” Explicou cuidadosamente. “Como se você precisasse tirar de si, fazer um sacrifício em nome do Ryan, para que ele possa te retribuir e, assim, vocês chegarem a plenitude.”

Conversar com Butch foi confortador e desesperador ao mesmo tempo. Tudo o que ele ia fazer para que Ryan fosse melhor. Ia continuar morrendo para não ferir o seu amado, ia continuar sendo ele mesmo, mas ponderando tudo o que sairia de sua boca. Por um momento, maldisse o dia que se apaixonou por Ryan Ross.


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