Skip Beat - a Revolta do Príncipe escrita por Mirytie


Capítulo 21
Capítulo 21 - Especial: James e Kanae parte II


Notas iniciais do capítulo

Enjoy ^/__^



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James olhava para o céu cinzento do Japão de onde caía uma chuva intensa e os relâmpagos iluminavam o céu assustadoramente.

Ele lembrava-se que no seu primeiro concerto com Kyoko também tinha chovido, talvez até mais mas, mesmo depois de lhe dizerem que era demasiado perigoso atuar com aquele tempo, ela tinha-o feito.

- Ok, fixe. – comentou Kyoko depois de o avaliar – Acho que passaste.

James pousou a guitarra, ainda em êxtase por ter tocado enquanto ela cantava. A maioria dos cantores não faria isso, nem sequer se dariam ao trabalho de participar no recrutamento.

- Toma. – Kyoko esticou o braço em direção a ele com um pequeno papel na mão.

Quando James pegou nele abriu a boca ao ver a grande quantia de dinheiro dentro do envelope. Olhou para ela que sorria e depois para o envelope outra vez.

- Normalmente só pagam no fim de cada espetáculo e em cheque. – explicou Kyoko – Mas, como estás na tua terra natal podes querer gastá-lo de alguma maneira particular.

- Mas… - James tentou encontrar as palavras – Aquela rapariga chamada Kanae disse que eu tenho que estudar as suas músicas e praticar com o resto da banda.

- Esquece isso. – pediu Kyoko abanando uma mão enquanto pegava num caderno com outra – Olha, estão aqui as pautas das músicas que vamos tocar hoje. Logo que as saibas quando voltares, não há problema. E provavelmente tens que te ir despedir da tua família, certo? – como alguém que também tinha problemas familiares, Kyoko percebeu pela cara dele – Ou de alguém querido.

Já se tinha despedido da professora, pensou James, de quem mais é que se tinha que despedir antes de ir viajar pelo país com aquela cantora japonesa. Mesmo assim, não quis negar a gentileza que ela lhe concedera.

Só à porta dos bastidores é que percebeu que estava a chover. O palco estava todo molhado e havia várias pessoas com gabardinas de esfregonas e vassouras nas mãos a tentar secar o palco mas não estava a resultar minimamente. Os bancos do público também estavam molhados o que o fez pensar se alguém apareceria.

Guardou o envelope no bolso de dentro do casado e saiu para a chuva. Foi surpreendido quando saiu do estádio e viu uma fila enorme de pessoas que gritaram quando viram a porta a abrir-se. Talvez à espera de alguém famoso, imaginou James vendo a cara de desapontamento deles.

Alguns tinham guarda-chuvas, outros traziam gabardinas mas, ao ver gente encharcada a rir de ansiedade começou a ficar nervoso e abriu imediatamente o caderno com páginas laminadas que Kyoko lhe tinha dado para começar a estudar, enquanto caminhava lentamente por entre a fila de pessoas entusiasmadas.

Olhou para as horas e viu que ainda tinha algum tempo antes que os pais chegassem a casa. Talvez fosse uma boa ideia deixar pelo menos um bilhete.

Correu por entre as gotas grossas que caiam do céu. Ao ver a sua casa no horizonte e o carro do pai à porta, mal estacionado, abrandou o passo, enquanto começava a ficar pálido.

Depois de ganhar algumas forças, entrou vendo o pai com a cara vermelha de raiva e do álcool que provavelmente tinha consumido em demasia. Ouviu a mãe a gritar da cozinha, o que queria dizer que provavelmente já tinham discutido e ela tinha ganho mais algumas nódoas negras.

De repente lembrou-se que tinha deixado a faca com sangue na cozinha. Ao vê-la agora na mão do pai, entrou em pânico.

- Pai…

- Então, estavas a treinar para livras-te de mim? – perguntou o pai levantando a faca em direção a ele – Onde é que foste?

- Espere. – quando o pai se aproximou ele deixou cair o caderno e embateu contra a porta, encurralado – Eu posso explicar!

O pai pegou no caderno, atirou a faca para o chão e folheou-o rapidamente olhando depois para o filho, ainda com mais raiva no olhar.

- É outra vez a m*rda da música!!! – gritou ele. James nem teve tempo de se defender. Às vezes esquecia-se do quão ágil o pai era. Quando se apercebeu, já estava em bicos de pés enquanto o pai agarrava-o pelos colarinhos da camisola – Já não disse para esqueceres isso! Devias-me agradecer por te ter livrado da cabra da agente social e da p*ta daquela professora de música! – com um sorriso nojento, ele continuou – Parece que vou ter que te enfiar alguma gratidão na cabeça.

Ao ver o pai fechar o punho, James virou a cara e fechou os olhos. As memórias que tinha de tocar com Brian ou a felicidade que sentira ao ouvir a voz de Kyoko a preencher a sala enquanto ele a acompanhava pareciam agora sonhos distantes.

Era agora que tudo ia acabar e, apesar de ter querido isso há apenas algumas horas atrás, agora tremia de medo e as lágrimas escorriam-lhe pela cara.

O telemóvel tocou assustando-a.

Correu para ele, com esperança que fosse Ren mas, lá no fundo sabia que não era. No entanto, receber um telefonema para o seu telemóvel era raro. Tora insistira para que ela tivesse o mínimo de contatos para não a encher de preocupações. Só Yashiro-san, Ren, o presidente, Moko-san, Chiori, Maria, Jelly, Sawara-san, Momose (e o Sho -.-) tinham o seu número.

Hesitante ao ver o número desconhecido, atendeu e ficou aliviada ao ouvi a Rachel (a professora de música de James). Por falar nisso, não estavam todos à procura dele. Brian já estava a atuar em palco e só faltava uma hora para ela entrar.

- Kyoko, como é que o James se portou? – perguntou Rachel do outro lado da linha.

- Oh, ele passou, Rachel-chan. É muito talentoso. – ouviu o riso de Rachel e sorriu – Por falar nisso, não sabe onde é que ele pode estar?

- O quê?

- Eu dei-lhe algum tempo para se ir despedir que quem quisesse porque depois do concerto partimos logo para outro estado mas ele ainda não voltou e já falta menos de uma hora para começarmos. – explicou Kyoko – Se ele não voltar depressa tenho medo que o Tora o expulse mesmo antes de ele ter oportunidade de atuar em palco.

- Sabes onde é que ele foi? – ao ouvir uma resposta negativa de Kyoko, a pele de Rachel começou a ficar fria e o medo preencheu-lhe a voz – Ainda tens tempo, Kyoko?

- Sim. Entro dentro de uma hora. – respondeu Kyoko confusa – Porquê?

- Peço-te que vás a casa dele. – implorou Rachel – Eu ainda demoro  mais de trinta minutos a chegar lá, mesmo de carro. Mas tu estás a menos de quinze minutos da casa dele.

- O que é que se passa? – perguntou Kyoko começando a ficar preocupada.

- Se ele foi a casa dele e encontrou o pai, lá… - disse Rachel – Está em problemas.

- Estou a caminho!

Kyoko desligou imediatamente, foi ao armário dos bastidores da banda e tirou uma gabardina plástica amarela transparente. Depois de a vestir e apertar bem o fecho para não molhar a roupa para o concerto, olhou para o espelho e para o cabelo que Brian demorara mais de meia hora a arranjar. Resmungou baixinho a saiu a correr até se lembrar que não seria forte suficiente se o pai de James fosse violento.

Sorrateiramente, aproximou-se de dois guarda-costas e pôs uma mão em frente aos lábios para que eles não fizessem barulho. Informou-os da situação e pediu-lhes que não contassem a ninguém. Desde que ela desaparecera para ir procurar Ren, há uma par de semanas atrás, Tora reforçara os vigias.

Os dois homens grandes e musculados concordaram e chamaram mais dois para os acompanharem.

Mal saiu para a chuva e o seu cabelo começou a pingar ela resmungou mais um pouco e escondeu-se no meio dos guarda-costas para que o público não a visse a sair do estádio. Viu um relâmpago ao longe e estremeceu. Passou pela fila de pessoas que ainda não tinha entrado o mais subtilmente possível e correu para o jipe que um dos guardas tinha ido buscar.

Arrancaram para o trânsito e Kyoko esperou chegar a tempo.

O homem que tinha acabado de dar uma sova ao filho e o deixado no chão, pisado e a sangrar estava a beber uma garrafa de vinho alegremente quando ouvira a bater à porta violentamente.

Depois de praguejar um bocado, levantou-se e gritou “Já vou! Já vou!”

Olhou para o filho estendido ao lado da porta e decidiu que ninguém o veria se não entrassem e, mesmo que entrassem, ninguém tinha nada que meter o bedelho na forma em como ele educava o filho.

Pôs um sorriso bêbado na cara e abriu a porta dando com quatro homens em volta de uma rapariga que parecia ser estrangeira. Apesar de achar que já a tinha visto em algum lado, substituiu o sorriso bêbado por um sorriso que ele achava ser sedutor e olhou para a minissaia e a camisola com decote que ela trazia por baixo da gabardina transparente. O cabelo molhado e a pingar que ela trazia só dava mais trela à imaginação doentia dele.

- Olá boneca. – começou ele – Posso-te ajudar em alguma coisa?

- Senhor, não tem permissão para falar assim com ela. – disse um dos guardas preparado para dar um passo em frente e tirar aquele olhar da cara dele.

Apesar de também se sentir enojada pela forma como ele lhe olhara, Kyoko abanou a cabeça. – Deixa estar. Está tudo bem.

Ao vê-la falar noutra língua, o pai de James ainda sorriu mais. Era mesmo estrangeira afinal, pensou. Uma estrangeira sexy mesmo à sua porta. Se conseguisse livrar-se dos homens de preto podia passar um tempinho com ela.

- Não queres entrar? – propôs ele vendo-a anuir com a cabeça – Mas os homens vão ter que ficar aqui. Infelizmente, não tenho muita confiança em homens grandes como esses.

- Muito bem. – concordou Kyoko, agora em inglês – Eu entro sozinha mas eles vão ficar aqui à porta.

Entrou e tentou não mostrar medo quando ele trancou a porta. Olhou em volta até que viu James e parou.

- Então, querida. – ele aproximou-se e pôs-lhe uma mão no ombro – Que achas de irmos para o sofá divertirmo-nos um pouco.

- Oh, quer-se divertir? – ela voltou-se a sorrir gentilmente mas a aura à sua volta era negra e assustadora. Antes que ele tivesse tempo de fazer alguma coisa os demóniozinhos dela já o tinham rodeado – Vamo-nos divertir um bocado.

- Mas o que é isto?! – gritou ele em pânico – Não me consigo mexer! Ajudem-me! – quando Kyoko começou a aproximar-se ele começou a tremer, arrepiando-se quando ela passou o indicador pela face dele, mostrando-lhe um sorriso maléfico – Por favor…

- Então? – perguntou Kyoko – Ainda queres brincar?

- Não, por favor, não! – implorou ele – Leva o que quiseres mas não me faças mal!

Kyoko virou-lhe as costas e dirigiu-se para James, enquanto os seus demónios continuavam como pai dele. Quase ficava aliviada por ele não estar desmaiado mas viu pelos olhos dele que ele tinha entrado em choque.

O lábio inferior estava a sangrar, o olho estava inchado e negro, tinha um corte que sangrava na testa e sabia-se lá se tinha costelas partidas ou outro tipo de ferimentos pelo corpo. Abanou a cabeça lentamente e foi abrir a porta para que os guarda-costas transportassem James para o jipe.

Antes de os seguir, olhou uma última vez para o pai e agora a mãe que estava à porta da cozinha sem saber o que fazer.

- Se alguma vez tentarem aproximar-se dele outra vez. – avisou Kyoko – Não se vão ver livres de mim tão facilmente,

E saiu.


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Notas finais do capítulo

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