Skip Beat - a Revolta do Príncipe escrita por Mirytie


Capítulo 19
Capítulo 19 - Especial: Brian e Tyler V


Notas iniciais do capítulo

Demorou mas aqui está XD
Enjoy ^^



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- É verdade que ele já não bebe tanto e não se fecha no quarto, mas…-Satori olhou para o neto que olhava de uma forma vazia para o papel que lhe tinham dado para assinar há mais de meia hora – Porque é que ele anda tão distraído, ultimamente?

A secretária de Tyler, apesar de parecer intimidante, tremia ao lado do dono dos hospitais Satori. O homem já não conseguia andar muito bem sem a ajuda de uma bengala e os cabelos na sua cabeça eram brancos e praticamente inexistentes mas ninguém se atrevia a fazer-lhe frente. Nem mesmo o neto.

- Bem… - sabendo que ele esperava uma explicação, a secretária fez o seu melhor para não gaguejar – Desde que ele teve aquela visita que…

- Que visita? – perguntou Satori interrompendo a mulher assustada – A filha do Yashima decidiu voltar?

- Ouvi boatos que Akemi-sama rondou o edifício, mas não entrou. – disse a secretária competentemente – Ainda não sabemos onde é que ela está, correntemente.

- Vai precisar de ser disciplinada quando voltar. – informou Satori e ela arrepiou-se porque diziam que os “castigos” do chefe podiam ser extremos – Se não foi a criança do Yashima, quem foi?

- Aquele cantor famoso. – respondeu ela vendo Satori a olhar para ela, subitamente surpreso – Acho que se chama…

- Brian. – completou Satori nada satisfeito com a novidade –Depois de tudo o que eu fiz para o manter afastado…

Fazia sentido agora. Depois do seu pai e mãe, só o amigo de infância é que conseguia influenciá-lo de tal maneira.

Depois de a mãe adoecer, há cinco anos atrás, Satori enviara-a para a América com a justificação que havia um hospital melhor para ela, lá. O pai morrera um ano depois, do cancro que Satori fingira curar.

Para que o neto confiasse apenas nele, Satori fora ao ponto de internar a sua própria filha e dizer a Tyler que ela tinha enlouquecido depois da morte do pai e que já nem sequer sabia que tinha um filho. “O médico disse que era melhor não a visitares por uns tempos” dissera ele, e Tyler acreditara.

Quanto a Brian, bastara dizer-lhe que devia ser um incómodo para o amigo gastar dinheiro num bilhete, todos os verãos e que, provavelmente a namorada ficaria com ciúmes. Fora o suficiente para Tyler dizer ao amigo que ele não precisava de voltar; fora o suficiente para ferir Brian e ele não voltar.

O pirralho tinha mudado tanto que ele nem o reconhecera como a mais recente estrela de rock no Japão. E o que é que podia fazer agora para o agora para o afastar? Ouvira dizer que ele tinha o apoio da atriz e cantora Kyoko, a queridinha do Japão. Podia tentar por cima dela mas isso significaria que também teria que passar por cima de outros atores e cantores que suportavam Kyoko. Depois do anúncio do seu relacionamento com o ator Ren Tsuruga na entrevista do dia anterior, achava que não valia o esforço nem o tempo.

Podia tentar manipular o neto como fizera tantas vezes mas, ao ver a cara frustrada dele, teve a sensação que não funcionaria e imaginou o que Brian lhe tinha dito.

Suspirou e desceu com a secretária para a entrada onde cinco dos seus guardas tentavam controlar o caos que uma única pessoa tinha criado.

Satori desejou que fosse Brian e que assim pudesse falar com ele antes que Tyler soubesse que ele estava no edifício. Mas deparou-se com uma rapariga de cabelos negros e olhos da cor do caramelo de pés fincados no chão, parada no mesmo lugar, ignorando todos os guardas que lhe diziam que ela tinha que sair.

Quando o viu, Kyoko soube imediatamente que Satori era o chefe. Com uma facilidade impressionante, afastou os guardas e parou mesmo em frente a Satori.

- Quero falar com o Tyler.

Enquanto Kyoko enfrentava Satori sem medo nenhum, usando pela primeira vez o seu poder como estrela que era, Tyler continuava a olhar para o papel repleto de letras minúsculas.

O que tinha em mente – ou melhor, quem tinha em mente – era Brian, como era de prever. Sempre que pensava na sua vida amorosa, começava a imaginar cenas que não devia imaginar e a raiva vinha à tona. No entanto, depois lembrava-se o quão impotente era naquele tipo de situação e a raiva era substituída por frustração.

Tinha sido hetero desde que se lembrava e nunca se sentira atraído por nenhum homem antes e não se sentia atraído pelo amigo. Mas Brian estava apaixonado por ele.

Com uma dor no peito, pôs uma mão na cara.

Durante tantos anos, pensou. Estivera apaixonado por ele durante tantos anos sem dizer nada e Tyler magoara-o tanto. Não tinha coragem de se desculpar porque sabia que as palavras que tinha proferido a Brian não tinham desculpa.

E ele voltaria para a América daqui a alguns dias, deixando-o de novo sozinho sabia-se lá durante quantos mais anos. Se pensasse nisso, Brian tinha razão. Tyler não se importaria de começar uma relação por piedade se isso o fizesse ficar.

Tinha perdido o pai para a doença e a mãe para o desgosto. O sorriso que se lembrava ver tantas vezes nos pais quando era pequeno e vivia na América…não os veria nunca mais. Depois de os pais se separarem tinha bastado um ano para o pai parar de lutar e ceder à doença, deixando a mãe desgostosa e a sentir-se culpado por ter deixado o amado para ser tratada na América.

Tyler ouvira falar nisso. Em como um perdia as forças depois de perder o parceiro. A mãe fugira do Japão para se casar com o pai na América. Nas memórias que tinha deles, havia sempre risos, amor e luz; tanta luz. A luz e os risos que se apagaram depois de se mudarem para o Japão. Por muito que tentassem fingir que estava tudo normal, Tyler conseguia ver a mentira.

Tyler conteve as lágrimas e assinou o papel com a mão a tremer.

Se perdesse Brian também, mesmo com o avô do seu lado, temia que enlouquecesse, tal como a mãe tinha enlouquecido.

Ouviu gritos do outro lado da porta e pensou em levantar-se para ir ver o que se passava mas lembrou-se não era raro o avô gritar com funcionários e com a secretária supercompetente. No entanto, ao ouvir alguém gritar em reposta ao avô assustou-o.

Quando ouviu baterem violentamente na sua porta, ele arrepiou-se e levantou-se num salto, contente por ninguém ter visto aquilo.

Recompôs-se e foi abrir a porta, deparando-se com as faces vermelhas de raiva do avô e as sobrancelhas franzidas de Kyoko. A secretária abanava as mãos e tentava proferir frases para convencer Kyoko a sair, que obviamente não estavam a resultar.

Kyoko fez uma vénia rápida. – Bom dia. Eu chamo-me Kyoko e gostava de falar consigo.

Depois de convencer o avô a deixá-los a sós, ali estava ela, à sua frente, com uma cara determinada que intimidava Tyler.

Ele quase rira quando ela se apresentara. Afinal, quem no Japão é que não sabia o nome dela? Toda aquela polémica à volta dela sobre a mãe, o Sho que afinal era seu amigo de infância, o Ren que era oficialmente o seu namorado agora…Tyler pesquisara tudo depois de saber que tinha sido ela a trazer Brian para o Japão. Sabia que ela tinha passado por alguns tempos difíceis há um ano mas nada que a tivesse deitado a baixo.

- Gostava de falar consigo sobre o Brian. – começou ela afastando o copo de vinho que Tyler tinha-lhe servido.

- Sim, já tinha-me apercebido disso. – continuou Tyler entrelaçando os dedos em cima da mesa. Decidiu que manter uma conversa distanciada e formal era a coisa mais segura a fazer, por agora – Aconteceu alguma coisa.

- Aposto que o Brian já lhe disse que tenciona voltar para o Japão. – comentou Kyoko vendo Tyler anuir com a cabeça. Confiante de que Kyoko lhe diria que iria impedi-lo, Tyler quase começou a sorrir – Eu vou levá-lo comigo na nova tournée que estão a organizar para o cd que vou lançar.

- O quê? – a cara séria que Kyoko manteve confundiu-o – Porquê?

- Francamente, acho que ele vai ficar melhor quando estiver longe daqui. – responde Kyoko referindo que ele estaria melhor longe de Tyler – Quero deixar tudo muito claro, agora. Ele salvou-me de uma coisa que me podia ter destruído. Tenciono fazer o mesmo por ele se assim for preciso. Se é preciso perder o meu melhor amigo para ele ser feliz, então é o que farei.

- Não podes fazer isso! – gritou Tyler esquecendo-se da conversa formal que tinha planeado – Se…se eu o perder…

- A sério? – com uma aura malvada à sua volta, Kyoko levantou-se lentamente e inclinou-se até estarem praticamente de narizes colados – Achas que dou alguma para o que tu queres? Eu faço o que bem me apetecer.

Para enfatizar o que tinha acabado de dizer, Kyoko endireitou-se e sacudiu o cabelo como tinha visto Miranda fazer antes de virar as costas.

Virou-se uma última vez e acenou com a mão. – Bye, bye.

Depois de ter saído para as traseiras da sede do império de Satori, Kyoko acenou a Ren que estava à sua espera dentro carro e esperou alguns segundos antes de ir ter com ele.

Suspirou fundo e saiu da personagem intitulada por Marisa. Kyoko tinha criado Marisa sozinha depois de entrar para a faculdade. Tinha decidido que não podia andar na faculdade como Kyoko. Marisa era uma universitária confiante e um pouco malvada mas muito bem-sucedida. Sempre que ia para a faculdade, Kyoko pegava na peruca loira de Setsu, vestia umas calças largas, uma camisola que sempre mostrava o umbigo e o piercing falso que Marisa usava e umas sapatilhas usadas. Essa era Marisa.

Pegou no telemóvel e marcou o número de Akemi. Suspirou mais uma vez porque ser má não lhe tinha agradado e Marisa cansava-a sempre que interagia com outra pessoa.

- Está? – disse Kyoko quando Akemi atendeu – Sim, já fiz a minha parte. Agora é contigo.

Desligou e olhou uma última vez para a janela do escritório de Tyler antes de voltar para o lado de Ren e afastar-se da mentira que tinha acabado de contar.


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Notas finais do capítulo

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