A Agiota (tell Me) escrita por seethehalo


Capítulo 11
Zehn


Notas iniciais do capítulo

Aeaeae tá acabando!
Bom, leiam e depois prestem atenção à explicação das notas finais quanto à (#$%¨¨&&&&) semelhança com o fim da novela. :~



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     Dia seguinte. Bill e Katherine passaram a manhã preparando a viagem – entre comprar passagens por telefone, fazer reserva num hotel pela internet e arrumar as malas. Foram almoçar na casa de Stephanie, a fim de contar o acontecido e comunicar a viagem. A mãe dele ficou sabendo logo depois. Partiriam no outro dia, à tarde.

     Assistiam a um filme na tevê de tarde, na sala da casa dos gêmeos, junto com Tom. Katherine ria-se da comédia, e Bill estava uma pilha. Então, quando deu o intervalo comercial, ela virou-se para o gêmeo mais novo e perguntou:

     - O que você tem, Bill? Parece nervoso.

     Ele demorou a responder, e disse apenas:

     - Tom, some daqui.

     O gêmeo mais velho saiu da sala desligando a televisão com o controle remoto. Assim que se viu a sós com a namorada, Bill disse:

     - Eu preciso te contar uma coisa... muito importante. E talvez você queira cuspir na minha cara, mas eu gostaria que você pelo menos se dispusesse a escutar os meus motivos.

     - P-pode falar.

     - Você lembra que eu te contei que fui sequestrado e molestado quando era criança?

     - Lembro.

     - E lembra quando eu falei pro Georg, o cara lá que ia matar a gente, que a única pessoa que eu já tinha matado na vida era a sua mãe?

     - Aham.

     - O que diria você se eu te dissesse que aquilo não foi um blefe e que a mulher que fez aquilo comigo era a sua mãe?

     - Espera aí, do que...

     - Porque é isso mesmo.

     - O... o quê?!

     - A mulher que me abusou... era a sua mãe... e eu a matei.

     Katherine não conseguiu dizer nada.

     - Lembra na primeira vez que você me levou na sua casa e eu tive aquela sensação estranha de já ter estado lá antes? Porque sim, eu estive lá antes.

     - Bill... – os olhos dela se encheram de lágrimas.

     - A sua mãe me sequestrou, me levou pra sua casa e me estuprou na cama dela! – disse ele possesso, logo depois abaixando o tom de voz. – Depois daquilo, eu passava as noites pensando e planejando o que eu faria se encontrasse aquela mulher de novo. De besta, porque eu não queria tornar a vê-la. Mas acabou que eu tornei. Da pior forma possível. Aí eu recomecei a planejar. Eu tinha que fazer alguma coisa; aquela criatura que tinha me traumatizado estava ali na minha frente, ao meu alcance, eu não consegui ficar sem fazer nada. – ele tentava engolir as lágrimas que subiam aos olhos. – Eu planejei tudo. Eu estudei toda a rotina da sua casa. Testava soníferos em mim mesmo pra avaliar os efeitos e a duração. Ela não demorou a perceber que eu era o mesmo Bill que tinha sido o brinquedinho sexual dela anos antes e eu não perdi a oportunidade de seduzi-la e atraí-la para a minha teia. Ela tentava me pegar de novo, debaixo do seu nariz, mas eu sempre me esquivei. Eu ia fazer tudo três semanas antes. Você lembra? A primeira vez em que dormimos juntos? Você me libertou do trauma, mas eu ainda precisava acabar com aquilo! Então eu tive que fazê-lo. Eu posso ir pro inferno por isso, mas eu só tive paz depois de matar aquela desgraçada! – concluiu sem mais medo de deixar as lágrimas caírem.

         Flashback*

     Bill acordou bem cedo. Vestiu o roupão, pegou um par de luvas, calçou um par de meias e foi cuidadosamente ao quarto contíguo.

     - Bom dia, dona Juliette. Tudo bem com a senhora?

     - Querido, já lhe pedi que não me trate de dona ou senhora.

     - Tanto faz. A Katherine tá dormindo que nem um anjinho. Você pode adivinhar o que eu vim fazer aqui? – perguntou entrando no quarto e andando em direção à cama.

     - Talvez. Você veio brincar comigo? – Juliette se sentou na beira da cama.

     - Hmm, vim. Mas um joguinho diferente. A Katherine me contou que tem uma hidro nesse quarto. Eu sempre quis brincar numa hidro. Eu posso?

     - Claro que pode, meu amor. Vem aqui que a gente toma um banho na hidro juntinhos.

     - Nananina. Vapor de água quente vai ressecar o meu cabelo, e isso não é legal. Vamos fazer assim, você vai lá, enche a banheira, leva aquele simpático ventilador que tá ali em cima da penteadeira e deixa ele ligado pra circular o ar. Pode ser?

     - Ai, como você é exigente. Mas é claro que pode; pra você pode tudo, bebê.

     - Que bom. Eu adoro uma água quentinha, mas detesto aquele vapor que ela deixa.

     - Entendo, entendo – disse Juliette levantando-se da cama e dirigindo-se ao banheiro. – Não vou demorar.

     - Sim, vá depressa, não queremos que a Katie acorde. Enquanto isso eu vou ficar te esperando aqui, gostosinho, na cama.

     Ao ouvir o barulho da água caindo, Bill percebeu que ela tinha esquecido o ventilador.

     - Juliette – chamou -, o ventilador.

     - Desculpe. – ela voltou para pegar. – Tudo ficará perfeito, do jeitinho que você quer.

     - Assim espero. Me chame quando já estiver lá, relaxada, sim?

     - Claro, claro.

     Bill tirou o par de luvas dos bolsos do roupão e colocou-as. Deu uma breve vasculhada sobre a cama a fim de ver se não deixara nenhum fio de cabelo; ao constatar que não, pôs-se quieto esperando. Dali a quinze minutos, Juliette o chamou.

     Ele entrou no banheiro analisando o território. O ventilador girava ligado na ponta da pia, do lado oposto ao que ela se acomodara. Bill tentou trocar a cara de nojo por um sorriso, apoiou-se na bancada da pia e encarou a sua imagem no espelho.

     - Nunca pensei que fosse fazer isso!... Pff!... Mas você vê aonde a vida nos traz... Que sádico o meu destino, me fez namorar a filha da mulher que me molestou! Não é, dona Juliette? – virou-se para ela ao dizer a última frase. – Ah, coragem... – desencostou-se da bancada, pegou o ventilador e curtiu o vento por alguns segundos. – Você sabia que parou a minha vida e que me deixou um trauma? Que aliás foi a sua filha que conseguiu me livrar dele? Eu queria saber como é que você consegue dormir à noite, com duas filhas dentro de casa abusou de uma criancinha mais nova que ambas e debaixo do nariz delas. – ajoelhou-se e encostou o ventilador na borda da banheira.

     - Bill, cuidado com...

     - Cala essa boca imunda. Eu tô falando. Bom, talvez eu morra sem essa resposta, não é? Mas você pode me contar do outro lado. – levantou-se novamente. – Te vejo no inferno, vagabunda! – soltou o ventilador. – Pedófila ordinária filha da puta!

     Ele saiu de lá e voltou para a cama ao lado da namorada. E teve que consolá-la, mesmo que com certa falsidade; pois apesar da coisa horrenda que fizera, aquela mulher fora sua mãe.

         Flashback Off*

     - Meu Deus... – disse Katherine após recuperar a voz, ainda em choque pelo que acabara de ouvir. – A... a minha mãe... fez aquilo?

     - Fez, Katie. Mas você não teve culpa. – longa pausa. – Eu sei que você deve estar me achando um monstro, porque era a sua mãe...

     - Não, eu não sei como nem por que mas eu tô te entendendo e acredito em você. A minha mãe, a minha própria mãe; ela é um monstro, não você... – ela chorava copiosamente. – Eu só não entendo como ela pôde fazer isso... Espera. Espera aí, quando que foi... que você... que ela... enfim?

     - Noventa e nove.

     - Não, a data, você não se lembra da data?

     - Maio... foi... Deixa eu ver... Uma semana depois da metade do mês... Acho que... Se eu não me engano, vinte e dois. Vinte e dois de maio de noventa e nove.

     - Ah. Claro. Eu me lembro bem dessa data. Meu pai tinha levado a gente pra acampar mas ela não foi. Só estava ela em casa, então...

     - Claro, eis a resposta à minha pergunta. Só continuo sem saber como ela conseguia dormir à noite. Ela não me deixou só um trauma, mas também um distúrbio; eu me tornei frio, e calculista. Sabe o plano que eu tive pra fugir, que deu certo e os caras acabaram presos? Bom. Eu pensei em cada detalhe, calculei cada passo. E deu certo. – longa pausa. – Escuta, Katherine, se você quiser, eu me entrego à polícia. Eu não sei como não descobriram que fui eu, apesar de terem nos apontado como suspeitos na época, o que eu fiz estava bem longe de ser um crime perfeito. O que prova que a nossa polícia não é das melhores, não?

     - Não, Bill, pelo amor de Deus, não fale uma coisa dessas. Não quero que você se entregue. Eu não sei como, mas eu sei por que você teve que fazer isso... E bom, já que também suspeitaram de mim... Agora eu sou sua cúmplice.

     Bill abriu a boca para protestar, mas não deu tempo de dizer coisa alguma.

     - Não diga nada. Eu já tomei a minha decisão.


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Notas finais do capítulo

Então. Eu tive a ideia dessa fic ainda em dezembro do ano passado. Quem me conhece aqui sabe que eu tenho mania de escrever cenas posteriores com antecedência, e esse flashback desse capítulo foi um caso desse. Quando anunciaram que a novela acabaria logo, eu nem imaginava quem tinha matado o Saulo e enfim, a fic já tava andando bem; com esse final já praticamente pronto.
Portanto, a semelhança foi pura coincidência! O.O (chato pra mim, mas eu n ia mudar uma cena que tinha escrito havia mais de um mês porque o autor da novela resolveu ter a mesma ideia que eu u_ú)
Já vou postar o epílogo.



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