O ônibus começou a andar e eu sabia que a viajem seria longa e eu não conseguia tirar da minha cabeça a promessa que fiz a Cameron. Eu poderia mesmo contar para ela que eu era uma deusa? Eu não estava preocupada com o fato de ser permitido ou não e sim se ele iria acreditar, se ele por acaso acreditasse é claro isso seria ótimo, mesmo assim nada importava eu ia contar.

Pensar sobre o que dizer ao Cameron, como dizer, ou até mesmo tentar imaginar sua reação me deixou com dor de cabeça. Ainda bem que durante a viajem inteira Apolo continuou sentado no ultimo banco e não me atrevi a olhar em nenhum momento.

O ônibus em um ponto não tão perto da minha casa, peguei minha mochila e desci sem ao menos dar uma olhada para trás.

Eu andava tão devagar que estava já estava quase parando a verdade é que eu não queria ir para casa colocar um sorriso no rosto e dizer que estava tudo bem.

Mas eu questão de minutos que mais pareceram segundos eu cheguei, a casa estava quieta e aparentemente não tinha ninguém.

– Claire! - Gritei só para ter certeza.

Ninguém respondeu então subi para meu quarto.

Joguei minha mochila na cama e foi ai que fica um papelzinho preso em um bolsinho do lado direito, estava metade para dentro e metada para fora.

Nele estava escrito. Me encontre no depois de amanha no The Anderson's. Apolo.

Eu instantaneamente rasguei o o papel, eu já estava realmente me cansado daquilo tudo. porque ele sempre fala que quer falar comigo e nunca diz nada? E ainda mais, me encontrar no restaurante onde Cameron trabalha, ele já estava querendo demais.

Cameron, pensar nele me deu calafrios ele voltaria amanha e eu ia contar sobre ser uma deusa.

Durante o dia inteiro nem Clarie e James, nem mesmo Jack questionaram por eu estar em casa, mas com certeza já sabiam ligaram para eles no hotel.

Eu também não toquei no assunto, basicamente passei meu dia no quarto e passiei um pouco com Dinka e ensaiei mentalmente o que diria para Cameron.

***

Acordei mais tarde do que o normal, foi consequencia de uma noite mal dormida. Fiz minha higiene matinal e arrumei meu quarto coisa que não tinha feito desde que cheguei aqui.

Logo após fui tomar meu café apenas Clarie estava lá, ela apenas levantou os olhos para mim quando cheguei e deu um sorriso amarelo.

– Selene acho que temos que conversar - Ela disse me fitando.

Me sentei olhando em seus olhos.

– Tudo bem.

Clarie respira fundo.

– Você sabe que eu sei que você queria fugir...

– Não Clarie, eu não queria fugir e que... Olha, Ap...Dylan apareceu na minha janela me atormentando dizendo que queria falar comigo e eu tive que pular a janela dai a Sra. Green nos viu e achou que estavamos querendo ir embora.

– E o que esse garoto estava querendo com você? - Ela perguntou desconfiada.

– Conversar.

– Conversar?

– Isso.

Ela botou uma mecha do cabelo para trás.

– Você e esse garoto... - Ela fez uma pausa deixando a ideia florescer na minha mente.

– Não, não Dylan e eu somos amigos. Ou talvez nem isso nem amigos somos.

– Algum problema com ele?

– É, é só que ele é meio irritante.

Ela esbouçou um pequeno sorriso.

– Tudo bem então. Pode terminar seu café eu vou ter que ir até a escola do Jack, se importa.

– Não, pode ir.

Clarie já havia saído mas voltou correndo.

– Você pode ir no mercado para mim?

– Claro.

– Obrigada, a lista ta na geladeira.

Ela deu um sorriso enorme então saiu.

Continuei a comer até que o telefone tocou atendi no segundo toque.

– Alô

– Oi, Selene é o Cameron.

– Oi, você já chegou?

– Cheguei, liguei para saber como você está.

– Eu estou bem, então como foi lá?

Ele deu risada.

– Você sabe montanhas e mais montanhas.

Eu também ri.

– Me desculpe tenho que desligar agora, vou ter que ir trabalhar.

– Oh, tudo bem.

– Até mais tarde então.

– Até.

Desliguei o telefone e fiquei um tempo olhando para ele.

Depois que terminei meu café lavei a louça e me aprontei para ir ao mercado, mas antes tive que ficar vinte minutos procurando Dinka e deixa-lo no meu quarto.

Eu estava desesperadamente tentando tirar a chave do trinco da porta era a segunda vez que ela tinha emperrado ali.

– Oi - Uma voz feminina disse atrás de mim.

Me virei instantaneamente.

– Lauren, oi, você me assustou.

Ela estava séria.

– Me desculpe. Eu queria falar com você.

– Eu estava indo fazer compras, mas se você quiser me acompanhar...

Ela assentiu então fomos até a garagem pegar meu carro, era a primeira vez que eu o dirigia.

– Então o que você queria falar comigo? - Disse enquanto ligava o carro.

Lauren limpou a garganta.

– Bem, eu vou direto ao assunto, eu ouvi você e o Dylan conversando na noite em que Sophie e vocês dois foram pegos.

Minha respiração começou a acelerar eu não lembrava o que eu tinha conversado com ele. Mas mesmo assim repassei tudo na minha cabeça.

– Eu queria que você me explicasse porque foi bem confuso. Desde quando vocês se conhecem?

– Lauren... Droga. É dificil de explicar.

– Então pelo menos tente! Com certeza vocês já se conheciam e não é de meses e sim anos, ele te chamou de ''meu amor'' por acaso vocês eram namorados? Ah não, você ta traindo o Cameron! Como você pode fazer isso...

Nada que eu inventasse seria o suficiente pra explicar aquilo.

– Lauren não é nada disso, eu amo o Cameron.

– Mas você me deve respostas. Nos invadimos a casa dele e você fingia que não o conhecia! - Lauren não parecia nervosa e sim confusa.

– Eu não o conhecia! Pelo menos eu não o reconhecia.

Senti os olhos de Lauren em mim e mantei os olhos na estrada.

– Eu não sei mais quem você é, quer dizer você pode ser uma terrorista.

Dei risada.

– Eu não sou uma terrorista.

– Então me diz a verdade!

Respirei fundo.

– Olha, digamos que eu conhecia sim o Dylan mais isso faz muito, muito tempo.

– Você tem 16 anos, se conheram quando pra depois não se lembrarem um do outro? Com 2 anos?

Lauren sabia que aquilo ia muito além da minha explicação.

– Sabe aquele livro de mitologia que eu vi no seu quarto?

– Sei - Ela hesitou ao responder.

– O que lá dizia sobre Apolo?

Ela me olhou como se estivesse louca.

– Bem, ele é o deus da musica, profecia e outras coisas ele é bem metido e se achava demais por ser o deus da beleza. Porque me perguntou isso?

Nós chegamos ao estacionamento e estacionei o carro.

– Ele te lembra alguém?

– Como, não conheço nenhum deus, mas acho que o Dylan se encaixa.

– Isso mesmo.

Ela arqueou as sobrancelhas.

– Isso mesmo o que?

– Dylan é o Apolo.

Ela me encarou durante um tempo então deu uma risada nervosa.

– Você ta falando sério?

– você não queria a verdade?

– Dylan é um deus? - Ela estava segurando a risada.

– O nome dele não é Dylan é Apolo e sim ele é um deus.

– Você por acaso enlouqueceu? Mas tudo bem vamos seguir sua linha de raciocinio se Dylan é um deus você é o que já que sabe disso?

– Eu também... Sou.

Ela passou a mão no rosto.

– Selene com certeza tem uma razão muito racional pra tudo isso.

– Vou provar pra você.

Liguei o carro outra vez, voltei em direção ao parque ele normalmente era cheio de crianças gritando e correndo, mas um pouco mais além ele era totalmente vazio.

– O que estamos fazendo aqui? - Lauren perguntou.

– Tenho que te mostrar uma coisa.

Lauren estava de frente para mim com uma expressão impossivel de ler.

Dei um leve sopro apenas como um impulso então o vento começou a soprar mais forte mas de uma forma gentil, as folhas secas que estavam no chão começaram a voar como se estivessem dançando, então fiz com que elas começassem a girar em nossa volta. Lauren acompanhava tudo com um misto de confusão e admiração.

Depois de alguns minutos fiz com que as folhas caissem no chão, lauren olhou para mim com um sorriso no canto da boca.

– É verdade - Ela sussurrou para si mesma.

– É tudo verdade.

– Então você é a Selene, quer dizer a Selene mesmo filha de Éolo.

Eu sorri.

– Isso mesmo.

– Mas o que você está fazendo aqui?

Não achei que essa fosse mesmo pergunta dela, mas respondi assim mesmo.

– Meu pai Éolo, como você sabe, me mandou para a terra porque, bem poque não sou muito boa com humanos.

Ela deu risada.

– Sério?

– É, você acredita não é?

– Claro que eu acredito, depois de tudo isso - Ela abriu os braços mostrando as folhas.

Sorri para ela e nos sentamos ao mesmo tempo na grama ao mesmo tempo.

– Então Apolo é mesmo Dylan? Nossa isso é fantastico dizem que ele é muito lindo, apesar do Dylan não ser tão lindo assim, mas ele tem seu charme.

Eu apenas assentia enquanto ela tagarelava.

– Espera ai, lembro que Dylan disse ''meu amor'' no hotel. Vocês por acaso já namoraram?

– Já, mas aconteceu umas coisas e eu nunca mais o vi.

– Eu quero saber de tudo isso.

Dei um sorriso constrangedor para ela.

– Talvez outro dia.

Fiquei horas conversando com Lauren, contei milhares de histórias para ela sobre a ilha flutuante, foi ai que me dei conta do que ia fazer antes de vir para o parque.

– Então aquela tempestade de vento que teve só na casa do Cameron foi você?

Dei risada.

– Isso, foi muito forte eu não consegui controlar.

– Que demais!

– Droga, eu me esqueci eu tinha que fazer compras.

Me levantei limpando a sujeira da calça.

– Você vem comigo?

– Claro.

Peguei o carro e fomos outra vez para o supermercado.

– Então, Você contou para o Cameron?

– Não, mas... - Deixei a frase morrer ali.

– Mas? Você vai contar para ele.

– Vou, acho que sim, será que ele vai acreditar?

Lauren deu uma risada nervosa.

– Sinceramente? Não, eu não conheço muito bem o Cameron, mas acredito ele não seja do tipo que acredita muito nessas coisas. Mas você pode tentar.

– Como foi no Grand Canyon? - Perguntei tentando mudar de assunto.

Lauren me olhou com um meio sorriso.

– É disso mesmo que quer falar?

– Ele vai achar que sou louca!

– Uma louca com poderes sobrenaturais. Então você se encontrar com DylanApolo?

Eu já havia contado sobre o estranho que Apolo tinha me deixado.

– Vou.

– Legal posso ir - Lauren perguntou como uma criança.

– Não lauren, ele não deve nem saber que você sabe de tudo.

Ela colocou uma mecha do cabelo para trás.

– Porque não?

– Bem ele... Olha, não precisa se preocupar.

Ela assentiu, mas estava com rugas de preocupação.

Parei o carro outra vez no estacionamento e fui ao supermercado.

Eu dirigia e volta pra casa apenas de olha na estrada enquando Lauren tagarelava suas inumeras teorias sobre o mundo dos deuses.

Estavamos paradas no farol quando Lauren finalmente parou de falar e se inclinou na janela.

– O que foi? -Perguntei.

– Aquele não é o restaurante onde Cameron trabalha?

Olhei na mesma direção que ela.

– È sim.

– Você podia ir lá e abrir o jogo de uma vez.

– Não é tão simples assim.

– È sim, ele ta ali a poucos metros de você.

O sinal abriu então não fiz nada mais nada menos do que encostar o carro e ir até o restaurante do Cameron. Assim que entramos no restaurante Lauren foi direto para o balcão onde havia um garoto limpando freneticamente a bancada.

– Por favor, nós queremos falar com Cameron, ele trabalha aqui.

Eu apenas a encarei enquanto ela falava em tom profissional.

– O turno dele já acabou - Disse o garoto.

– Então ele foi embora - Ela concluiu.

– Não.

Lauren bufou.

– Mas você disse que o turno dele tinha acabado - Eu disse.

– E acabou ele está lá nos fundo trocando de roupa.

Ele voltou a se concentrar em limpar o balcão, Lauren colocou sua mão sobre a dele fazendo com que parasse.

– Por favor, você pode parar com isso ta me deixando nervosa.

O garoto deu um sorriso nervoso.

– Então você pode dizer pra ele que estamos esperando? - Perguntei.

– Claro.

Lauren e eu sentamos em uma mesa mas afastada das outras, ficamos em silêncio enquanto esperavamos Cameron o que não foi mais de 10 minutos.

Ele me deu um beijo na bochecha e cumprimentou Lauren, deu para perceber que ele achou meio estranho ela estar ali, Ele se sentou de frente para mim e ao lado de Lauren.

– Eu queria falar uma coisa pra você.

Ele me olhou confuso e Lauren estava tão ansiosa que seus olhos estavam arregalados.

– É sobre o Dylan? - Ele perguntou calmo.

– Não, bem mais ou menos. É sobre mim.

Ele assentiu sem tirar os olhos de mim.

Respirei fundo.