The Cullens escrita por Nina Guglielmelli, mulleriana


Capítulo 34
Futuro




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- Com licença, com licença! Pô, cara, foi mal!
Afundei na poltrona do avião, enrubescendo e tapando o rosto. Alice respirou fundo, sentada ao meu lado. Emmett pediu desculpas mais algumas vezes – da sua própria maneira -, esbarrando em todos os passageiros que estavam em seu caminho.
- Isso é mesmo necessário? – Sua irmã perguntou quando ele sentou, ajeitando-se, e então o grandalhão ignorou a pergunta. O assento parecia pequeno demais para tanto Emmett.
Nós duas analisamos os diversos pacotes de comida que ele pegara na cozinha do avião. Rosalie abriu a porta do banheiro perto dali, ajeitando o cabelo enquanto andava pelo corredor. Parou, olhou seu marido e abaixou-se para perto dele.
- Amor, você roubou isso? – Sussurrou, ansiosa. Ele arregalou os olhos, com a boca já cheia de comida.
Ele balançou a cabeça e engoliu tudo antes de responder.
- Eu não roubei! Elas me deixaram pegar. Cara, aquele jantar era muito pobre! Eu ainda to com fome. E, além disso, to pagando por toda essa porra aqui! Posso pegar o que quiser.
Rosalie revirou os olhos e foi sentar do outro lado do corredor, bem na nossa direção. Haviam somente três lugares de cada lado. Ela ficou ali com seu irmão, que dormia no ombro de um homem desconhecido.
Emmett continuou a comer. Eu e Alice tombamos o corpo para frente, tentando ver Rosalie ao lado de seu marido.
- Vamos chegar na Itália as 10 da manhã. Edward só vai tocar a noite. – Alice disse.
- E o que faremos até lá? – A loira perguntou, franzindo a testa.
- Ficar no hotel. E... Bem, descobrir aonde diabos ele vai se apresentar.
Eu suspirei, virando o rosto para a janela enquanto elas conversavam. Não ouvia mais o que diziam, minha cabeça estava ocupada demais com todos os tipos de pensamentos. O que diabos eu estava fazendo? Sentia-me como se preparasse minha própria cova. Eu havia enlouquecido; era a única explicação, e não havia nenhuma chance daquilo dar certo. Cada metade de mim tentava me convencer a tomar decisões completamente opostas. Mas eu já estava ali, não era mesmo? Edward valia a pena? É claro que sim.
A última palavra foi dele, ecoando em minha cabeça. “Desistir nunca foi uma opção.” E ainda não era. Não poderia ser.


Rodamos a cidade num táxi, em busca de um hotel decente. Havia poucos. O único disponível era certamente caro demais, mas não tivemos opção. Tudo parecia lotado. Não era uma cidade grande, não mesmo.  E eu me recusava a acreditar no motivo de todo aquela movimentação.
- Um pianista americano. – O recepcionista disse (em inglês), cadastrando nossos nomes. Dei licença para que os funcionários passassem com as malas, sem deixar de olhar para o sorriso animado do homem atrás do balcão. – Edward Cullen. Conhecem?
- Nunca ouvimos falar. – Alice disse, monótona, ajeitando os óculos de sol.
- Pois é, parece que o garoto está fazendo sucesso. – Ele riu. Impressão minha, ou estava escondendo alguma coisa? – É estranho que ainda não sabiam. Caso tenham interesse, posso falar com nosso concierge. Mas receio que não há mais lugares para essa noite...
- Não será necessário. – Alice disse com certa irritação. Eu franzi a testa, pronta para retrucar, mas ela não virou o rosto.
 Como esperava que eu falasse com ele, se não iríamos à apresentação? Às vezes suas idéias malucas me incomodavam. Senti uma espécie de falta de ar diante de tantas incertezas.
Subimos pelo elevador social, enquanto nossas malas iam pelo de serviço.
- Você enlouqueceu? – Perguntei assim que a porta se fechou e começamos a subir. Ela sorriu, de braço dado com Jasper.
- Se acalme, Bella! – Alice respondeu. – Vai ter rugas antes do tempo.
Bufei, mergulhando no silêncio incômodo que veio a seguir. A porta se abriu para o 20º andar, e Jasper saiu na frente, junto de sua namorada. Só quando vi as duas chaves na mão dele foi que me perguntei a razão de tantas pessoas estarem nessa viagem.
- A diária é muito cara. – Explicou a todos, entregando uma das chaves para Rosalie. – Eu e Emmett ficaremos num quarto separado.
A loira praticamente desfilou até o final do corredor, e logo foi seguida por Alice. Jasper tomou o caminho oposto. Fiquei parada, ainda lutando para conseguir oxigênio. Emmett deu um tapa em meu ombro que me fez cambalear, e só então percebi que ainda estava lá.
- Qual é o problema, Bellinha? – Sorriu. – Ei! Vai dar tudo certo. – Disse um pouco mais baixo, abraçando meus ombros. Não consegui responder. – Sabe... Senti sua falta nesses meses. A nova chef lá não costuma cair muito, não tem graça.
- Sua vida deve estar mesmo um tédio.
- Com certeza! – Soltou uma gargalhada estrondosa. O funcionário passou, levando nossas bagagens para onde as meninas haviam ido. – Certo. Por que não faz o seguinte: Vai pro quarto, coloca um biquíni, e desce na piscina pegar uma cor nesses gravetinhos branquelos. Eu vou levar a Rose pra conhecer a cidade, mas Alice e Jasper estarão aqui, caso precise de qualquer coisa.
Ele bagunçou meu cabelo e se afastou, andando de costas enquanto ainda falava comigo.
- E, se aqueles cabeçudos não forem o suficiente, me liga, ok? – Ele riu mais uma vez, só então virando e desaparecendo na curva do corredor.
Sorri sozinha. Virei e fui na direção do meu quarto, leve como só Emmett conseguia me deixar.


Biquíni. Por que diabos eu teria um na mala? Não planejava fazer nada que não fosse aparecer na frente de Edward e levar um pé na bunda. E era só. Vesti um shorts, acreditando que aquilo me levaria ao mesmo propósito de bronzear meus “gravetinhos”. Como Emmett dissera, ele saíra com Rosalie, e Alice se metera em um lugar qualquer do hotel com seu namorado. Eu estava sozinha. Estava sempre sozinha.
Peguei o elevador com uma toalha de banho nas mãos e óculos escuros no rosto. Me sentia realmente estranha calçando chinelos de dedo. A porta se abriu, e eu respirei fundo antes de sair em direção à piscina. O hotel era gigantesco, pelo que finalmente pude ver. Havia dois bares ali; um molhado – os clientes só chegavam lá pela piscina – e outro normal, coberto, elegante até demais para o que eu estava acostumada. Alice provavelmente estava se divertindo, passando-se por granfina. Pobre Jasper...
Procurei rapidamente por um lugar onde pudesse estender minha toalha e deitar. Meus olhos varreram todo o ambiente, mas foram obrigados a parar em certo momento. Ergui os óculos, tentando enxergar melhor. Seria possível? Não, eu nunca teria errado! Era ele. Estava sentado em um dos bancos, trajando uma roupa normal, de ótimo gosto – como ainda me lembrava. Eu o via de perfil. Apoiava os braços no balcão do bar, fitando o vazio. Seu cabelo estava exatamente como me lembrava, e não preciso ressaltar como era lindo o jeito que o bagunçava. A primeira impressão me mostrou o mesmo homem de sempre. O homem que... Eu amava. Mas então comecei a reparar nos detalhes. Sua barba estava por fazer, seus olhos tinham um tom avermelhado – e, por fora, via claramente as olheiras. Sua mão esquerda se mexeu lentamente e, ainda pensativo, ele levou um cigarro até a boca. Tragou. O garçom lhe entregou um copo cheio, que Edward virou num gole só. Eu raramente o via bebendo, mas naquele momento ele o fez como se o álcool não fosse nenhuma novidade. Tragou novamente assim que acabou.
Uma parte de mim não queria acreditar no que via, enquanto a outra sabia que, apesar de aparentemente destruído, ele era o mesmo por dentro. Lembrei das palavras de Alice. “Com essa vida infeliz, ele não vai continuar por muito tempo.” Eu deveria ir até lá? Deveria falar com ele, ou esperar e seguir o plano maluco de Alice? Droga, o que eu faria? Tive a resposta quase no mesmo segundo em que a pergunta ecoou na minha cabeça. O Deus grego ali sentado resolveu se mexer e olhar em volta. Começou pelo lado oposto ao meu e finalmente chegou, sustentando meu olhar. Sua testa se franziu, seus olhos se arregalaram e se apertaram, seus músculos do braço se contraíram, tudo ao mesmo tempo. Eu paralisei, simplesmente. Nossos olhos permaneceram juntos por um longo tempo, mais do que deveria, menos do que eu queria. Num ato de covardia, virei o rosto e dei meia-volta, entrando no hotel antes que ele pudesse vir atrás de mim.
- Bella? – Meu primo e sua namorada passavam pelo saguão. Viram algo de errado em meu rosto. – Qual é o problema?
- Edward! – Sussurrei, dobrando os joelhos e abraçando meu peito teatralmente. – Está aqui!
- O que? – Alice ficou pálida. – Você falou com ele?
- Não! – Respondi. – Eu o vi, ele me viu, ELE ME VIU! E eu fui embora... Ah!
Peguei o elevador antes que eles falassem mais. Me aproximei da parede e fiquei ali, batendo minha testa, até que chegou ao meu andar. Disparei para o quarto e me joguei de bruços na cama.
- Eu sou uma idiota, idiota, idiota... – Resmunguei escondendo o rosto contra meu braço.
Ouvi a porta se abrir e alguém suspirar.
- Pra que isso? Você fez o certo. Só vai funcionar se aparecer lá de surpresa. – Alice disse.
- Idiota... Idiota...
- Bella!
- EU SOU UMA IDIOTA!
- ISABELLA MARIE SWAN, LEVANTA DAÍ! AGORA! – Ela berrou.
- NÃO, EU VOU FICAR AQUI E MORRER! – Gritei em resposta.
Alice puxou o cobertor de baixo de mim e eu, desprevenida, fui para o chão junto com ele.


                                                                (...)



Minhas mãos suavam. Dentro do táxi, o silêncio era constrangedor. Estávamos muito atrasados; isso me incomodava bastante mas, segundo Alice, era o plano. Conseguir o endereço e o horário foi muito fácil. Qualquer ser humano naquela cidade saberia dizer onde o famoso Edward Cullen iria tocar.
- Respire, Bella! – Rosalie me alertou. Obedeci ou, pelo menos, tentei.
O táxi parou. Jasper, sentado na frente, pulou pra fora do carro depois de pagar. Nós três saímos do banco de trás e arrumamos nossos vestidos. A apresentação exigia trajes formais, como fomos alertados mais cedo. Meu coração acelerou assim que vi a entrada majestosa do teatro.
Havia uma espécie de arco gigantesco para o acesso até a bilheteria. O local era coberto – apesar de ter as laterais abertas – e estava vazio. Ali, um tapete vermelho estava estendido até a porta-dupla, por onde realmente eu precisaria passar. Na frente dela, com um terno, óculos escuros e fone de ouvido, estava Emmett. Nos aproximamos, mas Alice foi mais rápida.
- Seu idiota! – Ela exclamou, mas sem gritar, e bateu a minúscula bolsa em seu ombro. – Eu disse para dar um jeito no segurança, e não ser ele!
- Você esqueceu que eu não falo italiano? – Ele disse, e então sorriu. – Eu dei um jeito neles... Do meu jeito!
Eles continuaram discutindo, mas eu não estava ouvindo. Prestei atenção no som abafado que vinha do lado de dentro do teatro. As notas do piano eram calmas, tocadas com paixão. Exatamente como me lembrava. Eu dei um passo a frente e entreabri a porta para espiar. Ele estava ali. Poucos metros nos separavam, ouso dizer que até menos do que naquela tarde, mas desta vez ele não me olhava. Estava mergulhado no que fazia. Suas mãos deslizavam pelas teclas, e seus olhos estavam hipnotizados por elas. Não havia outro som, nem mesmo da respiração das pessoas na platéia. Edward fizera a barba e usava um terno, como se pretendesse sair dali e ir direto para o The Cullen’s trabalhar. Seu cabelo continuava bagunçado.
Alguém colocou a mão na alça de meu vestido azul e me puxou.
- Preste muita atenção. – Alice disse. Rosalie fechou a porta e ficou parada perto de Emmett. – Ele sempre fazia a mesma coisa quando se apresentava, e eu duvido que agora isso mudou. Antes de tocar a última música, Edward vai falar com o público. É a única vez em que ele conversa durante toca a apresentação. Você vai esperar enquanto ele fala, e só vai entrar quando a música começar. Não abra essa porta enquanto ele estiver falando, isso é importante, porque ele não pode te ver! E, além disso, você...
Todos nós viramos o rosto quando ouvimos vozes vindas da lateral do teatro. Falava no celular. O homem virou o pequeno corredor, e eu o reconheci. Aro Volturi. Droga! Será que ele se lembraria de mim? Arregalei os olhos e dei um passo para o lado, ficando atrás de Jasper.
- O que aconteceu aqui? – Ele perguntou. Encostei o rosto nas costas de meu primo, aflita. – Você não trabalha pra mim. – Provavelmente falava com Emmett.
Pensem rápido, pelo amor de Deus, pensem muito rápido!
“Quero me desculpar, mas meu italiano é péssimo.” Era a voz de Edward, usando um microfone. Meu corpo inteiro congelou e então, quando o sangue voltou a correr e minha temperatura ficou normal, senti um arrepio desconfortável. Ele disse mais alguma coisa, e várias pessoas riram. Tentei ficar mais encolhida atrás de Jasper, mas a única coisa que consegui foi me desequilibrar em cima do salto agulha e ir para o lado, bem no campo de visão de Aro. Ele apontou um dedo para mim, franzindo a testa de maneira pensativa.
- Você. Eu conheço você. É... – Ele ergueu as sobrancelhas, e seu rosto se clareou. – Isabella! – Ele se deliciou com cada sílaba, num verdadeiro tom de ironia. - É claro, como poderia me esquecer?
Tentei manter minha expressão neutra, parada ali, com os joelhos ainda um pouco tortos. Ele estendeu uma mão para mim; eu lhe dei a minha, e recebi um beijo próximo ao pulso.
- Receio que estejam muito atrasados para o show. Lamento. – Ele sorriu, e então se virou para Emmett. – Agora, me diga, o que esse homem faz aqui, se passando por um de meus funcionários?
- Foi uma grande confusão... – Respondi com toda a coragem que me sobrava. Edward ainda falava, fazendo mais pessoas rirem, ainda que fossem poucas.
- Edward não falou mais de você. Por que decidiu vir aqui? – Ele perguntou.
- É complicado. – Disse com pressa. – Se me dá licença, eu preciso...
Dei um passo a frente enquanto falava, ficando mais perto da porta. Eu precisava prestar atenção no que acontecia lá dentro. Antes que pudesse terminar a frase, ele entendeu meu movimento e segurou meu pulso com força. Jasper deu um passo a frente, mas Alice o segurou.
- Você não vai vê-lo. – Aro disse, sério.
- O que? – Franzi a testa, tentando me libertar. Ele me segurou com mais força.
- Pensa que sou bobo? Pensa que não sei que Edward só aceitou trabalhar pra mim depois de terminar o namoro com você? Não sei exatamente o que aconteceu, mas você não vai aparecer aqui meses depois e estragar tudo. Pega os seus amiguinhos e dá o fora, antes que eu chame um segurança de verdade.
Ele soltou meu braço de uma vez só; seus dedos ficaram marcados ali. Nos encaramos por alguns segundos.
- Não vou embora sem ele. – Ergui o queixo.
Aro revirou os olhos, mexendo em um item qualquer do celular. Respirou fundo, e então voltou a me olhar.
- Isabella, você sabe o que todas essas pessoas estão fazendo aqui? Não vieram simplesmente por achá-lo bom. É mais do que isso. Elas querem poder dizer que assistiram alguém tão talentoso tocar, isto é, antes que acabe morrendo. Já vi muitos casos assim. É só mais um moribundo.
Ele mal pronunciara a última palavra e eu, em choque, fui puxada para trás. Emmett deu um ou dois passos até ele, no máximo. Fechou a mão em um punho, que logo acertou direto no rosto de Aro.
 “Essa música não é de minha autoria, e seria até uma blasfêmia comparar minhas composições a algo desse nível.” Edward continuava a falar, e eu virei o rosto para a porta, sem conseguir me mexer. Virei de costas para Emmett e Aro, sentindo o ar escapar outra vez. Me sentia como uma atriz amadora próxima à coxia.
- Ei! – Rosalie chamou baixinho, e eu a olhei, ainda de frente para a porta. – Está linda. – Ela murmurou. Sorri.
 “Dedico à pessoa mais maravilhosa que já tive a honra de conhecer... Mas que deixei escapar. Eu não sei onde ela está agora, além de aqui dentro. Talvez pareça besteira tocar para alguém que não irá ouvir, mas ultimamente tudo o que eu faço é pra ela. Então... Espero que gostem. Muito obrigado.”



http://www.youtube.com/watch?v=AKWDqEaU5I4&feature=fvsr (Against All Odds – Phill Collins )



Abri só um lado da porta-dupla. Ele começou a tocar a introdução, e já não olhava para a platéia. Andei devagar pelo corredor principal do teatro, tão devagar como uma noiva adentrando a igreja. Mesmo que só olhasse para frente, eu via as pessoas pelos cantos de meus olhos, e constatei que realmente eram muitas. Perguntei-me por um segundo se Aro estava certo sobre a razão de terem vindo.
Edward já começara a cantar, e sua voz embargou-se. De onde estava não era possível ver se chorava, mas eu sim. Alice acertou quando disse que precisaria de maquiagem a prova d’água. Cada sílaba daquela música parecia ter sido escrita para nós. A voz de Edward só tornava tudo mais verdadeiro, mais intenso. De repente, aqueles 4 meses não significaram nada.

“Só queria dizer que gosto do seu entusiasmo com o emprego. E também quero me desculpar pela maneira que nos conhecemos. Quero começar de novo. Eu sou Edward Cullen, tenho 25 anos e trabalho como gerente aqui desde que desisti de ser músico.”


Ele fechou os olhos e respirou fundo por alguns segundos; a música continuou como se suas mãos não dependessem dele para tocar.


 “Não sabe nada sobre mim. Pensa muito bem antes de abrir essa boca fedendo a nicotina pra falar do que eu faço ou deixo de fazer! Eu odeio você! QUERO QUE VOCÊ MORRA!”


Uma lágrima escorregou, e eu não conseguiria contê-las, mesmo que tentasse.


 “Edward é soro-positivo.”


Fechei os olhos, nunca parando de andar. Alguns rostos viraram para tentar entender o que eu fazia ali.


 “Você não pode abandoná-lo agora. Entende? Ele precisa de você mais do que qualquer um de nós. Não seja... Egoísta. Converse com ele, e entenda como ele enxerga sua própria vida.”


 “Aqueles que não têm a doença pensam que meu mundo gira em torno disso, que eu não tenho interesses ou planos pro meu futuro. E elas estão certas! Por que teria? Sou só mais um jovem descuidado, com um pé na cova. Eu não mereço viver. Não é assim que todos me vêem?”


Eu parei, exatamente no meio do corredor. Mal me perceberam ali; somente os mais curiosos deixaram de prestar atenção na música. Eu permaneci imóvel, jogada a minha própria sorte. As lembranças invadiam minha mente, e não havia nada que eu pudesse fazer além de esperar. Só havia duas opções para o meu futuro, e não caberia a mim decidir.


“Você quer saber? Eu passei a noite com a mulher mais maravilhosa do mundo e, quando abri os olhos, o rosto dela foi a primeira coisa que eu vi. Não deveria estar feliz?”


“Acha que eu não quero isso? Acha que não a amo o suficiente pra querer passar todos os segundos que me restam ao seu lado?”


A música parou quase com um baque. Edward bateu as mãos no teclado e parou por alguns segundos. Virou o rosto, pronto para dizer alguma coisa, mas não conseguiu, porque me viu parada ali. Coloquei as mãos para trás, encarando-o em silêncio. Meu rosto estava molhado, mas não me importei. Sua expressão era indecifrável. Ele não tirou os olhos de mim nem por um segundo; enquanto levantava, andava até a beira do palco, pulava para o chão graciosamente e atravessava a metade do corredor que nos separava. Só ergui minhas mãos quando nossas bocas já estavam unidas. Meus dedos trilharam o caminho já conhecido nas mechas de seu cabelo, e eu me senti ser puxada pela cintura para mais perto dele.
A multidão foi à loucura. Todos aplaudiam, urravam, assobiavam e até mesmo gritavam palavras de aprovação. Mas eu não prestei atenção, porque estava alheia a tudo. Meu mundo, ao menos naquele momento, se resumia a Edward. Seus toques, sua boca, seu cheiro, até mesmo o som da respiração entrecortada, tudo estava ali, de volta para mim, e eu mal podia acreditar.
Ele envolveu minha cintura com os braços e ergueu meu corpo. Teve que tombar a cabeça para trás ao me olhar. Ambos sorrimos, cessando o beijo, olhando fundo nos olhos um do outro. Deixei seu rosto entre as minhas mãos, depositando vários beijos rápidos em toda a face.
- Você está aqui. – Ele disse só pra mim, ignorando todas as outras pessoas barulhentas.
- E você está aqui. – Respondi, sorrindo cada vez mais.
Voltei para o chão sem deixar os seus olhos. Uma de minhas mãos acariciou sua bochecha pálida enquanto voltávamos a chorar, secando as lágrimas um do outro.
- Não vai escapar de novo. – Ele disse, balançando a cabeça numa negação. – Nunca.
Subi a mesma mão até seu cabelo, ficando na ponta dos pés para beijar seus lábios outra vez. Eu estava de volta nos braços de Edward. Meu Edward. E, desta vez, para sempre.



Ou até a nossa próxima briga. Mas acho que podemos lidar com isso.
Meu nome é Isabella Swan, tenho 23 anos, e sou chef de cozinha.
Eu faço o melhor fondue de queijo da história.
E acredito em anjos.


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Notas finais do capítulo

Bem, como prometido, aqui está:

http://fanfiction.com.br/historia/153499/Meu_Malvado_Favorito

Meu malvado favorito! Vocês disseram que gostaram do prólogo, então espero que acompanhem e comentem com tanta dedicação quanto fizeram com The Cullen's.
Pois é, pessoal, chegamos ao fim... Fico feliz em dizer que ainda não é uma despedida, pois vamos nos encontrar no próximo capítulo. Lá eu agradeço e falo tudo o que tenho pra falar. Um beijão pra todo mundo que chegou até aqui!