The Cullens escrita por Nina Guglielmelli, mulleriana


Capítulo 33
O que vale a pena


Notas iniciais do capítulo

Só um aviso rápido; não sei se vocês costumam abrir as músicas enquanto leem... Peço que nesse capítulo não deixem de fazer isso, ok? Enfim, boa leitura. ^^



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4 meses depois...


- Seu aniversário está chegando.
Desviei os olhos do livro que lia, encolhida no sofá. Renée sempre puxava assunto nos horários mais inoportunos.
- Eu sei. – Respondi um pouco seca, tentando mergulhar outra vez na história.
- O que gostaria de ganhar?
- Um emprego já estaria bom. – Minha voz ficava cada vez mais monótona.
- Você já passou por três restaurantes desde que chegou a Phoenix.
- Eu sei, mãe.
Ela se levantou com um suspiro, percebendo que eu não estava com vontade de conversar. A verdade era que raramente tinha vontade de fazer alguma coisa.
- Me faz um favor, ao menos? – Pediu. Ergui os olhos, simplesmente. – Arruma aquele quarto.
- Meu quarto está ótimo.
- Não, não está. Tem uma cômoda inteira cheia de coisas velhas. Coisas de quando morava aqui antes, e coisas que trouxe quando voltou. Por favor, Bella. Ou guarda direito, ou se livra de tudo.
Balancei a cabeça numa negação, voltando a ler. Meus olhos passavam pelas palavras, mas eu não estava entendendo nada. Não conseguia prestar atenção. Desisti, deixando o livro em cima do sofá antes de subir para meu quarto.
Liguei a máquina velha que chamava de computador, e arrumei a cama enquanto ele iniciava. Chequei meus e-mails, primeiramente. Haviam vários de Jacob, me contando tudo o que estava acontecendo por lá. Seu namoro com Leah estava mesmo firme, e o restaurante continuava um sucesso.  Porém, não havia nenhum e-mail novo de Alice, o que era estranho. Enquanto minha internet lenta carregava uma nova página, olhei em volta do quarto, e encontrei a cômoda que minha mãe falara. Mordi o lábio e resolvi fazer o que pedira, antes que chiasse outra vez. Levantei e me sentei na frente do móvel, abrindo a primeira gaveta lotada de velharias.


( http://www.youtube.com/watch?v=TLbiXHVJJiI
One last cry - Marina Elali)


A primeira coisa que vi foi uma foto. Era de um tamanho grande, e tinha uma ótima resolução. Peguei-a. Eu podia ver cada detalhe. A foto fora tirada por mim mesma, mas meu braço esticado não aparecia. Com a mão livre, eu segurava Mickey, e sorria. Ele estranhamente olhava para a câmera, quase como se soubesse o que estávamos fazendo. Como eu estava feliz... Uma lágrima escorregou por minha bochecha, silenciosa, mas liberando a dor que há meses eu estava segurando. Ri comigo mesma ao ver a pilhas de roupa no chão do quarto, bem atrás de mim. Droga, éramos realmente uma bagunça juntos. Mas era bom. Era muito bom quando morava com ele, e era responsável por mim mesma, sem ser tratada como uma adolescente. O problema era que não havia como me bancar agora que não tinha um emprego. Renée tinha razão; eu trabalhara em três restaurantes de Phoenix, mas nenhum era bom o suficiente. Ah, sim, eram ótimos. E pagavam muito bem.
Mas eram horríveis. Horríveis porque nenhum deles tinha Emmett dançando atrás do balcão ou Mike se atrapalhando com pedidos. Eu poderia ficar o tempo que quisesse na cozinha, mas Jacob não apareceria lá pra passar o tempo. Lauren não estava lá para brigar comigo, e a trilha sonora não era escolhida por Alice. Atrás da porta do escritório, não estava a mulher cujo rosto tinha formato de coração. E o gerente mandão ficara em algum lugar do meu passado, onde minha mente insistia em voltar.
Deixei a foto de lado, no chão, secando a lágrima de meu rosto antes de voltar a mexer dentro da gaveta. Um bolo de fotos mostrava diversos anos de minha vida, todos misturados, desde a infância até o último Natal com os Cullen. Foram essas em que eu me concentrei especialmente. Estávamos todos lá. Eu realmente parecia fazer parte daquela família. Algumas das fotos foram tiradas sem pose; isso era algo que normalmente odiava, mas naquele momento fora reconfortante. Eu podia ver pelo meu sorriso espontâneo que tudo aquilo um dia fora real. E, mesmo que naquele momento me doesse como se estivessem reabrindo uma ferida, eu não conseguia parar.
Analisei foto por foto, todos os rostos. Até mesmo os que eu não lembrava mais fizeram meu coração apertar. Eu não sabia quem era o fotógrafo; mudava sempre, porque não faltava ninguém. Até mesmo Charlie e sua irmã estavam lá, abraçando Jasper e Rosalie.
A última foto – e eu não sabia se fora colocada ali justamente para finalizar – me petrificou. Eu me arrastei até a parede ali perto e apoiei as costas, encarando as duas pessoas na fotografia com o rosto todo molhado. Edward me abraçava com um braço, e tirava a foto com a outra mão. Suas sobrancelhas estavam erguidas, seu cabelo totalmente bagunçado, e um sorriso zombeteiro marcava seus lábios. Eu apoiava o rosto em seu ombro, esboçando um sorriso gigantesco enquanto também encarava a câmera a nossa frente. Olhei para o casal na foto por um tempo longo demais. Passei a mão pelo rosto, então, e as lágrimas já haviam secado sobre a pele. Novamente, encarei-os. Pareciam feitos um para o outro. Pareciam felizes. A voz de Edward ecoava em minha cabeça como se eu tivesse entrado na fotografia e revivido o momento. “Um dia meus netos vão poder ver como eu era lindo quando jovem!” O som de minha risada veio logo em seguida, mas nem de perto era um som tão bonito. “Seus?” Eu perguntei. Ele riu também, um som incrivelmente doce. “Tudo que é meu, também é seu. Pra sempre. Está me ouvindo? Não se esqueça disso, chef!” Os olhos dele eram de um verde vivo de dar inveja. Eu poderia ter encarado aquele rosto de anjo por horas a fio.
- Bella? – Minha mãe chamou do corredor. Eu guardei as fotos de qualquer jeito e sequei meu rosto em tempo recorde. Ela apareceu na porta, confusa. – Você... Tem uma visita.



Sentei numa ponta da cama enquanto ela sentou na outra.
- Pare de me olhar como se fosse um fantasma. Qual é o problema? – Alice perguntou.
- O que diabos faz aqui? – Perguntei.
- Quanta grosseria! – Reclamou, levando uma mão ao peito.
Balancei a cabeça e suspirei.
- Não é nada disso. – Me desculpei rapidamente. – Só é... Estranho.
- Eu vim porque é importante. E, bom, só depende de você.
- De... Mim? – Franzi a testa, desconfiada.
Ela respirou fundo, pensando muito bem nas palavras que usaria.
- Bella, eu não falei realmente como estão as coisas. A verdade é que... É Edward!
- Alice... – Cortei sua frase antes que continuasse. – Você sabe o quanto eu tenho lutado pra esquecer tudo? Por favor, não me venha com...
- É importante! Me ouça! – Ela ergueu as mãos brevemente, tentando manter alguma autoridade mesmo com a voz tão fina. – Ele... Não está bem. Quer dizer, acho que essa... Fama não está fazendo bem a ele. Quer dizer... Ah! Ele está péssimo. Ele só faz contato conosco de vez em quando. Nesses 4 meses, nos falamos três vezes, exagerando um pouco. Não é realmente famoso, mas está lotando teatros, e de vez em quando sai alguma nota na internet sobre ele... Em algum site de fofoca. Está sempre com o cigarro na mão. – Ela ficou cada vez mais séria. – E nós... Nos falamos ontem. Bella, ele está se mudando pra Itália, a pedido de Aro.
Neguei com a cabeça freneticamente, encarando-a.
- Eu não entendo. O que eu tenho a ver com isso?
Ela ergueu as sobrancelhas.
- O que tem a ver com você? – Ela falou a frase pausadamente, entredentes. – O que você acha que tem a ver? Era só o que me faltava! Isabella, eu já aturei toda essa besteira de separação por tempo demais! Até quando vão continuar com isso? Ele não está feliz. Eu o conheço desde que nasci. Edward está péssimo! Aro o trata como um macaco de circo, é ele marcar uma apresentação e ele vai onde for mandado. E agora, isso! Bella, se ele for pra Itália, se continuar com toda essa loucura, não vai ter volta!
- É isso, então? Quer que eu vá atrás dele? Eu nem sei onde está!
- Não está mais aqui. – Ela franziu a testa. – Ele estava embarcando hoje.
- Ótimo. Fim da linha. Cada um vai tomar seu caminho.
- ISABELLA! – Ela arregalou os olhos.
- Agora você quer brincar de fada madrinha? – Perguntei, irônica.
- Eu venho tentando consertar isso desde Maio. Mas vocês são teimosos demais!
- Alice, foi ele quem escolheu isso. Não eu, ele! Edward disse que faria o que amava pelo pouco tempo que tinha, e que não queria manter laços. Deixe-o. É isso que ele quer.
- NÃO, NÃO É! – Ela ficou inquieta na cama, se aproximando de mim e pegando meu rosto nas mãos. – Bella, me escuta! As pessoas morrem todos os dias. Ele nunca parou o tratamento; ele não quer esse destino. Ele é diferente de Tanya! – Me soltou com um bufo. – Você tem duas opções. Vai atrás dele, e retoma o que nunca deviam ter parado, ou fica aqui, e assiste os tablóides darem a notícia de que ele desistiu de tudo. Porque, com essa vida infeliz, ele não vai continuar por muito tempo. Você era o motivo dele se cuidar. E agora, o que?
- A única coisa que vou conseguir indo atrás dele é ser chutada outra vez!
- Ele só fez isso pelo seu bem! Porque achava que seria melhor assim... Mas ele percebeu que não. Ele não vai dizer isso, mas se arrepende. O que espera que ele faça, venha atrás de você? Bella, você o conhece! Ele também pensa como você, pensa que vai chegar aqui e ser mandado embora.
- Eu deveria fazer isso mesmo!
- Eu entendo que você está chegando ao estágio da raiva. É normal depois de uma separação. Mas ainda vai levar um tempo para você realmente atingi-lo. Só quando parar de chorar.
Ela deu os ombros, e eu passei as mãos pelo rosto, tapando os olhos inchados.
- Alice...
- A escolha é sua, Bella. Eu vim até aqui, e eu estou lhe dando a chance de arrumar sua vida. Você desistiu fácil demais! Não deixa ele escapar de novo... Ele nunca foi embora porque não a queria, muito pelo contrário!
- Você sabe que isso pode acontecer, não é? Eu vou até a Itália, ele me diz as mesmas coisas e eu volto pra Phoenix mais frustrada do que antes.
- É uma possibilidade. Eu o conheço, e sei que há uma boa chance. Mas você vai se arrepender se não tentar, e nós duas sabemos disso! Ele está se destruindo. Ele sempre fez isso. Ele só muda quando está com você. Por favor... Tente. Se não por ele, que seja por mim!
- Eu só estou armando meu escudo outra vez! – Fiquei em pé, indo na direção da gaveta estranhamente fechada. – Eu não quero me magoar mais. Eu o amo, e ele é teimoso, tentando esconder os sentimentos dele por uma razão ridícula! – Abri a gaveta, tentando mexer em tudo e colocar os papeis para o fundo. – Chega! Eu não vou fazer isso pra sofrer tudo de novo!
Mexi os papeis com tanta força que um deles, de cima da pilha, caiu no chão. Abri-o automaticamente. Era minha letra ali, marcada com capricho na folha amarela. Devia ser bem velha. Procurei a data e a encontrei no topo; eu tinha 16 anos quando escrevera. Comecei a ler sem uma verdadeira razão, e não parei até o fim da carta.


“Oi, eu!
Como estão as coisas aí no futuro? Aqui está tudo bem. Uau, espero que você não more mais em Phoenix. Eu sei, eu sei, nós adoramos o calor. Mesmo assim, nesta época do ano é insuportável. Só, por favor, não vá morar com o papai naquele planeta alienígena, ok?
Você não vai acreditar! Eu estava agora comendo uma daquelas trufas que a vovó fazia. Lembra-se? Ela me deu uma cesta delas, por causa do nosso aniversário de 16 anos. É, foi semana passada. Parabéns pra nós! Você ainda é viciada em chocolate? Espero que não, não mesmo. É um péssimo hábito. Não tão péssimo quanto o jeito que você costumava roer as unhas, também se lembra disso? Pare, porque quero ter unhas bonitas algum dia.
Espero que se recorde da nossa promessa sobre garotos. Você me deve um cara bom, realmente bom. Ou melhor, você me deve um príncipe, depois dos últimos idiotas com quem temos saído! É bom ter arranjado um, porque não quero chegar aí e descobrir que estou solteira ou casada com um porco que nos trata como empregada! Por favor, Isabella!
Sabe, espero que não tenha desistido de estudar gastronomia, porque eu realmente quero fazer isso. Espero que ainda tenha a nossa pele, porque eu a adoro, e espero que não se torne uma dessas amigas frescas da mamãe. Ah, por favor, POR FAVOR, aprenda a tomar mais cuidado enquanto anda. O machucado da semana passada ainda dói, e meu príncipe não vai gostar nada, nada, se eu aparecer aí cheia de cicatrizes. Você ainda sonha em comprar aquela casa de persianas azuis? E quanto aos nossos amigos, você ainda mantém contato, certo?
Não vejo a hora de chegar aí e ver como está tudo. Torço pra que ainda sejamos a mesma pessoa. Torço para que nunca tenha desistido de nada. O mais importante, na verdade, é que você tenha encontrado algo pelo que vale a pena lutar. Encontre o lugar ao qual você pertence, e eu ficarei orgulhosa de você. De nós duas. De todas nós.

Com amor, pra minha eu do futuro. Onde quer que você esteja.”


As palavras me atingiram como uma bala. “O mais importante, na verdade, é que você tenha encontrado algo pelo que vale a pena lutar.” Li e reli, diversas vezes. “Algo pelo que vale a pena lutar.”
Edward valia a pena. Nós dois valíamos.
Minha melhor amiga ainda estava sentada ali, de cabeça baixa, entrelaçando uma mão na outra.
- Alice?
Ela ergueu o rosto para me encarar. Respirei fundo e finalmente lhe dei uma resposta, da qual eu esperava não me arrepender.
- Conte comigo.


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Notas finais do capítulo

Carol aqui.Acho que devo explicações. Acabamos de postar um capítulo, eu sei, e eu me apressei pra escrever esse aqui porque, cara... Só faltava eu receber ameaça de morte! UHAUHAHUAUHAUHA Todos os comentários podem ser respondidos com a simples frase: FIQUEM CALMOS!Acho que o capítulo de agora explica muita coisa, e vai diminuir a ansiedade de vocês - ou só aumentar. Bem, esse aqui é o penúltimo capítulo ): No último já postaremos o link do Malvado Favorito, ok? E, ah, vai ter um epílogo meio de bônus aí xD Os agradecimentos vem depois. Beijos, e obrigada!