- Você não vai brigar com ele. É comigo que ele quer falar. Edward!

Eu o segui escada abaixo, correndo para conseguir alcançar sua velocidade. Ele me ignorou completamente, e ambos paramos na porta da sala. Edward ocupou praticamente todo o espaço, e eu permaneci atrás dele, observando Jacob por baixo de seu cotovelo.

Ele estava de costas para nós, olhando a rua. Meu namorado suspirou, e o garoto nos olhou por cima do ombro, virando devagar, então.

- Você esqueceu isso. – Ele disse, sorrindo ao encontrar meus olhos.

Estava com minha bolsa na mão. Tentei passar por Edward, mas ele simplesmente esticou mais o braço, segurando no batente da porta.

- Obrigado. - Edward ergueu as sobrancelhas, pegando a bolsa de sua mão e me entregando, sem deixar que eu passasse.

- Edward... – Resmunguei, entredentes.

- Posso falar com você um instante? – Jacob perguntou.

- É claro...

- Que não. – Edward complementou minha frase. – Suba, Bella. Precisa descansar.

- Como é? – Franzi a testa, olhando para ele. – Eu quero falar com ele.

Ele trincou os dentes, e os dois se encararam.

- Edward! – Esbravejei, tentando empurrar seu braço.

Ele me olhou, ficando quase de costas para Jacob. - Me dê só um minuto, está bem? – Pediu carinhosamente. Eu bufei e dei um passo para trás.

Edward fechou a porta no mesmo segundo, ficando no quintal com Jacob, sozinho.

- Essas janelas abrem? – Perguntei baixinho para Alice, que andava até mim.

- Não, Bella. – Ela respondeu, pegando meu braço. – Deixe eles sozinhos. Vamos lá para cima.

Fiz que não com a cabeça, que ainda latejava. Ouvi a voz de Edward lá fora, sem entender muito bem o que dizia. Mas estava bravo. Droga, eu não suportaria isso. A culpa não era de Jacob. Eu queria interferir, antes que acabassem realmente brigando.

- Bella! – Alice me chamou, ansiosa. – Por favor, descanse. Você não vai conseguir apartar nada. Por favor.

Ela segurou minha mão, e eu olhei uma ultima vez para a porta, subindo as escadas enquanto tentava ignorar aquela sensação ruim no estômago.

POV – Edward

Desatei a falar com Jacob, sem dar-lhe tempo para responder, relativamente calmo. Em certo momento me virei, me certificando de que Bella não estava nos espionando em alguma janela.

- Ela não precisa de supervisão. Sabe muito bem o que faz. – Ele disse. – Éramos só dois amigos se divertindo.

- Você é só um garoto irresponsável. – Continuei o que estava dizendo antes de checar mais uma vez a janela, me virando para ele.

- Quantos anos pensa que tenho? – Ele perguntou quase por cima de mim, nervoso.

- Pouco o suficiente para nem mesmo conseguir controlá-la, quando estava visivelmente precisando de um amigo.

- Você a tratou como se fosse sua filha!

- Ela é tudo pra mim! – Desta vez, quase gritei. Ele realmente não tinha como entender nada. Não sabia o que ela significava para mim. – Eu tenho que protegê-la, livrá-la de qualquer coisa ruim, assim como ela fez (e ainda faz) comigo. E não é você que vai me fazer perdê-la.

Ficamos em silêncio, então, enquanto ele parecia controlar uma raiva exagerada.

- Bella é minha amiga. E eu vou estar com ela quando ambos quisermos. E eu sei que ela vai querer. Nossa amizade não tem nada a ver com você.

- Tem. – Respondi, quase por cima dele. – Eu vou interferir na relação de vocês enquanto você estiver tentando roubar a minha garota. O que acha que sou? Algum tipo de corno manso? Se ela não me quiser mais, não irei me opor. Mas, enquanto ela for minha, vou lutar para que continue aqui. – Parei por um breve momento. - Eu sei do que sente por ela. Não sou idiota.

- E eu sei do que ela sente por você. Só não entendo.

- Você nunca conseguiria entender o que há entre nós. – Respondi, um pouco mais baixo que o necessário. Sua moto estava estacionada logo atrás dele, levemente apoiada na calçada.

- O que é, então? O cara fechado, que conhece uma garota que muda tudo, e de repente você se tornou o herói da história? – Ele arqueou as sobrancelhas, e minha testa se franziu. – Qual é, Edward. Eu trabalho no The Cullen’s tempo suficiente para saber como você é. Nunca conheci alguém tão arrogante. – Enrijeci. – E conheço Bella a tempo suficiente para saber que ela não suporta isso.

- Não. Realmente, não. – Respondi, sério.

- E mesmo assim ela ficou com você, não é? – Ele cruzou os braços, divertindo-se.

- É. É, ficou. Comigo. – Respondi.

- O que é estranho. Nós crescemos juntos. Sabia disso, não é? Sempre fomos amigos. E você apareceu de repente. – Ele deu os ombros, e eu permaneci em silêncio, sentindo meu corpo esquentar estranhamente. - Então, minhas chances não acabaram. Não enquanto você agir como o tipo que mais a enoja. É uma pena, não é? Acho que você vai voltar a ser só o garoto favorito de Esme. Não é homem suficiente para saber como manter uma mulher de verdade ao seu lado.

Meu sangue subiu, de repente. Um garoto mal saído das fraldas, me dizendo como devia ou não tratar a minha mulher? Eu estava sendo educado demais com ele. Já estava na hora de dizer tudo o que queria. Dei alguns passos em sua direção, e o garoto estufou o peito.

- Só entenda uma coisa, Jacob. – Sorri ironicamente, arqueando as sobrancelhas enquanto nossos rostos ficavam mais próximos que o necessário. Falei baixo mas, ainda assim, grave. – Você pode ser o pirralhinho educado, o amigo de infância, e todas essas coisas que ela adora. Mas é na minha cama que ela dorme. Então, quando estiver na sua casa, batendo uma pra garota que não lhe dá a mínima atenção, lembre-se que é a sua mão ali, porque a dela já está ocupada com outro cara.

Jacob ergueu o queixo, ficando sem resposta por um bom tempo. - Isso não acabou. Eu não vou desistir dela. – Ele falava entredentes.

- Sei que não. Mas, até que ela seja realmente sua, você não vai mais levá-la para sair. Você está me entendendo? Não vai chamá-la. E, se ela quiser passar um tempo com você, vai inventar uma desculpa.

Meu sorriso era grande, e só aumentava conforme ele ficava ainda mais sem reação.

- E se ela me quiser, ao invés de você? – Ele pareceu se divertir, de repente.

Parei, processando a pergunta. - Por enquanto, estou cuidando do que é meu. Não sou como você. – Ergui as sobrancelhas, olhando em seus olhos realmente escuros. – Olha por onde anda, Black. Não pense você que eu sou trouxa. Estou sendo claro? Eu vou ficar com os olhos diretamente em você. Uma pisada em falso, e você é meu. Se continuar com alguma gracinha pra cima dela, você vai ver o que é ser homem suficiente para alguma coisa.

Jacob trincou os dentes, e seu nariz se retorceu quase imperceptivelmente. Seu perfume amadeirado me enojava.