The Cullens escrita por Nina Guglielmelli, mulleriana


Capítulo 15
Vinho




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Bife à parmegiana. Um prato simples, certamente, para quem cursou uma boa faculdade de gastronomia. Lauren estava preparando isso sem grandes problemas quando eu saí do The Cullen’s. Esme me deu o dia livre, alegando que eu precisava descansar. Peguei minha bolsa numa pequena sala onde os funcionários guardavam seus pertences, e onde também ficavam os materiais preferidos de Edward: Toucas, aventais e luvas. Vesti meu casaco cinza, arrumei a bolsa no ombro, e abri a porta dos fundos, pronta para meu dia de folga.

- Bells?

Jacob estava estacionando sua moto, vindo de uma entrega. A última de seu turno. Eu sorri para ele, subindo o zíper de meu moletom.

- Oi, Jake. Manhã agitada?

- Ah, nem tanto. A tarde é sempre pior. Mas isso é problema do Sam.

Ambos rimos. Eu desci os poucos degraus, olhando seus olhos castanhos. Tão profundos.

- Então... O que estava planejando pra hoje?

- Ah! Nada, nada em especial. Edward vai trabalhar o dia todo hoje, então...

- Edward? – Ele franziu a testa, ainda sentado na moto ligada com um dos pés apoiado no chão. – Então... É sério, mesmo?

Ergui as sobrancelhas, arrumando a bolsa mais perto do corpo.

- É, Jacob. É sim.

- Mas... Isso não te impede de sair comigo, impede?

Eu ri, negando com a cabeça. - É claro que não.

Ele pareceu ansioso.

- Então...

Pressionei meus lábios um no outro, esperando. Ele sorriu, tímido, mostrando com a cabeça o assento atrás dele na moto.

- Ah! – Passei uma mão pelo cabelo, olhando de relance para trás.

- Eu tenho que ajudar Sam à noite. Temos a tarde toda livre. Que tal almoçarmos juntos?

Olhei para ele durante alguns segundos, em silêncio. O que de tão ruim poderia acontecer? Edward não ficaria bravo. Será? Era melhor sair e me divertir com Jacob do que passar meu dia livre entediada. Ele sorriu, e eu retribuí, colocando a bolsa entre nós enquanto me ajeitava atrás, abraçando seu quadril. Ele acelerou a moto e deu meia volta, aproveitando a rua vazia para chegar a velocidade máxima. Se fosse com Edward, além de ser cauteloso, ele me obrigaria a usar capacete.

- Aonde quer ir? – Perguntou quando paramos no semáforo, colados na faixa de pedestre.

- Você escolhe. Não costumo comer fora.

- Tem uma coisa que eu sempre quis fazer.

Eu pude ver seu sorriso pelo retrovisor.

(...)

O restaurante La Mer ficava na orla da praia de Seattle. Só a fachada já mostrava como a comida ali deveria ser cara. Jacob me deixara em casa para que eu colocasse uma roupa ‘chique’, como ele disse, e ele foi fazer o mesmo em La Push. Acontece que eu e a elegância nunca fomos grandes amigas. Optei por um vestido balonê, mais curto que o necessário. Ele me buscou em casa com uma roupa social, e eu soube naquele momento que sua farsa não daria certo.

- Como vamos pagar? – Perguntei corando por trás do menu, e ele riu, sentado a minha frente.

- Só aproveita, Bells! Quantas vezes já esteve em um lugar assim? E eu sei que você entende dessas comidas de gente rica, então pode falar mal à vontade!

- Argh... – Gemi, começando a ler os produtos do cardápio. O mais barato custava em torno de 90 dólares por pessoa. Estávamos perdidos.

Um garçom se aproximou, trazendo um guardanapo de pano pendurado em seu braço. - Gostaria de fazer seu pedido, senhor?

Jacob se ajeitou na cadeira, alisou a gravata, e soltou um pigarro. - Sim. – Respondeu, imitando um sotaque francês. Eu escorreguei ainda mais na cadeira, escondendo o rosto dentro do menu e rezando para não rir. – Eu quero um... Steak Au Poivre. – Ergueu os olhos para mim, pedindo aprovação, e eu assenti somente com os olhos para fora do cardápio. Ele sorriu, olhando novamente para o garçom com o nariz empinado. – E uma garrafa do seu melhor vinho.

O funcionário assentiu, e se afastou. Jacob se curvou sobre a mesa, rindo para mim enquanto sussurrava. – Sempre quis dizer isso!

Mexi a cabeça negativamente, suspirando enquanto colocava o menu fechado ao lado do copo. Cruzei as pernas, erguendo uma sobrancelha ao apoiar as mãos na mesa, olhando para meu amigo. - Sempre quis lavar pratos, também?

Ele riu. - Eu tenho um plano. Relaxa e aproveita seu almoço.

- Quando a conta chegar, eu vou pro banheiro. Estou avisando. – Apontei para ele.

- Rá! Você não vai querer perder isso. Não mesmo.

Dei os ombros, apoiando o rosto em uma das mãos sem deixar de olhar para ele.

- Essa é a parte em que você vai retocar a maquiagem.

- Ah! Certamente. – Ri, me levantando da cadeira devagar. – Irei ao toilet.

Ele assentiu, e apoiou o cotovelo no encosto da cadeira. Andei sem pressa (de maneira um pouco estranha, por causa do salto), virando só uma vez a cabeça para repreender Jacob, que encarava minha bunda.

Parecia impossível, mas o banheiro era ainda mais bonito que o restaurante. Tudo ali parecia ser feito em mármore, com alguns detalhes dourados. Parei na pia, e coloquei a pequena bolsa preta que levara, combinando com meu vestido. Ergui os olhos, encarando a imagem refletida no espelho. “De quem puxou esses olhos?” A voz de Edward voltou a minha cabeça. “São muito bonitos. Expressivos, quero dizer.”

Meu celular tocou, e eu o abri, interrompendo Steven Tyler quando ele mal começara a cantar.

- Alô?

- Oi, amor. – Minha voz preferida respondeu.

- Ah! – Sorri, encostando o corpo na pia. – Oi.

- Está em casa? Vou ter um bom tempo livre agora no almoço, posso te pegar pra almoçar.

- Eu... – Mordi o lábio, olhando para a porta do banheiro como se fosse possível que meu amigo ouvisse. – Estou almoçando com Jacob.

Silêncio.

- Desculpe. Você o quê?

- Jacob me chamou pra almoçar com ele, e eu...

- Onde? – Ele parecia estar falando entredentes.

- La Mer.
Qual é o problema?

- O problema? Bella, eu não confio nele. É só um pirralho.

- Ele tem 21, pela milésima vez!

- Ele tenta te beijar na primeira oportunidade. E você sempre dá chance a ele!

- Como é? – Desencostei da bancada enquanto bufava, pegando minha bolsa ainda aberta. – Eu não dou chance a ele pra nada! Edward, não pense você que eu vou ficar te dando satisfação de todas as pessoas que vejo ou dos lugares que vou, eu...

- Você sempre sabe onde eu estou. Por que eu não devo saber onde você vai?

- Eu sei porque você nunca sai de casa. – Respondi. – Se tivesse amigos, eu não ficaria te vigiando 24 horas por dia.

- Ah, claro, eu não tenho nenhum amigo!

- E tem? – Ergui as sobrancelhas como se ele pudesse ver.

- Certamente. Vou sair por aí fazendo amizade com todo mundo, pra depois dizer a eles do meu pouco tempo de vida.

Trinquei os dentes, encarando a parede sem conseguir enxergá-la. - Viu como você é? Fica se fazendo de coitado, e depois reclama que eu o trato assim! E você não tem amigos porque é irritante demais pra isso!

- Falou a garota mais simpática do mundo!

- Ora, vá... Vá...

- Talvez eu vá mesmo!

- ÓTIMO! – Berrei, fechando o telefone e jogando o aparelho dentro da minha bolsa.

Gritei, cheia de raiva, batendo na pia com a mão aberta algumas vezes. Fechei o zíper da bolsa enquanto andava de volta para a mesa.

- O que aconteceu? – Jacob perguntou. O vinho já havia sido servido.

- Edward aconteceu. – Joguei a bolsa na mesa e meu corpo na cadeira, pegando minha taça cheia e jogando tudo garganta abaixo.

- Ah, Bells... Não é uma boa beber isso com o estômago vazio.

- Sabe qual é o problema dele? – Disse, em alto e bom som, colocando a taça vazia de volta no lugar. – Ele se acha mesmo melhor que todo mundo! – Comecei, enchendo a taça com mais vinho.

Jacob esticou a mão, tentando tirar a garrafa de mim, mas eu gritei para que me deixasse. O garçom apareceu, sério, colocando um prato para cada um. A comida era pouca, óbvio. Comecei a comer, mastigando com pressa. Para cada garfada eu bebia dois copos de vinho. E assim, em meio a álcool e reclamações, nosso almoço continuou.

- Ele é tão pretensioso, com aquele cabelo ridículo. Quer dizer, será que ele nunca viu um pente?

Jacob olhava em volta, assustado, sabendo que eu provavelmente acabaria estragando o nosso disfarce.

- E as roupas dele? Por que ele não dá pra Esme passar? Ele deve pensar que algum dia nós vamos nos casar, e eu vou cuidar daquelas cuecas nojentas. Como se eu fosse me casar com alguém tão baixo! Não! Sem falar dele dirigindo! Quando ele fica nervosinho, corre que nem uma mula, mas normalmente? Eu conseguiria chegar a pé mais rápido! Ele é todo preocupadinho comigo, MAS ISSO NÃO ME ENGANA! - Bati na mesa com força, berrando para Jacob. Seus olhos estavam arregalados.

- Bella... Chega de vinho, está bem?

- Por que ele não pode simplesmente tentar ser mais educado? Ele diz que era ruim comigo pra me manter longe, mas é mentira! – Mal percebi quando lágrimas começaram a rolar por meu rosto, e minha voz ficou mais alta. – ELE É UM BOSTA, DE QUALQUER JEITO! AQUELE IDIOTA! – Gritei, erguendo a taça vazia enquanto Jacob tentava pegá-la de mim. Ele acabara sua comida, mas a minha estava pela metade. Já gelada.

Peguei a garrafa ao nosso lado, e virei para a taça. Vazia.

- ALFREDO! – Estiquei a mão livre para o garçom, estalando os dedos. – MAIS VINHO!

Jacob ofegou, tapando o rosto com a mão. O garçom franziu a testa, e se afastou. Passei uma mão pelo rosto, borrando ainda mais minha maquiagem que já fora estragada com as lágrimas.

- Jacob... – Solucei, puxando as mãos dele para as minhas. – Você. – Apontei para seu rosto, mal conseguindo falar. – É um ótimo ouvinte. Sabia que eu te amo? Sabia?

Entortei a cabeça, fazendo um bico. Ele começou a rir, nervoso. - Eu vou... Vou pedir a conta. – Ele disse, rindo sozinho.

O garçom voltou com outra garrafa, e uma pequena briga ocorreu enquanto Jacob dizia para ele levar embora, e eu pedia para deixar.

- Ela não está em condições de responder por si mesma. – Ele disse ao garçom, enquanto eu gargalhava com a cara na mesa. – Leve isso e traga a conta, certo?

O homem foi embora, e eu olhei em volta do restaurante, ainda rindo. Muitos clientes nos encaravam. Parei, de repente, franzindo a testa. - Jake... – Disse com a voz chorosa. – Como a gente vai pagar? – Perguntei com um soluço.

Ele mordeu o lábio, e em seguida sorriu. - Eu tenho um plano. – Respondeu.

- Não, eu tenho.

Nós olhamos para a entrada, e vimos Edward andar e parar ao nosso lado, furioso.

- IDIOTA! – Berrei, ficando em pé quando ele parou perto da mesa. Meu salto me fez virar um pouco o pé, e eu cambaleei, parando nos braços de meu namorado.

Ele olhou para Jacob, indignado. - Ela está bêbada! – Esbravejou.

Meu amigo levantou, enquanto eu gargalhava encarando Edward.

- Ela é muito fraca! – Ele se apressou. – Eu nunca imaginei que ficaria assim com uma garrafa de vinho!

Edward bufou. Segurou meu corpo com firmeza em um braço, enquanto o outro pegava sua carteira. Tirou 500 dólares dali, e jogou perto dos pratos.

- Vamos embora. – Disse para mim, enquanto me guiava para a porta. Jacob nos seguiu.

- Onde vai levá-la? – Meu amigo perguntou, preocupado.

- Para a minha casa. – Ouvi ele responder.

- Sem avisar Charlie?

- Invento qualquer coisa.

- Mas ele...

- Olha aqui, garoto! - Edward me colocou dentro do carro, virando-se para Jacob. – Você não conseguiu tomar conta dela antes, não fique tentando agora. Eu vou lhe avisar, pivete. Se eu descobrir que ela saiu com você e encontrá-la num estado assim outra vez, é a sua cabeça que vai rolar. Eu fui claro? Eu não quero saber como aconteceu, ou de quem foi a culpa. Se alguma coisa acontecer a ela na sua companhia, eu já sei muito bem de quem me vingar.

- É! – Gritei de dentro do carro, com a janela aberta.

Jacob revirou os olhos, e Edward entrou no banco do motorista, mais sério do que eu jamais havia visto.


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Notas finais do capítulo

Ai ai ai Bella, o que foi que você fez? Olha o vexame UAHHUAHUAAHUHUAAHUUHAHUA. Ai gente, ri muito com esse capítulo, apesar de no fundo ser um pouco triste, ainda bem que a Bella não disse mais do que a boca enquanto estava bêbada né? Bom...mas acontece nas melhores famílias, e o Jake tadinho que acabou pagando o pato!
Enfim...espero que tenham gostado e gente....sério, vocês são de mais, cada dia que passa me emociono mais ainda com os comentários, vocês incentivam tanto a agente, nunca pensei que essa fic fosse impactar tantas pessoas assim.
Beijos e obrigada a todos que nos acompanham. Até o próximo capítulo.