The Cullens escrita por Nina Guglielmelli, mulleriana


Capítulo 11
Aniversário


Notas iniciais do capítulo

Só para avisar que todas as informações escritas neste capítulo são verdadeiras. Boa leitura.



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Nossos olhos se encontraram, e eu engoli seco. Fechei a porta atrás de mim sem prestar atenção a nada mais que não fosse Edward. Uma de suas mãos, reparei então, estava recebendo soro. Ele ergueu a outra, um pouco mais firme do que pensei que fosse capaz, e me chamou para perto. Eu quase corri.

Sem dizer uma única palavra, ajudei-o a se levantar e deitar na cama, arrastando o suporte do soro com ele. Suspirou, e recostou no travesseiro. Ele parecia confortável, até mesmo mais saudável. Não. Ele ainda tinha uma aparência péssima, e eu ousaria dizer que os lençóis brancos da cama estavam da mesma cor que sua pele. Mas, mesmo assim, mesmo com tudo o que tinha que suportar, ainda estava absurdamente lindo ali.

Fiquei em pé ao lado da cama, enchendo sua face de beijos enquanto pegava sua mão livre.

- Desculpe por isso. Não é um bom lugar para passar seu aniversário. – Ele disse, baixo, mas usando a mesma voz grave de sempre.

- Você não tem culpa de nada, Edward, e eu realmente não me importo. – Me sentei delicadamente na ponta da cama, ainda segurando sua mão. Ele não desviava seu olhar um minuto do meu, o que me fazia sentir segura.

- Alice... Contou-lhe... Não é? – Ele parecia hesitar. – Desculpe. Juro que em nenhum momento passou pela minha cabeça esconder isso de você e... – Antes que ele pudesse continuar coloquei meu dedo indicador em seus lábios, o silenciando.

Ele sorriu abertamente, mas pareceu fazer um esforço enorme para isso.

- Lembra que uma vez eu te disse o quanto detestava você se desculpando o tempo todo? - Ele balançou a cabeça positivamente. – Isso vale pra agora também. – Ri, ouvindo ele me imitar.

Não sei ao certo quanto tempo ficamos ali. Pela primeira vez ele realmente me contou tudo, cada detalhe de sua vida que, de certa forma, ocultava. Mas eu não o culpava. A única coisa que eu queria era descobrir ainda mais sobre ele. Queria entender sua rotina, queria cuidar dele. Mas eu sabia tão pouco sobre sua doença... Mal percebi quando algumas lágrimas rolaram por meu rosto. Ele secou minhas bochechas com o polegar, franzindo a testa ao encontrar meus olhos tristes. Uma de minhas mãos subiu para seu peito, apertando a gola V de sua camiseta entre meus dedos.

- Bella, por favor... Não faça isso.

Tentei reprimir um soluço, em vão. Desta vez eu mesma sequei as lágrimas, me concentrando para parar. Novamente, sem sucesso. Senti um arrepio por todo o nariz, e novamente algumas lágrimas molharam minha pele. Eu desviei meus olhos dos dele; Edward precisava que eu fosse forte.

- Shh... – Ele sussurrou, passando o dedo indicador pelo meu lábio com suavidade. – Eu estou bem.

Ajeitei melhor meu corpo na beirada da cama, mas desta vez quase deitando meu peito por cima do dele. Bati de maneira carinhosa as pontas de nossos narizes, e ele riu. - Eu amo você, Edward.

Era a primeira vez que eu dizia aquilo. Ele, por sua vez, já havia me dito – e demonstrado – várias. Eu nunca acreditei que realmente fosse necessário expressar verbalmente o que sentia pelas pessoas, mas aquele parecia o momento perfeito. Seu sorriso de repente ficou enorme, e ele colocou a testa na minha.

- Nunca duvidei disso. Mas é melhor ouvir de você.

Ri baixinho, me curvando por cima dele o suficiente para meus pés ficarem pendurados para fora da cama. - Amo, amo, amo você. – Disse entre alguns selinhos, fechando os olhos.

Logo estávamos realmente nos beijando, e eu hesitei automaticamente. Mas logo retribuí. Não queria que ele pensasse que estava rejeitando-o por medo da doença. Mas talvez eu estivesse. Droga, droga, droga, eu era tão hipócrita! Afastei aquele pensamento, me concentrando em meu namorado carinhoso e - como eu queria acreditar – perfeitamente saudável.

E, então, um pigarro perto da porta chamou nossa atenção. Afastei o rosto de Edward e vi seu pai na porta, com a expressão calma de sempre. Corei, ficando em pé ao lado da cama.

- Olá. – Ele disse, e nós sorrimos. – Como está?

O médico andou até nós, checando alguma coisa no tubo de soro preso perto de nós.

- Já me sinto melhor, pai.

- Isso é ótimo. – Não evitei sorrir para Carlisle, que retribuiu. – Se importa de ficar sem Bella por alguns minutos? Gostaria de conversar com ela.

Meu namorado assentiu, e eu me despedi dele com um selinho antes de seguir seu pai pelo corredor. Eu gostava da calmaria do hospital. E gostei ainda mais da sala para onde Carlisle me levou. Era absurdamente silenciosa, e decorada impecavelmente. Um outro médico estava sentado, mas levantou assim que entramos, acenando educadamente com a cabeça antes de sair e nos deixar a sós.

- Sente-se Bella, por favor. Fique confortável.

Ele sentou numa cadeira e apoiou as mãos na mesa de madeira escura. Me ajeitei em uma cadeira a sua frente, e Carlisle sorriu para mim. - Bom, Bella, eu gostaria de conversar com você sobre as atuais condições do Edward.

Um arrepio subiu pela minha coluna, mas eu me mantive imóvel. Ele provavelmente viu o que senti em meus olhos, e completou. - Mas não precisa ficar assustada ou preocupada. Diga-me... O quanto se lembra das aulas de biologia do colégio?

Fiz uma careta, retorcendo um pouco o nariz. A verdade era que eu nunca tinha sido muito boa na área de biológicas, mas acho que do básico eu me lembrava.

- Pouco. O básico, acho. – Ele sorriu do modo mais gentil que podia.

- Isso já basta, o que quero te explicar é apenas para esclarecer alguma dúvida que possa ter em relação a essa doença.

Eu assenti, mantendo os olhos fixos em seu rosto.

- AIDS é mais conhecida entre nós, médicos, por síndrome da imunodeficiência adquirida. Vou apenas te falar sobre o que ele faz e como o Edward está sendo tratado. Não entrarei em muitos detalhes por que eu acho que termos médicos não te interessam muito não é?

Eu ri de leve, dizendo que sim com a cabeça. Eu sabia que Carlisle me explicaria somente o necessário, apenas o básico para eu poder acompanhar passo a passo o que estava acontecendo com Edward. Ele apoiou os cotovelos na mesa e juntou as mãos, pensando na melhor maneira de me explicar.

- É uma doença do sistema imunológico, causada pelo vírus da imunodeficiência humana, o tão conhecido HIV. Acho que você sabe que o sistema imunológico é responsável ela defesa do nosso corpo, não? Esse vírus ataca esse sistema, reduzindo progressivamente a eficácia do mesmo e acaba deixando a pessoa muito... Podemos dizer fraca, deixando ela vulnerável a algumas infecções oportunistas e tumores.

- Infecções oportunistas? – Ergui as sobrancelhas. – Você quer dizer que a pessoa fica fraca e pode pegar qualquer tipo de infecção?

- Mais ou menos isso, infecção ou doenças oportunistas são doenças que se aproveitam do estado fraco da pessoa, já que seu sistema imunológico está debilitado e aproveita para atacar as defesas do corpo, causando danos. Já em uma pessoa que tem suas defesas boas isso nunca ocorre, por isso são doenças muito específicas de quem tem imunodeficiência.

- Hm...  – Fiz que sim com a cabeça, processando tudo o que ouvira várias vezes mais. Quanto a parte dos tumores, preferi ignorar.

- Um bom exemplo de doença oportunista é a pneumonia, o que eu fico triste de afirmar... É muito comum em pessoas com AIDS, mas... Não se preocupe. Como eu disse antes, Edward está levando seu tratamento a sério.

Eu gelei novamente, e meu corpo voltou a esquentar, sem que eu me mexesse. O que isso queria dizer? Que uma simples gripe o deixaria entre a vida e a morte?

- Não entrarei em detalhes de como essa doença é transmitida por que tenho certeza que você já sabe, não é? - Assenti com minha cabeça de novo e então ele continuou. – Vou tentar explicar então, um pouco sobre o tratamento dessa doença. Ela ainda não tem cura e esse tratamento ajuda a retardar o curso da doença. É chamado de tratamento anti-retroviral, e seu principal objetivo é reduzir o máximo possível, pelo maior período de tempo, a quantidade de vírus HIV circulante. E, Bella, eu queria lhe pedir uma coisa muito importante. Edward vai precisar muito de você, de todos nós na verdade, mas creio que mais de você. Esse tratamento acima de tudo é cansativo de mais para o doente, ele terá que tomar pelo menos três medicamentos, variando entre uma a três tomadas por dia, com horários que devem ser rigorosamente cumpridos.

Ele parou por um momento, se recostando no encosto da cadeira e sorrio gentilmente para mim. – Agradeço todos os dias por você ter entrado na vida do meu filho. – Ele segurou minhas mãos e as apertou gentilmente e naquele simples gesto senti sua gratidão enorme. – Antes de você aparecer, Bella, eu e Esme pensamos que perderíamos nosso filho. Ele ficou devastado pela doença e não levava o tratamento a sério. Quando começou a fumar, então, eu não soube o que fazer! Discutir seria muito pior. Eu praticamente o arrastava para o hospital para fazer o tratamento, e Esme e Alice em casa faziam de tudo para esconder o cigarro dele.

Prendi a respiração, vendo novamente aquela imagem inicial que tive de Edward. Desarrumado, fedido, sem parecer se importar com qualquer coisa. Eu era sua principal razão para viver, agora.

- Você não sabe a alegria que é, para toda a família, vê-lo cumprir os horários de remédios, vir para o hospital sempre que necessário, e principalmente ficar animado com qualquer simples motivo. Há muito tempo não o via tão motivado. Com tanta... Vontade de viver.

Assenti, tentando reprimir um sorriso.

- Espero que entenda, agora... Como ele se sente. A razão de ter tratado você daquela maneira quando se conheceram. – Carlisle mordeu o lábio, e eu suspirei. – Eu o repreendi, diversas vezes, mas ele não me ouvia. Até que... Bem, até que começou a vê-la de outra forma. O que não demorou muito, se quer saber. – Ele riu.

Eu tinha noção de que, mesmo depois de perceber como se sentia comigo, Edward não parou de me atormentar. Por um momento, pensei no que teria acontecido com ele se tivesse continuado e eu saísse do restaurante sem nunca termos nos tornado nem mesmo amigos. Antes que pudesse sentir enjôos com o pensamento, Carlisle continuou.

- Edward contraiu uma leve gripe, sim. – Enrijeci, mas ele ergueu as mãos, me acalmando. – Mas não há motivo para alarme. Ele está sendo tratado tanto para isso quanto para seu principal problema. – Gostei da maneira como ele não usou o nome da doença. – Logo será liberado, e precisará de pelo menos um fim de semana de repouso. E, se isso te anima, Esme concordou em lhe dar esses dias de folga para ficar com ele.

Meu coração esquentou e, quase num ato involuntário, fiquei em pé. Carlisle riu, vendo minha pressa em voltar para Edward, e se despediu – realmente animado. Ele ficava muito mais feliz quando via seus filhos felizes.

Refiz o caminho de volta para o quarto. Até mesmo as pessoas doentes que vi antes pareciam ter uma aparência melhor. Virei para a esquerda, pronta para colocar a mão na maçaneta, mas tudo o que encontrei foi o braço de Emmett. - Oi, Bellinha!

Ele estava de saída, divertido como de costume. Foi bom vê-lo voltar ao normal.

- Oi... Emmett. – Ri, e ele me deu um abraço de urso, desejando-me um feliz aniversário. Eu agradeci, e esperei que se afastasse para a lanchonete antes de entrar.

Assim que o fiz, vi como o quarto parecia diferente. Só uma das luzes estava acesa. Edward estava deitado, ainda, mas agora havia um pequeno bolinho em suas mãos. Encaixado nele, uma vela acesa. Eu ri, me aproximando com certa pressa. Sentei na beirada da cama, como antes, e ergui as sobrancelhas.

- Feliz aniversário. – Ele falou primeiro, e deu os ombros.

- Awn... Edward! – Ri um pouco alto. – Onde conseguiu isso?

- Pedi para Emmett. – Ele pareceu ficar pensativo. – Hm... Procedência duvidosa. Se eu fosse você só fazia um desejo, apagava a vela e jogava fora. Eu fecho os olhos e finjo que você comeu, ok? Pra eu não ficar chateado. Você gosta de chocolate?

Franzi a testa, colocando minhas mãos envolvendo as suas, que seguravam o cupcake enfeitado. Ele estava tão falante. Seria efeito do remédio? Ri, balançando a cabeça.

- Já estamos em um hospital. O que mais poderia acontecer?

Me concentrei na chama que saía da vela, e respirei fundo. Um desejo... Fechei os olhos e pedi, assoprando com uma força desnecessária. Edward riu, e entregou o cupcake para que eu comesse.

- Não quer um pedaço? – Perguntei.

- Acho... Que só posso comer a comida do hospital.

Assenti, analisando o bolinho com a vela apagada por alguns segundos. - Sabe uma coisa engraçada? Dizem que, se uma pessoa come algo da outra antes dela, essa pessoa rouba o namorado da dona da comida. O que aconteceria se você comesse meu bolinho antes de mim?

- Hm... – Ele realmente pareceu pensar. – Provavelmente eu me apaixonaria por mim mesmo. O que não seria tão difícil assim.

- Realmente. – Tentei ficar séria, em vão. Ri enquanto dava a primeira mordida no meu bolo de aniversário.

- Você avisou Charlie?

- No caminho pra cá. Espero que ele não tenha planejado uma festa, ou qualquer coisa do tipo... – Dei os ombros, mordendo novamente. Tentei pegar pedaços pequenos para não acabar logo. – Ele vai entender, não se preocupe.

Tirei a vela de dentro do bolo e lambi sua outra ponta antes de deixá-la de lado. Dei mais uma mordida, ainda menor, e ouvi Edward sussurrar outro ‘feliz aniversário’ em meu ouvido. Eu sorri, recostando o rosto em seu ombro enquanto analisava os confeitos do cupcake. Não podia imaginar um lugar melhor para completar mais um ano, e nem outra razão para continuar neste mundo por mais vários.


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Notas finais do capítulo

Ta vendo? E vocês pensando que a Bella fosse fugir, que nada UAUAHUAHUAHUAHUA. Bom gente, como podem ver estamos tratando o assunto com o máximo de seriedade possível e tanto eu quanto a Carol procuramos buscar informações verdadeiras, não consultamos apenas a internet e sim especialista de verdade da área da saúde (Médicos).Espero que estejam gostando e ainda tem muuuuuuuita coisa pra acontecer, vamos procurar em todos os capítulos daqui pra frente colocar uma informação útil sobre essa doença, caso tenham alguma dúvida e queiram perguntar fiquem a vontade que a gente se vira pra tentar responder, e quem sabe até possa ser útil para a fic. Ainda temos algumas informações a mais na manga que iremos usar mais pra frente...lógico.Mais uma vez muuuuuuuuuito obrigada MESMO pelos comentários de incentivo, quando pensamos nessa fic realmente não sabíamos a reação que os leitores teriam, tivemos reações positivas e algumas negativas mas ambas ressaltaram que acharam a idéia de abordar essa doença em uma fic interessante.Ah sim, desculpa pela pequena demora em postar mas é que as coisas ficaram agitadas, a Carol com as coisas da escola e eu agora que começaram minhas aulas na faculdade....uma loucura mas pelo menos um capítulo por semana vamos garantir aqui pra vocês ok¿É isso aí gente agradeço de mais por isso por que afinal de contas sem vocês não tem fic.Beijos e até o próximo capítulo



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