-... Ah, Scooter, por favor!

-Não, eu já disse não e ponto final.

-AAAAAARGH!

A porta se abriu e Leslie saiu de lá batendo o pé.

-Espero que esteja feliz, astrozinho! – ela disse indo embora com raiva.

-VOCÊ AINDA VAI ME AGRADEÇER! – gritei as suas costas, ela me mostrou o dedo do meio. Que pessoa mais meiga ela é.

-Yo, bro, o que você disse a ela? – perguntei a Scooter que passava a mão na cabeça.

-Claro que eu disse não, Justin! Mas você conhece a Leslie, ela vai ficar de greve de silêncio por mais de uma semana.

-Isso é ruim?

-Justin!

-Falou, falou – levantei as mãos em rendimento.

Bom, vou explicar o que aconteceu com a Leslie estressada Braun. [Ai! Você tem força sabia?]

Estamos em um hotel aqui em Porto Rico, é o hotel mais maneiro em que já estive em toda a minha carreira, e veja bem, um cara que está hospedado aqui chamou a pessoa querida chamada Leslie pra jantar, eu vi, e tive que contar para o Scooter, e ele não deixou, e nesse exato momento eu não duvido nada que a Leslie esteja rasgando e desenhando chifres e bigodes nos meus pôsteres. Ela é maligna, cara, muito maligna. Uma vez ela colocou mel na minha... Deixa pra lá.

Estava na cara que a Leslie iria fugir ou sei lá para encontrar o tal cara, eu já tinha um plano.

Eu estava deitado na minha cama, esperando algum sinal de que a pessoa do quarto ao lado fugiria. Deveria ser quase 22h00, todos estavam dormindo, de manhã teria uma coletiva de imprensa e é claro, eu estaria lá. Um forte som de algo caindo ecoou pelo quarto, me pus de pé no mesmo instante, corri até a varanda e quanto olhei para baixo, lá estava Leslie de vestido roxo e Converse pronta para se encontrar com o cara.

-Bela noite, não? – perguntei alto para que ela ouvisse. Ao girar os calcanhares para me olhar Leslie quase caiu.

-Seu doido! – gritou sussurrando.

-Scooter não vai gostar nada disso. – comentei girando meu Iphone nas mãos.

-Você não teria coragem...

-Duvide. – sorri ameaçador.

-Ok, ligue. Na próxima oportunidade que eu tiver, vou chutar seu traseiro e enfiar sua cabeça em uma privada de um banheiro público.

-Quer saber? Não vou ligar não. Vou deixar a consciência pesada e o garoto te ensinarem uma lição.

-O que você quer dizer com isso?

-Ele vai furar com você. – revirei os olhos.

-Não vai nada.

-Boa noite, Leslie – entrei no meu quarto para dormir.

-Bom dia, pessoal. – eu disse ao sentar na mesa para tomar um café, dei um beijo na bochecha de minha mãe e fiz meu toque com Scooter. Virei-me para fitar Leslie – Bom dia, Leslie.

Ela mexeu com o garfo na comida, parecia com repulsa.

-Não to com fome. – disse e se levantou indo embora.

-O que ela tem? – perguntou minha mãe.

-Deve ser a TPM. – comentei distraidamente enquanto bebericava meu suco.

-Certo, me diga, o cara furou mesmo com você? – perguntei entrando no quarto sem bater. Leslie estava na cama com o notebook, fazendo algo nele, talvez Twitter. Ela nem se mexeu um músculo. – Leslie? Leslie?! Heeeey!

-Olha... Isso. – ela engoliu em seco. Caminhei até ela e sentei-me ao seu lado, ela me estendeu o notebook. Era o site da TMZ. Era uma foto minha e ao meu lado a Leslie, era a Leslie, mesmo com óculos, o piercing no nariz era inconfundível.

Em cima da foto as em grandes letras vermelhas e garrafais:

JUSTIN BIEBER E GAROTA MISTERIOSA?

“Flagramos Justin Bieber hoje de manhã bem cedo, enquanto chegava à Porto Rico com uma garota misteriosa. Fontes confiáveis afirmam que a garota, Leslie Marie, pode estar roubando o coração de Bieber, veja:

“Leslie e Justin são muito próximos, até trocam carícias quando estão juntos.”

Mas infelizmente, não revelou de onde veio essa garota. Então, beliebers? O que dizem sobre isso?”

-Estamos fritos, assados e queimados – falei. – Scooter já viu isso?

-Eu mesma acabei de ver! – Leslie disse. – Estamos tostados, Justin.

-Mas ninguém sabia que estaríamos na cidade! – retruquei. Leslie me fitou daquele jeito “Você é retardado? Estamos falando do TMZ aqui!”. – Ah.

-Vamos, temos que contar pro Scooter.

-Droga, droga, droga. – meu empresário, Scooter Braun, andava pelo quarto preocupado.

-Podemos desmentir a foto, Scooter – minha mãe sugeriu.

-Eles estavam rindo e um ao lado do outro, como quer desmentir isso?

-Hã...

-Vocês tinham que fazer uma piada sobre o Kenny justo naquela hora?

Kenny nos olhou carrancudo. Leslie sorriu amarelo.

-E pior...

-Lá vem o Sr. Pessimista. – resmunguei.

-... Você viu como Leslie se veste? As roupas, o cabelo, o piercing! – Scooter explodiu.

-Qual seu problema comigo? – Leslie fitou Scooter com raiva.

-Você é meio...

-Emo? Gótica? É, isso aí. – completei para ele. Leslie me deu um empurrão me fazendo cair da poltrona. – Foi mal, ok?

-Parem de infantilidades, temos que resolver isso e rápido.

-Hã... Scooter? – Kenny consultou seu relógio de pulso. – Faltam 20 minutos para a coletiva começar...

Já pensou o quanto pode ser vergonhoso ser carregado pelo seu segurança? Não? É muito mais que vergonhoso, é tremendamente vergonhoso.

-Justin! Quem era aquela garota da foto?! Você não está mais namorando a Selena...?!

-Hey, pessoal! – levantei as mãos tentando acalmar a multidão de jornalistas – Você... E depois você e por último você – indiquei os jornalistas. A mulher loira que eu havia escolhido se pôs de pé.

-Justin, todos queremos saber: quem era a garota da foto?

-Era uma fã – menti – Ela veio falar comigo e disse que estava prestes a desmaiar, e eu respondi, “se desmaiar, eu te seguro”, e começamos a rir. Simples.

Eu minto muito mal, mas ensaiar a mentira dentro da limusine me ajudou. A mulher loira estreitou os olhos e sentou-se. Em seguida, o jornalista careca se levantou:

-Então por que vocês saíram do mesmo avião?

Essa eu não esperava.

-Hã... Ela estava no mesmo voo que eu, então, conversamos muito.

-Mas você acabou de dizer que...

-Er... Eu... – me ferrei, completei em pensamento.

-ÓTIMO! – berrou Scooter irritado ao entrarmos no quarto de hotel da minha mãe. – O BIEBER ESTRAGOU TUDO!

-O que aconteceu? – perguntou uma voz fraca. Olhamos para trás, era Leslie, ela estava encolhida no sofá do quarto e ao redor dos olhos estavam vermelhos.  

-Você andou chorando? – perguntei, ela desviou o olhar. Eu tinha duas opções: ou perguntava de novo, ou ficar calado. Escolhi ficar calado.

-Como foi a coletiva? – minha mãe apareceu.

-Uma merda – respondi me atirando ao lado de Leslie no sofá.  Ouvi ela resmungar um palavrão.

-Ninguém acreditou no Justin, fizeram perguntas para confundi-lo, e funcionou – Scooter resmungou. Quando voltei o meu olhar para Leslie ela me fitava.

-Que foi? – ri.

-Nada. – ela disse com os olhos arregalados – Não me diga que...

-As coisas pioraram. – Scooter logo disse – Temos que ser mil vezes mais cuidadosos, ou estamos mortos.

-Literalmente – comentei.

-Não vão nos deixar em paz agora, vão ir atrás de descobrir quem é a Leslie.

-Ah, que maravilha – Leslie grunhiu – Já basta eu nem poder ir no cinema, agora vou ter que me trancafiar aqui, obrigada Bieber. – ela disse se levantando irritada e atirando uma almofada na minha cara.

-Leslie! – chamou Scooter, mas ela já estava girando a maçaneta da porta – LESLIE, VOLTE JÁ AQUI MOCINHA! – a porta se fechou com um baque forte.

-Leslie? – bati levemente na porta. – Cê tai?

-VAI EMBORA, JUSTIN! – uma voz chorosa gritou de dentro do quarto.

-Ah, por favor, abre! – pedi, ninguém respondeu – EU VOU ARROMBAR TÔ AVISANDO! – gritei. Leslie gargalhou.

-Você é fraco, Bieber!

Afastei-me alguns passos da porta e corri até dando um encontrão com o ombro e cair rolando dentro do quarto. Alguém riu.

-Sabia que não estava trancada?

-Eu te odeio – falei me levantando e sentindo meu ombro doer. Procurei Leslie pelo quarto, ela estava lá, na cama, comendo sorvete de chocolate. – Sorvete? Sério? – perguntei.

-Ah, cala essa boca. – resmungou se acomodando mais na grande cama de casal. Me sentei na beirada da mesma, temeroso que Leslie me chutasse com o pé.

-Tá bem? – perguntei.

-Não mesmo – ela se sentou e se arrastou até meu lado na cama e me estendeu o sorvete e a colher, peguei-a e dei uma colherada no sorvete, ela esperou que eu engolisse – Isso é uma droga, não sei como você aguenta.

-Quem disse que eu aguento? – sorri e Leslie me empurrou com o ombro. – Eu sei que é difícil pra você. – suspirei – Eu ainda lembro da estreia de Never Say Never.

Leslie fez careta.

Bom, isso é uma longa história. Vamos resumir um pouco: Leslie se sentiu... Hm, excluída, disse que não tinha amigas, que nunca ia ter, que o mundo não girava só em torno de mim, e que eu era um artista metidinho de quinta categoria – essa parte ofendeu mais Scooter do que a mim -, e que ela iria fugir, que não estava nem aí pra ninguém. Mas isso tudo acabou em uma semana de castigo e uma aceitação da parte de Leslie.

-Aquilo foi só um surto, dessa vez é sério. – ela disse comendo mais sorvete. – Liga a tevê por favor? – pediu. Peguei o controle e liguei a tevê. Estava na MTV e era meu videoclipe, Never Say Never. Fiquei de pé. Leslie cobriu a cabeça com o lençol. – Ah, não! – riu.

-Ah, sim! – falei e comecei a cantar em voz alta. - I never throught that I could feel this power. I never throught that I could feel this free. I'm strong enough to climb the highest tower.  And I'm fast enough to run across the sea. And there's just no turning back.  When your hearts under attack. Gonna give everything I have. 'Cause this is my destiny… Viu só, Les? Você consegue passar por essa. – falei.

-Aham, tá bom. – ela revirou os olhos. A música ainda tocava ao fundo.

-Você conhece minha história – eu disse – É só você seguir o exemplo dela.

-Beleza, to indo pra Stratford e postar meus vídeos cantando no YouTube.

-Não estou falando disso – sorri de lado – Nunca desista.

-Ah.

-A gente vai conseguir passar por isso, tá certo? Eu prometo.

-Tá.

-OBRIGADA, PORTO RICO, EU AMO VOCÊS TAMBÉM! – gritei saindo do palco. Eu estava coberto de suor dos pés a cabeça, assim que apareci no backstage me jogaram um balde de água fria. – EI!

-Tá mais friozinho agora, J Biebs? – perguntou uma voz mal imitada de bebê, Leslie.

-Me dá um abraço? – pedi abrindo meus braços.

-Aaah, sai daqui! – ela disse se afastando e começando a correr, eu corri atrás. Corremos aquele lugar todo, e eu não aguentava mais nem me mexer depois.

-Viu só? Vocês dois, seus crianções, agora estão aí, com dores e quebraram materiais! – Scooter ralhou-nos.

-A Leslie é muito desajeitada – eu disse na defensiva – Ficou se esbarrando em tudo que aparecia pela frente!

-Fica quieto, Justin! – Leslie disse me dando um tapa na cabeça.

-Eeeei, parem! – Minha mãe disse.

Eu já comentei algo sobre minha mãe nos tratar como crianças? Sim, ela nos trata como crianças.