Eu já estava com 13 anos quando meu pai colocou na cabeça que eu tinha que ter uma mega festa de 15 anos. Pra quê? Não gosto de dançar, não gosto de ser o centro das atenções, não gosto de vestido, estilo Barbie sabe?... E mais um monte de coisas.

- Então filha... – Ele entrou no meu quarto com uma caixinha de madeira em mãos.

- O que isso pai? – levantei a sobrancelha. Ela abriu e tinha um monte de coisas lá, não entendi muito bem.

- Sabe, aqui eu guardei tudo que me faz lembrar de você, levo em todas as minhas viagens... – ele foi tirando cada coisa. – Esse é seu umbiguinho... – era uma coisa preta e nojenta. – um cobertor seu que você nunca dormia sem... – que fofo ele guardar tudo isso – algumas fotos e... – ele tirou uma caixinha ainda menor – Todos os seus dentinhos de leite.

- Tá, mas pra que isso?

- Uai, Duda! Pra sua festa de 15 anos – revirei os olhos – Imagina você, descendo uma escada, toda linda com um vestido todo cheio de brilho... ai eu estou lá em baixo te esperando, e quando você chega eu te dou um colocar feito dos seu dentinhos de leite.

- Ah pai! – comei a rir.

- É sério, irei mandar banhar eles de ouro. Vai ficar muito lindo.- não estava acreditando no que meu pai estava falando.

- Pai, você é doido né?! – estava indignada.

- Por quê?

- Eu já disse pro senhor quantas vezes que eu não quero festa? Então não precisa disso tudo.

- Ah minha filha... – ele ficou com um semblante triste.

- Papai – segurei suas mãos – o senhor me conhece, sabe que eu não gosto dessas coisas, e outra você não acha que esta muito cedo pra pensar em festa? Só tenho 13 anos!

- Verdade né minha filha? – começamos a rir – Seu pai bobão aqui...

- Ô pai... – o abracei – vamos parar de drama né?! – o beijei – Vou pensar direitinho, ai mais pra frente resolvemos.

- Tudo bem minha linda. Então, vamos? Eu irei te levar pra escola hoje.

- Ok, vou buscar pegar minha mochila.

Cheguei à escola e o sinal já tinha tocado entrei nas sala, e fiquei conversando com minhas colegas enquanto não aparecia a professora.

  - Bom dia turma – disse minha professora entrando na sala – Bem, estamos perto de uma data tão especial, o dia dos pais, então quero que vocês falem um pouco de seus pais. Por favor, Duda, você pode começar?

- É... éér... – já sabia onde isso vai dar, comecei a falar dele, mas nada de detalhes, mas a pergunta da professora me pegou.

- Qual o nome do seu pai? – me questionou.

- Bill Kaulitz, ele é meu pai! – Pronto, só ouvi gritaria e mais uma vez, iria ter que mudar de escola!

Isso sempre acontecia, era quase todo ano eu tinha que mudar de escola. Meu pai até pensou em aulas particulares, mas sei lá, eu não sou tão anormal assim, só sou filha do Bill, só isso.

As meninas começaram a me perguntar várias coisas, e não teve mais aula. Até a professora parou de dar aula para saber das “últimas noticias” sobre Tokio Hotel.

Não teve mais como, tive que ir pra sala da diretora, que era a única que sabia de tudo. Ela falou que era pra eu tomar cuidado e todo aquele blá blá blá que sempre ouvia toda vez que acontecia, mas não pude fazer nada, se a professora pediu. Enfim, a diretora acabou ligando pro meu pai, e tive que ir embora mais cedo.

Um dos seguranças da banda veio me buscar, porque ficar naquela escola rodeada de gente, ninguém merece. Fui pro estúdio, e eles estavam gravando alguma musica nova ou sei lá. Cheguei e fiquei quietinha no meu canto, fingindo que não tinha acontecido nada, mas meu pai já sabia de tudo, pois me dava umas olhadas não muito legais.

- O que você já aprontou? – meu tio veio enchendo o saco.

- Nada...

- Uhum, nada né mocinha?! – meu pai sentou do meu lado e me deu um beijo. - Em casa a gente conversa Íh... Isso não é legal.

Não demoraram muito para terminar o ensaio, logo fomos pra casa. Eu fiquei caladinha no carro, vai que meu pai esquecia né? Mas não foi bem assim.

- Duda, vamos conversar – ele disse sério, assim que chegamos.

- Ok – fiz bico – Não tem como escapar mesmo. – sentei no sofá.

- Então minha filha, eu já conversei isso com você várias vezes... – comecei a rir, porque o tio Tom estava fazendo caretas engraçadas pra mim, atrás do papai. -... Qual o motivo do riso? – apenas apontei pra ele – Tom, por favor – meu pai disse mais sério ainda, deu até medo.

- Pai, eu já sei tudo o que você vai dizer... – revirei os olhos -... E outra, eu não tive culpa. A professora pediu pra eu falar sobre meu pai, e falei ué?

- Você tem que aprender a controlar essa lingüinha, minha linda.

- Pai, o senhor me conhece!

-Eu sei Dudinha, mas, por favor! Agora vamos ter que procurar outra escola.

- Ok pai, mas isso vamos ver semana que vem. Porque hoje é sexta e esse fim de semana só quero descansar. – Sai e fui pro meu quarto. Tomei um banho e fiquei desenhando algumas roupas, o tempo passou tão rápido que acabei dormindo em cimas das folhas.

Acordei com o tio Tom me chamando.

- Paaara, deixa eu dormir – não queria levantar.

- Anda Duda! – ele ainda estava em pé, mas logo ele pulou em cima de mim e começou a fazer cócegas.

- AA TIOOO – eu ria e chorava ao mesmo tempo.

- Anda dorminhoca, levanta! – ele saiu de cima de mim.

- Ah, olha quem fala né? – me levantei

- Fiz o que você faz comigo – me mostrou a língua.

- Ok, mas pra que você me acordou?

- Bem, seu pai saiu. Então porque não vamos comprar nosso presente pra ele?

- Presente? – fiquei confusa. – Mas nem é aniversario dele!

- Aff Duda, é dia dos pais amanhã! – Não acredito que havia me esquecido, e era por esse motivo que tudo aquilo aconteceu.

- Ahh – fiquei apavorada.

- Calma, vai vestir uma roupa mais adequada e vamos!

- Ok – ele saiu do quarto. Então, vesti um short Jeans não muito curto, uma blusinha branca e um all star. Fui pra sala. - A onde você pensa que vai com esse short micro?

- Ah tio – revirei os olhos – Logo você né! Vamos logo! – disse num tom de autoridade.

- Vamos então – ele pegou a chave do carro e fomos.

Chegamos ao shopping e ficamos andando a manha inteira a procura de um presente perfeito pro meu pai, mas pra mim tudo isso não teve resultado nenhum. Não achei nada, só meu tio que resolveu fazer gracinha e acabou comprando uma boneca inflável pra ele, mereço um tio desses né?

Resolvi que não iria dar presente nenhum, porque ele tem tudo. Então escrevi uma carta. Eu fiquei normal, nem dei pista de nada.

Na manhã do dia dos pais, eu e o tio Tom combinamos de fazer um café da manha pra ele, e foi feito.

- Bom dia! – eu e o tio gritamos.

-Oi!

- Feliz dia dos pais – dei um beijo nele.

- Seu presente maninho – ele apareceu com a boneca – você precisa se divertir mais!

- Seu idiota. – Meu pai revirou os olhos.

- Bem, papai eu não achei nada pra comprar pra você – fiz bico. – Mas escrevi essa carta – lhe entreguei.

Ele começou a ler:

“ Pai, parabéns pelo seu dia! Que na realidade pra mim não é só hoje. Te amo muito. Você é mais que meu pai, é minha mãe, é meu melhor amigo. Sabe de tudo que acontece comigo, é meu confidente. Saiba que te respeito muito, você meu exemplo, meu orgulho!

Obrigada por todos os conselhos, as broncas. Isso tudo me ajudou a crescer, e se sou assim hoje é graças a você! Te amo.

                                                                                   de sua filha, Eduarda Kaulitz “

Não foi muita coisa, mas foi de coração. Meu pai, chorão que só, até soluçou de tanto chorar.

Ele me abraçou  e sussurrou em meu ouvido – Amo você.