Mordi meu lábio inferior ao ouvir Pain me chamar. Sabia que coisa boa não era, sempre que ele me chamava era para lavar roupa, fazer jantar e almoço, limpar os quartos e os demais cômodos e claro, fazer missões. Por mais duro que seja a minha vida é difícil, ainda mais que eu limpo a casa (ou seja, todos os sábados) sou obrigada à usar uma roupa de empregada doméstica que Pain comprara ano passado. A roupa é até "bonitinha", mas eu a odeio. Tudo pelo simples fato de o resto dos akatsukis "taradões" ficarem olhando para a minha bunda e seios.

 Como sou uma mulher, a genética me deu um corpo bem adequado para agradar à todos aqui: Com seios grandes e volumosos, bunda grande e empinada, cabelos azuis meio aroxados bem sedosos, olhos azuis exóticos com maquiagem da mesma cor dos cabelos e os lábios da mesma cor dos cabelos bem atraentes. A roupa de empregada já é bem o estilo deles: Curtíssima e com um decote ultra-mega-hiper-super enorme, mais um pouco aberto e meus seios ficam para fora.

 Levantei do sofá e fui para o escritório dele que ficava no segundo andar onde ficavam os quartos. Parei em frente a porta, lá estava ele sentado em sua poltrona lendo um relatório da missão que Kisame e Itachi acabara de fazer.

 Pain é um homem sério e frio, mal sorri, mas isso o deixa mais legal ainda. Sim eu gosto do Pain, tenho que admitir, na verdade eu o amo. De que adianta eu amar ele sendo que ele nem me nota? Mesmo assim eu não vou desistir dele. Pain apareceu em minha vida quando éramos crianças. Éramos solitários e pobres, pois tinhamos perdido nossos pais na guerra que ocorrera naquela época. Naquele tempo nós os chamavamos de "Yahiko", eu e Nagato éramos amigos dele, tinhamos que roubar para sobrevivermos. Até que chegou o dia em que, Yahiko, meu grande amor foi morto. Eu chorei os baldes aquele dia, mas Nagato reviveu ele com seu jutsu e depois Yahiko preferiu ser chamado de "Pain". Ouve uma briga uma semana depois entre eles e Nagato foi embora. Pain me convidou para eu me juntar à ele em uma organização que ele estava montando. Eu aceitei.

 Naquela época tudo era perfeito, nos divertiamos juntos, sorriamos, brincavamos e conversavamos. Agora tudo mudou, não conversamos (só em reuniões ou quando ele me pedia para fazer algo),ele não sorri mais e não nos divertimos juntos, tudo está completamente diferente entre nós. Ele mudou, eu mudei, mas o que eu sinto por ele não.

 Distraida em pensamentos, nem notei que ele me chamara (pela quinta vez).

 --- Konan! --- Ele disse, me fitando.

 --- Ah sim, desculpe... --- Eu disse, meio sem graça.

 --- Estava delirando, mulher? --- Brincou ele, pelo menos era o que eu achava.

 --- N-Não, eu só...

 --- Konan --- Interrompeu ele --- Tenho uma boa e uma má notícia pra você. --- Ele disse, num tom frio.

Engoli um seco e o olhei atenta.

--- A boa notícia é que vou deixar você sair para comprar roupas novas, porque você está precisando. E a má é que só poderá comprar roupas em ocasiões especiais e no dia do seu aniversario. É só Konan, pode ir.

Eu me virei e sai indo para a sala. Eu sabia que ele iria me dizer isso, até eu sei que preciso de roupas novas, as minhas estão curtas, algumas rasgadas e velhas. E meu sobretudo da akatsuki então, está encolhendo de tanto que o tecido é ruim. Engraçado que é só com minhas roupas que acontece isso, os sobretudos dos nove aqui não encolhem. Se bem que o tecido deles são boms e os meu não, acho que Pain faz isso de propósito só porque sou mulher.

 Falando em roupa, me lembro do sábado passado que eu lavei roupa: Lá estava eu indo para meu quarto pegar roupa para lavar, até que eu passo pelo quarto do Hidan. Ele e Kakuzu estavam discutindo. Motivo: roupa... Um mísero sobretudo que Hidan jurava ser dele e Kakuzu insistia dizendo que não era. Passaram quase o dia todo discutindo, até que eu chego com uma bacia de roupa lavada e passada, e começo a separar em cima do sofá, na sala. Quando terminei o problema deles com o sobretudo foi resolvido. A droga da roupa era minha! Será que eles não perceberam que a roupa é pequena? Com perfume feminino? E o nome "Konan" escrito na parte de dentro do sobretudo perto da gola? (eu sei é estranho, mas temos que escrever nossos nomes nas nossas roupas, porque depois isso vira um inferno de discussões por causa de um pedaço de tecido) Acho que não, melhor, tenho certeza. Aqueles dois não são muito de reparar em detalhes, exeto no meu corpo.

 Bem, aquele dia eu fiquei com raiva deles. Parem para pensar: Eu lá lavando e passando as roupas dos nove seres que vivem aqui junto comigo, enquanto dois jumentos discutiam pelo meu sobretudo que eu achava ter perdido! É duro, e isso me lembra também do dia que Sasori não tinha nenhuma roupa limpa para usar (ele tem menos roupa que eu), o coitado teve que ficar de cueca o dia todo. Tudo bem que ele é uma marionete, mas para me sacanear, ele fez o favor de cobrir todo o seu corpo com pele, para disfarçar suas caracteríticas. Admito que ele ficou com um corpo sarado e lindo de homem perfeito. Ai,ai, tive tantos sangramentos nasais aquele dia, que perdi até a conta.

  Já na sala, dei a notícia que para eles parecia ser sagrada e uma boa notícia.

--- Vou fazer o almoço.

  Claro, eles amam a minha comida, pra falar a verdade me amam por inteira (afinal, são homem).

 Fui para a cozinha, Zetsu estava lá, bebia um corpo d'água (ou estava se regando kkk', brincadeirinha). Zetsu é um cara legal, admito. Ele além de ser meio estranho , é uma boa pessoa. Ele não é daqueles que conversa muito, só com ele mesmo. E também ele não é nenhum maníaco florista, como muita gente acha, pelo contrário, eu que sou. Amo flores, mas amo mais fazer origamis. Zetsu na verdade tem trauma de flores e àrvores, é pra vocês verem né, Zetsu começou a evitar àrvores porque um galho espetou ele...

 --- Quer alguma coisa? --- Perguntou ele, me olhando.

 --- Não. Eu só vou fazer o almoço. --- Respondi.

 Ele saiu e eu fui até a geladeira pegar as coisas. Iria fazer a comida preferida deles: arroz, feijão e salsicha. De tanta comida boa que tem: lasanha, feijoada, inhoque, carne de panela... Eles preferem "arroz, feijão e salsicha!" Sério, eu comia isso quando era pequena na casa da minha avó. Ela sempre fazia esse tipo de prato pra mim, mas eu gostava e muito. Eu nunca quis passar toda a minha vida cozinhando esse prato, mas como o destino é cruel eu tenho que cozinhar. Bem, essa foi a vida que escolhi quando me juntei à Pain, pois se eu deixar a akatsuki vou ter que viver de mendigagem pelas ruas com as roupas todas sujas, cabelos todos bagunçados e as unhas quebradas e imundas.

Não gosto nem de lembrar do dia que Itachi foi fazer o jantar: Eu estava na sala fazendo minhas unhas, até que eu escuto um barulho. Fui para a cozinha, Itachi tinha derrubado a panela de carne. Eu tentei lhe dar um sermão, mas ele interrompeu dizendo que iria fazer o jantar. Sentei-me à mesa e fiquei a observar. Depois de ter se cortado várias vezes, se queimado e quase deixado a panela cair de novo, finalmente terminou. A comida dele não estava ruim, só ficou crua e sem sal.

Mas vocês não sabem o que aconteceu no dia que Deidara foi inventar de fazer o almoço, quase colocou fogo na casa, mas queimou a mesa da cozinha. A pessoinha esperta em vez de tirar a luva para pegar a panela e colocar na mesa. Não. Ele pega a panela com a luva bem perto do fogo e coloca na mesa, só então sentindo a dor da queimadura. Com o desespero ele tira a luva e joga na mesa, que começa a pegar fogo, e lá se vai um mês de vaquinha do dinheiro de cada um. Pensem num nego que quase teve um treco aquele dia. Kakuzu queria matar ele, mas o loiro não é nem um pouquinho burro e subornou ele, dizendo que se ele não matasse ele,Deidara compraria uma mesa nova. Quem disse que ele comprou? Comprou foi um pacotinho com pirulitos pro Tobi, do desafio que eles fizeram outro dia. Nós tínhamos que comer sentados no chão em forma de roda, tipo aquela brincadeira de passa anél. Hoje graças a Deus temos uma mesa nova, porque o Tobi descubriu um cofre no quarto do Kakuzu sem querer querendo e deu para comprar uma mesa.

Depois que terminei, chamei os gulosos para almoçar. Algo me dizia que nada de bom iria acontecer no dia de amanhã. Por quê? porque é Sábado, o dia que mais odeio. Mas fazer o que né? Vou ter que aguentar tititi no meu ouvido, discussões, olhares maliciosos e outras coisas... Ai, ai, oh vida difícil!