O Diamante Amarelado - Guerras em Norrath escrita por Ryuuzaki


Capítulo 2
Velha Árvore




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                    Amanhecia em Velha Árvore, um pequeno vilarejo com não mais que 200 familias bem modestas, que viviam á base do comércio de matéria prima em uma região cercada por florestas, lugar rico em caça e madeira, portanto, pessoas bem simples moram no lugar e, entre eles mesmos, quase todas as negociações são feitas à base do escambo. Enquanto homens adultos praticam o extrativismo, pesca, caça, guarda e cultivação de abelhas de mel, as mulheres cumprem as funções domesticas, cuidam de estabelecimentos, das crianças, e auxiliam os mateiros em busca de flores raras e ervas medicinais e se encarregava da pouca agricultura que existia no local. A historia da vila é bem simples; os mineradores das Minas do Velho Lunge faziam longas viagens até Trystam, cidade mais próxima. Um dia um homem chamado Hans encontrou por acaso um rio que cortava horizontalmente a fechada Floresta Verde, seguindo o curso d'agua acabou por chegar em uma enorme clareira, onde  havia uma grande árvore, porem, adoecendo e morrendo. Vendo aquilo como um marco resolveu fundar ali uma cidade, que no inicio seria mais um posto de parada, para coleta de mantimentos que seriam levados até às minas. Quatro gerações se passaram e a pequena cidade cresceu, aumentando seu espaço na clareira, e mesmo completamente rodeada de arvores, com o esforço em conjunto dos moradores e dos mineradores, uma estrada foi construída. Mesmo nos dias de hoje a árvore existe, embora oca e morta, serve como uma espécie de monumento para Velha Árvore, e o motivo de seu nome (Embora Sylvia, uma fervorosa devota da natureza, veja o "monumento" como uma afronta à Norrah, deusa e mãe terra, ameaçando corta-la constantemente). A sudeste, e distante de 35 dias à pé, de Tahuyta, a cidade das gaivotas, capital do reino de Turunê, do qual faz parte, Velha Árvore deve pagar impostos todos os anos; "manutenção da paz" segundo o coletor e emissario do Rei Unther Stormbringer. Com a guerra, porem, iniciada à quase dez anos, os impostos pouco tem sido cobrados e, por causa da distancia, poucos braços armados requisitados, mas, com toda a atenção voltada para oeste (fronteira com a nação vizinha e atualmente rival;Dhorna) as outras regiões, sem devida segurança, por falta de guardas, acabaram por sofrer ataques regulares de bandoleiros e monstros errantes. Não que os habitantes de Velha Árvore reclamassem, não culpavam o rei de modo algum, guerras e infortúnios aconteciam por toda á parte, mas, por viverem em uma floresta fechada, mal têm noticias do mundo afora e não sequer sabem os motivos das batalhas. Sim, era um lugar bem isolado e agora com a ameaças esporádicas e rotas cada vez mais perigosas cada vez mais jovens voltavam-se para a espada.

                     No momento o que importa é: amanhecia em Velha Árvore.

                                                    ...

                     Mais um dia se iniciava. Eram cinco horas da manhã e o vilarejo começava à despertar. Mulheres iam e viam do rio, sempre trazendo baldes e bacias cheias da agua pura e cristalina, para poderem tratar da comida e dos demais afazeres domésticos, que as ocupariam por toda a manhã, homens calçavam suas empoeiradas botas, terminavam de afiar seus machados, preparavam suas flechas e se aprontavam para o dia de trabalho que se seguiria, as crianças, por sua vez, ajudavam (ou atrapalhavam) suas mães, olhavam animadas para os pais e corriam para lá e para cá, trazendo animação e agitação para a vila que começava suas atividades. O pouco gado que lá havia também já entrava na dança do trabalho, acordando de sua letargia e começando a pastar lenta e silenciosamente em meio às galinhas que, alvoroçadas pelo movimento dos humanos, cacarejam e pulavam junto com os cachorros que ladravam para as pessoas. Todos os 397 habitantes de Velha Árvore estavam acordados, ativos em suas respectivas funções... Na verdade 396. Alguém ainda dormia.

                                                    ...

                     Ohanna morava em uma pequena casa de madeira, próxima à margem direita do rio. Nascida em Velha Árvore, mora na mesma casa que um dia fora de seus pais e outrora de seus avós. À dez anos haviam se passado desde a morte de seu marido, causada por um urso ensandacido, e agora a mulher, viúva já com pouca idade vive sozinha com o seu filho, que por sinal ainda não havia se levantado.

                     A mãe já havia completado todas as tarefas domesticas do dia-a-dia e agora colocava batatas para assar no rústico fogo à lenha, esta tarde comeria um guisado e faria uma trouxinha, para o filho levar quando fosse viajar com o mestre Obi. O mestre Obi!? Ohanna acabara de lembra-se do compromisso que o filho tinha, breve, ainda neste dia, iniciaria uma viagem com o comerciante. Levar suprimentos para os mineiros nas Minas do Velho Lunge, e o rapaz já começara a atrasar-se para a arrumação da carroça, fato que iniciaria em pouco tempo. A mulher então deixou a cozinha,onde terminava de preparar o almoço, e à passos leves subiu a escada de madeira, que subia em espiral para o segundo andar da residência, local onde o quarto do rapaz se localizava.

                                                   ...

                     O velho Obi andava de um lado à outro com suas curtas, porem gordas, pernas. O comerciante possuía uma estatura diminuta, pouco mais que um metro e cinqüenta, tamanho muito inferior à media da região, sua barriga protuberante aparecia por debaixo de sua suada camisa vermelha, feita de algodão crú. Obi não era nativo de Velha Árvore, nascido na capital, seguira o pai e se tornara também um marcador e agora, vive á passar por pequenas cidades para se abastecer de suprimentos e vende-los nas proximidades. Há muitos anos já desempenha este oficio, e é conhecido no vilarejo por pelo menos duas décadas, tendo assim visto muitos da nova geração em sua mais inocente fase da infância. Gostaria ele de desempenhar esta profissão por muitos mais anos à fio, no entanto os tempos são outros, a cada ano a guerra se acirra, portanto, pensa em se aposentar desta vida de andarilho, as estradas não são mais seguras quanto antes. Talvez seja sua ultima serie de viagens antes de parar... talvez comprar um estabelecimento na capital e viver com uma vendinha, não havia decidido muito bem o que fazer. Estava mais preocupado com outro assunto no momento.

                      A careca do homem queimava ante ao sol que já subia às oito horas, iria viajar em quatro horas e nada estava pronto, devido à ausência de Berem, o filho de Ohanna, todo o preparo planejado por dias agora desandava. O rosto rechonchudo do homem estava rubro, como sempre ficava em momentos de ansiedade, sua testa larga gotejava suor, e à todo instante limpava sua face com um pequeno lenço de seda. Ahhhh, e esse rapaz que não aparece? Justo no principal dia, até mesmo ele que sempre é pontual se atrasa! Resolveu então, mesmo sozinho, iniciar os preparativos para a viagem. Começou à verificar todas as caixas que iriam ser postas no veiculo, quando uma voz conhecida perguntou-lhe.

- Berem ainda não apareceu, não é? - disse uma voz petulante e zombeteira às costas de Obi.

- Sim, o garoto Berem está atrasado, esta atrasado sim. Tão verdadeiro quanto Turgon. - respondeu o cansado comerciante sem olhar para traís e levantando a palma da mão á sua frente, completando com tal gesto o antigo ritual do deus da verdade e dos justos.

- Não o culpe, com certeza não tinha essa intenção. Acontece que ele é muito cabeça dura    , talvez tenha ido dormir beeeem tarde, já que, excitado com a viagem, deve ter sido difícil adormecer... sendo que também deve ter revisado umas dez vezes suas coisas antes de ir para a cama e talvez até mesmo treinado um pouco com sua espada! - o falante fez uma pequena pausa - Não é de admirar que não tenha conseguida nem mesmo acordar... De qualquer modo, vou fazer esse favor ao Obi. Vou busca-lo... - O recém chegado retirou-se sem esperar a resposta do comerciante, não esperava receber uma de qualquer modo.

- Não gosto deste garoto...Ele deve estar tramando alguma coisa... - Resmungou o mercador.

                                                  ...

                   Ohanna já se encontrava á muito no quarto de sue rebento, porem, ao invez de acorda-lo, ficou à admirar o rapaz, ele nem de longe parecia com a criança baixinha e mirrada que fora outrora. Agora, aos vinte anos,  tinha ultrapassado em altura o falecido pai, este que possuía um metro e setenta e nove centímetros, e embora não tenha adquirido muita massa muscular, o que era típico dos moradores, que em sua maioria trabalhavam cortando árvores, era forte, mantendo também um rosto limpo e jovial. A mulher começou à, baixinho, chorar, seu garoto era tão parecido com o marido, mesmo que por um curto período, lembranças dos tempos de onze anos atraís invadiram seus pensamentos, e, juntamente com a visão de uma figura tão semelhante à Rodwick à tiraram do estado de nostalgia para o de tristeza. Pelos deuses! Eram tão parecidos, pai e filho! Tinham aquele mesmo rosto infantil e ingênuo, os lábios pequenos, porem cheios e o cabelo que caia sobre a testa, beirando as pálpebras, o do filho sendo mais claro que o do pai, sendo isso herança da mãe. Acima de tudo aquilo, a maior das semelhanças, os olhos negros os profundos, mais parecidos com dois abismos que tragavam quem os olhasse e pareciam ver direto a alma dos que à sua frente estavam... Era idêntico ao pai.

                   A mulher enxugou as suas lágrimas com as castas das mãos, e em silencio, contemplou seu filho mais uma vez. Suspirou e fungou duas vezes, caminhou então em direção ao rapaz que dormia profundamente. Desviou de objetos que estavam espalhados pelo bagunçado chão do quarto apertado e frio e se aproximou da cama de palha na qual o rebento se deitava. Estendeu sua mão para chacoalha-lo e acorda-lo de seu sono tão profundo quanto o abismo de seu olhar. Uma voz a fez refrear o gesto.

- Ahhhh tia Ohannaaaaaa... Ele não merece ser acordado desta forma... muito pouco para um cabeça dura que nem ele, permita-me ter o beneficio do ato que estava para fazer.

                   Quem falava era um belo rapaz de pele queimada pelo sol, embora que não de todo tenha abandonado sua tez branca, seus cabelos eram longos, lisos e completamente negros, caindo-lhe logo abaixo dos ombros e se agitando com a brisa fresca que os agitava, pois, o intruso, estava displicentemente, quase que, deitado no batente da espaçada janela, única do quarto, que ficava defronte à cama de Berem. As roupas do escalador de casas denunciavam rapidamente o trabalho que exercia, camisa leve e verde como folha, calça de couro crú marrom, da cor do barro, resistentes botas de caminhada com cano longo e luvas de couro leve, resistentes, porem bastante confortáveis, luvas que não tiravam a destreza das mãos. Dietel, assim como seu pai, era um mateiro , um embrenhador de matas, conhecedor de florestas e plantas, hábil esgueirador e um furtivo e exímio arqueiro. Nada disso no entanto se compara à incrível lábia do rapaz, que com seus dezenove anos, podia afirmar que mais de setenta por cento das garotas de sua cidade já caíram em seus encantos, em seus falsos sorrisos, em seu olhar gentil e em suas palavras doces, porem, muitas vezes, mentirosas. Mentiras que, ele como ninguém, contava com a mesma intensidade que a agua cai de uma cachoeira, diferente de Berem, seus olhos não pareciam sugar a todos, mas sim repelir a tudo, olhos também negros que, juntamente com o sorriso, revelavam a grande indiferença e displicência que o rapaz parecia sentir em relação às coisas, somando à incrível habilidade das palavras, que ele conseguia utilizar-se muito bem, desde a mais cínica das acusações à mais engraçada, ou besta, como costumava contar, das piadas. Eram essas características que o tornavam um galanteador, um mateiro, mas, principalmente, um matreiro. Entretanto, naquele instante não era nada disso. era apenas Dietel, primo de Berem, sobrinho de Ohanna.

- Dietel?! Pelos deuses, o que esta fazendo aqui?!

- Bem, cara tia Ohanna,estou aqui para acordar o sapientíssimo Berem.

                    Exibia um sorriso besta no rosto, como quem não entende uma pergunta e qualquer coisa fala, tentando não se passar por bobo. Pessoas estranhas ao rapaz provavelmente acreditariam em sua mentira inofensiva, pensariam que era realmente ingênuo e não entendera de todo aquela simples pergunta. Seu riso de tolo e semblante infantil confundia, suficientes para apagar da mente das pessoas os olhos agudos que possuía, às vezes, até mesmo seus parentes mais próximos. Era um mentiroso de primeira afinal.

- Você sabe do que estou falando!- Respondeu um tanto quanto ríspida.

- Eu? - levantou os ombros com indiferença, já invadindo o quarto - Sei apenas que prometi ao mestre Obi que iria acordar o primo.

                   Dietel driblou habilmente sua tia, que estava em meio ao caminho até a cama, e chegou ao lado de onde Berem dormia, quase tropeçando em algumas peças de madeira que estavam largadas no chão. Com um sorriso triunfante observou o primo que dormia tranqüilamente, alheio aos planos macabros que passavam pela cabeça do batedor. Um brilho sádico tomou os olhos de Dietel e então, se aproximando de seu parente, gritou com toda a força que suas cordas vocais permitiam, produzindo assim  algo como um brado de guerra bárbaro que ecoou por todo o recinto que, segundos antes, estava na mais silenciosa paz.

                   Segundos antes de acordar o campo verdejante pacifico e calma o qual estava fora súbita e simplesmente transformado num sangrento campo de batalha. Berem fora arrancado de seu sono pelo poderoso grito de seu primo que, mesmo com a voz longe de grossa, consegui imitar com razoável perfeição um bárbaro turrão e, acreditando estar em meio à uma batalha, o atrasado rapaz levantou-se sobre-saltado, ficando sentado em sua cama, e levou as mãos para o suporte em cima da cabeceira, onde sua espada longa, presente de Nodt, ferreiro da cidade, estava... ou, deveria estar.

- Procurando por isso?

                   Berem virou-se em direção à conhecida voz e enxergou Dietel sentado na cadeira de madeira que ficava encostada na parede, lugar no qual sua mãe costumava sentar-se e contar estórias para ele quando garotinho, e com as pernas por cima de uma pequena escrivaninha. Em suas mãos estavam bainha e espada, esta segunda guardada, Dietel então arremessou horizontalmente a arma, de modo a ir, com onde ficaria o lado chato da arma, chocar-se contra o tórax nu do companheiro, para então terminar em seu colo.

- O que você quer - resmungou Berem um tanto quanto grogue.

- Hã?! Eu? - levantou os ombros - Não quero nada, mas outra pessoa quer.

                   O morador da casa voltou-se para frente, de onde sua mãe assistia á tudo,um pouco chocada com os métodos eficazes do sobrinho, esfregando os olhos preguiçosamente. percebeu então a presença da mãe, defronte á cama, e ponderou sobre o que Dietel dissera. Quem poderia estar procurando por ele? pensou. Olhava para sua progenitora e esta, adivinhado os pensamentos do filho (um pressentimento materno talvez), colocou as das mãos perto da barriga, porem mais á frente, formando assim uma protuberância semelhante à uma barriga. Não tendo o efeito esperado ele largou os braços ao longo do corpo e fazendo uma cara de "ainda não entendeu?!". Mas, no fim, a ficha caiu, e agora o rapaz dorminhoco estava completamente desperto.

- AHHHHH! tenho que encontrar-me com o mestre Obi! - gritou à plenos pulmões e se levantou mais do que devia, acertando uma prateleira com a cabeça.

- Finalmente a adormecida despertou.


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Notas finais do capítulo

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Capitulo 1 finalmente aqui.
E talvez demore um pouco para o 2... ainda amis que tenho outra historia em vista.
essa aqui aprece que n agradou de qualquer modo...



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